CAPITULO IV
- Bom dia! Michele, estou aqui novamente – Disse Richard, entrando no consultório da psicóloga Michele, um pouco abatido, com olheiras, e o cabelo um pouco bagunçado.
- Bom dia! Richard, enfim mais uma semana passou, e você está aqui, eu estava um pouco ansiosa para conversar com você Richard – Saúda Michele, e diz em um tom gentil.
- Mesmo? Porque? – Pergunta Richard, um pouco espantado
- Gosto de você Richard, você é meu paciente, me parece ser uma boa pessoa, mas me diga como foi sua semana? –
Respondeu Michele, naturalmente, se sentando em sua poltrona.
Richard já havia sentado, e disse ter sido uma semana igual as outras. Sem prolongar muito.
- Estou um pouco nervoso? Mas por que eu estou um pouco nervoso? Eu já á conheço, já estive aqui outras duas vezes, não era para mim ficar nervoso – Pensou Richard, aflito, com a perna meia bamba, enquanto Michele analisava seu silencio.
- Fique à vontade Richard, pode se deitar ao divã – Sugere Michele
Sem contrariar Richard deita, assim sua visão é o teto, e pode conversar como se estive em sua cama.
- Richard, como está a sua medicação, melhorou depois de eu tê-la mudado? – Perguntou Michele, soldando
Sem jeito, após alguns segundos, Richard respondeu – Eu não tive tempo de passar na farmácia, na verdade doutora, vou ser bem sincero contigo, eu esqueci totalmente – Atrapalhado, com as mãos na cabeça.
- Tudo bem Richard, não tem problema, essa semana se conseguir, você pode muda-los, mas somente se você se sentir melhor com a mudança – Explica a psicóloga Michele, conformada em ser chamada de doutora sem seu doutorado.
Após, o silencio reina no consultório da psicóloga. E como de costume, Michele, oferece um copo de água a Richard, mas o mesmo recusa educadamente, deitado ao divã.
Michele sentada em sua poltrona pensa cautelosamente em uma soldagem para se aprofundar nos pensamentos de Richard, que a essa hora, no silencio, deve estar a mil. Mas a verdade é que Richard não consegue pensar em nada, seus pensamentos estão trancados, seus inúmeros questionamentos sobre si e a vida, deram uma saída, com a cabeça vazia, Richard não consegue se expressar, e isso o incomodava, pois tudo que Richard planejou na noite anterior, estava a fracassar novamente.Ao longo da sessão, Michele tentou fazer algumas perguntas, com intuito que Richard engatinhasse na questão e se aprofundasse no assunto. Mas Richard estava mais travado que um cavalo empacado. A sessão viesse chegar ao seu fim, mas não foi um dia perdido, Michele pode conhecer um pouco mais de Richard e sua vida normal na sociedade moderna. Assuntos vazios, sem profundidade, assuntos fúteis e aleatórios, as vezes é preciso para se conhecer uma pessoa, pois a vida, tem suas chatices, seus momentos de tedio, repetitivamente, uma rotina cansativa, pois o sistema implantou a cabeça de todos, que devemos viver para o futuro, viver planejando, e assim muitos esperam o fim de semana chegar, sem aproveitar o resto dos dias. E assim muitos esperam o final de semana acabar, sem aproveita-lo, para poder retomar a sua rotina de trabalho na segunda feira. Poucos são os que vivem para o presente momento, e mais poucos ainda, os que vivem em presente momento, e são felizes. Mas muito são os que vivem para o futuro, e conseguem ser felizes.
Apesar de um sistema manipulatório, Richard não tem duvidas que é isso que deixa as pessoas de sua época felizes. Mas suas questões, sobre por que não o atingir da mesma maneira a qual atinge inúmeras pessoas, é o que o deixa perplexo. Pois em muitas de formulas resolvidas por sua cabeça, foi um pequeno detalhe que passou despercebido na hora, que faria um tremendo estrago por muito tempo de sua vida.
Consequentemente causaria danos irreversíveis a sua saúde física e mental.
Mas durante a sessão, todos os questionamentos de Richard deram uma saída, o deixando com a mente limpa e vazia. Dessa forma Richard contou sobre sua família, seus pais e seus três irmãos.- Nunca foi uma convivência boa de fato. Apenas a ilusão e a inocência eram maiores que a realidade da época. Mas depois que cresci, vi o quanto eu nunca fui amado, sabe aquele caçula dos filmes odiado pelos irmãos por que os pais o mimam? Pois bem, não fui eu, de fato eu era odiado pelos irmãos, mas não por ser mimado, por que até meus pais me odiavam.
