FelipeEu estava desesperado. Qualquer atitude precipitada eu seria capaz de tomar neste momento.Eu não podia deixar minha filha e minha loira nas mãos daquele merda!- É pelo visto ele não ligou e nem vai fazer contato. Ele está brincando com nossa cara. - PL falou.- Eu não vou esperar caralho nenhum. Vamo invadir aquela porra.- Mas vei... Nem sabemos se foi eles.- E foi quem? O meu pai? - falei irônico.- Pl se tu não quer me ajudar, beleza, eu recruto os caras e vou sozinho.- Não pô, eu tô contigo! - ele disse.- Só tô preocupado.- Beleza.Fiz todos procedimentos. Recarreguei as armas, chamei os caras, e ainda chamei aliados. Iria haver um confronto enorme entre as facções rivais.Eu não deixaria minha novinha lá nem a pau! Sou sujeito homem, e se eu fiz filho na mina, tirei ela lá do asfalto, agora eu vou deixar a mulher que eu amo morrer por um problema meu?Não mesmo.Eu já estava no carro. Vesti o colete e depois a camisa por cima, coloquei a Ak-47 no co
Voltamos para o morro, e eu ainda estava assustada com tudo o que havia acontecido, mas muito feliz por estar de volta. Eu pensava que sequestros com tiroteios e mortes só aconteciam em novelas. Claro, Manuela, você nunca saiu do seu "mundinho cor de bosta". Flávia veio correndo me abraçar quando me viu chegar na frente de casa. VT e os outros também me abraçaram, todos comemorando a vitória de Felipe contra Caveira.— Aquele merda já tinha passado da hora de morrer mesmo! — VT riu.— Como você está, minha cunhada linda? — Flávia disse.— Estou me recuperando de tudo... Foi um sofrimento da porra, pode crer!— Ialá. A patricinha tá aprendendo até a falar gírias. — Felipe brincou.— Haha, idiota. — revirei os olhos.Realmente, depois de tanto tempo convivendo com as pessoas daqui, eu aprendi a falar e me comportar como o pessoal daqui. Felipe me propôs um baile hoje para comemorar minha volta, mas eu recusei. Só queria um bom banho, uma cama e ele ao meu lado.Depois de tomar um banho
Manuela Dois meses se passaram, e minha barriga já estava enorme. Eu quase não aguentava andar, estava com sete meses de muito amor pela minha princesa.Ana Clara viria com muita saúde e, principalmente, amor dos pais. Eu e Felipe estávamos cada vez mais unidos. Nosso amor crescia a cada dia. A forma como ele me tratava era especial, e eu sentia tanto amor por esse homem. Era difícil explicar. Por diversas vezes, pensei que minha vida ia "virar de cabeça para baixo", mas Felipe provou o contrário. Ele demonstrou que mesmo um bandido pode amar, que os bandidos têm coração, e que as pessoas que vivem na favela também são gente boa.Hoje era meu aniversário, e eu estava completando vinte anos. Me sentia um pouco estranha, pois era o primeiro aniversário que passaria sem meus pais. Mas a vida é assim, cheia de reviravoltas.— Eu chegarei aí por volta das oito horas, prima. Estou morrendo de saudades! — Léo falava comigo ao telefone.— Tudo bem, eu também estou. Tenho que desligar, Léo, a
Manuela*Acordei suando frio, com pesadelos envolvendo minha mãe. Felipe, ao notar meu desconforto, perguntou com preocupação se estava tudo bem.— Está tudo bem, amor? — Ele murmurou, com voz sonolenta.— Sim, Lipe. — Respondi, tentando acalmar meu coração acelerado. — Podemos voltar a dormir.Ele apenas assentiu, me abraçou, e eu consegui pegar no sono novamente. Cerca de uma hora depois, acordei passando mal de fato. Minha barriga doía intensamente, e senti contrações irregulares. Meu coração batia mais rápido, e eu sabia que era a hora da minha princesa vir ao mundo.— O que foi, Manu? Eu te machuquei? — Felipe perguntou, visivelmente preocupado, enquanto se sentava na cama ao meu lado.— Não, Felipe. Eu acho que nossa filha vai nascer. — Minha voz denunciava o nervosismo.Ele saltou da cama, visivelmente atordoado, e corria a mão pelos cabelos, sem saber como reagir. Flávia, que dormia no quarto ao lado, rapidamente apareceu para ajudar, pegando a bolsa de maternidade que já esta
