Felipe narrandoCamisa social, traje esportivo,smoking preto, resumindo, eu estava um verdadeiro magnata. Tinha que estar, afinal era o dia do meu casamento com a menina que mais amei em toda vida.- Nossa maninho, você está um verdadeiro príncipe negro. - Flávia me abraçou.- Aí, vai estragar minha roupitcha.- ri.- Obrigado irmã.- Você puxou a beleza do nosso pai. - sorriu fraco.- Eu sinto falta dele, do sorriso enorme que ele dava ao chegar em casa... Apesar da pouca idade eu me lembro.- E você parece com nossa mãe.- disse.- Lembro- me como se fosse hoje, nasceu tão branquinha, os cabelos na testa. - ri.- Eu todo babão, mas infelizmente, o destino nos separou com aquela tragédia.- Mas nos uniu de novo! - sorriu.- E agora estou arrumando meu irmãozinho para seu casamento. Falando nisso, tenho que correr, Manu precisa de mim.- me deu um beijo no rosto e saiu correndo.Estava soando frio, nunca pensei que iria ficar nervosa pra casar. Aliás,nunca pensei que iria casar. Ainda mais co
ManuelaAproximava-se a hora da lua de mel. De mãos dadas com Felipe, andávamos em direção a suíte de luxo no qual passaríamos uns dois dias de lua de mel.Felipe me carregou me jogando na cama, isso me fez sorrir. Era como nos filmes.- Você está gelada.- Felipe se aproximou de mim pegando em minhas mãos .- É nervosismo.- Já transamos muitas vezes Manu, e agora tu é minha esposa. Pra quê essa viadagem? - riu.- Ah homens. - revirei os olhos.- Eu vou no banheiro me espera ok?Ele assentiu e eu fui ao banheiro. Respirei fundo,estava de fato nervosa. Era minha lua de mel, quantas vezes eu sonhei com isso, em Paris,Londres... Mas está sendo mil vezes mais especial, é com o homem que amo, com meu neguinho, pai da minha filha.Tirei o vestido de noiva com maior cuidado e coloquei a lingerie que Flávia me ajudou a comprar. Após vestir eu parecia uma garota de programa, mas tudo bem, era por uma boa causa. Soltei os cabelos e me olhei no espelho. Eu estava feliz, am
Manuela Após a lua de mel, retornamos para casa, e eu pude matar a saudade da minha pequena princesinha. Estávamos de mudança para nossa nova casa, aqui no morro. Decidi não sair daqui, afinal, essa era a vida de Felipe, e agora era a nossa vida. O Morro do Vidigal havia se tornado tudo para mim: as pessoas, meus amigos, minha família.Na nova casa, Felipe estava imerso em seu jogo de Free Fire, enquanto eu segurava Clara nos braços e o repreendia.— Segura a Clara aqui, por favor. — Eu reclamei. — Você fica o tempo todo jogando essa droga. Cresça, Felipe.— Calma, amor, estou encerrando a partida, loira. — Ele tentou se explicar.— Isso já está virando um vício, Felipe. — Respondi, irritada, e, sem hesitar, desliguei o videogame.Ele ficou visivelmente chateado com minha atitude.— O que foi isso, Manuela? — Ele questionou, irritado.— Você estava jogando videogame enquanto estamos de mudança. — Reclamei.Felipe respirou fundo e pediu desculpas.— Eu errei, desculpa. — Ele se aproxi
**Felipe Narrando**Cheguei em casa mais cedo, ansioso para passar tempo com minhas duas princesas. Estava determinado a ser um bom homem para Manuela, deixando para trás meu passado conturbado. Lembro-me da tristeza que minha mãe enfrentou ao ser traída pelo meu pai, que era um traficante indiferente aos sentimentos dela. Meu pai, apesar de tudo, sempre foi um bom pai, mas a tragédia que ocorreu quando eles estavam se acertando abalou profundamente nossa família.Ao entrar em casa, não obtive resposta ao chamar por Manuela e Ana Clara. O silêncio predominava no andar de baixo. Sai em busca de Manuela e fui falar com os seguranças que protegiam nossa casa. Eles me informaram que ela estava em casa, mas algo parecia errado.Subi as escadas e a encontrei no quarto, abraçando suas próprias pernas enquanto estava em posição fetal. Ela parecia profundamente triste.— Manu, o que aconteceu, amor? — Perguntei preocupado, me aproximando dela.