Inconveniente

Archer se virou com calma. Ele não queria ter parado em loja nenhuma porque se alguém o reconhecesse…  

— Quem é você? — Ele perguntou, franzindo a testa. Aquela pessoa não lhe era estranha. 

O homem, de cabelos curtos e óculos, com uma barba cheia, sorriu, estendendo a mão. 

— Eu sou David Thomas! — Ele se apresentou e Archer inspirou fundo. Aquele era o "repórter perigo". O homem que sempre entregava os maiores furos das celebridades. 

"Mas que inferno!", Archer praguejou mentalmente. Ninguém sabia da existência de Rose. Ele não havia informado ao público, ainda mais que a mãe da criança havia simplesmente a abandonado na porta da casa dele e sumido! 

Eve se aproximou, Rose no colo e o bebê-conforto na outra mão. 

— Prontinho — Ela falou, esticando o cartão Black para Archer. 

— Quem é essa? — David perguntou, sorridente. — E que criança mais linda! 

— Não vê que é a filha deles? —  A senhora idosa, que não havia se afastado, respondeu. Archer apertou os lábios, pensando que a mulher era muito inconveniente! 

Não tinha como alguém dizer que Rose não era ligada consanguineamente a Archer. Eve negou com a cabeça e abriu a boca para dizer que ela era a apenas a babá, mas foi surpreendida pelas palavras que saíram da boca de Archer. 

— Minha noiva e eu preferimos discrição, por favor, senhor Thomas —  Archer sorriu e passou a mão pelo ombro de Eve, que ainda estava sem ação, olhando o patrão de boca aberta.

— Ah, compreendo. Mas o público feminino sonha com uma chance de conquistar o solteiro mais cobiçado de Denver! — Thomas disse e olhou para Eve, que estava vestida de maneira simples. — Além disso… Ninguém teria sonhado que o senhor está noivo. Há duas semanas… 

Archer limpou a garganta e viu também os olhos de David Thomas direcionados para a mão de Eve. 

— Nós tivemos contratempos. Mas agora, —  ele olhou para Eve, com um sorriso que ela poderia tranquilamente chamar de "arrebatador",  — estamos mais juntos do que nunca. 

Os olhos de David Thomas brilharam. 

— A mídia vai adorar… 

— Não. Eu…—  Archer olhou em volta e sorriu simpático. — Eu prometo que vou avisar quando for o momento. E o senhor vai poder nos entrevistar em primeira mão, se souber esperar.  

David saiu feliz dali, enquanto Archer estava mais do que azedo. 

— Senhor Galloway…—  Eve começou a falar, já dentro do carro. Ela nem sabia como abordar o assunto. 

— Conversaremos sobre isso depois que eu voltar do trabalho. 

Ela apenas concordou com a cabeça. 

— E as minhas coisas… 

— Pegaremos amanhã. 

— Senhor Galloway, eu preciso de roupas e… 

— Minha nossa, você não cala a boca nunca? — Ele soltou o ar, irritado. — Resolveremos tudo quando eu sair do trabalho. Agora, eu preciso mesmo ir para a reunião! 

O carro entrou em uma garagem subterrânea e Archer estacionou em uma vaga destinada ao apartamento da cobertura. Ele desceu do carro e Eve fez o mesmo. 

Sem falar nada, Archer pegou a mala de Rosie no porta-malas e se encaminhou para o elevador exclusivo da cobertura. 

— Este aqui é o cartão. Use sempre esse elevador. —  ele levantou a mão, segurando o tal cartão e o passando no leitor ao lado da porta do elevador. As portas abriram e eles entraram. 

O apartamento era amplo, com uma sala que era do tamanho do apartamento de Eve. Ela estava de boca aberta, pois ela só tinha visto aquele tipo de coisa na televisão. 

Archer colocou a mala de Rose na sala e suspirou, ajeitando o paletó. 

— Não perca a chave. Eu tenho uma comigo. Me ligue apenas se houver emergência. Não diga a ninguém que é a babá da minha…—  ele engoliu em seco. — filha.

— Eu não tenho o seu contato, senhor Galloway.

Archer esticou a mão e Eve a olhou, sem entender. Ele revirou os olhos. 

— Me dê o seu celular!  

Eve se segurou para não dar uma resposta malcriada e pegou o aparelho dela. Archer olhou o celular velho dela, com a tela quebrada e levantou uma sobrancelha, sem dizer nada. Depois, leu o QR code da sua rede social e adicionou o próprio número. 

— Pronto. —  Ele se virou para sair e Rose, que estava acordada, levantou os bracinhos e soltou uma risadinha típica de bebês. Eve notou como ele pareceu tentado, mas virou o rosto. — Lembre-se, apenas emergências! Mais tarde eu volto aqui, 

Sem mais, ele se virou e saiu. 

— Homem antipático! —  Eve soltou baixinho e pegou Rose no colo. — Você não vai ser como ele, não é, meu amor? Rabugenta! Não… Você é uma princesinha. Uma princesinha que precisa de banho. 

O dia transcorreu bem, exceto pelo fato de que Eve estava morrendo de fome .Não havia nada na geladeira além de água. A comida que tinha na casa eram as papinhas de Rose. 

A pequena dormia e Eve se recostou no balcão da cozinha, até que foi sacudida e acordou atordoada. 

— Você está dormindo em serviço? —  A voz grossa de Archer soou acima dela e Eve se despertou. Ela se levantou rápido demais e sentiu um impacto contra a própria cabeça, seguido de um som abafado de dor. 

Archer estava segurando o próprio nariz, com lágrimas nos olhos. 

— Meu Deus! — Ele reclamou e Eve se pôs de pé, totalmente desperta. 

— Senhor Galloway! 

— Você… Ficou louca? —  Ele choramingou, mas os olhos de Archer estavam cheios de rancor.

— Foi sem querer! —  Eve se virou e foi até o freezer, tirando gelo de lá e enrolando as pedras em um saco transparente e as entregou a Archer, que já estava sentado no sofá. Ele tomou o gelo da mão dela e o colocou no nariz. 

— Você é um perigo, senhorita Johnson! — Ele balançou a cabeça. — Me pergunto se é apta a cuidar de um bebê! 

— É claro que sou! — Eve respondeu e então, mordeu o lábio e se sentou ao lado dele, aproximando o rosto, tentando ver o estado do nariz de Archer. A proximidade dela o fez engolir em seco. 

Os olhos castanhos de Eve estavam preocupados por trás das lentes e Archer sentiu vontade de tirar os óculos da moça. O olhar dele desceu para o nariz pequeno dela e então, para os lábios cheios. 

"Totalmente beijáveis", Archer pensou. 

Eve finalmente se deu conta da proximidade deles. Os olhos verdes de Archer estavam focados nos lábios de Eve e ela corou ao perceber isso. 

— Senhor Galloway. —  Ela o chamou, a voz saindo um pouco rouca devido ao nervosismo, — Me desculpe. Não foi por querer. De verdade. 

— E como pretende me compensar? —  Archer perguntou antes mesmo de pensar. 

— Eu… O que o senhor quer dizer? — Eve perguntou nervosa. Archer levantou os olhos e então, a encarou. 

— Você me machucou, senhorita Johnson. Não acha que eu mereço algo em troca? 

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