— E se continuar com essa merda, vai sair dela antes dele, também — Gabriel deu dois passos para trás ao ouvir Milana. Ele respirou fundo. — Milana, você e eu estávamos indo bem. Até eu pegar você conversando com aquele cara sobre ter uma criança que você não queria visitar! Milana se sentou no sofá, sentindo–se tonta. Gabriel deu um passo em direção a ela, mas Wayne já estava ali. — Eu não tenho filha nenhuma! Quando foi isso? — Na mesma semana que… que eu te dispensei — Gabriel disse, engolindo em seco. — O único “cara” com quem eu falei foi com Brenan — ela olhou para Wayne. — O meu padrasto. Gabriel começou a rir. — Padrasto? Se duvidar, o cara é mais novo do que o meu tio Wayne, porra! — Gabriel olhou com deboche para Wayne, insinuando que ele era velho. — Quer saber? Eu to indo embora. — Gabriel, espera — Wayne disse. Ele sentia que as coisas seriam finalmente esclarecidas! Ele queria Milana, mas não atrapalharia a vida dela! — Eu não quero saber. Dane-se! Ela, você,
Gabriel foi para casa e o bar dele não parecia ter álcool o suficiente, porém, ele não queria sair. Ele não queria ver pessoas. — Que inferno! — ele jogou o copo contra a parede, ouvindo o utensílio se espatifar. Ele colocou a cabeça entre as mãos e sentiu as lágrimas descendo pelo rosto. Ele lembrou que Milana disse que aquele homem era o padrasto dela. Gabriel soltou uma risada.— Ela nem sabe mentir direito! — ele torceu a boca em desgosto. No entanto, a dúvida já estava ali. E se fosse mesmo? E se… e se ele tivesse entendido as coisas errado? E se o homem e Milana não tivessem qualquer relacionamento amoroso? Gabriel não sabia mais o que pensar e a cabeça dele doía terrivelmente. Ele resolveu ir para o banheiro e tomar um banho frio, para poder se deitar e tentar dormir. No dia seguinte ele teria uma reunião — ainda bem que não seria pela manhã, ou ele estaria ferrado. Wayne esperou até que Milana dormisse e voltou para casa. Ele segurava o volante com força. — Como é que aqu
Milana estava sentada, lendo, quando o interfone tocou. Ela tinha feito uma senhora reclamação sobre qualquer um poder subir. — Alô? — ela falou após apertar o botão. — Mi… — ela reconheceria aquela voz. — Preciso… falar com você! — Você está bêbado, Gabriel. Vá embora. — Não! — ele choramingou e Milana fechou a ligação, voltando para o sofá. O interfone voltou a tocar e ela ignorou. E de novo, e de novo. — Milanaaaaa! — ela ouviu o grito de Gabriel do lado de fora. Era baixo, bem baixinho, porém, se ela podia ouvir, imagine os vizinhos de andares mais abaixo? — Mas que droga! — a delegada reclamou e foi para o interfone. — Vá embora! — Não! Amor… por favor… “Não seria melhor resolver logo isso?”, ela se perguntou. O problema era ele estar bêbado. Milana decidiu descer e pedir que Gabriel se fosse. Se ele a visse, talvez ficasse satisfeito e fosse embora! Ela pegou as chaves, o celular e desceu. Ao chegar lá, Gabriel estava apertando os botões dos interfones e ela o empurrou.
