EmmaEu estava tão tensa que apertei o celular até meus dedos doerem e se tornarem brancos. Meus olhos recaíram novamente sobre a tela, onde estava a mensagem de Gregory.Eu devia esperar Edward chegar e constatar que Gregory estava certo? Ou deveria trocar o número para nunca mais ser perturbada pelo meu atual marido? No fundo, eu não tinha coragem de me desfazer de Gregory. Era como se eu ainda estivesse enraizada nele e não conseguisse mais me soltar.O almoço estava posto sobre a mesa e o aroma da carne fresca recém-assada invadiu minhas narinas, mas não tive ânimo de me levantar. Um dos empregados continuava parada, esperando que eu me sentasse para que ela pudesse me servir. Eu me levantei lentamente e fui em direção a ela.Meu estômago embrulhou ao olhar para a comida. Mulheres grávidas também sentiam enjoos, mas eu precisava me alimentar pela sa&
Edward olhou para mim e ficou assim por alguns segundos, olhos vidrados, boca aberta como se pretendesse falar alguma coisa, mas não podia. Ainda estávamos na varanda da casa. Os seguranças dele estavam espalhados por todo o terreno. Edward passou o olhar pelo lugar e eu consegui ver um sorriso repuxando os seus lábios.O que parecia tão engraçado na minha pergunta?Mas, instintivamente, senti que tinha algo de errado. Meu peito apertou assim que o olhar de Edward voltou a se encontrar com o meu. Prendi o ar nos pulmões quando ele deu alguns passos e se aproximou de mim.— É verdade que o Gregory perdeu tudo, não há nenhuma chance de ele reverter o resultado do testamento, exceto caso o vovô volte do túmulo e mude a história.Meu coração se afundou no peito. Fiquei com o olhar perdido, como se tivesse acabado de entender as coisas naquele momento.
Emma.O lugar onde eu estava não havia dor, não havia vida, nem rostos conhecidos, nenhuma forma que eu pudesse me agarrar e me sentir segura.Quando abri os olhos, o primeiro rosto que vi foi o de Edward. Foi como uma onda de choque, eu ergui o corpo e me encolhi, ficando menor do que eu já era. O remorso corroeu o meu coração. Como fui ingênua de confiar nele e agora eu queria ser salva, mas não havia ninguém que pudesse me ajudar.— Fique calma, Emma – a voz dele me causou repulsa – você desmaiou, eu precisei trazê-la imediatamente para o hospital.Passei os olhos pelo local e Edward falava a verdade. Eu estava em um quarto de hospital e só havia eu e ele ali dentro. Era apavorante. Eu queria correr, mas não havia para onde ir. Olhei para Edward e ele agora parecia tão inofensivo e inocente que eu poderia até mesmo acreditar que tudo o que aconteceu havia sido um delírio.Coloquei a mão sobre imediatamente o meu ventre, temendo o pior.— Não aconteceu nada com o seu filho – ele dis
Gregory.Um dia se passou desde a última mensagem que enviei à Emma e não houve nenhum retorno. Ou ela não havia acreditado em mim, ou Edward descobrira tudo e estava agora mesmo a castigando por isso.O remorso por não ter seguindo-o-o e descoberto onde Emma estava me correu por dentro. Eu havia colocado a vida de Emma em risco? O que eu esperava que fosse acontecer depois disso?Segurei minha cabeça com as duas mãos e me lamentei silenciosamente. Depois, fiz a última tentativa, pegando o celular e mandando uma mensagem para ela. Isso não estava funcionando. O silêncio recaiu sobre mim e eu fiquei me torturando. Eu nunca consegui convencer Emma sobre nada, eu a forçava a fazer o que era preciso. Agora que ela estava longe, seria muito difícil fazê-la acreditar em minhas palavras.Após perceber que eu estava me preocupando demais, tentei relaxar com um banho quente. Pedi para que Samantha preparasse um chá, alegando estar sentindo dores de cabeça. Eu estava sentada na beira da cama, c
