Emma.Estou sendo levada de volta para o quarto, enquanto Gregory ficava para trás com o olhar perdido. Nenhuma palavra foi trocada entre nós dois, somente o silêncio de um tempo longo longe um do outro.Não havia nada o que eu pudesse dizer. Eu fugi dele, desejando uma vida nova distante da sua infidelidade e depois corri de volta implorando para que ele me salvasse da minha teimosia. Tudo o que havia acontecido era culpa minha. Confiei em Edward mesmo ouvindo Gregory dizer que ele era uma pessoa horrível.Os enfermeiros cuidaram dos meus ferimentos, mas a dor no peito era ainda maior, essa ninguém poderia sarar. Quando eles saíram, vi a figura de uma mulher baixa, com roupas simples, entrar no meu quarto. Samantha se aproximou com lágrimas nos olhos. Mal acreditando que havia nos reencontrado novamente.— Eu acreditei, nunca mais veria a senhora novamente – ela colocou a mão na boca, abafando os soluços, na proporção que eu seguia o ritmo do seu choro.Quando percebi, estávamos nós
Gregory.Quanto egoísmo da minha parte ficar entorpecido enquanto Emma chorava pela morte do nosso filho. Era como se ela carregasse toda a culpa e minhas declarações anteriores não a ajudaram a diminuir o peso que esmagava o seu coração.Lentamente, eu me aproximei como se fosse a primeira vez que eu fazia aquilo e com uma das mãos repousei sobre suas costas, que tremiam na mesma proporção que seu choro se intensificava. Logo ela, a mulher mais obstinada que eu havia conhecido, tão frágil agora.— A culpa não foi sua, Emma – eu disse, sentindo um nó apertando minha garganta.Eu seria um covarde se chorasse por um filho que eu nem conheci?— Se eu não tivesse ido com o Edward, isso não teria acontecido – fixei meus olhos nela e agucei minha audição para ouvir com cuidado suas próximas palavras – ele havia descoberto que eu mandava mensagens para você, tivemos um desentendimento e ele me empurrou.Meus olhos se arregalaram e o meu sangue esquentou dentro de mim. Ouvir o relato causou a
Abri meus olhos e o primeiro rosto que vi foi o de Gregory. Mal podia imaginar que ele passou a noite inteira ao meu lado e, pelo seu semblante, não conseguiu dormir a noite. Há olheiras ao redor dos seus belos olhos e sua aparência estava tão cansada que eu até mesmo senti pena dele.Ele se levantou rapidamente quando me viu despertar e tentou me auxiliar a levantar, mas eu não deixei. Afastei minha mão rapidamente, impedindo-o de me tocar. Gregory travou o maxilar e o meu gesto foi como uma ofensa para ele.Eu deveria ser um pouco mais grata por ele estar aqui, cuidando de mim, em outros tempos Gregory me abandonaria nesse hospital sem nenhum ressentimento, mas agora ele estava se esforçando.— Deveria ir para algum lugar descansar – eu disse, quando coloquei minhas pernas para fora da cama e olhei para ele –, eu posso ficar sozinha por algumas horas.— Eu não vou a lugar nenhum, Emma – ele disse com determinação, que eu me assustei.Gregory não olhou em meus olhos em nenhum momento
Gregory.Divórcio.Eu não conseguia esquecer essas palavras. Eu realmente achei que Emma desistiria de se divorciar de mim quando nos reencontrarmos, mas eu estava enganado. Tive a chance de perguntar a ela toda a verdade, de recusar o pedido, mas recuei e aceitei suas exigências sem questionar.Robert me ligou naquela noite e pediu para que eu o encontrasse no hospital no dia seguinte para os papéis serem assinados. Emma havia feito o que eu disse para ela fazer e era isso que estava me deixando irritado.Eu não tive nem mesmo coragem de ficar ao lado dela depois da conversa difícil que tivemos. Samantha estava lá e, se Edward ousasse se aproximar de Emma, eu correria para protegê-la. Era estranho essa percepção. Eu estava ao ponto de me divorciar dela e, mesmo assim, eu desejava mantê-la segura.Cheguei cedo no hospital, mas fiquei na recepção esperando que Robert chegasse. Se alguém deveria pedir o divórcio, seria eu. Fui eu quem a comprou e a forçou a se casar comigo. Fui eu que a
