CAPÍTULO 02
Fabiana Prass — Mas, que droga! Por que me enganou dessa maneira? Já não basta ter me tirado do Brasil prometendo uma vida melhor? Agora também vai tirar proveito e me vender? — bati a mão no porta-luvas do carro, muito brava. — Eu ouvi falar bem da família Strondda! Depois que o pai dele assumiu, Roma ficou muito segura! Você deveria me agradecer, vai ter casa boa, comida boa, vai sair do meio do lixo... — Eu não sou interesseira, e você sabe disso! Vim para trabalhar, e não para me sujeitar à isso, imagina quando todos ficarem sabendo lá no Brasil! Se é que um dia vou ter o contato deles novamente, já que você fez o favor de perder os celulares da gente num “bag” no dia da venda! — falei já com a voz embargada... lembrar que tenho família e nem sei onde estão e como estão, é triste. — Agora tá feito! E acho bom obedecer, sabe que quando o Don quer uma coisa ele consegue, e se não facilitar é perigoso matarem a gente! — o olhei assustada. — Acha que ele faria isso, mesmo? — Fez uma careta duvidosa, e tive vontade de enfiar pedaços de papéis naquela boca grande dele. — Eu só sei que agora vamos ficar ricos! Com um lugar para separar o lixo, a máquina prensadeira e ainda um caminhãozinho... — Mas é burro, mesmo! Ainda nem soube pedir... não acredito que não valho mais que um pedaço de terra e uma máquina! — coloquei a cabeça para fora da janela e ele parou o carro. — Ué não vai pegar os sacos de lixo? — Já chega! Vamos pra casa! — Já sabe que se parar mais cedo, fica sem jantar! — olhei para a sacola com pães e bolo. — Tudo bem, eu não quero jantar! — escondi a sacola, senão ele tomaria de mim. Me neguei a trabalhar mais, e fui para a casa dele. Me tranquei no quarto assim que tomei um banho, e comi apressada aqueles alimentos da casa do Don, mas estava difícil de dormir. Acordei cedo, pois achei melhor separar o lixo de uma vez, já que hoje eu não conseguiria descansar nada. Abri vários “Big bags”, um do lado do outro, e então comecei a olhar saco por saco na minha bancada. De repente vi algo de valor numa sacolinha, mas com um barulho de batida de carro eu me assustei e acabei derrubando a sacolinha no chão. Como o lugar onde eu moro é alto e embaixo tem grades, foi parar lá na estrada, e desci apressada para pegar. Quando cheguei, me assustei com um homem muito bonito parado na rua, e ele olhava para a sacolinha que parou perto dos seus pés. — Essa sacola é minha! — falei e ele se abaixou pegando. — Claro! Eu pego pra você! — ficou me olhando diferente, e cheguei a ficar sem graça. Quando fui pegar a sacola, as nossas mãos se encostaram e levantei as sobrancelhas o fitando. — Obrigada... — Você é muito bonita! A mais bela de Roma, eu diria! Aposto que não é daqui... — aquela voz serena e grossa me fez arrepiar dos dedos das mãos aos dedinhos dos pés. — Esses olhos me dizem muito sobre você... — O que os meus olhos dizem? — perguntei sem delongas, e me surpreendi com a minha coragem; os nossos olhos fixados e me perdi naqueles olhos escuros. — Dizem que é perfeita... tem um coração bom, e uma beleza única! — Pare de dizer mentiras, olha para a minha roupa, os meus cabelos... — A sua roupa não diz nada sobre você! Pelo contrário... — pareceu pensar. — Elas dizem que é esforçada e corajosa! Sem contar que esses cabelos naturais são como águas doces de um rio limpo e adornado de belas flores... — engoli seco. — Sou Fabiana! — estiquei a mão. — Vim do Brasil... — ele segurou nela e então me lembrei que estava suja. — Oh, não encoste aí! Eu estava trabalhando! — ele sorriu, e então vi quão lindo era aquele sorriso, aquele homem parecia de mentira. — Não se importe tanto com detalhes! Eu também estava mexendo na terra, só parei com um barulho alto, mas foi o escapamento de um carro que passou! — puxou uma daquelas flores amarelinhas da beira da estrada e vi que as suas mãos estavam sujas de terra. Então ele a colocou na minha orelha e vi que me encantei por aquele homem. Ele é o oposto do idiota que me comprou, parece mais humano, sensível... usa palavras leves, parece um homem romântico e vi que estou em apuros, pois jamais deixarei aquele ogro, parente do Sherek encostar em mim. — FABIANAAA! — o meu tio gritou e me tirou daquela bolha tão bonita. — Preciso trabalhar, senão arrumarei problemas, o meu tio não deixa passar! — falei meio sem graça. — O que quer dizer com isso? — parecia sério agora, seu semblante ficou escuro. — Vamos deixar para a próxima conversa, você mora por aqui, não é? — Sim, moro