ALICE — Thomas, qual a possibilidade de você pedir comida chinesa para mim? Ele me olhou com estranheza. — Cansei, sabe. Eu realmente estou com fome. Você está certo, não estou me alimentando bem. Entrei na dispensa e fingi procurar o número no quadro. — Sabe, botei por aqui na dispensa…, mas não acho… Eu havia planejado isso há muito tempo. Não podia dar errado, não podia. Ele, como o cavalheiro que era, entrou na dispensa comigo para ajudar. Antes que eu pensasse em mudar de ideia, corri e o tranquei na dispensa. — Alice? — seu tom não era alto. — O que está fazendo? Abra a porta. — Desculpe, mas não posso. Eu sinto muito. — Antes que eu pudesse escutar o que ele fosse dizer para me convencer do contrário, corri, botei minhas calças, um casaco grande de moletom, e saí. Seus gritos e batidas na porta foram perdendo força a cada degrau que eu descia para a minha liberdade. Um arrepio percorreu todo o meu corpo quando pisei na boate. Tocava ‘Greatest love of al
ALICE Eu me assustei com ele. Seu andar era lento, o olhar predatório, tentei me afastar de seu toque, mas ele me puxou, me prendendo. Ele me olhou nos olhos e pude perceber um momento de confusão se passando entre eles. Me puxou para tão perto que eu pude sentir seus músculos rígidos por baixo da camisa. Ele cheirava bem, e seu hálito invadiu meu espaço. A partir daquele momento eu não pude ver mais ninguém, como se tudo passasse em câmera lenta. Havia apenas eu, ele e a remix de Greatest love of all. Todo o resto havia morrido, enquanto mesmo que houvesse todo um mundo de batalha interna em seus olhos. Ele soltou um grunhidinho baixo, como se tivesse irritado. Então puxou minha nuca em sua direção E me beijou. THOMAS Eu havia assinado minha sentença de morte no momento em que segurei sua mão para levá-la embora. Eu não consegui. Eu sabia que era errado. Em níveis infinitos. Mas porra, eu não podia, eu não vi mais nada. Era como se o mundo parasse em nossa volta. Então eu a puxei
— Alice, Alice… Meu nome foi chamado algumas vezes antes que eu acordasse realmente… — Principessa. Meu sono finalmente esvaiu-se. Desperto-me lentamente, bocejo, viro de lado e encontro Jamie já arrumado. — Ei, olá. — Ele abre um grande sorriso sincero. Meus pensamentos aos poucos começam a se formular, e me lembro da noite passada. Meu coração acelera, posso sentir que ele leu minha reação de choque. — Mais um pesadelo? — ele indaga, lendo minha feição. — Não, sim, quero dizer, não me lembro. Ele se aproximou da cama, como se fosse acariciar meu rosto. Então seu dedo deslizou pela minha bochecha, carinhosamente. Pega meu queixo, levantou entre o polegar e indicador e falou: — Esteja daqui a dez minutos no meu escritório. Thomas Arrependimento, medo, insegurança. Eu já lhes falei que sou bom em ler pessoas? Alice estava morrendo de medo. Eu também. Não vou mentir, eu nunca tinha feito algo assim, mas também não era um covarde, eu sabia o que estava faz
Voltamos à estaca zero. Não tinha coragem de encarar Thomas, poderia ser simples, eu ser só uma mulher adúltera. Mas era bem pior que isso, eu era uma mulher adúltera de um mafioso. Eu não tinha amor à vida. Ou estava extremamente surtada. Em qualquer uma das hipóteses um de nós dois acabaria morto. Eu estava sentada no sofá da sala, tendo uma ampla visão dele picando uma cebola. Era folga da cozinheira, nós normalmente pedíamos comida nestes dias, mas ele resolveu fazer a sua própria. Ele não tentava mais falar comigo, embora seus olhos cruzassem com os meus constantemente. Tinha a súbita sensação que a qualquer momento ele falaria algo. Mas então ele desviava o olhar e trancava a mandíbula. Alguns minutos depois a comida estava pronta. Realmente parecia magnífico, e embora eu quase não comia, ainda mais àquela hora, minha barriga vibrou de fome com o cheiro. Ele gentilmente pôs a mesa, ainda sem me dirigir a palavra. Porém a mesa foi arrumada apenas para uma pessoa. Viro-me pronta p
