(Carlos)
(...) lá vai o Carlos, como sempre sistemático, ele vai saindo de casa às cinco da manhã, ele pega sua moto e anda pelas ruas do bairro da Alemanha até alcançar a Avenida principal e segue para o centro da cidade indo para o seu trabalho. Carlos é um moço de quarenta anos de idade, alto e corpo avantajado, pratica esportes e até hoje bate aquele bolão no fim de semana; por ser negro e de biótipo viril, lhe proporciona o físico desejado por muitas garotas, ele sempre se cuidou desde de rapaz, sua vida sempre foi voltada para sua saúde e bem estar. Em poucas palavras, Carlos viveu para si, ele relativamente trabalhou para suprir a vaidade – era o Eros do bairro!
Para ele, isso nunca foi um problema esse comportamento de sua parte, ele sempre se via assim mesmo (o cara!) – no âmbito amoroso, os seus relacionamentos eram como peças de um tabuleiro, onde ele sempre cantava as cartas e mudava as peças do tabuleiro quando e como quisesse e se por ventura a sua garota atual não o agradasse, ele simplesmente a descartava – uma peça de xadrez! E assim ele vivia seus romances copiosamente.
Ele se dava ao luxo de manter agendas e agendas de telefones com números e números variados, contatos e nomes diversos de garotas, ele só precisava escolher ali, qualquer uma em sua lista enorme de contatos. Tudo em sua vida era impecável, falando de seu próprio eu e bem como, claro como a sua casa, suas roupas, seus objetos pessoais e até mesmo seus produtos de higiene pessoal, tudo tinha que estar limpo e ser o melhor no mercado, enfim, era terrível nisso!
Aos quarenta anos ele aparentava ter bem menos que isso, só pelo seu cuidado pessoal, isso lhe dava uma vantagem muito grande frente aos seus amigos, ou qualquer outro homem, quando se tratava de conquistas amorosas além do que ele tinha uma lábia muito boa com as garotas e tinha um conhecimento relevante sobre quase tudo na vida.
Carlos não poderia de ser diferente, ele tinha uma academia desde os seus dezoito anos de idade e anexada a ela ele montara uma loja de motocicletas e vendia produtos de nutrição era tudo junto e misturado em um espaço único – sim, eram as suas reais paixões, o seu orgulho na vida, seu ofício, ele dedicava sua vida para suas paixões e saia de casa às cinco da manhã e chegava em casa por volta das vinte horas da noite e assim era toda semana e o ano todo, ele assim se dedicou ao trabalhando .
Carlos deixava o fim de semana para curtir as baladas e se divertir, ele era festeiro de nascença é claro, era quando ele se mostrava ao deleite de todos; ao se preparar para suas baladas, ele sempre ousava em roupas, perfumes, cortes de cabelo e sempre impecável se apresentava. Mas como nem tudo é perfeito na vida, há sempre os tropeços ou contratempos do acaso, a vida sempre nos prega as pegadinhas e Carlos não poderia estar livre disso em sua vida: - então por que com ele seria diferente?
Em um sábado à noite com estrelas no céu, o frio de costume, em um barzinho do bairro e entre amigos, com som ambiente, sorriso e contações de anedotas... eis que chega Wilson, o melhor amigo de Carlos, de repente se aproxima e diz:
- Amigo, mês passado eu me casei, encontrei a mulher perfeita para mim, estou feliz, você foi meu padrinho de casamento e pensando nisso por esses dias, eu ontem me questionei quando que você meu amigo, irá se casar também! sei lá encontrar seu par perfeito!
Carlos, ouviu atentamente seu amigo como de costume, não se conteve e deu uma leve risada, (Carlos) com os olhos em lágrimas de tanto rir e sem jeito, respondeu ao amigo dizendo:
- Meu caro amigo, isso só no dia em que eu encontrar a mulher à minha altura e pelo visto, nem tão cedo assim! não desmerecendo as mulheres meu amigo, mas ainda não apareceu a tal suficiente para mim. Como eles estavam em um grupo de amigos em comum, três outros, que ouviam atentamente aquele “blábláblá’’ – um dos rapazes (Henrique) que tinha uns trejeitos também do Carlos e talvez por invejar o suficiente para manter aparência e trejeitos, sentia-se sempre incomodado na presença do Carlos, aproveitando aquele momento, lança uma proposta indecente ao Carlos, dizendo-lhe:
- Se eu lhe mostrasse uma garota qualquer, qualquer uma nesta semana e com ela você passar mais de nove meses namorando e ela apenas ela, decidir não mais te querer, sem que você faça qualquer coisa para isso. Você aceitaria essa aposta? Se aceitar os termos eu te daria o meu carro novo e todo o dinheiro na conta deste cartão de crédito aqui em minha mão. E aí, topa a aposta!