aqui perto... amanhã de manhã passarei por aqui novamente! — fiquei o olhando e penso que até os meus olhos sorriam, eu não queria me afastar daquele homem. — FABIANAAA! — ouvimos o grito e eu simplesmente fiquei com medo e saí correndo. — Eu preciso ir... até amanhã! — fui falando enquanto corria e só depois me lembrei que não perguntei o nome daquele homem tão gentil, só me apressei em trabalhar, já apanhei do meu tio por não trabalhar direito, e hoje, prefiro evitar. . Don Antony Strondda . — Aonde foi, que voltou tão sorridente? Saiu daqui disposto a matar um dos nossos homens, e voltou sorrindo? — a minha irmã, Laura me questionou com um abraço caloroso. — Oh! Vejo que foi mexer nas plantas de novo, mas não é só isso! — Eu fui visitar a minha noiva, acertar os detalhes do nosso casamento! — fui lavar as mãos. — E, acertou? Pois com essas mãos sujas, acho difícil! — zombou, me ajudando com as mangas da camiseta velha de manga longa que coloquei para mexer na terra. — Não sei..., espero que sim! — respondi com um sorriso, mesmo sabendo que aquela ragazza tão bela não me reconheceu com o boné e roupas mais simples. — Vou avisar a mamãe que ela pode voltar para a cerimônia! Você vai sobreviver ao casamento! — brincou Laura. — Com toda a certeza! — respondi ao me imaginar possuindo aquela ragazza na noite de núpcias!CAPÍTULO 03 Don Antony Strondda Saio dos meus pensamentos quando alguém entra na sala VIP da boate. — Estressado, meu Don? — Susany passa as mãos nos meus ombros. — Vim ver se precisa de algo... — Ela está com aquela saia curta, estilo estudante que adoro. — Um pouco... hoje nem você vai tirar o meu stress! — Aposto que te faço relaxar... — falou de forma sexy e passou a mão no meu pau por cima da calça. — Hum... mão gostosa, Susany! Mas, hoje quero ficar sozinho. — me ajeitei na cadeira. — Tem uma coisa muito mais gostosa, aqui... — veio com a mão novamente e me irritei. — Saia, Susany! Se eu precisar dos teus agrados eu chamo! — falei mais firme, porém tentando não me irritar, pois amanhã acordarei cedo para ver a minha noiva, e pretendo estar de bom humor. Ela voltou chateada para o poli-dance, e então fiquei apenas olhando, por incrível que pareça tenho vontade de passar a noite com a Fabiana, aquela ragazza me intriga muito.
CAPÍTULO 04 Fabiana Prass Eu não consegui afastar o jardineiro, mesmo sabendo que estou noiva daquele Don egoísta. Mas o meu tio viu o pequeno beijo e tive problemas, ele só não me bateu porque eu ficaria marcada, mas ficou repetindo as mesmas coisas por um bom tempo. — Acho que o teu noivo, chegou! Ainda bem que não viu aquela pouca-vergonha que você fez mais cedo! — tio Amador, falou. Olhei para baixo e vi dois carros caríssimos encostando, então suspirei irritada que teria que vê-lo de novo. Quando desci encontrei com uma moça bem bonita, que me entregou um bilhete. — Sou a Laura, a irmã do Don! Vim buscar o seu documento, mas se quiser aproveitar e irmos provar o vestido, daí não fica sem ajustes no sábado... — Sábado? Este sábado? — questionei e comecei a ler o bilhete, me trazendo uma raiva imensa daquele homem. — Parece que sim... — observei os homens tirando sacolas do carro e não entendi. — O que está acontecendo? — Eu
CAPÍTULO 5 Don Antony Strondda Sinto o vento gelado batendo no meu corpo e sei que já se passaram muitas horas. Passo a manga da camisa na minha testa e vejo o quanto estou suado, mas não quero parar. Ouço o barulho dos sapatos da minha irmã, mas não tenho coragem de olhar para ela. — Tony... está tudo bem! Venha tomar um banho, se vestir, pode ficar resfriado. — falou suavemente e neguei. — Eu sei que a terra te acalma, mas a sua noiva já está bem, está em segurança... — Ela nunca vai me perdoar, Laura! Eu perdi a cabeça outra vez... — juntei as pétalas soltas que caíram das rosas brancas. — Olha só, até as rosas estão tristes, Laura... Senti a mão dela tocando a minha, e a olhei. — Vai ficar tudo bem! Amanhã será um novo dia e você terá outra oportunidade de se redimir, ou se desculpar... — Tem razão! — lembrei que de manhã eu seria o jardineiro e ela não me olharia com os olhos que olhou hoje. Levantei e fui tomar um banho, nunca f
