GregoryEdward estava sentado na cadeira giratória do enorme escritório. O lugar que muitas vezes sonhei em estar. Ainda incomodava o fato de vê-lo ali. Eu ainda fechava os meus punhos quando me aproximava e era obrigado a me direcionar a ele como o senhor presidente.Mas agora eu sabia que a situação poderia mudar e Edward também sabia, por isso ele parecia tão desanimado.Cumprimentou Helena com aquele sorriso falso no rosto. Eu odiava a maneira como ele manipulava as pessoas e como elas caíam facilmente no jogo sujo dele. Depois, olhou para mim e seu semblante se transformou. O sorriso desapareceu e uma carranca interminável se formou em seu rosto.Nenhuma palavra foi direcionada a mim. Não era segredo para ninguém que eu e Edward não nos dávamos bem, Helena sabia disso, todos sabiam.— Eu ordeno que você demita a Alya imediatament
Emma.Sem outras palavras, Gregory me agarrou tão forte que o ar escapou dos meus pulmões, de modo que eu já não podia respirar. Por que, afinal, ele parecia tão apavorado como se eu estivesse em perigo? As mãos dele em volta das minhas costas e seu rosto afundado em meu pescoço me fizeram ficar sem nenhuma reação.Algumas horas atrás, ele havia me enviado uma mensagem avisando que chegaria tarde. Gregory havia comprado um celular novo para mim assim que retornamos para a cidade e me fez prometer que eu não mudaria mais de número. Era uma promessa um pouco difícil de cumprir, mas concordei com ele. Ficou claro no início do nosso casamento que recados ou mensagens de celular como esse não coexistiriam. Gregory nunca me dava satisfações sobre seus horários, sendo que muitas noites ele nem voltava para casa.Mas ali estava ele,
Emma.O lado da cama estava vazio. Gregory havia saído tão cedo que eu não vi nem sequer um ruído seu. Não considerei anormal o meu cansaço, afinal vinha sentindo isso há alguns dias desde quando descobriu a doença. Olhei para o lençol remexido, o lugar bagunçado que ele deixou ao meu lado e pensei o quanto ele se sentia confortável dormindo comigo sem que eu pudesse oferecer nada em troca.Levantei e fui direto para a cozinha. Morei durante tantos anos na casa enorme de Gregory que havia me acostumado a percorrer uma distância grande entre meu quarto e a cozinha, mas ali eu abria uma porta e já estava em frente a outro cômodo. Apenas alguns passos eu estava em frente à pia, o fogão, a geladeira.Lia já havia chegado e preparava um café. Bufei decepcionada por vê-las mastigando a comida enquanto eu me alimentava com um líquido marrom escuro que era ingerido pelo meu nariz. Não devia culpar ninguém além de mim mesma. Eu me recusava a comer, precisaram fazer aquilo para que eu não morre
Gregory.Eu não conseguia entender a sensação de calor em minha barriga, das batidas rápidas do meu coração, quando eu olhava para Emma enquanto ela dormia. Ela estava tão quieta naquela manhã que precisei ver sua respiração. Encostei o rosto perto do seu nariz até sentir o ar quente saindo deles.Emma ainda respirava, mas foi a aproximação do meu rosto com o dela que quase me causou um ataque cardíaco. Me afastei imediatamente. Me levantei trêmulo. O calor subindo até minha nuca. Corri para o banheiro para me esfriar e romper com todos os pensamentos proibidos que sondavam minha mente.Eu me avaliei mentalmente antes de sair do quarto sem olhar para Emma. Fechei os olhos e só os abri quando me vi fora do quarto. Quando me deparei com Lia, a enfermeira, me analisando como se tentasse adivinhar o que eu fazia.— Está tudo bem, senhor Gregory? – Arregalei os olhos imediatamente.— Estou ótimo! – Eu deveria dizer a ela que a luz matinal me incomodava, mas poupei a mentira.Passei rapidam
