Enquanto Clara e Sabrina caminhavam em direção ao carro, o silêncio entre as duas parecia gritar. Sabrina lançou um olhar de soslaio para Clara, tentando captar qualquer sinal de como ela estava se sentindo após o jantar. Clara estava claramente incomodada, e Sabrina percebeu isso rapidamente. Assim que entraram no carro, Sabrina quebrou o silêncio: — Está tudo bem? — perguntou ela, ligando o motor e ajustando o retrovisor. — Sei que essas situações com a Gisele podem ser meio... desconfortáveis. Clara suspirou, olhando pela janela. — Estou bem, só não esperava que ela fosse se juntar a nós assim, do nada — respondeu Clara, tentando esconder a irritação que sentia. Sabrina soltou uma risada curta e compreensiva. — Gisele tem essa habilidade de aparecer nos momentos mais estratégicos, não é? — comentou Sabrina, observando Clara com cuidado. — Mas eu percebi que você ficou um pouco incomodada. Você sabe que pode falar comigo, né? Clara hesitou por um momento, antes de esboçar um s
Após algum tempo, o jantar parecia seguir em um ritmo mais calmo, embora a tensão ainda fosse palpável. Henrique, com seu jeito mais sério e observador, equilibrava a conversa, mantendo os tópicos mais neutros e profissionais. Ele notava cada detalhe ao seu redor, mas não comentava nada, apenas observava de maneira contida. Clara sentia-se mais firme, especialmente depois de seu gesto de segurar a mão de Vinícius por debaixo da mesa. Isso não passou despercebido por Gisele, que parecia lutar para manter sua postura provocadora. Sabrina, por outro lado, observava a cena com uma mistura de curiosidade e, em alguns momentos, uma leve inquietação. Era claro que ela percebia o clima carregado, mas preferia não interferir de forma direta. Em determinado momento, Gisele, talvez tentando retomar o controle da situação, soltou um comentário aparentemente inocente: — Então, Henrique, como anda sua vida? Sempre focado no trabalho, né? — Ela lançou um olhar de canto para ele, o tipo de ol
Assim que chegaram em casa, Clara se virou para Vinícius, sentindo o peso da noite ainda sobre seus ombros. — Acho que vou tomar um banho — disse ela, soltando um suspiro leve. Vinícius assentiu, tirando o paletó e jogando-o sobre a cadeira do quarto. — Tudo bem. Eu vou ao escritório resolver algumas coisas — respondeu ele, com o tom casual, como sempre fazia ao chegar em casa. — Não demoro. Clara apenas assentiu e caminhou até o banheiro, tentando afastar os pensamentos sobre o jantar e, principalmente, sobre Gisele. A água quente logo cobriu seu corpo, mas, por mais que tentasse relaxar, sua mente ainda vagava por tudo que havia acontecido. Ela sabia que a presença de Gisele deixava Vinícius pensativo, e isso a incomodava. Pouco tempo depois, já deitada na cama, com os cabelos úmidos e os pensamentos ainda dispersos, Clara observou Vinícius entrar no quarto. Ele se sentou na cama, encostando-se à cabeceira, mexendo no celular como se estivesse distraído, mas ela sabia que ele
Clara se remexeu debaixo de Vinícius, sentindo o corpo responder ao toque preciso e calculado dele. Ele sabia exatamente o que estava fazendo, e cada movimento parecia meticulosamente planejado para deixá-la à beira de perder o controle. Ela queria resistir, queria manter o controle, mas a intensidade com que Vinícius a tocava e a forma como ele a olhava estavam começando a derrubar suas defesas. — Você gosta de me testar, não é? — murmurou ele, com um leve sorriso de canto, a voz baixa e cheia de insinuações, enquanto os dedos deslizavam pela lateral do corpo de Clara, provocando reações que ela não conseguia esconder. Clara olhou para ele, os lábios entreabertos, tentando encontrar uma resposta que mantivesse o jogo equilibrado, mas era difícil pensar claramente quando os toques de Vinícius eram tão precisos, tão calculados. — Talvez... — respondeu ela, a voz falhando levemente, enquanto sentia as mãos dele apertarem sua cintura. Vinícius sorriu, satisfeito com a resposta d
