Na manhã seguinte, Clara desceu as escadas devagar, imersa em pensamentos confusos. A tensão entre ela, Vinícius e Leonardo a consumia. O cheiro de café recém-passado invadiu o ambiente, um contraste com o turbilhão de emoções dentro dela. Ao entrar na cozinha, ela se deparou com uma mulher preparando o café da manhã. Era uma figura que não reconhecia, o que a fez franzir o cenho. Vinícius estava sentado à mesa, observando o movimento com uma xícara de café nas mãos. Ao perceber a presença de Clara, ele se levantou levemente e sorriu, como se aquele fosse um dia comum. — Ah, Clara — começou ele, gesticulando em direção à mulher na cozinha. — Quero te apresentar Dona Marisa. Ela trabalhou comigo por muitos anos antes... de tudo. Agora que as coisas estão se estabilizando, achei melhor trazê-la de volta para cuidar da casa. Marisa, essa é Clara. Dona Marisa, uma senhora de aparência acolhedora, virou-se para Clara com um sorriso caloroso e estendeu a mão. — É um prazer conhecê-l
Clara saiu do restaurante com os passos rápidos, o coração batendo forte no peito. Ela não sabia se era a culpa ou o medo que a dominava naquele momento. Sabrina parecia tão genuína em suas palavras sobre Vinícius, como se ele fosse um homem cuidadoso e protetor. Isso contrastava completamente com o que Leonardo havia dito sobre ele. No entanto, as palavras de Leonardo ainda ecoavam em sua mente, despertando um medo profundo.Enquanto caminhava em direção à saída norte do shopping, Clara olhava para os lados, certificando-se de que ninguém a estivesse seguindo. Sabrina já havia partido, e esse era o momento que ela sabia que não poderia evitar: encontrar-se com Leonardo.Assim que se aproximou do local combinado, viu Leonardo à distância, encostado em uma parede, com as mãos nos bolsos e um semblante sério. Ele a observava com olhos atentos, o que fez Clara hesitar por um momento antes de continuar.Quando finalmente se aproximou, Leonardo se afastou da parede e caminhou até ela, se
Clara subiu as escadas sentindo o peso de tudo o que havia acontecido naquele dia. O encontro com Leonardo tinha deixado sua mente em um turbilhão. A culpa, o medo, a manipulação... Tudo a pressionava. Quando chegou ao quarto, ela mal conseguiu se manter de pé. Deitou-se na cama sem nem se preocupar em tirar os sapatos. O cansaço emocional a dominava. Ela fechou os olhos e tentou desligar sua mente. O silêncio do quarto parecia um alívio, mas a sensação de que algo estava fora do controle ainda a incomodava. Mesmo assim, em poucos minutos, a exaustão a venceu, e Clara adormeceu profundamente. Vinícius chegou em casa mais cedo do que o esperado, o ambiente calmo e silencioso. Ele subiu as escadas e encontrou Clara deitada, ainda de roupa, completamente apagada. Um sorriso discreto surgiu em seus lábios enquanto a observava. Ele sabia que Clara estava evitando algumas conversas, e isso o fazia se sentir ainda mais no controle da situação. Aproximou-se da cama e, com um leve toque n
Clara engoliu em seco ao ouvir as palavras de Vinícius. Seu corpo enrijeceu com a ideia de uma viagem inesperada, e sua mente começou a correr, pensando em todas as possíveis armadilhas que essa "surpresa" poderia esconder.— Uma viagem? Para onde? — perguntou ela, tentando manter o tom neutro, mas sem conseguir esconder o receio.Vinícius se inclinou levemente, como se apreciasse a reação dela. Seus olhos, sempre tão calculadores, mantinham aquele brilho enigmático.— Vamos para um lugar especial, que tenho certeza de que vai nos fazer bem — respondeu ele, evitando dar detalhes. — Vai ser uma surpresa até o último momento. Apenas se prepare para sair daqui em algumas horas.Clara desviou o olhar, mordendo o lábio em um gesto nervoso. Tudo parecia acontecer rápido demais. Não havia tempo para planejar, não havia tempo para se preparar. E, o mais aterrorizante, ela não sabia como se livrar dessa situação. Mas, diante de Vinícius, sentia que recuar agora só levantaria ainda mais suspeit
