Sophie Narrando Eu não esperava ver Ethan naquela boate. Na verdade, não esperava encontrar ninguém do trabalho, muito menos ele. Meu chefe. Sempre tão reservado, tão no controle. E ali estava ele, me olhando como se eu fosse a única mulher naquele lugar.Quando nossos olhares se cruzaram, senti o chão sair dos meus pés. Por um segundo, pensei em virar as costas, fingir que não vi. Mas então ele veio, firme, direto, dançamos e o beijo aconteceu.O beijo dele. Meu Deus.Quente. Possessivo. Uma delícia que me fez perder o ar.— Você tá linda, Sophie. — ele disse com a voz baixa, rouca, como uma carícia.— Obrigada, você também — murmurei, sem saber ao certo como manter o controle.Ele me puxou pela cintura, colando nossos corpos na pista de dança. O som da música, as luzes, as pessoas ao redor, tudo sumiu. Foquei só nele. No toque, no calor da boca dele, no jeito como suas mãos seguravam meu corpo como se soubesse exatamente o que fazer.Meu coração disparava. Não de forma boa o tempo
Ethan Narrando Acordei com a luz fraca entrando pela fresta das cortinas. Estiquei o braço instintivamente para o lado, mas encontrei apenas o vazio. O lençol estava frio, como se ninguém jamais tivesse deitado ali. Franzi o cenho. Virei o rosto e encarei o travesseiro ao lado, impecável. Sophie não estava mais na cama.Me levantei devagar, sentindo o peso da noite passada em meus músculos. O quarto estava em silêncio, apenas o som abafado do ar-condicionado preenchia o espaço. Caminhei até o banheiro. Vazio. Nenhum sinal dela.— Sophie? — chamei, a voz ecoando no silêncio da suíte. Nada.Revirei o quarto com os olhos. Nenhuma bolsa, nenhuma peça de roupa, nem mesmo o perfume dela pairava mais no ar. Desci as escadas. A casa inteira parecia mais fria do que deveria. Vasculhei a cozinha, a sala. Cada cômodo negava a presença dela.Ela foi embora.— Não é possível — murmurei, esfregando o rosto.Depois da noite que tivemos? Depois do jeito como ela me olhou, como gemeu meu nome, como
Sophie Narrando Consegui dormir um pouco pela manhã. Desliguei o celular assim que me deitei, precisava desse silêncio. Quando acordei, meu corpo parecia ter passado por uma maratona. Cada parte doía, como se eu tivesse levado uma surra, e minha Vagina estava só a graça. Tomei um analgésico e vesti uma calcinha confortável daquelas que a gente guarda para dias em que só quer existir sem pensar em sensualidade.Liguei a televisão no volume baixo e deixei um som suave tocando. Escolhi Legião Urbana, porque tem algo naquela melodia melancólica e nas letras sinceras que me abraçam por dentro. Enquanto a música preenchia o ambiente, comecei a preparar uma lasanha. Cozinhar sempre foi minha terapia, e hoje mais do que nunca, eu precisava disso.Só que por mais que eu tentasse me distrair, meus pensamentos insistiam em voltar para a noite passada. A noite nos braços do meu chefe. O toque dele, o jeito como me olhou, a forma como me fez sentir, tudo isso girava na minha mente como um filme
Ethan Narrando Cheguei na empresa às sete em ponto, como de costume. Gosto da rotina, da previsibilidade das manhãs. Mas hoje havia algo diferente no ar. Assim que as portas do elevador se abriram, fui invadido pelo perfume dela. Doce, elegante, marcante. O tipo de aroma que fica preso na pele e na memória.Nossos olhares se cruzaram por uma fração de segundo. Sophie estava sentada em sua mesa, como sempre impecável, mas havia algo no jeito como me olhou, algo que me atingiu como um soco no estômago.Passei por ela sem dizer uma palavra. Não confio na minha voz quando estou assim, bagunçado por dentro. Entrei na minha sala, fechei a porta e só então percebi que estava prendendo o ar. Soltei, devagar, tentando me recompor.Sentei à minha mesa e encarei a tela do computador por alguns minutos, sem realmente ver nada. Era impossível ignorar o peso daquela madrugada, o gosto do beijo dela ainda vivo na minha boca, o vazio que senti ao acordar e perceber que ela não estava mais lá.Ouvi t