Emma.Eu mastigava a comida e me negava a engoli-la. Me perguntei onde havia parado a promessa de não me afetar por qualquer atitude do Gregory. Agora eu estava com o meu peito cheio de angústia por acreditar que seria diferente e o Gregory ter me decepcionado pela milésima vez.Eu senti as lágrimas brotando enquanto meu rosto esquentava inevitavelmente. Larguei o prato de lado sobre os olhares atentos de Lia e Samantha. Elas protestaram, mas fui mais rápida, caminhei até o quarto e me tranquei no banheiro.Não era justo o que o Gregory estava fazendo comigo. Ele queria me manter ao lado dele até o último dia da minha vida, mas ele fazia de tudo para que eu o detestasse. Ele arriscou a vida para me salvar de Edward após me procurar incansavelmente, mas estava descumprindo suas promessas nesse exato momento.Eu procurava atitudes que dessem a ele algum crédito, mas elas sempre vinham acompanhadas de erros que Gregory cometia em seguida. Enfiei a angústia no lugar mais fundo e frio do m
Gregory.Eu só percebi o que havia dito quando estacionei o carro e olhei para Emma. O rosto dela estava vermelho e ela tinha a boca entreaberta, espantada com minhas palavras finais. Ignorei sua reação e saí do carro. Dei a volta no veículo e abri a porta para ela sair. Senti seu olhar quente ainda sobre mim, observando cada passo e cada gesto que eu fazia.Era estranho para ela me ver agindo assim, para mim, era quase inacreditável. Mas eu não conseguia mais evitar, não quando o assunto era Emma.Envolvi minha mão na dela e a conduzi até o restaurante em silêncio. Evitei contar os detalhes do que havia acontecido naquela manhã à Emma. Eu poderia explicar e nem mesmo assim ela aceitaria que Edward estava fazendo coisas absurdas para me manter longe dela.Eu me lembrava do momento exato em que ele me trancou no escritório. Eu estava no vigésimo andar do prédio, não havia saídas de emergência, não tinha como eu pular a janela para escapar. Quando eu ouvi a porta se abrindo depois de qu
Emma.Os lábios de Gregory estavam colados nos meus, enquanto fiquei de olhos bem abertos, sentindo-o me beijar. Meu coração disparava descontroladamente e um calor insuportável subiu até o meu pescoço. O hálito quente dele, tocando a minha pele, fez um arrepio subir até minhas orelhas.Me afastei rapidamente, na verdade, eu empurrei o Gregory para longe. Com a respiração pesada no peito, enquanto ele olhava para mim como se tivesse cometido o pior erro da sua vida inteira.Meus dedos pararam em meus lábios, eu precisava tocá-los para saber se o que havia acontecido era real.Esquece isso, Emma, eu disse para mim mesma, quando as primeiras gotas de chuva começaram a cair.— Já chega de passeios por hoje — o meu rosto se fechou, igual ao céu sobre minha cabeça — eu quero voltar para casa.Diante das minhas palavras, o rosto de Gregory se enrijeceu e ele soltou o ar de dentro dos pulmões. Sem esperar nenhum pretexto, eu virei as costas e voltei para o veículo rapidamente antes que ele m
GregoryEu ainda me remoía por dentro por beijar Emma e não ter dado nenhuma explicação para ela depois disso. Não é que eu não tivesse gostado do beijo ou algo assim. Eu somente não queria confessar os motivos de ter feito aquilo e definitivamente não era por pena da Emma.A reação dela depois do beijo me deixou sem reação. Ela não sabia o que dizer e nem mesmo eu queria dizer algo. Foi um beijo de duas pessoas que estavam casadas e que até iriam ter um filho juntos. Em outros tempos, eu nem me lembraria desse beijo, mas eu já não era o mesmo Gregory de sempre.Depois que ela disse que eu sentia pena dela, eu saí do quarto, mesmo sabendo que Emma precisava da minha ajuda. Pedi para que Lia cuidasse dela enquanto eu saia para colocar as ideias no lugar. Meu passeio não me levou muito longe, mas me deu tempo para pensar, quando o meu celular vibrou e Lia me informou do que havia acontecido.Eu estava incomodado e odiava o fato de Emma estar sempre em minha mente. Eu deveria estar feliz