Emma.Eu estava olhando para o acordo de divórcio partido no meio, espalhado pelo chão e não percebi Gregory se aproximar e me agarrar em seus braços em um abraço apertado e intenso. Eu conseguia ouvir as batidas aceleradas do coração dele. A respiração entrecortada como se ele tivesse acabado de correr uma maratona.Fiquei paralisada sem reação. O que estava acontecendo com o Gregory? Eu não mais o reconhecia.— Eu tenho outro acordo de divórcio aqui – a voz de Robert se instalou entre nós dois como uma mão nos separando –, eu disse que pode rasgar quantos quiserem.Lamentei intimamente quando Gregory se afastou, rompendo o calor aconchegante do seu corpo do meu. Lançou um olhar estranho para Robert e, com a voz calma, lhe disse:— Por favor, Robert, saia daqui.Robert olhou para mim com um sorriso descrente no rosto, depois olhou para Gregory e enfim pegou suas coisas e se retirou. Gregory permaneceu de cabeça baixa em silêncio, pensando nas próximas palavras. Enquanto eu tinha o di
Gregory.Tinha um bolo de angústia preso dentro da minha garganta, me sufocando ao ponto de me matar. Ver Emma assim, ter que dar essa notícia a ela foi uma das piores coisas que tive que fazer na vida.Eu precisava sair e chamar o médico para que ele, com suas palavras complexas, explicasse a ela o que eu não conseguia. Precisei deixá-la sozinha por algum tempo porque não queria demonstrar o quanto aquela notícia havia acabado com o sentido das coisas.Eu mal havia pisado os pés para fora do quarto, quando Robert me alcançou indagando.— Por que você rasgou o divórcio mais uma vez, senhor Gregory? – Ele estava intencionalmente me pressionando, sem saber o que acontecia. – Eu disse ao senhor que tenho outras cópias, que é inútil rasgá-las?Minha postura derrotada desestabilizou Robert, ele se calou no mesmo instante quando me viu arrastar os pés e desabar o corpo na cadeira que havia logo à frente. Ainda assim, querendo mostrar o quanto era competente, ele veio até mim, sentou-se ao m
Emma.Tudo parecia triste. As lembranças da minha vida eram tristes, os últimos dias vividos quase insuportáveis de serem lembrados. Gregory havia saído por aquela porta e não retornara há minutos. E o tempo aqui dentro desse quarto não parecia passar. Era como se a vida diminuísse seu ritmo para que eu pudesse aproveitá-la antes dela se esvaziar.Essa conclusão me atingiu dolorosamente, provocando-me um sentimento de autopiedade e raiva por ninguém me explicar as coisas direito e arrancar de mim a vontade de viver. Eu olhava para a parede branca e vazia à minha frente como se ela fosse um telão onde um filme se passava, onde eu era a protagonista.Eu só percebi a presença do médico quando a luz foi acesa e os meus olhos arderam. Ele caminhou lentamente na minha direção, sorrindo, e por fim lançou um olhar significativo que dizia que tudo logo ficaria bem.— Onde está o Gregory? – Meus olhos correram para a porta, mas não havia nenhum sinal dele.— Achei que ele estaria com a senhora
Gregory.Arrastei Edward do quarto como um animal sem considerações nem com ele, nem mesmo com Emma. O bastardo não reagiu, deixou ser levado, o que era bem estranho, já que ele jamais permitia ser humilhado dessa forma.— Eu disse para você se manter longe da Emma – eu o empurrei contra a parede e ele bateu as costas e ficou lá como se nada tivesse acontecido. – Por que você não volta para o seu trabalho, para a empresa que você tanto lutou para ter?Edward ergueu o olhar até mim, cansado como se tivesse lutado uma batalha.— Acha que eu conseguiria trabalhar sabendo que a Emma está doente? Que tipo de homem você acha que sou?Fiquei espantado com a teatralidade de Edward, como ele conseguia fingir bem até mesmo em uma situação como essa. Se eu não o conhecesse, até acreditaria na tristeza estampada em seu rosto, mas eu sabia o quanto ele era bom em fingir para enganar as pessoas.— Você acha que eu vou cair nesse seu jogo? – eu me aproximei olhando nos olhos dele. – Vou tirá-la dess