Ethan narrando Me chamo Ethan Ferraz, tenho 38 anos e sou CEO da maior construtora do país: a Ferraz Engenharia. Sou engenheiro civil por formação e, acima de qualquer título que carrego, sou apaixonado pela minha profissão. Dizem que o amor é cego. Mas eu diria que, às vezes, ele é estúpido. Eu, sou conhecido por Conduzir a maior construtora do país, conhecido como um estrategista implacável, o tubarão branco do mercado imobiliário, caí feito um amador nas armadilhas de um sentimento que, hoje, me envergonha. Eu me casei por amor. Acreditei que havia encontrado minha parceira de vida, alguém que construiria ao meu lado não apenas um império, mas também um lar. Penélope era filha de um dos meus maiores investidores. Linda, elegante, com um sorriso sedutor que fazia qualquer um esquecer o mundo ao redor. Ela me encantou. Me fez rir, sonhar, planejar. Em pouco tempo, me vi completamente entregue. Pedi sua mão, organizei um casamento digno de contos de fadas, e, por um tempo, vi
Me chamo Sophie Collins, tenho 26 anos e sou formada em Recursos Humanos. Sou loira, Olhos azuis e magra. Aquele padrão que agrada os olhos. Mas isso não significa nada para mim, a vida é muito mais do que os olhos conseguem enxergar. Hoje posso dizer que conquistei algo que muita gente subestima: a minha liberdade. Ainda não alcancei todos os meus sonhos, mas ter chegado até aqui viva, lúcida e com força para contar minha história, já é, sem dúvidas, a minha maior vitória. Quando eu tinha apenas doze anos, perdi meu pai. Ele era meu herói, minha referência, e sua morte deixou um buraco irreparável em mim. Logo depois, a nossa vida virou do avesso. Em menos de um ano, minha mãe se casou novamente. Na época, eu só queria que ela fosse feliz, que encontrasse alguém que cuidasse dela, de nós. E, no início, foi exatamente isso que ele parecia: um homem tranquilo, educado, gentil. Eu o chamava de "tio" por respeito, mesmo sem me sentir confortável. Mas com o tempo, esse “tio” revelou qu
Ethan Narrando O som do despertador ecoa pelo quarto antes mesmo que o sol ouse atravessar as cortinas. Meu braço se move mecanicamente até o aparelho sobre a mesa de cabeceira. A tela pisca com uma frase que eu mesmo programei: “Mais um dia de CEO.” — Como se eu precisasse de lembrete — murmuro com desdém, desligando o alarme. Me sento na beira da cama, esfregando o rosto com as mãos. Não porque esteja cansado, mas por puro hábito. Descanso é um luxo que não me permito, não quando carrego uma das maiores construtoras do país nas costas. Me levanto, caminho até o banheiro e encaro o reflexo no espelho. O olhar frio. Racional. Calculista. Escovo os dentes em silêncio. O barulho da água corrente é a única trilha sonora da minha manhã. Tomo um banho rápido, gelado. Sempre gelado. Acorda os músculos e a mente. De volta ao quarto, o closet já está aberto. Minhas camisas estão perfeitamente alinhadas por cor e tecido. Escolho uma branca, engomada, e combino com um terno azul-marinho
Sophie Narrando Faz dois meses que estou desesperada procurando trabalho. Acabou meu seguro-desemprego e a empresa onde trabalhei por quatro anos decretou falência. Pelo menos pagaram todos os nossos direitos, graças a Deus. Usei a rescisão e o meu FGTS pra dar entrada no nosso apartamento. A Lizandra também usou o dela e entrou como segunda compradora. Agora estamos morando num apê de dois quartos. Cada uma tem seu cantinho, mas não dá pra viver só esperando ela pagar tudo, muito menos as despesas do mês. Saio todos os dias cedo. Chuva, sol, tanto faz. De segunda a domingo, corro atrás de emprego. Nos finais de semana, estou fazendo um bico de garçonete numa hamburgueria aqui na Barra. O pessoal lá é legal, mas o que ganho mal dá pra cobrir metade das contas. Mesmo assim, não posso parar. Hoje, enquanto caminhava com meu maço de currículos na mão, dei uma risada sozinha. — Já pensou se me chamassem pra trabalhar na Ferraz Engenharia? — falei comigo mesma, com um sorriso cansado