- Aonde você irá? Eu vim te ver, não me fala mais nada então? Passamos o dia juntos e não me disse que iria sair!
- Ai Filipe, não começa!
- Vai sair com o Henrique, só pode para não me falar nada!
- Uhum! Vou jantar com ele sim. Por isso não te falei!
- Não gosto de vocês dois juntos!
- Eu sei...
Filipe cheirou o pescoço de Melinda e a abraçou.
- Linda!
- Eu não quero mais falar sobre isso!
- Não, eu estou dizendo que está linda!
Melinda estava com um vestido de cetim preto tomara que caia, e a parte da saia ficava armado um pouco acima do joelho e um sapato vermelho combinando com sua bolsa, seus cabelos estavam presos com algumas mechas caídas sobre os ombros.
- Ah! Entendi. Obrigada.
- O interfone, abre para o Rique, por favor, Fil!
- Nossa, como você está parecida com seu primo. Acho que irei desistir do encontro!
- Entra, ela está perguntando para o espelho se tem alguém mais bela...
- Não preciso nem ver para dizer que não existe, e que está lindíssima!
Henrique entrou na sala e olhou Melinda ficando estático.
- Que foi?
- Acho que iremos em lugares diferentes! Você... Melinda...
- Ai que nojo, ela é minha prima, respeita!
- Saia daqui Filipe. Sua prima é... Eu tinha esquecido o quanto gostava de você, Lindinha!
- Vou descer com vocês dois! Posso ir junto?
- Não! Chama o Guilherme e pede para ele te levar... Hoje seremos sua prima e eu! Embora você odeie a ideia.
Filipe olhou para Henrique com raiva.
- Como sabe disso?
- Eu sempre soube, Fil, só que você deveria se preocupar mais com a sua irmã e o David.
- Henrique, não!
- Que história é essa?
- Adeus jantar, Henrique!
- Desculpe, Melinda, mas o Filipe sempre se comportou como uma criança em relação a nós dois. Houve um tempo que cheguei a achar que ele gostava de você, depois achei que fosse de mim, então ele começou a namorar o Gui, e você voltou, ele adiou o que deu para fazer o reencontro. Na noite que marcaram com você, eu não sabia que haviam combinado de fazer a pegadinha, quando você me ligou eu estava trabalhando mesmo! Já havia dito que não iria...
- Tá olha só, Fil pensa bem antes de falar com a Fefê!
- Tá! Vão jantar logo, não quero saber mais nada.
Os dois foram jantar, depois foram passear na praça.
- Muito chateada comigo ainda?
- Não, uma hora ele saberia mesmo. Não precisava ser assim!
- Vou ali pegar um sorvete para nós, quer o de sempre?
- Sim, por favor!
Henrique saiu correndo e Melinda sentou no banco que estava mais próximo. Ficou meditando sobre as finanças da empresa e como faria para não aceitar a proposta sem que os investidores desistissem do negócio e aumentassem a oferta quando foi arrancada de seus pensamentos.
- Sem beijo, quer dizer que não é namorado!
- Oi, ah! Que susto. De onde você surgiu? Estava nos seguindo?
- Não! Foi coincidência... Desculpe se te assustei de novo, não foi minha intenção. Não vi mais você aqui! Como ficou seu primo?
- Bem, ficou bem!
Henrique chegou e cumprimentou o então “amigo” de Melinda.
- Boa noite! Lindinha, não tinha o que costuma comer, mas trouxe esse, é bem parecido. Vai apresentar seu amigo?
- Desculpe, ele na verdade não é meu amigo, foi ele quem bateu no Fil. Eu não lembro o nome...
- Cara! Bateu no Filipe já é meu amigo!
- Henrique! Por favor...
- Meu nome é Neitan. E foi um acidente, achei que ele havia agredido ela...
Ele ficou olhando para ela para ver se ela falava seu o nome. Mas ela se antecipou.
- Bem, acho que temos que ir, Rique.
- Não íamos deitar na praia?
- Acho melhor irmos. Vamos ver um filme!
- Onde ele foi?
- Não sei, vamos pela praia?
- Eu vou onde você quiser, Linda!
Neitan ficou observando os dois de longe, mas o nome dela que ele queria mesmo ouvir, nada, eles só a chamam de Linda. Henrique tirou os sapatos dela e saiu correndo na areia. Ela foi atrás dele, ele parou, abriu os braços e ela pulou para ele segurá-la, ele saiu girando com ela pela areia.
