Sophie Narrando Hoje o dia foi uma loucura no escritório. Mal coloquei o pé lá dentro e já tinha uma lista enorme de coisas pra resolver. Como sempre, Ethan tava cheio de compromissos e, como sempre, parecia absolutamente imperturbável no meio do caos.— Sophie — ele falou, sério, me entregando uma pasta pesada. — Separe os documentos que eu pedi. E venha comigo nas reunião.— Sim, senhor — respondi, ajeitando a pasta nos braços.Fui atrás dele, tentando acompanhar seu passo firme pelos corredores. As reuniões foram puxadas, uma atrás da outra. Ethan falava pouco, direto ao ponto, e eu anotava tudo com atenção. Nosso esquema era perfeito: ele mandava, eu executava. Sem falhas, sem deslizes. Pelo menos, não durante o expediente.— Agende uma nova visita ao cliente de terça — ele disse baixinho enquanto saíamos de uma sala pra outra.— Já tô agendando — respondi, quase automática.A gente mal teve tempo pra respirar. No intervalo rápido que conseguimos, ficamos parados no corredor, tom
Ethan Narrando Dirigir com Sophie do meu lado era estranho e, ao mesmo tempo, bom pra caramba. Eu não sou do tipo que misturava trabalho com vida pessoal, mas ela tinha atravessado essa linha antes mesmo que eu percebesse.Olhei rápido pra ela. Estava com o rosto apoiado no vidro da janela, distraída com as luzes da estrada. Calça de moletom, casaco pequeno, cabelo solto, Linda do jeito mais simples possível.Minha mão largou o volante e pousou na coxa dela. Era automático, sem nem pensar. Eu só precisava sentir que ela tava ali, do meu lado.O sítio ficava afastado, mais de duas horas da cidade. Eu não levava qualquer pessoa pra lá. Na real, nunca tinha levado ninguém desde que reformei a casa. — Tá cansada? — perguntei, quebrando o silêncio.Ela me olhou e sorriu pequeno.— Um pouco, Mas tô bem.Assenti, voltando a atenção pra estrada. Sophie era forte, sabia se virar. Por isso ela me conquistou de um jeito que nenhuma outra conseguiu. Não era só o corpo, era o jeito dela de me en
Ethan Narrando Sem desgrudar a boca da dela, deslizei uma das mãos por trás dos seus joelhos e a outra nas suas costas, levantando Sophie nos braços como se ela não pesasse nada.Ela soltou um riso abafado contra a minha boca, as mãos agarradas na gola da minha camisa polo.— Ethan... — ela murmurou, com a voz embriagada de desejo.— Shhh... — sussurrei no ouvido dela — Agora você é minha. Só minha.Subi as escadas em passos firmes, levando-a direto pro quarto maior da casa. Era amplo, com uma cama enorme no centro e cortinas esvoaçantes nas janelas. Empurrei a porta com o pé, entrei e deitei Sophie no meio da cama, como se ela fosse algo precioso.Ela me olhou com aqueles olhos famintos e entregues, e foi difícil me afastar. — Não sai daí — falei, com um sorriso de canto.Desci correndo para a cozinha, peguei a garrafa de vinho que tinha separado para ocasiões especiais. Voltei em poucos minutos, encontrando Sophie do jeito que deixei: deitada, me esperando, com a respiração aceler
Ethan narrando Me chamo Ethan Ferraz, tenho 38 anos e sou CEO da maior construtora do país: a Ferraz Engenharia. Sou engenheiro civil por formação e, acima de qualquer título que carrego, sou apaixonado pela minha profissão. Dizem que o amor é cego. Mas eu diria que, às vezes, ele é estúpido. Eu, sou conhecido por Conduzir a maior construtora do país, conhecido como um estrategista implacável, o tubarão branco do mercado imobiliário, caí feito um amador nas armadilhas de um sentimento que, hoje, me envergonha. Eu me casei por amor. Acreditei que havia encontrado minha parceira de vida, alguém que construiria ao meu lado não apenas um império, mas também um lar. Penélope era filha de um dos meus maiores investidores. Linda, elegante, com um sorriso sedutor que fazia qualquer um esquecer o mundo ao redor. Ela me encantou. Me fez rir, sonhar, planejar. Em pouco tempo, me vi completamente entregue. Pedi sua mão, organizei um casamento digno de contos de fadas, e, por um tempo, vi
