[ Dois meses depois ]
— Já escolheu? Ou ainda está enrolando? - Francisco entrou no escritório com duas xícaras de café e entregou uma ao filho.
— Não é enrolação, pai! Eu preciso escolher a pessoa certa, a pessoa ideal. Não posso vacilar nisso.
— Ele tem razão - Selena, tirou os olhos de um dos currículos e encarou o marido — Não podemos deixar uma pessoa sem experiência cuidar do nosso neto, Francisco.
— Ela tem que ser perfeita, pai.
— Eu sei, campeão. Mas você está há três dias olhando esses papéis. Meu neto pode nascer a qualquer momento e você ainda não se decidiu - Francisco levou a xícara até os lábios e depois encarou os olhos assustados do filho — Seja lá quem for, você não vai conhecê-la inteira através de um papel. Você precisa dar chance a uma delas, a que parecer mais confiável para você agora. Depois você pode mudar, claro, mas precisa saber que a escolhida precisa se preparar. Não dá pra você esperar o Ben nascer para ligar para qualquer uma e dizer que ela está contratada.
— Seu pai está certo, querido - Selena se levantou, ainda com um currículo nas mãos e o colocou na frente do filho — Veja esse. Ela se formou em pedagogia há um ano e já tem experiência com recém nascidos.
— Então, finalmente, já temos uma candidata? - Francisco perguntou.
Sebastian pegou o currículo, muito bem organizado, entre as mãos e passou os olhos pelas informações.
— Esse currículo não estava entre os que eu recebi, mãe.
— Eu sei. Eu o Trouxe - Sebastian a olhou — Ela é a filha da Jane.
— A minha antiga babá?
— Sim! - Selena sorriu — Ela pode não precisar mais cuidar de você, mas eu ainda mantenho contato com ela. Fiquei sabendo que a filha dela, por ventura, estava precisando de um emprego e eu pedi a ela o currículo da menina.
Sebastian voltou o olhar, novamente, para o currículo.
— Isso é perfeito - Francisco bateu as mãos e se levantou, a xícara agora estava vazia e havia sido deixada em cima da mesa do filho — Jane foi perfeita. Ela sempre cuidou muito bem de você. E fico feliz em saber que aquela garotinha que brincou varias vezes com você, tenha seguido os passos da mãe.
— Eu não lembro dela - Sebastian encarou os pais.
— Claro. Você só tinha sete anos quando a viu pela última vez. Depois ela foi morar com o pai, em outra cidade - Selena passou as mãos no cabelo do filho e deixou um beijo ali — Acho que ela pode ser a escolhida, meu amor. Jane sempre foi honesta e uma ótima babá.
— Eu sei! Eu gostava muito dela.
— Então posso dizer a ela que Ana está contratada?
Sebastian encarou, mais uma vez, o currículo a sua frente antes de acenar positivamente para a mãe.
— Ótimo! - Selena bateu as mãos — Vou ligar para a Jane e dar a notícia a ela.
— Certo! Apenas diga que Ben pode nascer a qualquer momento, e que a Ana precisa ir lá em casa antes. Quero conhecê-la e explicar algumas coisas a ela.
— Ok!
Assim que seus pais saíram do seu escritório, Sebastian arquivou todos os currículos, menos o da nova babá. Jane havia sido uma ótimo babá para ele. Ela havia saído da casa dos Peterson há cerca de dez anos, quando Sebastian fez dezoito anos.
Ele ainda não conhecia a mulher que iria cuidar do seu filho, mas já poderia respirar melhor. Um peso já havia sido tirado de suas costas, finalmente ele teria alguém para ajudá-lo a cuidar de seu filho.
No dia seguinte, Sebastian não foi trabalhar. Ele participou, virtualmente, de uma reunião no escritório de casa e teve a ajuda de uma empregada para preparar a mesa de café da manhã. Ele iria receber a futura babá do seu filho e queria explicar tudo.
— Sebastian, ela chegou - Lúcia, a senhora de quarenta e cinco anos, que o ajudava na casa duas vezes por semana, o informou.
— Obrigada, Lúcia - o empresário, e futuro papai, sorriu para a diarista e antes de dispensá-la, ele puxou a carteira do bolso e pagou os dias trabalhados daquela semana.
Assim que chegou na sala, Sebastian encarou a mulher que estava de costas para si.
— Próxima semana na terça? - Lúcia o chamou, afim de confirmar seu próximo dia de trabalho.
— Ah, eu não sei quando o Ben irá nascer, mas entro em contato, ok? - Sebastian sentiu que a mulher, ainda desconhecida por si, virou e o encarou, mas ele ainda sorria para a diarista.
— Claro, querido - Lúcia deu um beijo na bochecha do patrão e o desejou muitas felicidades pelo nascimento do filho.