Eu aprendi doutora Michele...digo, desculpe me, Michele, sim, Michele, aprendi, que quando você ama uma pessoa independente da idade que ela tenha, você a respeita, de todos os modos. Você a ouve e até cede coisas que não gostaria de fazer, para manter a amizade, o amor, o respeito, e intimidade que cada ser humano cria com cada ser humano especifico, o que é sempre diferente. – De forma inteligente, mas triste.
- Como? Poderia me explicar Richard? – Pedia a psicóloga Michele
- Eu nunca consegui tratar duas pessoas da mesma maneira, pessoas a quais eu poderia dizer serem minhas amigas. Com um deles, eu era mais extrovertido, com o outro mais sério, porem em nível de profundidade, equivalente.
Com um, eu falava de tais assuntos, com outro, eu falava sobre outros assuntos. Mas isso, me despertou uma curiosidade sobre um dos comportamentos humanos. Não somente eu, mas mais pessoas agiam assim, se não todas, mas aí eu estaria generalizando, e eu não gosto de generalizar Michele. – Explicava Richard Kammer.
Mas já não havia mais tempo para Richard Kammer, o tempo estava esgotado. O relógio da Michele viesse apitar, batendo uma hora de sessão. Logo agora que Richard estava começando e entrar em assuntos complexos com a psicóloga Michele. Mas ficará para semana que vem, o que deixou Michele um tanto frustrada.
Richard saiu do consultório da psicóloga Michele, as pressas, com pressa, com poucas palavras. Isso deixou Michele aflita, e curiosa sobre o que Richard poderia fazer de tão importante, que o deixou com tanta pressa? Ou seria apenas a pressa de sair de seu consultório? Talvez tivesse uma entrevista de emprego e não achou necessário compartilhar na sessão. Pudera ser isso, mas não haveria como a psicóloga Michele saber, pelo menos não até a próxima sessão.
Mas para surpresa da psicóloga, à noite, por volta das 22 horas, a psicóloga recebe mensagens de Richard Kammer, implorando para marcar uma sessão pela manhã, o horário mais cedo.
Isso animou a Michele, mas não pudera pedir explicações, pois seu namorado, não gosta que trate de assuntos de trabalho em casa.
Michele confirmou com Richard, e agendou para as oito horas da manhã do dia seguinte.
O resto da noite de Michele foi inquieta, sem conseguir dormir direito, se mexia para um lado e para o outro. Dormia por um minuto, e acordava novamente. Sua ansiedade para que seu despertador despertasse logo. Por fim bateu cinco horas da manhã, cedo, mas Michele levantou, e foi direto para o chuveiro, tomou um longo banho, ao sair, se sentiu revigorada.E enquanto se vestia, e se arrumava lentamente para ir trabalhar, tomava seu cafezinho e comia algumas bolachas integrais, junto a manteiga light.
As sete horas da manhã sai de casa, dirigindo até seu consultório no centro da cidade, levaria no máximo vinte minutos.
- Talvez ele já esteja lá esperando, pois parecia muito importante o que queria tratar comigo – Pensava a psicóloga Michele, atrás do volante.
CAPITULO V Chegando no seu consultório, estacionou seu carro, e subiu até o segundo andar, pelas escadas pensava nos seus afazeres ao longo do dia. E para sua surpresa, Richard não estava. - Pois bem, assim terei tempo de dar uma organizada no consultório – Positiva Pensava Michele, porem desapontada. Mas o jeito seria esperar até as oito horas, que bateria em exatos 41 minutos. Michele organizou alguns documentos, papeis para lá, papeis para cá, tirou o pó de alguns objetos, arrumou as almofadas, sacudi-las, afofa-las e as colocaste de volta. Ajeitou a posição da sua poltrona, da sua escrivaninha, e do divã, e então olhou ao seu relógio, e apontava 07:23, havia se passado apenas quatro longos minutos. Michele sentou-se, respirou, levantou e decidiu tomar uma xicara de café, ao adoçar com açúcar, pensou – Não
CAPITULO VI Havia muitas coisas na cabeça de Richard Kammer, tentou dizer, sobre a descoberta que a comida faz ao cérebro humano, sobre o que o sono faz, e dizia não ter dormido. Pois assim despertaria sua esperança, assim como comer. E o atrapalharia hoje, o dificultaria a se expressar. - Eu quero estar no controle Michele, quero ver a realidade como ela é, e gostaria que todos vissem, pois veriam o quão animais irracionais estávamos sendo, agindo como verdadeiros animais irracionais. – Explicou Richard Kammer, em um tom de lamento, mas com toda certeza. Michele ficou em silencio, tentou juntar os pontos, e montar o quebra cabeça que Richard dizia, mas estava muito confuso, e depois de trinta segundos, Michele decidiu. - Richard, você não comeu? Não do
