Emma.Gotas de suor grudavam em minha pele, enquanto Edward me agarrava de um lado e outros enfermeiros me colocavam sobre a maca. Uma dor latejante invadiu minha barriga. Eu nunca sentira uma dor tão intensa quanto aquela. Eu não queria perder o meu filho, mas eu sentia que era aquilo o que estava acontecendo naquele exato momento.Gritei quando a dor aumentou ainda mais. Um enfermeiro se aproximou enquanto Edward segurava o meu braço para que ele me desse uma injeção. Eu queria que aquilo salvasse o meu filho, mas desmaiei pela segunda vez e não tive forças para evitar o pior.Acordei em um lugar diferente, como se eles tivessem me transferido de quarto. Com a visão embaçada, eu olhei ao redor e vi Edward parado ao meu lado. Não havia mais enfermeiros nem movimentos de pessoas tentando salvar a minha vida.Quando abaixei o olhar, percebi estar com roupas limpas. Não havia mais sinal de sangue, como se tudo o que eu tivesse sentido e ouvido fora um pesadelo.Coloquei minha mão sobre
GregoryA voz ecoando na minha cabeça. Minha garganta tornou-se seca como um deserto e, quando eu finalmente conseguir responder, elas arranharam minha garganta intensamente.— O que você disse?— A senhora Emma está internada no hospital Mayo Clinic e pediu para que eu avisasse ao marido dela sua localização.— Como? – Eu parecia mesmo um idiota repetindo aquelas palavras, mas para alguém que havia fugido tão repentinamente, era difícil acreditar que a própria Emma me mostrasse sua localização.Exceto se algo muito grave tivesse acontecido.— O que aconteceu? Por que a Emma está no hospital?— Eu preciso desligar, senhor.Um silêncio ensurdecedor foi ouvido do outro lado da linha e eu fiquei olhando para a tela do celular sem acreditar que aquilo de fato estava acontecendo. A ligação havia sido encerrada, deixando minha mente bagunçada e confusa. E se fosse mais uma armadilha de Edward? Podia ser ele me atraindo para provocar outro acidente e me tirar para sempre do caminho. Não havi
Emma. — O recado foi enviado, senhora Emma – ele me disse em um sussurro, depois trocou o soro injetado em meu braço e se preparou para partir.Gostei da maneira discreta como o homem tratava o assunto. Ele somente fez o que pedi sem questionar os meus motivos. Talvez a presença de dois homens vestidos de preto em frente ao meu quarto respondesse tudo. Eu estava sendo mantida em cárcere privado no melhor hospital do país, tudo sendo financiado por Edward.— Sabe quando eu poderei receber alta? – perguntei antes que ele fosse embora.— Só o médico pode responder essa pergunta, senhora. – Ele respondeu, organizou toda a medicação em uma cesta e preparou para mais uma vez me deixar sozinha. – Espero que o seu marido a encontre antes. Boa sorte.Ele partiu, me deixando sozinha mais uma vez. Eu apertava meus dedos um contra o outro, sentindo meu corpo se aquecer com a mistura de sentimentos dentro de mim. Raiva por Edward me manter aqui, esperança de que Gregory chegasse a tempo, tristeza
Há muitos anos eu não entrava em um hospital. Nem mesmo quando vovô ficou alguns meses internado, eu não fazia visitas a ele e, por isso, seu desprezo por mim aumentou nos últimos meses de sua vida.O cheiro do lugar trazia lembranças ruins. A última vez que entrei em um lugar assim foi quando os meus pais morreram.Meus pés travaram de repente e eu olhei nos olhos de Samantha, achando que não conseguiria continuar. Depois da morte dos meus pais, tudo se tornou um caos em minha vida e agora, relembrando disso, era como se eu não conseguisse prosseguir.— O que aconteceu, senhor Gregory? – A voz de Samantha me trouxe de volta. Eu havia acertado em trazê-la comigo.— Não é nada – menti, embora o semblante dela indicasse sua incredulidade. Eu me forcei a prosseguir, um passo de cada vez, até estar em frente ao guarda.Eu não havia pensado em um plano e só me dei conta disso quando cheguei àquele ponto. Fiquei em silêncio, olhando para o homem parado à minha frente sem saber o que fazer.
