Renata
Infelizmente ele se calou. Isso me preocupou, pois enquanto ele falava e eu retrucava, eu tinha esperanças de fazê-lo mudar de ideia. E eu olhava para ele agora, mas não via sombra de mudança em seu rosto. Não via nada além de da sua determinação em me estuprar.— Vitor... meu Deus. Não faça isso.Ele não sentia merda nenhuma, mesmo que eu implorasse. Então eu desabei na frente dele, comecei a chorar. Uma grande tristeza me visitou como nunca senti antes, me engolindo feito um tsunami, me tirando todo o meu fôlego. Ele sorriu e me abraçou. Eu estava o tempo todo consciente que aquele momento de compaixão vinha de um homem sádico, que sentia prazer em ser bom quando queria ou mau ao extremo. E isso me deu arrepios. Minha vontade era dar um empurrão nele, gritar com ele, mas eu tinha medo dele, e não consegui. E comecei a chorar nos seVincentRenata adormeceu praticamente em cima de mim, de exaustão física e emocional, e eu também me sentia cansado, mas incrivelmente feliz. Mesmo diante de tudo, eu estava mais conformado. Esse meu anjo era incrível. Ela conseguia tirar o melhor de mim. E nesse exato momento, depois de ver aqueles olhos tão apaixonados, tão vulneráveis, senti aquela lacuna ser preenchida completamente. Eu era incompleto sem ela. Ela era incrivelmente perfeita. Ela era a única que poderia ter possuído meu coração. Com ela, meu mundo se enchia de cores. Sem ela eu seria um morto-vivo, mais morto do que vivo.— Grazie a Dio, lei è di nuovo con me.No dia seguinte eu acordei de madrugada. Renata abriu os olhos ao sentir meu movimento na cama.— Preciso levantar, quero ajudar meu pai com tudo e checar se o que pedi para Enzo foi feito. Durma um pouco mais. — Eu falava sobre a ordem
Seis meses depois...Vincent estava sentado na sala de estar. Do lado de fora, o sol de verão estava se pondo. Mas nada de Giovanna e Renata entrarem. Já estavam conversando havia um tempo.Ele agitou seu copo de uísque nas mãos. Era um pequeno aperitivo antes do jantar. Geralmente ele não bebia, mas especialmente hoje ele estava nervoso, daqui a pouco os Berrinis iriam chegar e eles tratariam de negócios. Finalmente se livrariam do tráfico de drogas, passariam o contato da Bolívia a eles e abocanhariam apenas uma pequena participação do lucro. Ou seja, ganharíamos indiretamente. Eles assumiriam tudo, estariam por sua conta e risco.Don estava feliz. Desde que Vincent passara a comandar, os negócios corriam bem. Ele tinha aptidão para ser o cabeça da família.Vincent— Foi bom trazer Giovanna para morar conosc
Linda mansão, imensa, digna de um artista de cinema. As paredes com partes forradas de pedras grandes, em outras pintadas de branco. Telhas vermelhas novas que quando o sol incidia mostravam sua cor mais viva. Caramanchões de primaveras, uma de cada cor, espalhadas em cada lado da varanda da casa.Os jardins gramados viçosos, com vegetação exuberante. A mansão era em frente ao mar de águas azuis-esverdeadas que se misturavam com uma praia de areia quase branca.Renata estava na grande sala, andando de um lado para o outro. A ansiedade remexia seu estômago. Lorenzo não voltara para casa. Já passava das três horas da manhã. Se fossem uma família “normal”, ela não estaria preocupada, mas não era o caso dos Bertizzollo...1990, Miami BeachRenata Willians BertizzolloSilêncio constrangedor encheu a sala quand
