Sophie Narrando Acordei com uma leve carícia no meu rosto e a voz baixa de Ethan me chamando. Pisquei algumas vezes até conseguir focar meu olhar. A sala ainda estava na penumbra, e levei alguns segundos para entender onde eu estava. Estávamos no sofá do escritório, nus, entrelaçados, cobertos apenas pela nossa própria presença.— Sophie — ele sussurrou outra vez. — Amor, precisamos ir.Arregalei os olhos por um instante. Ele me chamou de amor? Será que ouvi certo? Ou era apenas resquício do sonho delicioso que estava tendo com ele?Nos vestimos em silêncio, ainda meio sonolentos, trocando olhares discretos, cúmplices. A atmosfera entre nós tinha mudado depois do que aconteceu. Tinha sido muito mais do que só desejo. Eu sentia isso.Saímos da empresa no meio da madrugada, com o corredor silencioso sendo nosso único testemunho. O vento frio da noite me fez abraçar os próprios braços assim que saímos do prédio, e Ethan, abriu a porta do carro para mim.Entramos e seguimos o caminho até
Ethan Narrando Levei Sophie em casa, no caminho, ela virou o rosto para mim com um sorriso curioso.— Ethan, Você me chamou de amor quando me acordou? — perguntou ela.Neguei com a cabeça.— Não. Eu te chamei de Sophie — respondi de forma direta.Foi só depois que ela desceu do carro que a pergunta ecoou na minha mente com mais força. Eu realmente falei, na minha cabeça naquele momento. Talvez tenha sido o cansaço, ou talvez… talvez tenha sido um lapso.Respirei fundo, firmei o olhar na estrada e disfarcei qualquer vestígio de incômodo antes de estacionar em frente ao prédio dela. Quando Sophie se inclinou para sair, deu um beijo na boca dela, retribuí sem hesitar. Seus lábios suaves, o perfume doce e aquela forma serena de se despedir.— Boa noite, Ethan.— Boa noite, Sophie.Esperei ela entrar, e só então arranquei. Fui direto para casa. Nada de paradas, nada de pensar demais. Um banho rápido me ajudou a clarear um pouco as ideias. A água quente escorria pelos ombros enquanto minha
Sophie Narrando Enquanto o Ethan estava na reunião com o Sr. Wilker, aproveitei o momento de silêncio para arquivar alguns documentos pessoais dele. Eram papéis do fórum, coisas que ele mesmo tinha separado e deixado sobre minha mesa. Fiz tudo com muito cuidado, como sempre. Pouco depois, o interfone tocou, uma encomenda chegou, endereçada diretamente a ele. Assinei o recebimento e coloquei sobre a mesa dele, junto à caneta de metal que ele adora usar.Foi então que ouvi passos apressados no corredor. Quando os dois apareceram, pareciam uma tempestade prestes a desabar. Ethan estava transtornado. A feição dele era de pura raiva, os olhos faiscando como se o mundo tivesse acabado. O Sr. Wilker me lançou um sorrisinho cínico, como quem se diverte vendo o circo pegar fogo. Desviei o olhar imediatamente. Não sei o que aconteceu naquela reunião, mas também não quero que sobre para mim.Eles entraram na sala e fecharam a porta com força. Mesmo assim, os gritos do Ethan atravessavam o vidro
Ethan Narrando Fazia tempo que eu pensava em dar uma pausa, A correria da empresa, a cobrança, tudo isso tava começando a pesar nas minhas costas. Então, decidi passar o final de semana na casa de veraneio. Um sítio que quase nunca vou, mas que sempre foi um refúgio pra mim. Tem um casal que toma conta de tudo lá, cuida da casa, do jardim, dos animais. Eu não preciso me preocupar com nada, só descansar.Na verdade eu não vou lá desde a morte da Penélope, a última vez que fui lá, foi com ela, me lembro bem desse dia; pneu para encher o saco até a gente voltar. E ainda ficou chateada comigo, e passou a noite na casa dos pais.E eu sabia exatamente quem seria a companhia perfeita pra esses dias de paz: Sophie.Chamei ela pra ir comigo. Ainda tava criando coragem pra fazer o convite oficial, mas no fundo torcia pra que ela aceitasse. Sophie é diferente. Inteligente, divertida, profissional, e linda de um jeito que me deixa sem ar. Não tem pessoa melhor pra estar ao meu lado naquele lugar