(tendo em vista que Carlos raramente ficava mais de seis meses com uma garota!) alguns segundos depois, Carlos em silêncio ao ouvir aquilo do Henrique (um velho colega de bairro, que sempre estava à sua sombra em quase tudo e só perdia para o dinheiro e isso o Henrique tinha de sobra) como em uma fúria retraída, não desvia o olhar e lhe responde:
- Tá, eu topo a ideia meu caro, mas e se eu perder, vai que eu não consiga cumprir com os termos! o que eu terei de fazer?
- Eu fico com suas empresas é claro (sem pestanejar retruca o Henrique!) e de sobra com a sua moto, simples assim, uma coisa pela outra... todos ali se olham, meio que assustados e confusos, porém era de se esperar um dia tal coisa, já que ambos eram rivais em quase tudo na vida. O certo é que a aposta foi feita e aceita.
A rosa e o beija-flor
Quem é
Esta rosa que brota
Com tão desatino
E cheira a jasmim (?)
Quem me dera
D’eu tocá-la amiúde
Do desejo ladino
De tê-la só pra mim (!)
Isto é
Muito mais que um viço
É um carinho latente
Que esta rosa me induz;
Que bela
Mas selvagem e manhosa
Esboçada nos lábios
Desta rosa que seduz;
Vão se embora
Colibris insolentes
E nos deixem agora
Com o alarde do amor;
Esta rosa
Tem as pétalas cheirosas
Os lábios macios
E então sou-te beija-flor ...
(ventos me mordam!)
Dias depois, surge no bairro a Elizabeth, uma morenaça, carioca da gema, dessas de parar o trânsito e que dispensa quaisquer comentários, ela estava a passeio na cidade por dois meses apenas, em vista de estar de férias de seu trabalho e vinha para conhecer parte de sua família por parte de sua mãe que aqui em São Luís vivia e que desde de sua ida para o Rio de Janeiro assim que nasceu, ela nunca havia conhecido nenhum primo ou prima, tio ou tia de seu lado materno.
O Henrique ao ver esta moçoila toda linda na rua tratou de conhecê-la e sem perder tempo aproximou-se dela, cercou-a e apresentando-se amigavelmente, tirou dela toda informação possível e vendo ali na Elizabeth uma chance única de pôr em prática suas ambições sobre seu colega (Pedro) ele se despediu dela e foi correndo até ele para dizer-lhe que havia encontrado a garota perfeita. Aproximando-se da empresa do Carlos, ele voa para dentro do recinto e de supetão sem deixar qualquer tipo de chance para uma reação de Carlos e lhe cospe:
- Cara, você não vai acreditar, mas acredito ter encontrado a garota certa!
Carlos, sem entender, pois, ainda atarefado com seus pensamentos e tarefas, não se deu conta do que o Henrique o falava – (Henrique) “cara você tá me ouvindo? pergunta o Henrique ainda agoniado! Pedro então se dá conta do que falava o colega. – Ah sim, pois fale, quem é a presa? – retruca meio com o ar de deboche!
Henrique, trata de passar tudo o que ele havia acabado de conhecer sobre a nova visitante no bairro e diz a Pedro que ela teria de ser a garota da aposta. Pedro sem pestanejar, confirma tudo e diz que ao sair dali de sua Empresa, às 20h:00, iria direto procurar essa garota em questão e naquela noite mesmo assim que a encontrasse, eles poderiam dar início aos termos da aposta. Assim o foi, nem era exatamente oito da noite, Pedro sem conseguir pensar em mais nada, fecha as portas de sua Empresa e voa com sua moto para casa, preocupando-se em chegar cedo o bastante para ainda encontrar a tal garota recém chegada do Rio de Janeiro.
Ali no bairro a falação é grande, assim como em todo lugar, era constante e cada novidade é novidade – mas aquela aposta em questão ficara reservada à sete chaves e apenas aquele seleto grupo de amigos, esse acordo ficou guardado o tal assunto.
“21h:45‘’ – depois de tanto rodar com sua moto pelo bairro, enfim que o nosso cavaleiro encontra suas amazonas (“Beth ‘’), como ficara conhecida a garota, por boa parte de todos, estava quietinha na praça com duas amigas e uma prima, apenas conversando, a prima era a Rita uma velha amiga do Pedro, vendo a cena ele trata de se aproximar e como de costume se apresenta da melhor forma possível. Rita não era do grupinho de diversão do Pedro, então ela não sabia da aposta, mas ela conhecia muito bem o seu amigo e já sabia que Pedro iria investir na nova presa.
Não foi nada diferente ali naquele momento, assim como pedia o costume, Pedro jogou-se sobre a Beth, Rita entendeu o recado e os deixou conversando, ausentando-se da conversa, Beth emprestou seus ouvidos ao Pedro e como em um passe de mágica, no dia seguinte eles começaram a sair muito juntos e sempre os dois, como se já se conhecessem há tempo.
