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"as pedras'' (Pedro)

(Pedro)

                   Pedro, é um rapaz bem franzino, cheio de sonhos, educado, gosta da vida, nunca bebeu teores alcoólicos, estudioso ao máximo, amoroso e muito trabalhador também e ele nunca era visto triste em hipótese alguma!

                   Ele tinha 20 anos de idade, e, quando ainda menino ele foi prometido à Joana a sua amiga de infância (típico casamento de interior brabo), em uma promessa de casamento arranjado ou algo assim do gênero, como era antigamente. Tudo por causa de uma festinha de São João, quando ainda bem novinhos, os pais dos dois, eram amigos desde de infância também, tanto os pais de Pedro como os pais da Joana e nesta ocasião os pais de Pedro (Mauro e Helen) brincavam de pular-fogueira e em um determinado momento deram conta dos dois ali, quietinhos e brincando na areia do coreto, os pais da Joana (Rodrigo e Fernanda) chamaram os pais de Pedro para que observassem também! – os dois anjinhos ali ambos com cinco anos de idade, felizes, brincando na areia.

                  Os quatro contentes com o que notaram e claro sob a força do álcool também, logo cogitaram a ideia de casamento dos dois, as mães em uma euforia só, já trataram de tecer tudo sobre a festa, de como seria, o que teria, enfim... - deram o passo de tudo do princípio ao fim da festa e enquanto os pais mesmo ainda sem jeito, foram no embalo da coisa e como eram amigos de muitos anos, logo viram que daria tudo certo. Deram um jeitinho de tirar uma foto dos dois para guardar de recordação daquele momento e assim o fizeram, depois da foto, a festa se prolongou e parecia que essa festa em questão, nunca teria um fim. 

                Todos alimentaram essa história por anos e anos, até que o casal cresceu e ataram o namoro ainda bem jovens sob o efeito do contexto do casamento, sonho este de todos em comum, já estava marcado a se consumar o enlace. Mas Pedro, sendo um bom rapaz, ele nunca se deu por convencido desse momento tão profundamente como nunca em sua vida. Até que um dia um velho amigo de infância (Janílson) do mesmo tempo da Joana, retorna à cidade meses antes do casamento – ele foi morar fora do país, saiu de São Luís ainda menino aos treze anos de idade; o Janílson, a Joana e o Pedro faziam um curso de idiomas (Inglês), o Janílson pegou a chance de estudar fora e aprovado em uma bolsa de estudos, ele não pensou duas vezes e foi para Londres.

                  Com a chegada desse amigo, nuvens e cortinas começaram a cair lentamente dos olhos de Pedro. Com uma semana de longas conversas e risadas Pedro e Janílson logo botaram na mesa o passado de todos e velhos hábitos e detalhes foram expostos. Pedro começou a se questionar profundamente sobre tudo e principalmente sobre o seu casamento com a Joana. Pedro lembrara de jogos e brincadeiras de infância, aniversários e de tudo enfim. Como borboletas em sua cabeça, Pedro passa a ter uma feição introspectiva e se volta um pouco contra a ideia do casamento, como se em sua alma, algo lhe dissera negativamente, que não seria um castelo dos sonhos tudo aquilo.

                Em uma noite bucólica, Pedro e sua mãe em casa sozinhos na sala de estar, foleavam velhos álbuns de família e em um determinado instante entre risos e lembranças, ele aproveita e lança uma pergunta direta para sua mãe:

             - Mãe, como foi mesmo que surgiu essa ideia toda do casamento entre a Joana e eu?

             “Essa pergunta sempre foi feita por todos há anos’’, ela sempre ouviu a mesma pergunta de todo mundo até de estranhos que logo tomavam nota da história, mas , a mãe de Pedro, observando a fisionomia e o tom de voz de seu filho, notou algo de estranho naquele momento, ela tentou ser o mais natural possível e assim suprir da melhor forma em uma resposta plausível ao questionamento de Pedro, com a certeza do passado, busca a foto do dia junino em que o pai da Joana tirou dos dois brincando na areia do coreto, então ela mostra a ele a foto daquele dia e lhe diz:

             - Olha filho, aqui você pode ver que os dois brincavam felizes e até hoje você e Joana se gostam muito, não é mesmo? 

               Pedro revendo a foto, porém, mais fixado com a foto, lembrou-se daquele dia – era como se uma cortina houvesse sido apagada de sua mente nesse ponto em questão. Como um estouro, lembrou-se de detalhes do que brincavam e de como brincavam os dois (a Joana com tecidos e retalhos nas mãos e ambos tentavam fazer uma boneca de pano), esses detalhes não foram observados por mais ninguém e assim o tempo levou essa observância. Ele estava contente em querer fazer a boneca também e até se mostrava mais afoito ao brincar com sua amiguinha.

                   Cataratas de aluviões caíram e luzes de lembranças vieram à tona, brincadeiras similares com a Joana se mantiveram por alguns anos, mas o pai de Pedro era militar e como tal, não admitia quaisquer alusões contrárias, tratou de pôr seu filho em atividades totalmente masculinas e esportivas que usurpavam a consciência de Pedro. Aos dezoito anos Pedro serviu o exército, mas deu baixa um ano depois, disse ao seu pai que queria se manter nos estudos e que seria um médico, dando essa opção ao seu pai, Pedro conseguiu por um bom tempo livrar-se desse que para ele era um peso pessoal em sua vida (servir o exército brasileiro), sendo o berço do caráter de seu pai e assim tal reflexo do ser que Pedro não desejava de ser um dia.

                  Um mundo inteiro veio aos olhos de Pedro, ele soltou um leve sorriso para sua mãe, pediu licença a ela tomando-lhe a bênção (sua mãe o abençoou) – Pedro foi para seu quarto e trancou-se por horas naquela noite e em seu silente foi pensar consigo mesmo; essa conversa às vezes se dá com a alma, há quem diz que é a conversa definitiva na vida da pessoa.

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