- Não, não na água não... Meu vestido é novo...
- Te dou outro!
- Eu não acredito!
Os dois caíram na água e Henrique começou a beijá-la. Eles saíram de dentro da água de mãos dadas.
- Vou levá-la em casa, depois eu vou embora! Te vejo amanhã?
- Depois que passar a raiva de ter estragado meu vestido? Eu irei trabalhar amanhã de manhã, mas de tarde eu posso tomar um café.
- Sábado? Irá trabalhar sábado, Linda?
- Sim, eu preciso, Rique!
- Entra, está tarde!
Ele deu um beijo nela e esperou-a entrar no prédio.
- Aonde irá, Linda? - Embora! - Vai caminhando? Espera! Eu não quis te ofender, Lindinha! Melinda estava furiosa com Filipe. Saiu sozinha, e já estava tarde. Ela saiu sem olhar para trás. - Quero ficar sozinha. - Espera! - Me deixa. Volta para buscar seu carro! - Melinda, me espera, por favor! Ela parou no meio de algumas árvores e virou para ele. Levantou o rosto cheio de lágrimas e fitou Filipe. - Eu até admito, Filipe, que você faça o que quiser se a discussão em reunião for profissional. Concordo que brigue, discuta e me conteste. Você é o Diretor financeiro daquela porcaria de empresa que fui obrigada a assumir. Agora, não coloque minha vida pessoal na mesa, eu nunca fiz isso com você nem quando a licitação foi em favor da empresa do Gui, mesmo sabendo que não era a melhor opção, eu te apoiei... - Escuta, Melinda! - Não, eu não irei te escutar. O que você fez? Expor-me daquela forma. D
Leo entrou no escritório de Melinda e sentou em sua frente. Ela ficou olhando para o tio esperando ele começar a falar. Então ele estufou o peito e em meio a um suspiro ele começou. - Você não tem a obrigação de levar a empresa nas costas, querida. Você precisa descansar. O Fil e você já estão ajustando as contas e o trabalho está fluindo como o esperado. Acho que está se desgastando por pouca coisa, não quero que jogue sua vida aqui dentro. - Tio Loyde, não acho que estou jogando minha vida aqui, quero que tudo funcione para eu não precisar viver aqui. Penso em tirar férias e não ter que voltar no meio por ter problemas que ninguém consiga resolver. - Entendo, mas, mesmo assim. Pense que sua vida no momento está confinada aqui dentro e com sua avó, pouco vejo você saindo com seus amigos, e toda vez que vejo você na praia ou na praça está calculando ou em contato com o trabalho. Não larga a droga desse celular nem para conversar. - Falou tirando o celular da
- Quando você vai viajar, Lindinha? - Estou esperando a vovó se recuperar bem, não posso sair e deixá-la com alguém enquanto ela não estiver bem de verdade, sem necessitar de cuidados especiais. - Isso pode demorar então? - Sim Rique, pode demorar alguns dias ainda! Os dois estavam sentados no chão escorados no banco da praça. Ele estava com o braço por cima dos ombros de Melinda que estava quase deitada com a cabeça em seu peito. - Quero mudar o assunto, esses dias fui abordado por um sujeito estranho que perguntou se eu conhecia todas as meninas da cidade e quem não era também. - E o que você respondeu? - Disse que sim, ele parecia ser da polícia, sabe? Só não se identificou. Ele até me pareceu àquele cara que estava na porta do seu prédio aquele dia que você discutiu comigo por causa dos relatórios. - Não foi por causa dos relatórios, foi por você ter sumido e deixado pendência para o Filipe poder me cobrar.