Assim que Lúcia saiu, os olhos de Sebastian caíram na mulher parada no meio de sua sala, dessa vez, virada para si.
— Bom dia, senhor Peterson. Me chamo Ana Sanchez.
— Sebastian.
— Como?
— Me chame apenas de Sebastian - Ana sorriu e acenou com a cabeça — Bom, Lúcia, a senhora que acabou de sair é minha diarista. Ela vem umas duas vezes por semana aqui em casa e dá uma organizado geral em tudo - a mulher acenou com a cabeça — Se eu não estiver em casa e você precisar de algo, pode perguntar a ela. Mas peço que se for relacionado ao meu filho, que me ligue diretamente.
— Claro - a babá sorriu.
— Creio que você já saiba que sou pai solteiro.
— Sim.
— Eu...não terei com quem contar, além dos meus pais e de você. Nos primeiros dias, acho que até o primeiro mês do Ben, eu trabalharei em casa. Quero acompanhar essa nova rotina, que será novidade pra mim, e quero que você me ajude a cuidar dele e aprender tudo o que for necessário. Desde fazer mamadeira, até trocar as fraldas e dar banho.
— Tudo bem! Pode contar comigo.
— Que bom - Sebastian retribuiu o sorriso da babá — Você mora longe?
— Um pouco. Hoje, de carro, eu demorei uns trinta minutos até chegar aqui.
— Certo. Será que...até eu me acostumar a cuidar do Ben, você poderia ficar mais perto?
— Mais perto, como?
— Aqui em casa. Eu tenho um quarto vago ao lado do quarto do Ben. Desculpa fazer esse convite de cara, mas é que eu estou assustado com o fato de ficar sozinho com ele. Pelo menos no primeiro mês, por favor.
A babá, no começo, estranhou aquele convite. Ela sabia que teria que ficar mais perto nos primeiros meses, mas normalmente os pais pagavam um apartamento barato e pequeno, com o suficiente para ela ficar. Mas, apesar de ter estranhado aquilo, ela entendeu o lado do seu novo chefe. Ele era um pai solteiro, de primeira viagem. Com certeza precisaria de toda ajuda possível.
— Tudo bem! Eu posso ficar aqui.
— Ótimo! - Sebastian sorriu — Ah...você já tomou café da manhã? Por que eu preparei uma mesa de café da manhã para nós dois.
— Oh, eu tomei sim. Mas te acompanho, enquanto eu tiro algumas dúvidas.
— Claro, vamos lá!
Sebastian se levantou primeiro e guiou Ana até a mesa de café da manhã. Durante o caminho já foi apresentando algumas coisas para ela.
— Sim, sim! Eu já cuidei de um casal de gêmeos recém nascidos - ela levou a xícara até os lábios e assoprou o café antes de tomá-lo.
— E ficou com eles por quanto tempo?
— Ah, os gêmeos foram os últimos bebês que cuidei. Fiquei com eles por seis meses.
— Entendi - Sebastian deu uma mordida grande na torrada e acabou se melando com a geleia de pêssego — Droga! - ele puxou um guardanapo para se limpar, enquanto ouviu uma risada baixa da mulher.
Depois do café da manhã acompanhado, Sebastian guiou a babá em um tour pela casa e apresentou o quarto onde Ben iria ficar.
— É lindo - ela ficou apenas na porta do quarto, não entrou e muito menos tocou em algo. Ela sabia que as coisas do bebê deveriam ficarem higienizadas e que não deveria sair tocando em tudo antes de lavar as mãos. Sebastian notou isso.
— Eu espero que ele goste - ele sorriu e gostou de arrancar uma risadinha da mulher.
— Tenho certeza de que ele irá amar, senhor Peterson.
— Sebastian - ele a corrigiu.
—Sebastian - Ana acenou com a cabeça e voltou a encarar o quarto do bebê que ainda não havia nascido — Quando devo me mudar? - foi a pergunta que ela fez assim que chegou na sala. Ela já estava de saída.
— Bom, eu não sei ao certo quando ele irá nascer, mas eu entro em contato, tudo bem? Se eu não estiver muito nervoso com o parto, eu te ligo. Caso contrário, minha mãe entrará em contato com você.
— Certo. Eu vou indo, então! - ela estendeu a mão para o Sebastian. Este que não demorou muito a retribuir o gesto, logo apertando a mão da nova babá — Foi um prazer te conhecer, Sebastian.
— O prazer foi todo meu, Ana.
— Até mais!
— Até!
Sebastian a guiou até o carro e acenou assim que ela saiu de sua garantem. Logo, seu celular o notificou de uma nova mensagem.
“E aí? Como foi? Me conta! Gostou dela?” - mamãe.
Era apenas uma mensagem de sua mãe, lhe fazendo várias perguntas, como sempre. Ele respondeu rapidamente a mãe, dizendo que havia gostado sim da futura babá do seu filho.