O que era aventura e apenas um passeio para os dois, tornara-se um enlace de quatro meses corridos; tempo o suficiente para aquela história da aposta ficar apenas latente nas cabeças de outrem, até que um belo dia desses em que tudo se era normal, em um dia de sol e tudo corria muito bem: - Wilson, chega para visitar costumeiramente seu amigo Carlos em sua Empresa, observando Carlos cabisbaixo aproxima-se e leva de seu amigo um susto. Carlos, notando que era o Wilson seu amigo, sem deixá-lo abrir a boca, quase que em um grito lhe fala:
- Cara, eu estou lascado, acabado, destruído, perdi, eu perdi! (grita o Carlos)
Wilson, sem entender aquilo tudo, ouve e claro se assusta tentando acalmar seu amigo, lhe pergunta:
- Mas o que houve Carlos, me diga?
Carlos sem jeito e com os olhos marinados desabafa a sua angústia terrível:
- Eu perdi a aposta que fiz com o Henrique, lembra? – sim, claro que me lembro de sua loucura, mas perdeu por que, como assim perdeu? confuso comenta o Wilson.
- Eu simplesmente acho que estou apaixonado pela Beth, eu me apaixonei por aquela maldita mulher maravilhosa e linda bandida!!!
Wilson, enfim ouvindo aquilo que ele tanto desejara ouvir de seu amigo um dia, não sabe se ficava feliz ou triste com tudo o que seu amigo o falara. Preocupando-se ainda mais com a fisionomia de seu amigo e percebendo que sim, era algo preocupante o caso incomum, tenta apoiá-lo, consolá-lo de alguma forma com palavras de alento e afeição, mas é tudo quase em vão.
Carlos, tece uma resenha ao seu amigo: - eu estou realmente apaixonado por ela, eu fiz com ela tudo o que eu fiz com todas, eu me joguei, eu a seduzi, mas... eu não sei o que eu fiz de errado ela é linda e tem uma boa conversa, é inteligente e sabe tudo sobre motos, cara ela me ganhou mesmo!
Wilson então, apenas dá um breve conselho, para que vá logo para sua casa e tente repensar sobre tudo, que não abuse do problema e que de alguma forma tudo irá se resolver.
Carlos então, ouve e prontamente com a ajuda do Wilson fecham as portas da empresa e dirige-se para sua casa, desorientado e ao mesmo feliz por estar amando. Ao chegar em casa, desliga-se do mundo, trancando-se em seu quarto às 19h:40 daquela noite, isso de fato era incomum demais para o nosso amigo. Por horas se clausura em seu quarto, e tenta se encontrar com seus pensamentos e em um longo discurso com sua alma.
SEM PUDOR
A minha pele tão suja
Desse chão e capim,
Na labuta tão avulsa
Sou da roça de aipim;
Minhas unhas cascudas
De areia e tão ásperas,
São polidas nas pedras
Calcárias e de bauxitas;
A minha face é carranca
É de cravos e de zangas
Nem com massa corrida
Alisa a tal face de sancas;
Sou desse jeito poroso
Tão rude tipo desgosto,
Mas às vezes teimoso
E de fato um cara tosco;
Mas se tu me quiseres
Eu estarei aos teus pés
Como farpa no convés
Tão náutico nos mares;
E se por mim tu tens amor
Eu serei o teu cravo de flor,
Por mais que haja uma dor
No espinho que te dê ardor;
Eu saberei me recompor
Ao teu lado meu amor
Como viço de flor
Eu sem pudor.