Melinda chegou invadindo o apartamento de seus tios! - Onde está a Docinho? Estou tentando falar com ela e não consigo! Meu amigo que trabalha na polícia acabou de me ligar, encontraram alguns corpos. Segundo ele tem uma fora do padrão. Está sem documentos tem cabelo preto aparenta dezesseis, dezessete anos. Eu quero falar com ela. O David não atende aquela porcaria... - Acabei de deixar recado para ela. - Tia, eu deixei muitos recados! - Onde está a Fê, mãe? - Entrou Filipe em casa correndo, olhou para Melinda sentada na guarda do sofá. - Ele já ligou para você, vamos lá comigo! Ela levantou. – Vamos! - Pare! Antes eu tenho que pedir desculpas pelo idiota que estou sendo com você nesses últimos dias! A vida é sua, ele é bom com você. - Tá, depois falamos disso. Não temos tempo para conversar agora. - Espera, sabe as condições que elas estão, né? Pela sua expressão, não! Pois bem, segundo o Kris, ele nunca tinha visto a
- Que cor, vovó? - A verde que está na cadeira. - Está bem, está aqui? - Isso, essa mesma. - Isso é azul, vovó! Coloque, vamos lá embaixo. Vou levar a senhora na praia. - Não quero ir à praia, vai encher minha manta verde de areia. - Está bem, quer ir à praça? Ainda tem um solzinho gostoso lá. Assim Melinda e a vovó Sarah foram passear. A cadeira de rodas da vovó trancou em um pequeno buraco na calçada da praça, então elas decidiram ficar ali mesmo. Melinda sentou na grama em cima de outra manta que havia levado. Estava um dia de sol, mas com a temperatura baixa para a época. Onde as duas estavam tinha uma vista muito bonita do mar, não dava para enxergar a praia, somente a água que brilhava com os raios de sol, tornando assim um oceano dourado com um céu rosa o que era comum para a estação. - Lembro-me do dia que seu avô me pediu em casamento, estávamos sentados em cima de uma árvore vendo o pôr do sol. E o oceano esta
- Onde você está? - Na praça, não tinha nada para fazer agora! - Na praça sozinha, Linda! Por favor, vai para casa. É muito perigoso ficar sozinha. - Ai, Henrique! Não pira amor... - Não brinca comigo assim, estou preocupado. Não quero que encontrem seu corpo também! - Tá bom! “Mas eu quero a piscina do coelhinho também”! - Só você mesmo, consegue brincar com coisa séria! “Não tem piscina, o coelhinho tá gripado”! Agora vai para casa. Eu te amo! - Quero ver o que irei ganhar por isso. Terá que valer a pena. Ela desligou e colocou o telefone no bolso, escorregou no banco e deitou a cabeça no encosto olhando para o céu. Ali ela viajou um pouco nos seus pensamentos. Sua avó está muito dependente, e ela não consegue fazer muita coisa. - Boa noite! Acho que não deveria estar aqui! É perigoso, olha quantas meninas em poucos meses. - Não acho que queiram perder tempo comigo! - Mesmo? Você tem quase todo
- Quando que você falou com a Linda? - Faz uns dois dias, ela estava muito abalada, mas estava bem. Deixei-a com a vovó e a Maggy. - E não me falou nada, Fê? Ela não está em casa desde ontem e não atende o telefone. O Gui e eu já a procuramos em todos os cantos da cidade, e o Henrique já acionou todos os policiais das cidades vizinhas. A vovó não tem ideia que a Linda sumiu. Como iremos explicar isso para ela? - O papai está lá caso alguém ligue. - Isso eu sei, Fernanda, eu estava junto quando ele disse que iria para lá. Mãe, conseguiu falar com o cara aquele? - Olha o respeito, menino, ele é juiz. E não, ainda não consegui, ele está viajando com a família. O que deu nessa menina, tão ajuizada, some assim. Tomara que não tenha acontecido nada com ela. - Mãe, agora não é hora, não aconteceu, a Melinda sabe se defender. - Filipe, a mamãe está certa, ela pode... - Chega! Não vamos mais falar sobre isso agora. Meu filho lig
- Bom dia, vovó! Já tomou café? - Já, filha! Bom dia! Que horas ele chega? - Não sei, velhinha, não falei isso com ele. Depois do café eu vejo! - Vocês irão casar quando? Melinda saiu correndo da cozinha. - Está ficando gagá, vovó? Quem falou em casar? - No meu tempo era assim. Namorava-se para casar! Na sua idade eu já era casada e tinha seu tio... - Nossa vovó, parabéns! Imagina quantos maridos eu teria hoje... - Filha! – A vovó falou em tom de advertência. - Vovó! - Melinda replicou no mesmo tom. - Não gosto quando você brinca assim! E o filho do Jacques é um menino direito, não pode iludir ele, querida! - Não estou iludindo, só ainda não falamos nisso! Vou terminar meu café e ligar para ele... O telefone tocou e Melinda atendeu. - Oi, docinho! - Você está bem prima? - Sim, o que aconteceu? - Outra menina desapareceu... - Eeee? - Você che