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PROLOGO - Maria Eduarda

MARIA EDUARDA

Nunca soube quem era os meus pais, fui criada pela minha avó, até os 12 anos, só não me deixou antes na rua porque recebia do governo um cheque todo mês, mas isso não impedia que ela me deixasse com fome muitas das vezes, ainda muito pequena eu trabalhava para as vizinhas em busca de um prato de comida e algumas peças de roupas usadas, foram anos assim.

Acordei numa manhã e estranhei que a minha avo não tinha vindo me chamar para ir ao escola, desci os degraus ainda sonolenta e percebi que a casa estava totalmente em silencio, voltei para cima, fui até o seu quarto, mas assim que abrir a porta vi que as gavetas e o guarda roupas estavam todos aberto e não havia nenhuma roupa dentro deles, sair desesperada correndo voltando para o andar de baixo, a porta da sala estava trancada, fui até a cozinha, tentei abrir a porta dos fundos mais também estava trancada, olhei para cima da mesa, e encontrei alguns pão duros sem nada mais para comer, abrir os armários mais estavam todos vazios, a geladeira também não tinha nada.

Sem saber o que fazer fiquei ali por dois dias esperado que ela voltasse, mas isso não aconteceu, quem veio por dois dias bater na porta era o dono da casa, que tentava de tudo para entrar.

Mesmo ficando em silencio todas as vezes que ele vinha, parecia que ele não acreditava que a casa estava vazia.

Duas noites se passaram então eu estava na sala sentada no chão, quando escutei um barulho forte na porta da cozinha, ele conseguiu entrar pela porta do fundo, me escondi, dentro de um pequeno armário que ficava na sala, vi que ele procurou por todos os cantos, até que me encontrou escondida.

___Saia daí sua m*****a, quero o meu dinheiro e não vou sair daqui sem ele.

___Por favor senhor eu não tenho, a minha avó saiu e me deixou aqui sozinha sem nada, nem mesmo deixou algo para eu comer.

___Aquela velha m*****a está me devendo três meses de aluguel, e fugiu sem me pagar e ainda deixando esse estorno na minha casa.

___ por favor senhor não tenho para onde ir ___ supliquei.

___pouco me importa, se ela te abandonou, eu quero receber o meu dinheiro ___ disse ele.

___como eu poderei pagar se não tenho, sou ainda uma criança, trabalho para as vizinhas para poder comer e me vestir.

___terá que me pagar de um jeito ou de outro menina, daqui eu so saiu quando receber o que me deve.

___Senhor por favor eu imploro, não me machuque eu não tenho culpa, se ela foi embora e não o pagou.

___Se ela não paga, será você quem vai pagar, agora venha aqui, que vou exigir o meu pagamento.

Sair correndo pelas escadas, tentei trancar a porta do meu quarto mas não conseguir, ele me arrastou para a cama, tirou o cinto da sua cintura e começou  a me bater sem parar , meu corpo estava doendo e sangrando, eu só tinha doze anos e paguei caro porque a minha avó, não pagou o aluguei por três meses e ainda me deixou sem nada, nem mesmo comida.

___Quero que pegue as suas coisas e saia da minha casa ainda hoje, ou eu juro que, o que fiz será pouco, se eu votar a vê-la novamente.

___por favor eu não tenho para onde ir e estou muito machucada.

___Pouco me importa, quero você fora daqui, espero não voltar e encontrar esse seu corpo dentro da minha casa, ou eu arrasto até a rua e jogo eu mesmo você lá.

Ele falou isso e saiu, ouvi a porta da sala sendo aberta, me levantei como pude, fui até ao banheiro e me lavei, havia tanto sangue que eu não sabia de onde estava saindo sendo que os dois lugares que ele entrou em mim doía muito.

Eu estava desesperada pois eu nunca tinha saído de casa para um lugar longe, só mesmo na vizinhança, e agora eu não sabia para onde ir, depois que me lavei, peguei uma roupa que cobria todo o meu corpo, peguei a única mochila que tinha e coloquei algumas pesas de roupas e um cobertor dentro dela, o único par de sapato, e o chinelo estava nos meus pês, eu ainda não estava acreditando em tudo que me aconteceu em apenas dois dias, os meus olhos se encheram de lagrimas, não só pelo que passei, mas pelo que a minha avó fez comigo.

Limpei as lagrimas e fui descendo com muita dificuldade as escadas e quando cheguei na porta a mesma estava destrancada, fui andando pela rua, parei na casa de uma senhora que eu sempre ajudava, bati em sua porta e contei tudo que tinha me acontecido, ela apenas me disse que me daria um pouco de comida, mas que eu não poderia ficar em sua casa, já que seu marido não ia admitir ter outra boca para alimentar além de seus filhos.

Ela além de me dá comida me entregou uma cartela de remédio, e uma garrafa de agua, disse que o remédio iria me ajudar com a dor, sem pensar duas vezes tomei o remédio, agradeci e sair, com o que ela tinha me dado, eu esperava conseguir um cantinho para dormir essa noite pelo menos.

Fui para debaixo de uma ponte, havia algumas pessoas, eles me concederam um cantinho, arrumei a minha cama com o que trouxe, e como estava toda dolorida e cansada peguei no sono pesado.

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