(João) (...) sol a pino de meio dia, muito barulho, vergalhões, cimento caindo, concreto rangendo, marteladas e suor... – ô João, cadê você? grita o patrão, chamando pelo tal João, um servente (Lucas) atrapalhado, responde: - Ele tá lá no topo, chefe, ele está lá há horas! Álvaro o patrão, grita em tom de raiva:&n
Dias depois, os nossos cavaleiros do agora sôfregos em vias de regras morais e quiçá existencial, em seus castelos pessoais e cada um remoendo sua dor e tendo que encarar seus medos e afins, bem como, seus dogmas centrais – cada um em sua própria motivação buscando soluções emocionais e estariam prestes a se resgatarem de seus “eu’’ – assim, fielmente serem felizes dentro de uma roupagem sem máscaras. Nem tudo se é, quando realmente tende a se ser! – a partir de agora, quando estas portas se abrirem “Ribamar, Pedro, Carlos e João ‘’ terão de usurpar o tempo e nele tendo como rival, será um
(em outro ponto da cidade) Pedro no dia seguinte de sua conversa com sua mãe, sai de casa, tenta arejar sua mente e busca em um breve passeio aliviar sua alma. O vento leva Pedro para uma igrejinha bem no centro de São luís, displicentemente ele entra, se senta em um dos bancos no fundo o mais escondido possível e como se quisesse se esconder um pouco de tudo e de todos, no entanto, Pedro percebe o caminhar de um padre que vira e mexe, passava ao seu redor, Pedro pensava que aquele padre o confundira com algum malfeitor, já que Pedro entrara de forma sorrateira e em silêncio se enclausurou num canto agudo da igreja. Pedro se irrita com aquilo e sai às pressas, cabisbaixo ele ainda andando desorientado segue pelas ruelas da cidade e sem querer avista há poucos metros dele uma moto estilizada e
E o vento levou... ...os nossos amigos viveram instantes de lucidez, ao compartilharem suas dores com os novos ombros do agora parceiríssimo tinir de amizade. As semanas foram curtas e precisamente ventosas para todos e nada além de promessas foram tratadas, nada além de culpas foram pesadas e nada além de angústias foram tratadas. As novas duplas de amigos em devaneios pela cidade caminhavam todos em suas vielas, conversando e trocando ideias como de costume. Pedro e Carlos estavam na rua grande olhavam as lojas, o movimento, as novidades e as promoções – já que tinham muito em comum. Ribamar e João andavam pela Rua de Santaninha eles buscavam nas velhas casas homeopática
Os quatro frente à porta do consultório, esperam que o doutor Antunes se encontre na sala, mas todos notam que as luzes do corredor e de alguns ambientes estavam apagadas e que lá de dentro da sala, um foco de luz quase de velas se mostrava cândida. Logo o Doutor Antunes, surge abrindo a porta sempre do seu jeito plácido, chama para dentro os quatro com um sorriso largo do tipo feliz, como se tivesse conquistado um prêmio ou algo assim. Todos entram e o doutor fecha a porta trancando-a rapidamente. Por uma outra porta de acesso (que não foi observada anteriormente, se localizava ao lado de um velho armário de consultório clínico) dava acesso a um corredor e o doutor leva os quatro para uma sala ainda maior com um mobiliário mais rustico ainda, com cinco cadeiras velhas prepa
Meses depois, os nossos cavaleiros em um devaneio marcam de rever o tal doutor Antunes e em um certo dia marcam de visitar o consultório de seu Antunes. Em uma noite avulsa de lua cheia chegam pontualmente na porta do prédio que outrora foi um cativeiro de revelações. Todos os quatro se assustam com o que viam, não acreditando na imagem atual, nada similar aos dias que viveram ali em consultas noturnas. O velho casarão bem mais deteriorado que antes as janelas no chão, as portas quebradas, a escadaria destruída, vidraças partidas e o cheiro de mofo no ar. Assim mesmo, eles se encorajaram e foram adentrando o prédio, Joao como sempre
(cristal) Ribamar Nas inconstâncias da vida, o mar em seu refúgio singular, mescla com o tempo e com as passagens das marés o ritmo de cada temporal. Os nossos coadjuvantes imateriais de nossa história, passam a suprir agora os seus dogmas em novas vertentes. Seu Ribamar, agora se vendo mais completo e mais certo de seu real caráter, apenas busca se reencontrar com sigo mesmo e avança sorrateiramente no que antes era o seu temor: - o amor verdadeiro! Buscando agora, entre o tempo e as novas faces em sua volta, encontrar quem sabe o seu grande amor. Ao ir tempos depois, se reconciliar com a sua fé, Seu Ribamar vai em um domingo à igreja e essa sempre vizinha de sua casa e, ao encontrar o seu velho amigo padre, o abraça como se tentasse reativar o carisma de sempre. Seu Ribamar se aconchega em um dos bancos de m
(cristal) Carlos (...) Carlos, eis que o fulgor como de um, entre tantos mártires na vida humana! - se entrega sem desdém ao colo de uma única mulher, tendo em vista, todo o seu histórico de sedutor e ao longo de sua breve jornada como um interlocutor de si mesmo, ele é quem se traduz agora como um novo homem. A linda Beth reluz hoje em seus olhos e nada mais do que um amor sincero e, calmo batendo em seu peito de Eros e assim em trocas de carícias derradeiras, Carlos vive sua vida na maior mansidão e nem se encontra magoado por ter de uma certa forma, perdido uma única aposta que fizera em toda a sua vida. Um homem que antes vivia para a boêmia e para seus prazeres materiais, hoje se refaz nos braços de um amor verdadeiro e nem percebe que o mundo em sua volta o observa indiferente, pois sair de um bom aventureiro é surgir como um homem cativo e que vive para seu amor, é sem sombra de dúvidas o mesmo que virar da água para o azeite em minutos! - Falem as más língua