Felipe narrandoCamisa social, traje esportivo,smoking preto, resumindo, eu estava um verdadeiro magnata. Tinha que estar, afinal era o dia do meu casamento com a menina que mais amei em toda vida.- Nossa maninho, você está um verdadeiro príncipe negro. - Flávia me abraçou.- Aí, vai estragar minha roupitcha.- ri.- Obrigado irmã.- Você puxou a beleza do nosso pai. - sorriu fraco.- Eu sinto falta dele, do sorriso enorme que ele dava ao chegar em casa... Apesar da pouca idade eu me lembro.- E você parece com nossa mãe.- disse.- Lembro- me como se fosse hoje, nasceu tão branquinha, os cabelos na testa. - ri.- Eu todo babão, mas infelizmente, o destino nos separou com aquela tragédia.- Mas nos uniu de novo! - sorriu.- E agora estou arrumando meu irmãozinho para seu casamento. Falando nisso, tenho que correr, Manu precisa de mim.- me deu um beijo no rosto e saiu correndo.Estava soando frio, nunca pensei que iria ficar nervosa pra casar. Aliás,nunca pensei que iria casar. Ainda mais co
ManuelaAproximava-se a hora da lua de mel. De mãos dadas com Felipe, andávamos em direção a suíte de luxo no qual passaríamos uns dois dias de lua de mel.Felipe me carregou me jogando na cama, isso me fez sorrir. Era como nos filmes.- Você está gelada.- Felipe se aproximou de mim pegando em minhas mãos .- É nervosismo.- Já transamos muitas vezes Manu, e agora tu é minha esposa. Pra quê essa viadagem? - riu.- Ah homens. - revirei os olhos.- Eu vou no banheiro me espera ok?Ele assentiu e eu fui ao banheiro. Respirei fundo,estava de fato nervosa. Era minha lua de mel, quantas vezes eu sonhei com isso, em Paris,Londres... Mas está sendo mil vezes mais especial, é com o homem que amo, com meu neguinho, pai da minha filha.Tirei o vestido de noiva com maior cuidado e coloquei a lingerie que Flávia me ajudou a comprar. Após vestir eu parecia uma garota de programa, mas tudo bem, era por uma boa causa. Soltei os cabelos e me olhei no espelho. Eu estava feliz, am
Manuela Após a lua de mel, retornamos para casa, e eu pude matar a saudade da minha pequena princesinha. Estávamos de mudança para nossa nova casa, aqui no morro. Decidi não sair daqui, afinal, essa era a vida de Felipe, e agora era a nossa vida. O Morro do Vidigal havia se tornado tudo para mim: as pessoas, meus amigos, minha família.Na nova casa, Felipe estava imerso em seu jogo de Free Fire, enquanto eu segurava Clara nos braços e o repreendia.— Segura a Clara aqui, por favor. — Eu reclamei. — Você fica o tempo todo jogando essa droga. Cresça, Felipe.— Calma, amor, estou encerrando a partida, loira. — Ele tentou se explicar.— Isso já está virando um vício, Felipe. — Respondi, irritada, e, sem hesitar, desliguei o videogame.Ele ficou visivelmente chateado com minha atitude.— O que foi isso, Manuela? — Ele questionou, irritado.— Você estava jogando videogame enquanto estamos de mudança. — Reclamei.Felipe respirou fundo e pediu desculpas.— Eu errei, desculpa. — Ele se aproxi
**Felipe Narrando**Cheguei em casa mais cedo, ansioso para passar tempo com minhas duas princesas. Estava determinado a ser um bom homem para Manuela, deixando para trás meu passado conturbado. Lembro-me da tristeza que minha mãe enfrentou ao ser traída pelo meu pai, que era um traficante indiferente aos sentimentos dela. Meu pai, apesar de tudo, sempre foi um bom pai, mas a tragédia que ocorreu quando eles estavam se acertando abalou profundamente nossa família.Ao entrar em casa, não obtive resposta ao chamar por Manuela e Ana Clara. O silêncio predominava no andar de baixo. Sai em busca de Manuela e fui falar com os seguranças que protegiam nossa casa. Eles me informaram que ela estava em casa, mas algo parecia errado.Subi as escadas e a encontrei no quarto, abraçando suas próprias pernas enquanto estava em posição fetal. Ela parecia profundamente triste.— Manu, o que aconteceu, amor? — Perguntei preocupado, me aproximando dela.— Pensei que você não chegaria agora. — Ela se lev