— Pensei que você não chegaria agora. — Ela se lev
**Manuela Narrando**Nos últimos dias, passei muito tempo com meu pai. Acompanhei-o nas sessões de quimioterapia, saímos para fazer atividades simples como ir ao shopping, e vivemos mais juntos em semanas do que em quinze anos. Eu estava feliz, e o quadro clínico do meu pai estava melhorando. O câncer não se mostrou tão agressivo, o que significava que ele teria uma chance de sobreviver.Com esse novo começo, eu estava determinada a perdoar todas as pessoas que me magoaram, inclusive a mim mesma. Eu também não era santa, havia agido de forma má e egoísta, escolhendo amizades com base no dinheiro e adotando outros comportamentos prejudiciais. Percebi que esses traços eram herança da mulher que chamei de mãe durante toda a minha vida. No entanto, não guardava rancor dela; acredito que tudo acontece por um motivo, e Deus me trouxe para cá por uma razão.Às vezes, fico refletindo sobre a jornada ao lado de Felipe. Ele nunca desistiu de mim, assumiu nossa filha e fez de tudo para me fazer
**Manuela** **Dois anos depois** Agora vocês estão diante da nova estudante de moda do RJ! Nos últimos anos, vivi muitas coisas boas. Voltei a estudar, investi tudo na educação da minha filha e, com apenas dois anos de idade, ela já faz aula de dança. Tenho muito orgulho da minha princesinha. Felipe tem se mostrado um maravilhoso marido, e eu pensei que, com o tempo, ele mudaria, e realmente mudou para melhor. Acredito que não podemos julgar ninguém pelas aparências. Eu mesma, quando vivia minha vidinha de merda, só andava com gente da sociedade, e aí? Todo mundo me abandonou quando precisei. O pessoal daqui da comunidade jamais faria isso. Eu tinha um relacionamento ótimo com meu pai. Perdoei-o e agradeci por não ter me abandonado e me odiado. Muitos pais, quando perdem suas mulheres no parto, odeiam as crianças. Ele está apaixonado novamente, por uma mulher maravilhosa chamada Aline, que é uma ótima madrasta e amiga. Estou muito feliz por ele. Hoje era o aniversário do meu amor
ManuVoltei ao morro após um tempo que pareceu uma eternidade. Era estranho pisar novamente nas ruas que me viram crescer, com aquelas casas de cores vivas e os becos estreitos que eu conhecia como a palma da minha mão. A saudade apertava meu peito, mesmo sabendo que estava voltando para minha família e meus amigos de longa data.Assim que desci do carro e coloquei os pés na calçada irregular, uma onda de nostalgia me envolveu. O cheiro das comidas de rua misturado com o barulho de risadas e música alta era como uma melodia familiar. As paredes grafitadas com mensagens de esperança e resistência me lembravam de onde eu vinha e das lutas que enfrentávamos juntos.Caminhei pelas ruas estreitas, cumprimentando os vizinhos e amigos que passavam. As crianças brincavam animadas na calçada, e eu sorri ao ver seus rostos alegres. Uma parte de mim desejava que Ana Clara pudesse crescer aqui, com todas essas crianças que a receberiam de braços abertos.Enquanto subia a ladeira em direção à casa
O churrasco estava marcado para o dia seguinte, e enquanto eu me arrumava na frente do espelho, refletia sobre a jornada que me trouxe de volta ao morro. Meu vestido era simples, mas elegante, um contraste com a vida agitada que eu havia abraçado.Felipe estava ao meu lado, ajudando-me com os últimos ajustes, seu olhar carregado de admiração. Ele havia conquistado muito desde que deixamos o morro, e agora vivíamos em uma casa espaçosa lá em noronha, mas o rio de janeiro é o meu lugar, mas o amor que compartilhávamos era o mesmo que nos uniu desde todo o inicio complicado.Eu mudei tanto. Uma patricinha que queria tirar o proprio filho, odiava a todos. Eu era mesquina e reconheço, mas tudo isso foi parte da minha criação. Eu não odeio Mirelle, pelo contrario , tenho pena dela. Mas sinto alivio por ela não ser a minha mãe de sangue eu confesso. Meu pai me mostrou fotos de Gabriela, minha verdadeira mãe, a minha filha era sua cópia fiel. Minha mãe era linda, olhos azuis cabelos loiros as