A campainha toca novamente, um sinal luminoso, na verdade. Lucille abandona a função de guia e delega essa função ao gerente do estabelecimento, um rapaz franzino, de traços delicados, que atende pelo nome de “Praidi”.
— Meu bem, se alguma coisa te agradar, você pode falar com ele..., mas se alguma coisa te desagradar, aí, você fala direto comigo. A casa é sua!
Clara observa enquanto um casal, uma dama e um cliente, sobe a escadaria. Falantes, risonhos, abraçados. A cena prende a atenção da jovem visitante e aguça sua curiosidade. O desejo de segui-los, à certa distância, estampado no olhar da moça provoca o instinto de agenciador do gerente.
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É certo que o diabo mora mesmo nos detalhes. Lucille se aproxima do escolhido, diligente, como quem entrega o troféu ao grande campeão. No entanto, por alguma razão misteriosa, contrariando o habitual, João se levanta da mesa e, afoito, segue rumo à saída. Lucille consegue alcançá-lo junto à porta. — Eu reservei uma surpresa especial pra você! Novidade na casa! — Fico honrado. Mas eu não posso... Não posso mais... Não pretendo voltar aqui. — Duvido muito! Toda semana, algum cliente me diz a mesma coisa. Abortar a missão ou executar uma pequena alteraç&
Capítulo 3 "Praidi" Seis anos de relações cortadas com o mundo exterior. O jovem, já há algum tempo encontrou neste lugar a segurança de um verdadeiro refúgio, além de todo o amparo, o carinho e a compreensão que o mundo lá fora teimava, e ainda insiste, em lhe negar. Por isso mesmo ele valoriza, verd
Sinopse: Um ato egoísta, fruto de um intelecto vingativo, provoca um trágico incidente. Subitamente, o ambiente burlesco se torna caótico. Esse evento dramático reúne, sob o mesmo teto, um diverso grupo de indivíduos desafortunados. Agora, já não há culpados, cúmplices ou inocentes. Todos se tornarão vítimas de escolhas feitas num passado, recente ou remoto. Sempre sádico, o destino faz com que os caminhos tortuosos desses sujeitos se cruzem em um ponto que, para alguns será o de partida, rumo a redenção e, para outros, será o instan
Humilhada, ferida no orgulho. Lívia marcha firme escada acima. Se sente injustiçada, preterida. Ao bater, com toda a força, a porta do quarto atrás de si, tomada por um turbilhão de emoções, a jovem converte tudo o que sente naquele momento em um ódio mortal, pela irmã e pela mãe. No primeiro momento, claro, ela também sente raiva do pai. Com o tempo, a garota decide perdoá-lo pela omissão diante da atitude repressiva da mãe. Por ele, a menina mantém o carinho pelo pai e o desejo de “reconquistá-lo”. A partir desse episódio, toda a família muda seu comportamento em relação à Lívia. A mãe se esforça para evitar o contato visual. A irmã, cada vez mais distante, prefere a companhia de suas bonecas. O carinho do pai limita-se a um “boa noite” e um aceno displicente feito à dist
Certa noite, Livia se encontra recolhida em seu quarto. Hoje, ela se ente realmente indisposta e, mesmo com ausência da mãe, não pretende realizar o seu espetáculo costumeiro. Sua mudanças físicas, comportamentais e na maneira de se vestir, naturalmente, despertaram o interesse de alguns rapazes. Agora, enquanto folheia algumas revistas desinteressantes, ela pensa seriamente sobre o assunto. O desejo de ter uma experiencia completa, a dois, é crescente. É claro que ela já tem eleito um candidato. Escolheu, justamente, o que aparenta ser, a julgar pelo físico e pela conduta, o mais experiente entre todos os pretendentes. Os pensamentos sórdidos da garota são interrompidos quando, no início da madrugada ela ouve ruídos que, imediatamente, reconhece. Parecia inacreditável, mas ao que tudo indicava o pai estava de volta à ativa.Revoltada, n&a
Na noite anterior a escolhida para o embate decisivo, o coração da adolescente está descompassado. Apreensiva, mesmo correndo um sério risco de ser humilhada novamente, ela conserva um certo otimismo. Sem conseguir disfarçar o nervosismo, a garota ansiosa prefere evitar contato com os demais e decide poupar as forças para a noite seguinte. Uma doce ilusão. Achar que poderia se jogar na cama e, imediatamente, ingressar no mundo dos sonhos. A verdade é que a adolescente, inquieta, passa horas se debatendo no leito, trocando de posição a todo momento. Vencida pela insônia, Lívia recorre a leitura que, para ela, é um poderoso sonífero. Folheia livros e revistas, revira fotos antigas, muitas em família. Liga a televisão, sintoniza o rádio. Tudo em vão. A garota sabe que a melhor forma de fazer passar o tempo, a mais rápida, é dorm
Da posição privilegiada em que se encontra, o deleite fica evidente na expressão da mentora e espectadora do evento que se desenvolve de maneira dramática, para os demais envolvidos.O arroubo da agente, involuntariamente, coloca o pai, justamente, na pior posição possível para ele, no momento. Impotente. Diante da delatora, até então, anônima.A expressão, orgulhosa e debochada, na face da filha, denunciam, anunciam, revelam. O condenado enfim percebe que está frente a frente com o carrasco. Um dia da caça...O acusado não tem a intenção de negar sua culpa, não seria capaz. Mesmo assim ele se mostra, indignado.Quando os olhares se cruzam, o pai não consegue mais conter a fúria. Movido pelo ódio, ele assume uma postura agressiva e, mesmo na presença de três agentes de segu
Capítulo 2A esposa O rebuliço no andar inferior interrompe os trabalhos no exato momento da consumação. O Cliente e a dama se recompõem rapidamente. Ela, mais ligeira, sobre a lingerie faz cair uma camisola, com a destreza de uma heroína. A mulher demonstra ansiedade enquanto veste o seu uniforme característico, sem demora, calça qualquer coisa e se lança pela porta, corredor afora, abandonando o sujeito atrapalhado, menos hábil, que ainda peleja com as próprias vestes. Um disparo de arma de fogo faz o homem abandonar o penoso ritual, ignorar as formalidades e colocar de lado o pudor. Mesmo sem vestir a camisa, carregando o par de sapatos em uma das mãos e o cinto na outra, o homem perde o equilíbrio, justamente, porque ignora o frágil atrito, natural, entre as meias de seda e o assoalh