Emma.Estou sendo levada de volta para o quarto, enquanto Gregory ficava para trás com o olhar perdido. Nenhuma palavra foi trocada entre nós dois, somente o silêncio de um tempo longo longe um do outro.Não havia nada o que eu pudesse dizer. Eu fugi dele, desejando uma vida nova distante da sua infidelidade e depois corri de volta implorando para que ele me salvasse da minha teimosia. Tudo o que havia acontecido era culpa minha. Confiei em Edward mesmo ouvindo Gregory dizer que ele era uma pessoa horrível.Os enfermeiros cuidaram dos meus ferimentos, mas a dor no peito era ainda maior, essa ninguém poderia sarar. Quando eles saíram, vi a figura de uma mulher baixa, com roupas simples, entrar no meu quarto. Samantha se aproximou com lágrimas nos olhos. Mal acreditando que havia nos reencontrado novamente.— Eu acreditei, nunca mais veria a senhora novamente – ela colocou a mão na boca, abafando os soluços, na proporção que eu seguia o ritmo do seu choro.Quando percebi, estávamos nós
Gregory.Quanto egoísmo da minha parte ficar entorpecido enquanto Emma chorava pela morte do nosso filho. Era como se ela carregasse toda a culpa e minhas declarações anteriores não a ajudaram a diminuir o peso que esmagava o seu coração.Lentamente, eu me aproximei como se fosse a primeira vez que eu fazia aquilo e com uma das mãos repousei sobre suas costas, que tremiam na mesma proporção que seu choro se intensificava. Logo ela, a mulher mais obstinada que eu havia conhecido, tão frágil agora.— A culpa não foi sua, Emma – eu disse, sentindo um nó apertando minha garganta.Eu seria um covarde se chorasse por um filho que eu nem conheci?— Se eu não tivesse ido com o Edward, isso não teria acontecido – fixei meus olhos nela e agucei minha audição para ouvir com cuidado suas próximas palavras – ele havia descoberto que eu mandava mensagens para você, tivemos um desentendimento e ele me empurrou.Meus olhos se arregalaram e o meu sangue esquentou dentro de mim. Ouvir o relato causou a
Abri meus olhos e o primeiro rosto que vi foi o de Gregory. Mal podia imaginar que ele passou a noite inteira ao meu lado e, pelo seu semblante, não conseguiu dormir a noite. Há olheiras ao redor dos seus belos olhos e sua aparência estava tão cansada que eu até mesmo senti pena dele.Ele se levantou rapidamente quando me viu despertar e tentou me auxiliar a levantar, mas eu não deixei. Afastei minha mão rapidamente, impedindo-o de me tocar. Gregory travou o maxilar e o meu gesto foi como uma ofensa para ele.Eu deveria ser um pouco mais grata por ele estar aqui, cuidando de mim, em outros tempos Gregory me abandonaria nesse hospital sem nenhum ressentimento, mas agora ele estava se esforçando.— Deveria ir para algum lugar descansar – eu disse, quando coloquei minhas pernas para fora da cama e olhei para ele –, eu posso ficar sozinha por algumas horas.— Eu não vou a lugar nenhum, Emma – ele disse com determinação, que eu me assustei.Gregory não olhou em meus olhos em nenhum momento
Gregory.Divórcio.Eu não conseguia esquecer essas palavras. Eu realmente achei que Emma desistiria de se divorciar de mim quando nos reencontrarmos, mas eu estava enganado. Tive a chance de perguntar a ela toda a verdade, de recusar o pedido, mas recuei e aceitei suas exigências sem questionar.Robert me ligou naquela noite e pediu para que eu o encontrasse no hospital no dia seguinte para os papéis serem assinados. Emma havia feito o que eu disse para ela fazer e era isso que estava me deixando irritado.Eu não tive nem mesmo coragem de ficar ao lado dela depois da conversa difícil que tivemos. Samantha estava lá e, se Edward ousasse se aproximar de Emma, eu correria para protegê-la. Era estranho essa percepção. Eu estava ao ponto de me divorciar dela e, mesmo assim, eu desejava mantê-la segura.Cheguei cedo no hospital, mas fiquei na recepção esperando que Robert chegasse. Se alguém deveria pedir o divórcio, seria eu. Fui eu quem a comprou e a forçou a se casar comigo. Fui eu que a