CAPÍTULO 06 Fabiana Prass Me senti livre, correndo entre os arbustos e segurando na mão do jardineiro, que até agora não me disse o seu nome. Então parei no meio do caminho, ainda meio ofegante e perguntei: — Qual o seu nome? Eu nunca me lembro de perguntar... — ele parou de andar e parecia pasmo. — O que foi? — questionei e sorri com o espanto dele. — Meu nome? — Sim. — É... Hélio! — respondeu sem graça e de repente voltou a andar, me puxando novamente, achei engraçado o jeito dele, deve ser tímido. Quando chegamos no jardim, ele conhecia um caminho secreto que dava acesso à área de dentro, e por mais preocupada que eu estava por desobedecer ao meu tio e entrar em terreno alheio, a emoção falava mais alto. — É lindo, aqui! Aquele rio parece de mentira, e olha quantas flores diferentes que tem! — comentei olhando tudo. Vi que ele tocava nas rosas com delicadeza. — Tem um banco especial, aqui! Vem ver? — Por que, especial
CAPÍTULO 07 Fabiana Prass Don Antony não veio no mesmo carro. Embora isso não tenha mudado o fato de que o meu coração esteja quase saindo pela boca. Eu não queria chorar, precisava ser forte, até porque a vida não me fez uma mulher fraca, tenho disposição e nunca deixo as circunstâncias me derrubarem, ao invés disso eu mesma as mudo ao meu favor. Por mais que agora eu não encontre uma saída, eu logo encontrarei, pois fugir não é uma solução pra mim, exceto se o jardineiro viesse me roubar, então aí, sim, eu teria um bom motivo para fuga, e ela valeria a pena. . Deslizo os dedos suados pelo vidro daquele carro que nem sei qual é, mas deve valer uma fortuna. Vejo que outro carro nos acompanha, pelo visto o Don não poupou esforços, veio mesmo disposto a causar uma guerra se eu me negasse a ir com ele, e sei muito bem que não posso recusar. Infelizmente não tenho dinheiro e condições para voltar para o Brasil. Mal tenho roupas, espero não ser
CAPÍTULO 8 Don Antony Strondda Precisei me controlar muito para não matar aquele figlio de puttana do tio da minha noiva. Mas eu vou investigar exatamente como ele a tratava, e se tiver tocado nela, não será poupado. A sorte foi que desconfiei e fui buscá-la, assim está segura na minha casa, e a partir de amanhã teremos muito o que tratar. Depois que saí de casa, fui para a minha despedida de solteiro na boate. Tem um show especial hoje, preparado pelo meu primo Enzo, e vou aproveitar a relaxar a minha cabeça, já que a minha ragazza só me atiçou com aqueles beijos, mais cedo. Hoje fugi da área VIP, não é segredo para ninguém que hoje é o meu dia de aproveitar a última noite como solteiro, e fui no meio de quem estava ali para curtir, irei beber e esquecer os problemas. Enzo trouxe puttanas de fora, elas estão entrando uma de cada vez no salão, cada uma fazendo um show diferente, com lingeries sexy e saltos altos. Todas tentam chamar
CAPÍTULO 9 Fabiana Prass Ouço vozes chamando pelo meu nome, mas estou num sono profundo e não consigo acordar. Sinto um cheiro forte de álcool e de repente tenho a impressão de ter aberto os olhos, mas estranhamente pareço estar sonhando. — Se sente melhor, cunhada? — Laura me perguntou e agora sinto que estou voltando a ter consciência, mas... — Estou meio confusa, acho que vi o jardineiro... — Virgem santíssima! Ela está delirando, meu irmão! — Ouço ela falar, mas nego. — Eu estou um pouco tonta, apenas isso. O que foi que aconteceu? — questionei tentando me levantar. — Laura, me deixe conversar com ela, em breve voltaremos para a sala, não se preocupe. — parei para ouvir melhor, aquela voz... será que estou ficando maluca? Percorri os meus olhos para encontrá-lo. — Não toque nela, Tony! Sabe das regras! — Que regras? O que está acontecendo, aqui? Estou tão perdida... — Sei muito bem, Laura... fique tranquila! — Santo Deus, é o jardineiro... ele se aproximou e sentou na cam
CAPÍTULO 10 Fabiana Prass Eu não queria ir... na minha cabeça estavam aparecendo imagens, vozes... os rostos da minha família no Brasil, o do meu tio me agredindo, e quando apareceu o jardineiro, com ele veio o Don e tudo parecia sem vida na minha mente. — Vem, querida! — Camila me tirou dos meus pensamentos, estendendo a sua mão, e eu fui. — É o seu buquê... O Tony que fez, colheu essa manhã! — me entregou rosas lindas, pareciam que estavam sendo regadas e cuidadas especialmente para isso, e me lembrou o jardineiro, mas eu precisaria esquecer isso, ele não existe. Haviam outras pessoas perto de mim, mas nem olhei. Entrei diretamente no carro e logo ergui o vidro até o final. Eu estava muito nervosa e as minhas mãos estavam trêmulas e geladas, segurando com força, naquele vestido tão bonito. O silêncio me deixava ainda mais apreensiva, mas agora não tinha volta, eu seria a dama da máfia italiana, e o pior... seria dele, pertenceria a ele, e isso eu entendo muito bem. Qualquer pe