Ollie estava furioso! A alegria de que Wayne finalmente tinha se aquietado e encontrado uma mulher, a fim de constituir família, não durou! Enquanto tomava café da manhã, ele ligou a TV, esperando que o jornal acabasse e o programa de culinária dele tivesse início. Porém, antes de terminar, a notícia veiculada era sobre Gabriel e o término do namoro dele com a modelo — uma que Ollie não gostou nada, porém, ele não queria se meter no relacionamento do neto sem ter certeza das primeiras impressões que teve. E, para a surpreso do idoso, a mulher que Wayne estava se relacionando apareceu como a terceira parte! — Mas ela tá grávida! — Ollie cuspiu as palavras, reclamando sozinho. O mordomo ouviu e suspirou. — Onde está o telefone, onde? Eu preciso falar com o Wayne AGORA MESMO!O mordomo correu para pegar o aparelho e o entregou ao patrão, junto com um copo de água e pediu que fosse preparado um chá de camomila. — Acalme-se, senhor — ele falou e Ollie bebeu um gole da água. — Não acred
Gabriel tentou ligar, mas Milana rejeitou. Ele tentou de novo e o número estava bloqueado. É claro que ele não podia nem mesmo mandar mensagem, pois ela não receberia. — Mas que bosta! — Gabriel gritou e Tristan o encarava. — Me empresta seu telefone! — O meu? — Tristam perguntou e soltou um muxoxo, mas pegou o aparelho de dentro do bolso do paletó. — Por favor, não faz ela vir me prender! — Me poupe! — Gabriel rosnou e pegou o celular, discando o número de Milana. — Atende… aten… Oi! Milana? Não, não desliga! Por favor, precisamos conversar! Mi-Milana? Milana? Merda! Ele tentou ligar de novo e, claro, o número estava bloqueado. Gabriel ia jogar o aparelho no chão, mas Tristan se adiantou e amorteceu a queda com as mãos em concha. — Uffa! — não é que ele não pudesse comprar um aparelho novo, mas ele não queria perder certas coisas que ele tinha ali! E seria uma dor de cabeça ter que comprar outro, configurar e tudo… Gabriel parou por um segundo, virou-se e pegou o paletó, a cart
— Gabriel Ryan, não me teste! — a voz dela estava carregada de mágoa e Gabriel sentiu aquilo. Um aperto no peito o fez arfar. — Amor, temos que conversar. Eu falo sério. — Não temos o que falar. Você segue a sua vida, eu sigo a minha. É isso! — Inferno, não é! — Gabriel retrucou e aproveitou que Milana afrouxou o aperto e se virou. Um dos pulsos dele estava com a algema pendurada. — Milana, esse bebê é meu? Ela olhou para ele, séria, então Gabriel percebeu os lábios dela descendo, como se ela estivesse com nojo de alguma coisa. Não, não de alguma coisa. Dele. — Esse filho é meu. Não tem nada a ver com você — a resposta de Milana fez Gabriel sentir não só a garganta secar, como o coração afundar. — Mi… — Por favor, senhor Ryan, vá embora. Eu vou deixá-lo livre, dessa vez, mas não volte a me procurar. Se nos encontrarmos no futuro, fora daqui, manteremos apenas o decoro — Milana o olhava, mas era como se não o fizesse. O olhar dela estava vazio. — Saia da minha sala. — Você tá c
Milana inspirou fundo e virou o rosto, fechando os olhos. — Conversar o quê? Gabriel não confia em mim. E isso que nem estávamos namorando! Imagine como seria se eu aceitasse um compromisso com ele? Wayne segurou a mão de Milana por cima da mesa e deu um leve apertão, fazendo com que ela lhe olhasse. — Veja, você não precisa estar com ele para que ele assuma e faça parte da vida do seu bebê — Wayne soltou o ar. — Se ele quiser assumir a criança que é dele, não quer dizer que você deve namorar ou casar, Milana. Aquilo era verdade, Milana sabia disso, porém, o que a incomodava era a possibilidade de Gabriel decidir que a criança não era dele, no meio do caminho. E se ele resolvesse que ela tinha se deitado com outro e novamente, a humilhasse? Aquela não era a vida que ela desejava para o filho dela. E ela deixou isso claro para Wayne. — Compreendo completamente o seu medo. Porém, ainda assim, você pode tentar. Eu vou estar com você, vou te apoiar. Como amigo ou… como você desejar —
Wayne reconheceu a mulher imediatamente. Vendo-a de perto e com calma, ele podia notar como ela estava pálida, com os olhos fundos, com olheiras e as bochechas levemente encovadas. Ainda assim, ela era bonita. E os olhos… Wayne achava difícil desviar a atenção deles. Jane estendeu a mão. Ela tinha achado Wayne impressionante, mas não achou que falaria com ele novamente. Muito menos tão cedo. A amiga dela, Sonia, quando ouviu sobre o médico, ficou toda contente, mas Jane a cortou logo. “Se nem saudável um homem desses olharia para mim, imagine doente!”— Oh, o senhor! — ela o reconheceu do esbarrão no outro dia. Ollie olhou de um para o outro. Então, o semblante dela ficou mais sério. — Doutor, sou Jane. Seu pai se machucou. Wayne virou o rosto e olhou melhor para o pai. Ele tinha sido informado de um acidente, ou algo assim, mas no momento em que chegou perto, ele só conseguiu olhar para a mulher chamada Jane. — Como isso aconteceu? — ele colocou a mão no idioso, que balançou de le