Entendi que essa era a brecha para cortar o assunto. No momento não podia lidar com um Jamie possessivo, ainda mais um violento. Embora suspeitasse que ele não mais me faria mal. — Problemas no trabalho? Seu olhar se suavizou e suas mãos se afrouxaram no volante. — Estamos tendo problemas com a família que lidera um cassino e alguns negócios perto do nosso. Pelo menos nossos principais suspeitos são os Palermo. Tenho que investigar, não se acusa uma família de algo tão sério. Caso contrário, seria como dar um tiro no próprio pé, e liderar uma guerra sem causa. Embora o poder de fogo deles seja quase insignificante em frente ao nosso, sei que não são burros. Com certeza é só a ponta do Iceberg. Uau. Eu realmente não esperava que ele me dissesse. — E por que eles comprariam uma guerra com vocês, mesmo sabendo que o poder de vocês é bem maior? Não seria burrice? — No posso dizer que é um truque de mestre. Mas quem não quer ser grande? O motivo é sempre o mesmo. Poder, p
Jamie não compreendeu meu silêncio à mesa. Ele tentava conversar, mas eu não podia. Estava afogada em mágoa. Isso era culpa dele. É culpa de Jamie! É culpa de Jamie! Minha consciência gritava, fazendo com que todo progresso que fizéramos até então fosse por água abaixo. Não queria mais me comover com sua história de infância infeliz. Não queria! Não precisava entender seus motivos. — Você está calada ele disse na viagem de volta. Não podia responder. Estava triste, enojada com a minha vida, não importava o quanto Jamie quisesse agir comigo normalmente. Não me importava o quanto ele tentasse, o quanto se importasse, nós não éramos um casal normal, sob circunstâncias normais. Ele sempre será o homem que ameaçou meu pai. Que me tirou do berço familiar, que se obcecou por mim, e me fez viver uma vida que não me pertencia. Não podia me esquecer disso, do que ele tirou de mim, o que me custou, o que eu perdi. A Vivian só me lembrou o que eu estava me esquecendo. Eu e Jamie não éram
Lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto. Não sabia quando começara a chorar. Passei a mão limpando e percebi que já era dia, e que Jamie já não estava mais ali. Ao lado da cama encontrei o aparelho celular que Jamie me dera, em baixo um bilhete com sua caligrafia. “Eu gostaria de poder fazer muito mais que isso por você. Não estou mais rastreando suas ligações, pode ligar para seus pais, Nicole, não ouvirei nada. Apenas use com sabedoria. Jamie. Ps: Se arrume estamos recebendo visitas.” Embora meu coração palpitasse de alegria, estava muito nervosa, eu finalmente falaria com meus pais. Finalmente. Por outro lado, eu temia. Como eles estariam? Será que já se habituaram à minha falta? Será que Jamie cumprira suas promessas? Meus dedos passaram pela lista de contatos, quase pressionando o discador mas então desisto, quase ligo novamente, e logo depois desisto. Resolvo descer primeiro e receber quem quer fosse a visita. Após me arrumar devidamente, calcei chinelos co
— Aproxime-se dele para deixá-lo sem espaço para golpes ou use uma guarda sólida para bloquear muitos dos seus golpes. Certifique-se de golpear de volta pelo menos para manter a luta ou então você acabará como um saco de pancadas. — Jamie! — disse abaixando o tronco e apoiando as mãos nos joelhos cansada. —Mal comecei e já quero desistir — eu disse, ofegante. — Alice, você mal começou e estou admirado em como é magnífica. Um grande erro dos lutadores principalmente iniciantes é estar focando em muita força ao invés de também na velocidade, resistência, equilíbrio, precisão. Força física não é tudo. Use isso aqui — apontou em direção à minha cabeça. — A melhor coisa que pode fazer ao se encontrar em uma posição que esteja correndo perigo e estiver por conta própria é ver como ele se move e ver onde ele está exposto. Aprenda sobre ele e acerte-o sem gastar muita energia. Guarde sua energia para o ataque final. Se coloca em posição de ataque novamente. — Suas mãos devem estar