Gabriel foi para casa e o bar dele não parecia ter álcool o suficiente, porém, ele não queria sair. Ele não queria ver pessoas. — Que inferno! — ele jogou o copo contra a parede, ouvindo o utensílio se espatifar. Ele colocou a cabeça entre as mãos e sentiu as lágrimas descendo pelo rosto. Ele lembrou que Milana disse que aquele homem era o padrasto dela. Gabriel soltou uma risada.— Ela nem sabe mentir direito! — ele torceu a boca em desgosto. No entanto, a dúvida já estava ali. E se fosse mesmo? E se… e se ele tivesse entendido as coisas errado? E se o homem e Milana não tivessem qualquer relacionamento amoroso? Gabriel não sabia mais o que pensar e a cabeça dele doía terrivelmente. Ele resolveu ir para o banheiro e tomar um banho frio, para poder se deitar e tentar dormir. No dia seguinte ele teria uma reunião — ainda bem que não seria pela manhã, ou ele estaria ferrado. Wayne esperou até que Milana dormisse e voltou para casa. Ele segurava o volante com força. — Como é que aqu
Milana estava sentada, lendo, quando o interfone tocou. Ela tinha feito uma senhora reclamação sobre qualquer um poder subir. — Alô? — ela falou após apertar o botão. — Mi… — ela reconheceria aquela voz. — Preciso… falar com você! — Você está bêbado, Gabriel. Vá embora. — Não! — ele choramingou e Milana fechou a ligação, voltando para o sofá. O interfone voltou a tocar e ela ignorou. E de novo, e de novo. — Milanaaaaa! — ela ouviu o grito de Gabriel do lado de fora. Era baixo, bem baixinho, porém, se ela podia ouvir, imagine os vizinhos de andares mais abaixo? — Mas que droga! — a delegada reclamou e foi para o interfone. — Vá embora! — Não! Amor… por favor… “Não seria melhor resolver logo isso?”, ela se perguntou. O problema era ele estar bêbado. Milana decidiu descer e pedir que Gabriel se fosse. Se ele a visse, talvez ficasse satisfeito e fosse embora! Ela pegou as chaves, o celular e desceu. Ao chegar lá, Gabriel estava apertando os botões dos interfones e ela o empurrou.
Ollie estava furioso! A alegria de que Wayne finalmente tinha se aquietado e encontrado uma mulher, a fim de constituir família, não durou! Enquanto tomava café da manhã, ele ligou a TV, esperando que o jornal acabasse e o programa de culinária dele tivesse início. Porém, antes de terminar, a notícia veiculada era sobre Gabriel e o término do namoro dele com a modelo — uma que Ollie não gostou nada, porém, ele não queria se meter no relacionamento do neto sem ter certeza das primeiras impressões que teve. E, para a surpreso do idoso, a mulher que Wayne estava se relacionando apareceu como a terceira parte! — Mas ela tá grávida! — Ollie cuspiu as palavras, reclamando sozinho. O mordomo ouviu e suspirou. — Onde está o telefone, onde? Eu preciso falar com o Wayne AGORA MESMO!O mordomo correu para pegar o aparelho e o entregou ao patrão, junto com um copo de água e pediu que fosse preparado um chá de camomila. — Acalme-se, senhor — ele falou e Ollie bebeu um gole da água. — Não acred
Gabriel tentou ligar, mas Milana rejeitou. Ele tentou de novo e o número estava bloqueado. É claro que ele não podia nem mesmo mandar mensagem, pois ela não receberia. — Mas que bosta! — Gabriel gritou e Tristan o encarava. — Me empresta seu telefone! — O meu? — Tristam perguntou e soltou um muxoxo, mas pegou o aparelho de dentro do bolso do paletó. — Por favor, não faz ela vir me prender! — Me poupe! — Gabriel rosnou e pegou o celular, discando o número de Milana. — Atende… aten… Oi! Milana? Não, não desliga! Por favor, precisamos conversar! Mi-Milana? Milana? Merda! Ele tentou ligar de novo e, claro, o número estava bloqueado. Gabriel ia jogar o aparelho no chão, mas Tristan se adiantou e amorteceu a queda com as mãos em concha. — Uffa! — não é que ele não pudesse comprar um aparelho novo, mas ele não queria perder certas coisas que ele tinha ali! E seria uma dor de cabeça ter que comprar outro, configurar e tudo… Gabriel parou por um segundo, virou-se e pegou o paletó, a cart
