Sara esperou que eu me recuperasse do baque. O mundo se abriu aos meus pés e eu não sabia o que mais o que fazer ou falar.
- Posso continuar ou você já foi muito sacrificada?
Olhei para a detenta que continuava com a mesma postura arrogante e sarcastica de sempre. Me ver vulnerável era o ápice do seu prazer.
Me recompus ciente agora de que iríamos até o fim, fosse a verdade qual fosse.
- Continue, por favor.
- Vou lhe contar absolutamente tudo o que aconteceu no dia do crime e com detalhes.
Assenti com a cabeça tomando mais gole de água e então Sara começou a relatar o que realmente aconteceu.
....
" No dia do crime, mamãe foi almoçar com Anderson, meu irmão. Ela disse que sentia saudades do filho e que ia vê-lo. Sabe como é mãe, né?
Na hora, achei estranho porque mamãe qua
Eu não consigo dizer pra vc, Carla, quais pensamentos surgiram.Eu tinha um grande problema pra resolver e precisava solucionar.Em uma mão, tinha um irmão viciado que havia matado nossa mãe. Na outra, uma mãe controladora, obsessiva e paranóica morta no quarto de casa.Comecei a pensar como me livrar disso e tirar Raul dessa situação.Quanto mais, eu pensava menos tinha o que fazer. Eu até poderia ligar para a polícia, mas já não era mais uma opção. E quanto tudo parecia sem saída, ouvi Raul sussurrar meu nome.Olhei para ele com total desprezo, porém com uma gratidão imensa, afinal ele tinha resolvido a maior parte dos meus problemas, matando mamãe.De certo modo me sentia em dívida com meu irmão. Foi exclusivamente por isso, que aceitei fazer o que ele propôs em seguida....Raul d
A cada corte dado, o jeito mudava, afinal não tinha prática no que fazia. O sangue jorrava cada vez que um membro era decepado. Não sei explicar, mas eu me sentia incrível.Saber que ela não sentia dor, me ajudou a continuar o processo de modo dinâmico.Percebi que depois do sexto ou sétimo pedaço amputado do corpo, nada mais me incomodava. Nenhum remorso, nenhuma dor emociona...Apenas satisfação.Vi que na prática, algumas partes eram mais difíceis de serem separadas, no entanto, eu não desistia... Não importava o tamanho do cansaço físico. Foram apenas três vezes que precisei parar para descansar e sempre que retornava a cortá-la, era com mais precisão. Com mais vontade.Perdi a noção de tempo e espaço. As horas passavam como se nada mais existisse. Não importava o relógio... Tudo estava re
A verdade é que não existe crime perfeito...Eu poderia esperar por tudo, menos por alguém que estivesse dentro do carro consertando o radio na mesma hora naquela noite, e que me viu arrebentar a porta e quebrar os equipamentos.Você teria feito barulho se visse uma louca com um machado na mão destruindo o que via pela frente?POis é....ele observava tudo sem mexer um só dedo.Não seria coerente questionar uma louca com um machado na mão e por conta disso, ele esperou que eu fosse embora filmando meu rosto e toda a minha ação com a camera do celular.Essa maldita tecnologia.Eu estava tão agitada que não vi ninguém e não reparei movimento estranho dentro de carro algum.Afinal como eu poderia saber que meu vizinho estaria quase de madrugada ocupado com o rádio.Eu simplesmente precisava fazer o que tinha que fazer.
Sempre gostei de malhar nas primeiras horas da manhã.Quando acordo às cinco e quinze, me preparo para o dia que vem pela frente.O horário que para mim, é propício para fazer exercícios se tornou essencial dentro da minha rotina.O motivo?Às seis e meia, a sala de musculação está mais vazia e não há desfile de corpos ou roupas de ginástica.Nesse horário, realmente só malham, aquelas pessoas que se importam com a saúde e não somente com a aparência física.Meu personal Tiago me proporciona sempre ao fim da aula de musculação, uma maneira de desacelerar meu ritmo, alongando e massageando minhas costas, enquanto deitada em cima de um colchonete vou pensando nas próximas tarefas diárias.Por mais que eu saia arrasada da academia, Tiago faz questão de usar a ironia para dizer que na sem
Sentada no sofá aconchegada em meu fiel escudeiro, o gato Athus de doze anos e pêlo branco, eu estudava o caso de Sara Castro.Havia milhões de fotos suas espalhadas por diversos sites na internet, inclusive em sites dos quais o objetivo principal era retratar o sadismo, a crueldade e a malevolência das pessoas.A dificuldade em ver as fotografias do crime que Sara havia cometido, era imensa, embora estivesse acostumada com inúmeros casos de maldade.No entanto Abílio tinha razão.Eu tinha passado por muitas coisas, perdido meu marido, e por algum tempo, minha cabeça estava à venda por cem mil reais no submundo da corrupção, da pedolfia e do tráfico de drogas.Contudo, perder Joaquim há dois anos foi a parte mais difícil.Precisei de um ano sabático, assim como necessitava me afastar de tudo e de todos a minha volta, o que incluía pessoas do tra
Eu aguardava em pé a chegada de Sara.Apesar de todas as foto que tinha visto, jamais havia chegado perto dela.Não sabia se era alta, baixa, gorda ou magra.Se estava loura ou morena, se tinha tatuagem ou marcas de nascênça.A verdade é que não sabia absolutamente nada sobre a mulher com quem passaria os próximos meses.A cela silenciosa, me deixava inquieta.Eu não tinha a mínima ideia de como seria nosso primeiro encontro, embora no momento, a sensação que me tomava fosse semelhante ao episódio vivido anos atrás, quando desmascarei um escândalo envolvendo o ex- presidente da Casa da Moeda, que desviava dinheiro da instituição para paraísos fiscais.Na época, a investigação se transformou em um dossiê, do qual expus contas nas Ilhas Virgens Britânicas, onde foram parar cerca de U
Quando cheguei ao flat, deparei-me com uma verdadeira bagunça instaurada.Uma das secretárias de Abílio havia providenciado a mudança de minhas coisas pessoais como roupas, sapatos e móveis juntamente com uma empresa tercerizada, onde sete homens robustos e duas mulheres ajudavam a organizavam o lugar.Por um lado fiquei aliviada em saber que não precisaria usar o meu curto tempo para ir ao shopping providenciar coisas emergenciais, no entanto, por outro, a desordem começava a me dar nos nervos.Ainda com a bolsa nas mãos, decidi ir para o bar do hotel.Aguardaria o tempo que fosse necessário até o flat estar devidamente arrumado.- Camille, me avise quando isso tudo acabar, por favor.A secretária dedicada em sua tarefa, assentiu com a cabeça e por fim, fui para o último andar do hotel, onde a piscina e o bar proporcionavam algum lazer para os h
Na manhã seguinte, acordei com o flat lindamente organizado.Dessa vez, Camille tinha se superado.A secretária havia feito um grande milagre em pouco tempo.A geladeira estava abastecida, a internet funcionava perfeitamente, minhas roupas sociais estavam separadas, e guardadas.Meus sapatos organizados e o serviço de limpeza do hotel, agendado.Sinal de que Abílio também havia pensado em tudo precocemente.No entanto, a primeira coisa que fiz após o desjejum, foi parar em um botequim qualquer, desses que ficam abertos a noite inteira onde pela manhã é fácil encontrar alguns bebuns adormecidos e debruçados nas mesas.Ao entrar, senti um cheiro repugnante de mofo misturado com cachaça barata.Evitando encostar em absolutamente tudo, fui atendida pelo vendedor das drogas lícitas, um homem velho, de cabelo branco e blusa suja, que perguntou o