Clara ficou em silêncio por alguns instantes, as palavras de Vinícius ressoando em sua mente. A ideia de que, em algum momento, eles teriam que encarar a realidade dos segredos que mantinham entre si afastava-a momentaneamente do calor que tinham acabado de compartilhar. Ela virou o rosto para ele, observando a expressão pensativa de Vinícius enquanto ele mantinha os olhos fixos no teto. Havia algo mais em suas palavras, uma camada de frustração que ela ainda não conseguia decifrar. — O que você quer dizer com isso? — perguntou Clara, a voz baixa, mas carregada de uma curiosidade genuína. Vinícius suspirou e então se virou de lado, de frente para ela, seu olhar mais intenso agora. — Às vezes me pergunto por que não consigo lembrar de tudo — disse ele, sua voz embargada por uma falsa frustração. — Lembro-me de quase todas as coisas... menos de você. Clara sentiu um aperto no peito ao ouvir aquilo. A verdade que ela tentava enterrar dentro de si vinha à tona com ainda mais força, co
Na manhã seguinte, Clara e Vinícius estavam na mesa da cozinha, tomando café. Dona Marisa já havia preparado tudo, como de costume. A mesa estava bem posta, com pães, frutas e café fresco.Clara bebia seu café em silêncio, ainda refletindo sobre a noite anterior, enquanto Vinícius, sentado ao lado, folheava alguns papéis de trabalho que havia trazido para casa.— Clara, você vai sair hoje? — perguntou Vinícius casualmente, sem tirar os olhos dos papéis.— Não, vou ficar em casa. — respondeu ela, tentando manter o tom despreocupado.— Estarei de volta mais cedo hoje para o jantar — comentou Vinícius, levantando-se e deixando a xícara de café vazia sobre a mesa. Clara apenas assentiu, observando-o sair pela porta, enquanto sua mente começava a planejar o que faria durante o resto do dia. Assim que Vinícius saiu, Dona Marisa entrou na cozinha, limpando a bancada.— Dona Clara, a senhora vai querer mais alguma coisa? — perguntou Marisa, com a voz suave.— Não, obrigada, Marisa — responde
O escritório de Vinícius era sempre silencioso àquela hora da manhã. Ele estava sentado em sua cadeira de couro, os olhos concentrados nas telas à sua frente, mas a mente vagava entre as suspeitas que rondavam sua vida. Seu casamento com Clara era uma grande incógnita, e ele sentia que estava cercado de mentiras. Porém, hoje, ele se forçava a focar no trabalho. Enquanto revisava um contrato importante, o telefone em sua mesa vibrou, trazendo-o de volta à realidade. Ele reconheceu o número imediatamente: era Júlia. A jovem havia ligado algumas semanas antes, contando sobre sua decisão de ir para Belleville, e ele havia prometido ajudá-la. Ele pegou o telefone e atendeu, sua voz suave, mas curiosa. — Júlia, como você está? — perguntou, inclinando-se um pouco na cadeira. — Oi, Vinícius. Estou bem, obrigada — a voz de Júlia soava animada, mas com um toque de ansiedade. — Estou ligando para te avisar que vou para Belville amanhã. Consegui resolver tudo por aqui, e acho que é a melho
Depois de sair do quarto, Vinícius foi até seu escritório novamente. Ele precisava de um momento para refletir sobre tudo o que havia descoberto. As peças do quebra-cabeça estavam começando a se encaixar, mas ainda faltavam informações cruciais. Sabia que Suzana não aparecia sem motivo, especialmente com Clara tão tensa ultimamente.Ele se recostou na cadeira, olhando pela janela. A noite estava silenciosa, mas sua mente estava agitada. A conversa com Clara havia sido superficial, e ele sentia que estava sendo mantido à margem. Algo estava sendo tramado, e ele desconfiava cada vez mais de Suzana.Vinícius pegou o telefone e, por um momento, considerou ligar para Suzana, confrontá-la diretamente. Mas sabia que ela era astuta demais para entregar algo sem uma boa razão. Precisava ser mais cauteloso."Vou descobrir," ele pensou, decidindo que precisaria manter sua investigação discreta. O próximo passo seria observar ainda mais atentamente qualquer interação entre Clara e Suzana, sem q