CAPITULO VII - Você trouxe assuntos muito complexos Richard, acredito que finalmente conseguiu se expressar da forma a qual gostaria de ter se expressado desde o começo de nossas sessões. Mas tudo que você me disse não se aplica no mundo moderno que vivemos hoje. Mesmo que você tenha ido tão longe nos seus pensamentos, ainda há tempo de voltar e fazer as coisas certas para poder ter uma vida estável e tranquila no futuro. Você precisa começar de um ponto, terminar o que não terminou, como o colégio, dessa forma poderá estudar e ingressar em uma faculdade ou curso superior, para conseguir um emprego melhor a qual não exija tanto do seu tempo, já que o preza muito. O caminho pode ser longo, mas com um passo de cada vez você terá a certeza que chegará do modo correto sem dar chance ao regresso. Suba um degrau por vez, dessa forma não irá cair, pensa como se sua vida fosse uma enorme escadaria, você chegará ao topo no seu devido t
CAPITULO VIII O tempo pode ser muito generoso, mas ao mesmo momento, o tempo lhe cobra algo que todo ser vivo tem em comum, a vida. A vida passa diante de nossos olhos como que em diversas repetições, rotinas e afazeres, muitas vezes nem nos damos conta que o dia passou, que a noite chegou, ou que o sol nasceu no Leste mais uma vez. E por mais generoso que o tempo possa ser, ele jamais deixará de passar, e de cobrar a vida plena que você vive, que nós todos temos. Um dia nascemos enrugados, e conforme nosso crescimento, a pele estica nos dando aspecto de jovens, corpos cheios de energia, órgãos em pleno vigor, como se esse momento fosse durar para sempre, porém conforme o tempo passa, e nosso crescimento aumenta, envelhecemos sem parar, e nossa energia e vigor, já não é a mesma. Por alguns anos, sentíamos que poderíamos tocar as estrelas e nada poderia nos parar, mas isso mu
CAPITULO IX Por fim a vida de Richard Kammer nunca tomará o rumo que desejasse, mas a compreensão dos fatos, foi o principal aprendizado para seguir sua vida louca, da melhor maneira possível. Os dias passaram, e o dia de se consultar com a psicóloga Michele chegou, o relógio marcava nove horas da manhã, quando Richard bateste na porta. Gentilmente Michele o atende, com um sorriso no rosto ao ver Richard Kammer. - Como está Richard? Vejo que seu cabelo está molhado, isso é um sinal que voltaste para casa, isso é bom! – Diz Michele se sentando em sua poltrona - Sim, acho que estou melhorando de certa forma, eu entendi muitas coisas desde nossa ultima sessão, voltei a visitar minha mãe, acho que isso é uma coisa boa – Respondeu Richard, se sentando ao divã - Isso é muito bom Richard, fico f
UMA SESSÃO ESTRANHAEscrito por Piter CezepauskiEXCLUSIVO NA BUENOVELA!!!Introdução Um conto de uma sessão de terapia, onde ocorrem diálogos, questionamentos e duvidas, tratando questões estranhas que muitas vezes nos fazem achar que somos diferentes do restante do mundo, quando na verdade, a diferença acaba nos tornando seres únicos. Neste livro em questão, é retratado sessões de terapia, abordando diversos assuntos desconfortantes, reflexões sobre a vida, e quem somos perante a ela, sobre sexualidade, e questionamentos sobre nós mesmo. Acusações sobre a sociedade e o sistema imposto pelo governo, assim como assu
CAPITULO I - Doutora! Precisamos conversar - Disse Richard Kammer - Tudo bem, mas eu não sou doutora, não tenho doutorado, sou psicóloga - Fez o favor de responder a Psicóloga Michele. - Sente se em meu divã - Disse a Psicóloga Michele - Agradeço - Disse Richard Kammer com gesto positivo com a cabeça - Agora são nove horas da manhã, o dia está bonito, não está? - Pergunta a Psicóloga Michele - Sim, está bonito, eu até dei uma volta no quarteirão antes de entrar. - Respondeu Richard Kammer sentado no divã confortável em frente a poltrona de couro da Psicóloga Michele - Por que decidiu caminhar? Ficou em
CAPITULO II - Então estou aqui novamente – Comentou Richard Kammer - Tudo bem Richard, vamos do princípio, me conte novamente o que o trouxe aqui – Solicita a Psicóloga Michele - No princípio tudo era escuro...- Diz Richard, mas é interrompido pela Psicóloga Michele que diz – Richard, vamos do princípio da sua última sessão, em diante, o que fez nesse tempo, desde o momento em que saiu daqui semana passada. – Simpática - Ah, sim, claro! – Diz Richard atrapalhado e continua... – Quando sai daqui aquele dia, eu só conseguia pensar, o quanto eu não consegui me expressar doutora – - Por favor Richard, pode me chamar de Michele, quando eu tirar meu doutorado, farei questão de que me chame de doutora, mas até lá, apenas Michele, está bem?! – Solicita Michele, educada e gentil, com algumas risada