GregoryObservei Emma descendo as escadas e ela parecia tão frágil agora. Lembrei-me então de que Samantha havia me dito que ela não tocou na comida que foi servida ontem à noite.Ela lançou para mim um olhar de desprezo e eu sabia que ela se esforçava para se manter em pé e demonstrar que estava bem, mas eu conseguia ver nos olhos dela que ela não estava. Ela tentou passar por mim, quando tropeçou no tapete e eu precisei segurá-la. Um braço envolto dela e seu perfume invadiu minhas narinas. Ela pulou para longe rapidamente, abrindo uma distância considerável entre nós.— Eu disse que eu iria ao hospital sozinha – ela olhou para mim como se quisesse dizer algo a mais.— Eu não gosto que me digam o que devo fazer e você sabe disso.Evitando a todo custo ficar perto de mim, Emma moveu os pés em direção à porta, quando agarrei seu braço e a puxei em direção à sala de jantar.— Antes de irmos, você vai tomar café – Senti Emma tentando retrair o corpo enquanto gesticulava em um murmúrio ba
Emma.Quando Gregory finalmente me deixou sozinha, percebi que me manter calada havia sido um grande erro. Tudo o que eu havia guardado, todas as palavras se acumularam, causando uma dor inadmissível dentro de mim.Agora sozinha no quarto, eu finalmente conseguia chorar em paz. Fingir ser forte o tempo todo era uma tarefa quase insuportável. Pior ainda era ter que ficar ao lado de Gregory, sabendo que ele ainda era o mesmo homem que conheci e me apaixonei um dia.Enxuguei as lágrimas rapidamente quando o quarto se encheu de enfermeiros e o médico apareceu para conversar um pouco comigo.— Está sentindo dor, Emma? – Ele analisou o meu rosto, percebendo que eu estava chorando.— Um pouco – eu disse, forçando um sorriso.A dor que eu sentia não haveria remédio capaz de curar, mas eu prometera a mim que não desperdiçaria nem um único minuto da minha vida me lamentando ou sofrendo por qualquer que seja. Eu já havia perdido dois longos anos da minha vida sofrendo e esperando por uma redençã
Gregory.Emma estava me lançando um olhar questionador agora, com toda a coragem e ousadia que ficou escondida por todo o tempo em que ficamos casados e que, por algum motivo, se revelava agora.Ela não parecia cansada de me enfrentar e sua pergunta foi como um soco no meu estômago. Me incomodou saber que ela acreditava em Edward mais do que poderia acreditar em mim.— Eu não vou responder essa pergunta, Emma. –Ela piscou, uma pontada de decepção atravessando seus belos olhos.— Então posso dar razão ao Edward. – Ela respondeu, estreitando os olhos com puro desprezo.Por que ela ainda continuava parada na frente dele, me impedindo de arrastá-lo para fora daqui? Depois do que Edward fez, Emma ainda tinha coragem de defendê-lo. Um sorriso satisfatório no rosto de Edward me fez mudar de plano. Eu não o deixaria vencer dessa vez.Tirei do bolso o recibo do hospital e entreguei a Emma, travando minha mandíbula, segurando o ódio na ponta dos dentes. Edward estreitou os olhos e engoliu o nó
Gregory.— Por qual serviço eu devo pagar? – embora meu corpo tremulasse, eu ri, demonstrando desprezo por suas palavras. – Ou devo lembrar que você fugiu como um covarde e me deixou para encontrar a Emma sozinho?Masson ouviu minhas palavras e um sorriso repuxou seus lábios. Eu havia contado alguma piada? O que havia de engraçado em ele vir até o hospital me cobrar por um serviço não prestado?— Nós tínhamos um acordo.— O qual você não cumpriu – eu disse, já impaciente, e o tom da minha voz se elevou.— Está dizendo que não vai me pagar? – ele perguntou enquanto se aproximava de mim.Foi naquele momento que eu me lembrei de que havia sido um erro ter contratado Masson para procurar Emma. Logo ele, que me entregou, ela desacordada e com o rosto inchado de uma agressão cometida por ele. Por mais que Emma não tocasse nesse assunto, eu sabia que ela teria dificuldades em me perdoar por esse erro.— Eu não vou pagar – respondi sem rodeios. – Agora vá embora, porque não seria bom que a Em