Sophie Narrando Saímos do restaurante ainda rindo. O jantar tinha sido perfeito: Comida boa, conversa melhor ainda, e a companhia. bom, a companhia era simplesmente a melhor possível.Não sei nem comparar, ele na empresa, e fora dele, parece duas pessoas totalmente diferente. Como se lá ele fosse o Sr. Ferraz, e quando estamos a sós o Ethan, e eu prefiro o Ethan. Seguimos pro carro e, durante o trajeto, o silêncio entre a gente não era desconfortável. Pelo contrário, era um daqueles silêncios bons, que falam muita coisa sem precisar de palavra nenhuma.Olhei de canto pra ele, concentrado no volante, a expressão tranquila, os dedos batucando levemente no volante, acompanhando a música baixa no rádio.Ele parecia tão à vontade comigo, e eu me sentia da mesma forma. Era tão fácil estar com o Ethan. Tão natural.Quando ele estacionou na frente do meu prédio, meu coração deu aquele pulinho bobo.A verdade é que eu não queria que a noite acabasse tão rápido.— Chegamos — ele disse, virand
Ethan Narrando Acordei antes mesmo do despertador tocar, Meu corpo já estava acostumado. Não perdi tempo deitado pensando na vida como alguns fazem. Estiquei o braço, afastei o lençol e levantei num movimento seco. A primeira coisa que fiz foi ir até o closet. Racional, objetivo. Peguei uma mala média, comecei a organizar com precisão o que levaria: roupas sobressalentes, uma muda mais formal, uma casual e um traje esportivo mesmo sabendo que, provavelmente, não usaria.Dobrei cada peça com cuidado, coloquei sapatos alinhados no fundo da mala e finalizei com a nécessaire minimalista que já deixava pronta. Não levo nada além do essencial. Quando terminei, arrastei a mala até perto da porta, deixando-a ali, visível, como uma prioridade na minha lista mental.Entrei no banheiro, fiz minha higiene matinal sem pressa, mas também sem perder tempo desnecessário. Barba feita com lâminas novas, cabelo penteado para trás com as mãos. Um leve toque de perfume amadeirado no pescoço e punhos. Me
Ethan narrando Me chamo Ethan Ferraz, tenho 38 anos e sou CEO da maior construtora do país: a Ferraz Engenharia. Sou engenheiro civil por formação e, acima de qualquer título que carrego, sou apaixonado pela minha profissão. Dizem que o amor é cego. Mas eu diria que, às vezes, ele é estúpido. Eu, sou conhecido por Conduzir a maior construtora do país, conhecido como um estrategista implacável, o tubarão branco do mercado imobiliário, caí feito um amador nas armadilhas de um sentimento que, hoje, me envergonha. Eu me casei por amor. Acreditei que havia encontrado minha parceira de vida, alguém que construiria ao meu lado não apenas um império, mas também um lar. Penélope era filha de um dos meus maiores investidores. Linda, elegante, com um sorriso sedutor que fazia qualquer um esquecer o mundo ao redor. Ela me encantou. Me fez rir, sonhar, planejar. Em pouco tempo, me vi completamente entregue. Pedi sua mão, organizei um casamento digno de contos de fadas, e, por um tempo, vi
Me chamo Sophie Collins, tenho 26 anos e sou formada em Recursos Humanos. Sou loira, Olhos azuis e magra. Aquele padrão que agrada os olhos. Mas isso não significa nada para mim, a vida é muito mais do que os olhos conseguem enxergar. Hoje posso dizer que conquistei algo que muita gente subestima: a minha liberdade. Ainda não alcancei todos os meus sonhos, mas ter chegado até aqui viva, lúcida e com força para contar minha história, já é, sem dúvidas, a minha maior vitória. Quando eu tinha apenas doze anos, perdi meu pai. Ele era meu herói, minha referência, e sua morte deixou um buraco irreparável em mim. Logo depois, a nossa vida virou do avesso. Em menos de um ano, minha mãe se casou novamente. Na época, eu só queria que ela fosse feliz, que encontrasse alguém que cuidasse dela, de nós. E, no início, foi exatamente isso que ele parecia: um homem tranquilo, educado, gentil. Eu o chamava de "tio" por respeito, mesmo sem me sentir confortável. Mas com o tempo, esse “tio” revelou qu