Las VegasVincentNossa família dependia das drogas para obter a maior parte de nossa renda. O complexo cassino e hotel era parte do império da família. Muitas pessoas vinham jogar todas as noites e, apesar de haver muitos perdedores, eram sempre os que ganhavam que atraíam atenções.Junto ao cassino, um restaurante. Eu comia tranquilamente meu jantar, embora fosse de madrugada, sozinho, perto da escadaria que descia até o cassino no pavimento inferior. Dali, eu podia avistar toda a área onde as pessoas jogavam.— Vincent. Más notícias.Ergui meus olhos limpando a boca com o guardanapo.— Lorenzo está morto.Eu o encarei sem ar. Senti o sangue fugindo do meu rosto.— Morto? — repeti, para ver se eu tinha ouvido errado.A dor estava mexendo com a minha lógica, com minhas emoções.— Sim, sinto muito.To
RenataApesar dos melhores esforços de Don Henrico tentando banir os abutres, como era de se esperar, ficamos expostos à imprensa, que havia se deleitado com o frenesi provocado pelas revelações, que o filho de Salvatore Bertizzollo fora morto de forma tão brutal. Metralhado em frente à porta de uma boate onde teria uma reunião de negócios.Escondendo meus sentimentos atrás de uma parede de silêncio, com um lenço negro escondendo meus cabelos, óculos escuros, toda de preto, cercada por seguranças – “soldados” – eu recusei quaisquer entrevistas, evitando os jornalistas quando eles me abordaram ao sair do carro. Passei por eles, de forma até altiva, e entrei na mansão de Don Henrico onde estava o corpo de meu marido. Um calafrio me percorreu ao me aproximar da sala, onde estava o caixão. Meus lábios tremeram, minhas pernas fraquejara
Depois do enterro, todos os funcionários da Corporação Bertizzollo se reuniram. Pouco antes das cinco horas da tarde, todos estávamos na biblioteca que ficou totalmente cheia. Encontravam-se Todos os filhos (Chefes), os Capos, e todos os Soldados. Juntamente com as famílias associadas e o Consigliere, Antony.Todos estavam diante de um homem, Don Salvatore.VincentEu fiquei em um canto. Meu pai, ainda muito abalado iniciou a reunião:— Como todos sabem, estamos com um problema nas mãos. Renata deixou essa casa sem ser vista. Enzo e Enrico foram até a casa dela. O mordomo disse que a viu saindo com uma mala. Numa varredura da casa, encontramos o cofre vazio. Conclusão, Renata fugiu.— Ela foi esperta! — Vitor disse baixo com ira nos olhos. — Ontem o detetive Madson a procurou. Ao contrário do que pensamos, ela logo quis falar com ele.
Logo todos estávamos reunidos na biblioteca. Antony explicou novamente a situação. Vitor, pensativo, perguntou para nós:— Onde está papai?— Ele deixou tudo nas mãos de Vincent.Vitor me encarou por um momento, sério, e depois saiu da biblioteca.Ele estava aborrecido com seu pai. Era sabido de todos que ele almejava estar à frente da família. Mesmo que soubesse esse tempo todo que Vincent ficaria com o posto. Mas aquele resquício de esperança ele sempre guardava no peito: que seu pai mudasse de ideia.Mas agora, com a atitude de Don Salvatore, a contrariedade gritou mais alto. Além de achar muito cedo que Vincent assumisse tudo sozinho.Ele considerava isso um fracasso nos negócios. Especialmente quando tudo indicava que a carga fora roubada. Esperava agora que tais erros fos
Enquanto isso, em Isle of Palms, uma cidade localizada no estado norte-americano de Carolina do Sul, no Condado de Charleston. Uma cidadezinha tranquila. Parecia intocada pela visitação de turistas. Com pouquíssimos hotéis. Um refúgio perfeito para Renata Willians Bertizzollo.Com Lorenzo morto, ela agora era dona de seu destino.O dinheiro que pegara do cofre tinha acabado, por isso estava trabalhando em uma grande boate no período noturno como bartender. Seu emprego era recente, completava hoje quinze dias. Isso a preocupava, pois ela deixara seu anonimato e o refúgio do seu lar para se expor mais. Renata sempre sentia uma pontada de medo ao pensar nos Bertizzollo. Quando isso acontecia, ela sempre balançava a cabeça para afastar seus pensamentos pessimistas.Estava feliz. Era independente e não precisava agradar ninguém a n&a