Leo entrou no escritório de Melinda e sentou em sua frente. Ela ficou olhando para o tio esperando ele começar a falar. Então ele estufou o peito e em meio a um suspiro ele começou.
- Você não tem a obrigação de levar a empresa nas costas, querida. Você precisa descansar. O Fil e você já estão ajustando as contas e o trabalho está fluindo como o esperado. Acho que está se desgastando por pouca coisa, não quero que jogue sua vida aqui dentro.
- Tio Loyde, não acho que estou jogando minha vida aqui, quero que tudo funcione para eu não precisar viver aqui. Penso em tirar férias e não ter que voltar no meio por ter problemas que ninguém consiga resolver.
- Entendo, mas, mesmo assim. Pense que sua vida no momento está confinada aqui dentro e com sua avó, pouco vejo você saindo com seus amigos, e toda vez que vejo você na praia ou na praça está calculando ou em contato com o trabalho. Não larga a droga desse celular nem para conversar. - Falou tirando o celular da
- Quando você vai viajar, Lindinha? - Estou esperando a vovó se recuperar bem, não posso sair e deixá-la com alguém enquanto ela não estiver bem de verdade, sem necessitar de cuidados especiais. - Isso pode demorar então? - Sim Rique, pode demorar alguns dias ainda! Os dois estavam sentados no chão escorados no banco da praça. Ele estava com o braço por cima dos ombros de Melinda que estava quase deitada com a cabeça em seu peito. - Quero mudar o assunto, esses dias fui abordado por um sujeito estranho que perguntou se eu conhecia todas as meninas da cidade e quem não era também. - E o que você respondeu? - Disse que sim, ele parecia ser da polícia, sabe? Só não se identificou. Ele até me pareceu àquele cara que estava na porta do seu prédio aquele dia que você discutiu comigo por causa dos relatórios. - Não foi por causa dos relatórios, foi por você ter sumido e deixado pendência para o Filipe poder me cobrar.
Melinda chegou invadindo o apartamento de seus tios! - Onde está a Docinho? Estou tentando falar com ela e não consigo! Meu amigo que trabalha na polícia acabou de me ligar, encontraram alguns corpos. Segundo ele tem uma fora do padrão. Está sem documentos tem cabelo preto aparenta dezesseis, dezessete anos. Eu quero falar com ela. O David não atende aquela porcaria... - Acabei de deixar recado para ela. - Tia, eu deixei muitos recados! - Onde está a Fê, mãe? - Entrou Filipe em casa correndo, olhou para Melinda sentada na guarda do sofá. - Ele já ligou para você, vamos lá comigo! Ela levantou. – Vamos! - Pare! Antes eu tenho que pedir desculpas pelo idiota que estou sendo com você nesses últimos dias! A vida é sua, ele é bom com você. - Tá, depois falamos disso. Não temos tempo para conversar agora. - Espera, sabe as condições que elas estão, né? Pela sua expressão, não! Pois bem, segundo o Kris, ele nunca tinha visto a
- Que cor, vovó? - A verde que está na cadeira. - Está bem, está aqui? - Isso, essa mesma. - Isso é azul, vovó! Coloque, vamos lá embaixo. Vou levar a senhora na praia. - Não quero ir à praia, vai encher minha manta verde de areia. - Está bem, quer ir à praça? Ainda tem um solzinho gostoso lá. Assim Melinda e a vovó Sarah foram passear. A cadeira de rodas da vovó trancou em um pequeno buraco na calçada da praça, então elas decidiram ficar ali mesmo. Melinda sentou na grama em cima de outra manta que havia levado. Estava um dia de sol, mas com a temperatura baixa para a época. Onde as duas estavam tinha uma vista muito bonita do mar, não dava para enxergar a praia, somente a água que brilhava com os raios de sol, tornando assim um oceano dourado com um céu rosa o que era comum para a estação. - Lembro-me do dia que seu avô me pediu em casamento, estávamos sentados em cima de uma árvore vendo o pôr do sol. E o oceano esta