Após o café da manhã, Clara subiu para se preparar. Ela precisava encontrar uma maneira de manter as aparências quando chegasse à pousada e, mais ainda, quando visse os pais. Como explicar essa mudança repentina, sem levantar suspeitas?Enquanto terminava de arrumar a mala, Vinícius entrou no quarto para pegar algumas coisas.— Está tudo bem? — perguntou ele, notando o olhar distante de Clara.Ela assentiu rapidamente.— Sim, só... não esperava essa viagem. Mas é bom, acho que preciso disso também — disse ela, tentando soar convincente.Vinícius sorriu levemente.— Que bom. Vai nos fazer bem. Eu realmente gostaria de lembrar desses momentos que tivemos lá.Clara sentiu um nó se formar em sua garganta. Ele sempre parecia tão calmo, tão certo do que dizia, que às vezes era difícil saber onde terminava a verdade e começava a manipulação. Mas dessa vez, ele não parecia estar jogando; havia uma tristeza genuína em sua voz.— Vamos sair em breve — disse ele, pegando a mala. — Estarei espera
O carro percorreu lentamente a estrada de paralelepípedos enquanto Clara observava o cenário passar pela janela. O verde ao redor, as colinas e o ar puro contrastavam com o peso que ela sentia no peito. Sua mente estava distante, repleta de pensamentos sobre como lidar com tudo que estava por vir.Quando finalmente chegaram à pousada, Clara sentiu o coração acelerar. A Pousada das Oliveiras, com suas paredes de pedra e decoração rústica, permanecia exatamente como ela se lembrava. O lugar onde ela e Leonardo passaram a lua de mel agora era palco de um reencontro forçado com o homem que acreditava ser seu marido.Assim que o carro parou, o funcionário da pousada se aproximou prontamente, recebendo-os com um sorriso solícito.— Bem-vindos! Vocês devem ser os Cavalcante. Tudo já está preparado para vocês. Por favor, sigam-me até o quarto — disse o homem, conduzindo-os em direção à entrada principal.Clara permaneceu em silêncio, tentando disfarçar o nervosismo que crescia dentro dela.
Quando o carro estacionou em frente à casa de seus pais, Clara sentiu o coração acelerar. Seus pensamentos estavam confusos e pesados, e a ideia de encarar Marta e Luciano a fazia sentir um medo crescente. Ela sabia que não podia contar toda a verdade, mas, ao mesmo tempo, estava prestes a colocar todos em uma situação delicada.Vinícius, sempre observador, desceu do carro e esticou os braços como quem estuda o ambiente. Ele parecia calmo, quase descontraído, mas Clara sabia que, por trás daquela fachada, ele estava tentando reunir informações, entender cada detalhe daquele mundo que Clara havia criado para ele.Clara saiu logo depois, tentando esconder o nervosismo que crescia dentro de si.— Pai, mãe — disse Clara com uma voz hesitante, forçando um sorriso. — Eu estava com saudades.Marta deu um abraço em Clara, o sorriso em seus lábios tremeu por um breve instante antes de se recompor. Luciano manteve a postura mais rígida, mas ambos estenderam as mãos em um cumprimento que pare
Assim que chegaram à pousada, a tensão entre Clara e Vinícius parecia mais palpável do que nunca. O silêncio entre eles era denso, apenas interrompido pelo som suave de seus passos ecoando pelos corredores de madeira da pousada. A viagem de volta da casa dos pais de Clara havia sido tranquila demais, e isso só alimentava o desconforto que ela sentia. Vinícius, sempre observador, parecia estar esperando o momento certo para falar algo.Quando finalmente chegaram ao quarto, Clara imediatamente foi até a janela, afastando as cortinas e olhando para a paisagem noturna. Ela precisava de alguns segundos para pensar. As perguntas de Vinícius durante o jantar ainda reverberavam em sua mente. Ele estava sempre explorando, sondando, mas com aquela delicadeza que fazia parecer que era um homem perdido tentando lembrar do passado.Ela sentiu o peso da culpa novamente. A mentira que ela estava sustentando a consumia por dentro, e agora, estar ali com ele, na pousada onde supostamente teriam pass