Os olhos ameaçadores de Mason olhando para mim, fixados em uma obsessão, não saíam da minha mente. Como pude esquecer que Gregory havia contratado ele para me procurar? Quando penso na possibilidade de Masson ter me encontrado, um arrepio percorria minha espinha, causando calafrios.Enxuguei as lágrimas porque era inútil me manter nesse estado. Observei Samantha se aproximando e, em um sussurro, disse que passaria aquela noite ao meu lado. Ela ao menos demonstrava que gostava de mim verdadeiramente, ao contrário de Gregory, que só cuidava de mim somente por interesses próprios.— Preocupado com sua reputação.— O que a senhora disse? — A voz de Samantha me fez perceber que eu havia pronunciado as palavras em um tom alto demais.Eu sentia os músculos do meu rosto doerem com a tensão que havia sobre mim. Fechei os olhos e, balançando a cabeça, disse a Samantha:— Não é nada — falei e, quando olhei para ela, Samantha não parecia convencida — estou pensando alto.— É sobre o senhor Gregor
Antes.Gregory— Eu ainda posso ter minha parte na herança? — Eu repetia a frase para o advogado, porque o que ele dizia a mim parecia uma mentira. — Quais as possibilidades de mudar o testamento se o velho está morto?— Ficamos sabendo que a Emma está muito doente — ele disse isso, e as palavras embolaram em minha mente. — E o Edward não está conseguindo administrar bem a empresa da família.— Eu não entendo — eu sacudi a cabeça, confuso. — Você pode me explicar isso de forma mais clara?O advogado olhava para mim e se agitava, como se procurasse as palavras certas para explicar o que de fato estava acontecendo.— Existe uma cláusula no contrato que diz que a sua avó, Helena, é a única que pode mudar as decisões finais de seu avô — meu queixo caiu. — Se a sua avó considerar que deixar cinquenta por cento da herança para Edward foi um erro, ela pode reverter a situação e devolver a sua parte na herança.Bufei decepcionado e depois sorri. O que o advogado estava me contando não mudaria
Emma.Não havia como escapar dessa situação. Helena estava diante de mim, com um sorriso no rosto, me conduzindo até a sua sala de jantar para termos um almoço, juntas. O que essa mulher queria de mim, afinal? Era estranho o seu interesse repentino.Quem se divertia com a cena era Gregory. Ele parecia confortável na velha casa de seus avós, assim como também ao meu lado. Agia como se fôssemos, de fato, uma família.Foi quando Helena percebeu a sonda nasogástrica colocada em mim e seu semblante se escureceu.— Oh, Emma, eu sinto muito – agora ela me olhava com piedade, como se eu fosse um animal indefeso – O Gregory não me contou que você...— Está tudo bem, vocês podem se alimentar sem mim – eu disse, dando de ombros – Não tinha como o Gregory dizer. Ele mal fica comigo no hospital.Por que eu estava dizendo isso, afinal? Só percebi minhas palavras quando elas já haviam saído pelos meus lábios. A respiração ficou presa em minha garganta quando percebi os olhares direcionados a mim. Ag
Eu vivia horas de dor e tristeza, enquanto velava o corpo da minha mãe e sepultava-o ao lado de seus irmãos. Encarei a lapide recem posta e deixei o desespero tomando conta de mim. Um resmungo de protesto rasgava minha garganta, enquanto eu voltava para casa, sozinha. Eu teria que enfrentar meu inferno, sem ninguém que pudesse me defender do meu padrasto. — Ao menos a senhora está livre daquele monstro, mãe – murmurei enquanto enxugava as lágrimas insistirem em cair do meu rosto – eu vou ter que aprender a viver sozinha e enfrentar o castigo que a senhora deixou para mim. Passos apressados vieram em minha direção, assim que me aproximei da casa. Girei o pescoço rapidamente e meu coração disparou quando eu avistei alguns homens caminhando em minha direção. Eu conhecia bem um daqueles rostos e não gostei de vê-lo ali. — Mason – minha voz escapou em um sussurro no mesmo momento em que eu me erguia lentamente para olhar em seus olhos. Ele se aproximando cada vez mais – o que diabos es