- Onde você está? - Na praça, não tinha nada para fazer agora! - Na praça sozinha, Linda! Por favor, vai para casa. É muito perigoso ficar sozinha. - Ai, Henrique! Não pira amor... - Não brinca comigo assim, estou preocupado. Não quero que encontrem seu corpo também! - Tá bom! “Mas eu quero a piscina do coelhinho também”! - Só você mesmo, consegue brincar com coisa séria! “Não tem piscina, o coelhinho tá gripado”! Agora vai para casa. Eu te amo! - Quero ver o que irei ganhar por isso. Terá que valer a pena. Ela desligou e colocou o telefone no bolso, escorregou no banco e deitou a cabeça no encosto olhando para o céu. Ali ela viajou um pouco nos seus pensamentos. Sua avó está muito dependente, e ela não consegue fazer muita coisa. - Boa noite! Acho que não deveria estar aqui! É perigoso, olha quantas meninas em poucos meses. - Não acho que queiram perder tempo comigo! - Mesmo? Você tem quase todo
- Quando que você falou com a Linda? - Faz uns dois dias, ela estava muito abalada, mas estava bem. Deixei-a com a vovó e a Maggy. - E não me falou nada, Fê? Ela não está em casa desde ontem e não atende o telefone. O Gui e eu já a procuramos em todos os cantos da cidade, e o Henrique já acionou todos os policiais das cidades vizinhas. A vovó não tem ideia que a Linda sumiu. Como iremos explicar isso para ela? - O papai está lá caso alguém ligue. - Isso eu sei, Fernanda, eu estava junto quando ele disse que iria para lá. Mãe, conseguiu falar com o cara aquele? - Olha o respeito, menino, ele é juiz. E não, ainda não consegui, ele está viajando com a família. O que deu nessa menina, tão ajuizada, some assim. Tomara que não tenha acontecido nada com ela. - Mãe, agora não é hora, não aconteceu, a Melinda sabe se defender. - Filipe, a mamãe está certa, ela pode... - Chega! Não vamos mais falar sobre isso agora. Meu filho lig
- Bom dia, vovó! Já tomou café? - Já, filha! Bom dia! Que horas ele chega? - Não sei, velhinha, não falei isso com ele. Depois do café eu vejo! - Vocês irão casar quando? Melinda saiu correndo da cozinha. - Está ficando gagá, vovó? Quem falou em casar? - No meu tempo era assim. Namorava-se para casar! Na sua idade eu já era casada e tinha seu tio... - Nossa vovó, parabéns! Imagina quantos maridos eu teria hoje... - Filha! – A vovó falou em tom de advertência. - Vovó! - Melinda replicou no mesmo tom. - Não gosto quando você brinca assim! E o filho do Jacques é um menino direito, não pode iludir ele, querida! - Não estou iludindo, só ainda não falamos nisso! Vou terminar meu café e ligar para ele... O telefone tocou e Melinda atendeu. - Oi, docinho! - Você está bem prima? - Sim, o que aconteceu? - Outra menina desapareceu... - Eeee? - Você che
Melinda levantou com a maior bagunça na sala. Fernanda falava alto e rápido, já Filipe pulava feito criança na frente da avó. - Gente, o que aconteceu? Sumiu mais alguém? - Não, montaram um parque no terreno ao lado da praia, vamos na roda gigante, Linda, vamos? - Gente, Fê, convida o David, eu não gosto de roda gigante, aquilo parece que vai cair. - Essa menina tem muito que aprender, ela não gosta de nada. - Vovó, eu gosto de café! Vou tomar café e nos encontramos no final da tarde. Vou ligar para o Rique ir junto conosco. Os dois saíram e a vovó Sarah ficou enchendo Melinda de conselhos, como fazer isso, como fazer aquilo... Hoje foi o dia que Melinda aproveitou para ficar um pouco em casa. Chegou o horário que eles haviam combinado e ela estava esperando por eles sentada no banco da praça. Ela sentiu algo estranho, um frio no estômago, virou rápido para trás, mas não viu nada. Gui foi o primeiro a chegar. - O que foi?
Melinda caminhava na calçada que contornava a praça, estava cansada, já era final da tarde e seu carro havia estragado, por não ser muito longe de onde mora, ela resolveu deixar o carro onde estava e m****r arrumar no outro dia. Pensava em como ela faria para ir trabalhar no outro dia, pois Filipe estava viajando e ela também achava dinheiro posto fora pegar um táxi, e ônibus ali? Envolta com milhões de ideias não notou a aproximação do desconhecido rapaz que já havia a seguido outras vezes, o mesmo que abordara seus amigos algumas vezes. Ela levou um susto quando ele alinhou seu corpo ao dela, se fazendo visível ao seu lado. Nem conseguiram se cumprimentar quando Neitan os abordou, com um olhar fulminante para o rapaz, fez com que ele se afastasse de Melinda. - O que foi isso? Correu o pobre rapaz. - Você nem o conhece. Ele poderia ser um problema para você! Quase não vejo mais você por aqui. - Estou trabalhando muito, ainda mais agora que o meu tio está lar