— Gabriel Ryan, não me teste! — a voz dela estava carregada de mágoa e Gabriel sentiu aquilo. Um aperto no peito o fez arfar. — Amor, temos que conversar. Eu falo sério. — Não temos o que falar. Você segue a sua vida, eu sigo a minha. É isso! — Inferno, não é! — Gabriel retrucou e aproveitou que Milana afrouxou o aperto e se virou. Um dos pulsos dele estava com a algema pendurada. — Milana, esse bebê é meu? Ela olhou para ele, séria, então Gabriel percebeu os lábios dela descendo, como se ela estivesse com nojo de alguma coisa. Não, não de alguma coisa. Dele. — Esse filho é meu. Não tem nada a ver com você — a resposta de Milana fez Gabriel sentir não só a garganta secar, como o coração afundar. — Mi… — Por favor, senhor Ryan, vá embora. Eu vou deixá-lo livre, dessa vez, mas não volte a me procurar. Se nos encontrarmos no futuro, fora daqui, manteremos apenas o decoro — Milana o olhava, mas era como se não o fizesse. O olhar dela estava vazio. — Saia da minha sala. — Você tá c
Milana inspirou fundo e virou o rosto, fechando os olhos. — Conversar o quê? Gabriel não confia em mim. E isso que nem estávamos namorando! Imagine como seria se eu aceitasse um compromisso com ele? Wayne segurou a mão de Milana por cima da mesa e deu um leve apertão, fazendo com que ela lhe olhasse. — Veja, você não precisa estar com ele para que ele assuma e faça parte da vida do seu bebê — Wayne soltou o ar. — Se ele quiser assumir a criança que é dele, não quer dizer que você deve namorar ou casar, Milana. Aquilo era verdade, Milana sabia disso, porém, o que a incomodava era a possibilidade de Gabriel decidir que a criança não era dele, no meio do caminho. E se ele resolvesse que ela tinha se deitado com outro e novamente, a humilhasse? Aquela não era a vida que ela desejava para o filho dela. E ela deixou isso claro para Wayne. — Compreendo completamente o seu medo. Porém, ainda assim, você pode tentar. Eu vou estar com você, vou te apoiar. Como amigo ou… como você desejar —
Wayne reconheceu a mulher imediatamente. Vendo-a de perto e com calma, ele podia notar como ela estava pálida, com os olhos fundos, com olheiras e as bochechas levemente encovadas. Ainda assim, ela era bonita. E os olhos… Wayne achava difícil desviar a atenção deles. Jane estendeu a mão. Ela tinha achado Wayne impressionante, mas não achou que falaria com ele novamente. Muito menos tão cedo. A amiga dela, Sonia, quando ouviu sobre o médico, ficou toda contente, mas Jane a cortou logo. “Se nem saudável um homem desses olharia para mim, imagine doente!”— Oh, o senhor! — ela o reconheceu do esbarrão no outro dia. Ollie olhou de um para o outro. Então, o semblante dela ficou mais sério. — Doutor, sou Jane. Seu pai se machucou. Wayne virou o rosto e olhou melhor para o pai. Ele tinha sido informado de um acidente, ou algo assim, mas no momento em que chegou perto, ele só conseguiu olhar para a mulher chamada Jane. — Como isso aconteceu? — ele colocou a mão no idioso, que balançou de le
A pergunta de Wayne foi no automático, porém, nada bem recebida pelo sobrinho. — E onde que isso é da sua conta? — Gabriel e ele pareciam aqueles desenhos, onde raios vermelhos de energia saem dos olhos dos personagens e se chocam, tamanha é a competição e raiva. — Não se manca? — Gabriel! — Aqui, você não é o meu tio, é apenas o cara que tá tentando conquistar a minha garota! Wayne olhou em volta e percebeu que alguns policiais e funcionários pareciam mais do que interessados na discussão calorosa e fez sinal para que Gabriel o seguisse para fora. Este não se mexeu. — Se prefere não falar, ok, mas eu estou indo! Gabriel se deu conta, finalmente, de que estava fazendo uma “cena”, e seguiu Wayne para fora. O médico entrou no próprio carro e Gabriel abriu a porta do passageiro e sentou-se ali. — Muito bem, é hora de colocarmos tudo pra fora! — Gabriel falou e Wayne assentiu, ligando o carro. Ele começou a dirigir. — O que você sente pela Milana? — Por que não me diz o que VOCÊ s