Antes.Gregory— Eu ainda posso ter minha parte na herança? — Eu repetia a frase para o advogado, porque o que ele dizia a mim parecia uma mentira. — Quais as possibilidades de mudar o testamento se o velho está morto?— Ficamos sabendo que a Emma está muito doente — ele disse isso, e as palavras embolaram em minha mente. — E o Edward não está conseguindo administrar bem a empresa da família.— Eu não entendo — eu sacudi a cabeça, confuso. — Você pode me explicar isso de forma mais clara?O advogado olhava para mim e se agitava, como se procurasse as palavras certas para explicar o que de fato estava acontecendo.— Existe uma cláusula no contrato que diz que a sua avó, Helena, é a única que pode mudar as decisões finais de seu avô — meu queixo caiu. — Se a sua avó considerar que deixar cinquenta por cento da herança para Edward foi um erro, ela pode reverter a situação e devolver a sua parte na herança.Bufei decepcionado e depois sorri. O que o advogado estava me contando não mudaria
Emma.Não havia como escapar dessa situação. Helena estava diante de mim, com um sorriso no rosto, me conduzindo até a sua sala de jantar para termos um almoço, juntas. O que essa mulher queria de mim, afinal? Era estranho o seu interesse repentino.Quem se divertia com a cena era Gregory. Ele parecia confortável na velha casa de seus avós, assim como também ao meu lado. Agia como se fôssemos, de fato, uma família.Foi quando Helena percebeu a sonda nasogástrica colocada em mim e seu semblante se escureceu.— Oh, Emma, eu sinto muito – agora ela me olhava com piedade, como se eu fosse um animal indefeso – O Gregory não me contou que você...— Está tudo bem, vocês podem se alimentar sem mim – eu disse, dando de ombros – Não tinha como o Gregory dizer. Ele mal fica comigo no hospital.Por que eu estava dizendo isso, afinal? Só percebi minhas palavras quando elas já haviam saído pelos meus lábios. A respiração ficou presa em minha garganta quando percebi os olhares direcionados a mim. Ag
GregoryVi Emma saindo da casa e a lembrança dos dias em que passei sem saber onde ela estava me invadiram. A cadeira atrás de mim caiu, o vidro de remédio caseiro tombou na mesa e rolou até estraçalhar no chão. Minha avó abafou o grito. Eu não consegui olhar para trás, eu não queria tirar os meus olhos de Emma nem por um segundo.Corri atrás dela, quando Emma entrou em um táxi e partiu.Meu coração se apertou dentro de mim. Eu senti medo de perdê-la como jamais havia sentido na vida. Voltei para a casa de Helena, entrei no meu carro e dirigi pela cidade procurando o táxi em que ela havia entrado.Eu mantinha meu olhar na estrada enquanto uma camada de suor se instalava em minha testa. Eu não deveria ter levado Emma para visitar Helena. Deixá-la na companhia da minha avó certamente despertou emoções difíceis para Emma. Desde que ela voltou, trouxe com ela algo estranho. Era como se eu não conhecesse mais a mulher com quem havia me casado.Soquei o volante com força quando percebi esta
Emma.Nada poderia ter me preparado para isso. Enquanto voltamos para casa, com Gregory ao meu lado dirigindo, observei o seu rosto iluminado pelo sol do meio da tarde. Os olhos de gelo dele parecem derreter, revelando uma cor mais clara. Ele estava longe de se parecer com o homem com quem me casei. Minha partida repentina girou uma chave dentro dele que abriu portas, que nem mesmo o Gregory sabia existir.— Você está bem? – Ele tem feito essa pergunta com tanta frequência que nem mesmo o tom dele muda quando me pergunta isso. – Eu contratei uma enfermeira para cuidar de você enquanto estivermos em casa.— Eu estou bem. – Ele me olhou de lance rápido, voltando a atenção para a estrada no momento seguinte. Ele não viu quando eu ri e minhas bochechas esquentaram rapidamente. – Acho que eu posso me acostumar com a ideia de uma enfermeira me vigiando o tempo todo.— Não é para vigiar você, Emma – ele enfatizou, embora não ouvisse ofensa em seu semblante. – Você precisa de cuidados específ