Me chamo Sophie Collins, tenho 26 anos e sou formada em Recursos Humanos. Sou loira, Olhos azuis e magra. Aquele padrão que agrada os olhos. Mas isso não significa nada para mim, a vida é muito mais do que os olhos conseguem enxergar. Hoje posso dizer que conquistei algo que muita gente subestima: a minha liberdade. Ainda não alcancei todos os meus sonhos, mas ter chegado até aqui viva, lúcida e com força para contar minha história, já é, sem dúvidas, a minha maior vitória. Quando eu tinha apenas doze anos, perdi meu pai. Ele era meu herói, minha referência, e sua morte deixou um buraco irreparável em mim. Logo depois, a nossa vida virou do avesso. Em menos de um ano, minha mãe se casou novamente. Na época, eu só queria que ela fosse feliz, que encontrasse alguém que cuidasse dela, de nós. E, no início, foi exatamente isso que ele parecia: um homem tranquilo, educado, gentil. Eu o chamava de "tio" por respeito, mesmo sem me sentir confortável. Mas com o tempo, esse “tio” revelou qu
Ethan Narrando O som do despertador ecoa pelo quarto antes mesmo que o sol ouse atravessar as cortinas. Meu braço se move mecanicamente até o aparelho sobre a mesa de cabeceira. A tela pisca com uma frase que eu mesmo programei: “Mais um dia de CEO.” — Como se eu precisasse de lembrete — murmuro com desdém, desligando o alarme. Me sento na beira da cama, esfregando o rosto com as mãos. Não porque esteja cansado, mas por puro hábito. Descanso é um luxo que não me permito, não quando carrego uma das maiores construtoras do país nas costas. Me levanto, caminho até o banheiro e encaro o reflexo no espelho. O olhar frio. Racional. Calculista. Escovo os dentes em silêncio. O barulho da água corrente é a única trilha sonora da minha manhã. Tomo um banho rápido, gelado. Sempre gelado. Acorda os músculos e a mente. De volta ao quarto, o closet já está aberto. Minhas camisas estão perfeitamente alinhadas por cor e tecido. Escolho uma branca, engomada, e combino com um terno azul-marinho
Sophie Narrando Faz dois meses que estou desesperada procurando trabalho. Acabou meu seguro-desemprego e a empresa onde trabalhei por quatro anos decretou falência. Pelo menos pagaram todos os nossos direitos, graças a Deus. Usei a rescisão e o meu FGTS pra dar entrada no nosso apartamento. A Lizandra também usou o dela e entrou como segunda compradora. Agora estamos morando num apê de dois quartos. Cada uma tem seu cantinho, mas não dá pra viver só esperando ela pagar tudo, muito menos as despesas do mês. Saio todos os dias cedo. Chuva, sol, tanto faz. De segunda a domingo, corro atrás de emprego. Nos finais de semana, estou fazendo um bico de garçonete numa hamburgueria aqui na Barra. O pessoal lá é legal, mas o que ganho mal dá pra cobrir metade das contas. Mesmo assim, não posso parar. Hoje, enquanto caminhava com meu maço de currículos na mão, dei uma risada sozinha. — Já pensou se me chamassem pra trabalhar na Ferraz Engenharia? — falei comigo mesma, com um sorriso cansado
Ethan Narrando Olhei para o relógio em meu pulso. Já passava das vinte e duas horas. A sala estava em silêncio, exceto pelo leve tique-taque do relógio de parede e o zumbido baixo do ar-condicionado. Entrevistas finalizadas. Currículos impecáveis, discursos ensaiados, sorrisos forçados. Nenhuma surpresa. Apenas uma delas me passou a determinada confiança que procuro. Sophie Collins. Jovem, objetiva, centrada. Não é que eu confie nela, ainda não, mas algo me diz que vale o teste. Talvez ela seja a pessoa certa. Peguei o celular e digitei uma mensagem rápida para minha secretária. — Ligue para Sophie Collins amanhã cedo. Diga que quero ela aqui, pontualmente às oito. Guardei o aparelho no bolso interno do paletó e levantei. Peguei meu casaco, desliguei as luzes do escritório e saí sem olhar para trás. O silêncio da noite me acompanhava no elevador até o térreo. O motorista já me esperava do lado de fora. Entrei no carro sem dizer uma palavra. O trajeto até minha casa foi rápido. A