Emma.Gotas de suor grudavam em minha pele, enquanto Edward me agarrava de um lado e outros enfermeiros me colocavam sobre a maca. Uma dor latejante invadiu minha barriga. Eu nunca sentira uma dor tão intensa quanto aquela. Eu não queria perder o meu filho, mas eu sentia que era aquilo o que estava acontecendo naquele exato momento.Gritei quando a dor aumentou ainda mais. Um enfermeiro se aproximou enquanto Edward segurava o meu braço para que ele me desse uma injeção. Eu queria que aquilo salvasse o meu filho, mas desmaiei pela segunda vez e não tive forças para evitar o pior.Acordei em um lugar diferente, como se eles tivessem me transferido de quarto. Com a visão embaçada, eu olhei ao redor e vi Edward parado ao meu lado. Não havia mais enfermeiros nem movimentos de pessoas tentando salvar a minha vida.Quando abaixei o olhar, percebi estar com roupas limpas. Não havia mais sinal de sangue, como se tudo o que eu tivesse sentido e ouvido fora um pesadelo.Coloquei minha mão sobre
GregoryA voz ecoando na minha cabeça. Minha garganta tornou-se seca como um deserto e, quando eu finalmente conseguir responder, elas arranharam minha garganta intensamente.— O que você disse?— A senhora Emma está internada no hospital Mayo Clinic e pediu para que eu avisasse ao marido dela sua localização.— Como? – Eu parecia mesmo um idiota repetindo aquelas palavras, mas para alguém que havia fugido tão repentinamente, era difícil acreditar que a própria Emma me mostrasse sua localização.Exceto se algo muito grave tivesse acontecido.— O que aconteceu? Por que a Emma está no hospital?— Eu preciso desligar, senhor.Um silêncio ensurdecedor foi ouvido do outro lado da linha e eu fiquei olhando para a tela do celular sem acreditar que aquilo de fato estava acontecendo. A ligação havia sido encerrada, deixando minha mente bagunçada e confusa. E se fosse mais uma armadilha de Edward? Podia ser ele me atraindo para provocar outro acidente e me tirar para sempre do caminho. Não havi
Emma. — O recado foi enviado, senhora Emma – ele me disse em um sussurro, depois trocou o soro injetado em meu braço e se preparou para partir.Gostei da maneira discreta como o homem tratava o assunto. Ele somente fez o que pedi sem questionar os meus motivos. Talvez a presença de dois homens vestidos de preto em frente ao meu quarto respondesse tudo. Eu estava sendo mantida em cárcere privado no melhor hospital do país, tudo sendo financiado por Edward.— Sabe quando eu poderei receber alta? – perguntei antes que ele fosse embora.— Só o médico pode responder essa pergunta, senhora. – Ele respondeu, organizou toda a medicação em uma cesta e preparou para mais uma vez me deixar sozinha. – Espero que o seu marido a encontre antes. Boa sorte.Ele partiu, me deixando sozinha mais uma vez. Eu apertava meus dedos um contra o outro, sentindo meu corpo se aquecer com a mistura de sentimentos dentro de mim. Raiva por Edward me manter aqui, esperança de que Gregory chegasse a tempo, tristeza
Há muitos anos eu não entrava em um hospital. Nem mesmo quando vovô ficou alguns meses internado, eu não fazia visitas a ele e, por isso, seu desprezo por mim aumentou nos últimos meses de sua vida.O cheiro do lugar trazia lembranças ruins. A última vez que entrei em um lugar assim foi quando os meus pais morreram.Meus pés travaram de repente e eu olhei nos olhos de Samantha, achando que não conseguiria continuar. Depois da morte dos meus pais, tudo se tornou um caos em minha vida e agora, relembrando disso, era como se eu não conseguisse prosseguir.— O que aconteceu, senhor Gregory? – A voz de Samantha me trouxe de volta. Eu havia acertado em trazê-la comigo.— Não é nada – menti, embora o semblante dela indicasse sua incredulidade. Eu me forcei a prosseguir, um passo de cada vez, até estar em frente ao guarda.Eu não havia pensado em um plano e só me dei conta disso quando cheguei àquele ponto. Fiquei em silêncio, olhando para o homem parado à minha frente sem saber o que fazer.