Gregory.Deixei a Emma para trás porque a ideia de contar a ela a verdade me perturbava. Onde Edward colocava os pés, ele trazia discórdia e eu me culpei por deixá-lo cumprir seu plano. Eu deveria ao menos ter perguntado como ele soube onde eu estava morando. A sensação que eu tinha era de que Edward tinha o poder do mundo em suas mãos. Ou era isso, ou ele estava me vigiando para saber cada passo que eu dava.Enquanto tomava um demorado banho, fiquei pensando na conversa entre Helena e Edward e ela dizendo a ele todas as possibilidades de reverter o testamento. Por dentro, Edward se contorcia, afinal ele havia lutado tanto por aquele momento, que não permitiria perdê-lo por nada.E agora aquele bastardo queria colocar Emma contra mim.Eu deveria estar relaxado agora, afinal Emma estava de volta em casa sob os meus cuidados, mas eu não podia, não enquanto o Edward estivesse por perto, tentando arruinar o que restava de mim. Desliguei o chuveiro, percebendo que nem mesmo o banho gelado
A primeira noite inteira ao lado de Emma, dormindo, sem a tocar. Não poderia descrever a sensação porque imediatamente peguei no sono assim que me deitei. Era estranho aquele cansaço até eu me lembrar que percorri a cidade inteira atrás da Emma. O sentimento de perdê-la me esgotou completamente.Acordei assustado. O céu clareava lentamente lá fora e, quando olhei para o lado, Emma permanecia dormindo. Com o corpo virado para o meu lado, eu pude deslumbrar as curvas delicadas do seu rosto. Seu cabelo brilhava conforme a luz do dia invadia o quarto gradualmente. Quando o pensamento da doença dela me veio à mente, um arrepio percorreu meu corpo. Era meu dever garantir sua sobrevivência e, não importava o que os médicos diziam, Emma iria se curar.Meu coração parecia estar sendo apertado, e as coisas pioraram um pouco mais, quando ela abriu os olhos e me encarou, me pegando, olhando admirado para ela.Me levantei imediatamente, disfarçando o que eu fazia, mas Emma permaneceu imóvel. Ela d
GregoryEdward estava sentado na cadeira giratória do enorme escritório. O lugar que muitas vezes sonhei em estar. Ainda incomodava o fato de vê-lo ali. Eu ainda fechava os meus punhos quando me aproximava e era obrigado a me direcionar a ele como o senhor presidente.Mas agora eu sabia que a situação poderia mudar e Edward também sabia, por isso ele parecia tão desanimado.Cumprimentou Helena com aquele sorriso falso no rosto. Eu odiava a maneira como ele manipulava as pessoas e como elas caíam facilmente no jogo sujo dele. Depois, olhou para mim e seu semblante se transformou. O sorriso desapareceu e uma carranca interminável se formou em seu rosto.Nenhuma palavra foi direcionada a mim. Não era segredo para ninguém que eu e Edward não nos dávamos bem, Helena sabia disso, todos sabiam.— Eu ordeno que você demita a Alya imediatament
Emma.Sem outras palavras, Gregory me agarrou tão forte que o ar escapou dos meus pulmões, de modo que eu já não podia respirar. Por que, afinal, ele parecia tão apavorado como se eu estivesse em perigo? As mãos dele em volta das minhas costas e seu rosto afundado em meu pescoço me fizeram ficar sem nenhuma reação.Algumas horas atrás, ele havia me enviado uma mensagem avisando que chegaria tarde. Gregory havia comprado um celular novo para mim assim que retornamos para a cidade e me fez prometer que eu não mudaria mais de número. Era uma promessa um pouco difícil de cumprir, mas concordei com ele. Ficou claro no início do nosso casamento que recados ou mensagens de celular como esse não coexistiriam. Gregory nunca me dava satisfações sobre seus horários, sendo que muitas noites ele nem voltava para casa.Mas ali estava ele,