Entre logo!

Eve deu um passo para trás e colocou a mão na cabeça da criança, como se a consolasse após ouvir aquelas palavras horríveis. 

“Esse homem não merece esse neném lindo!”, Eve ficou chorosa. Ela não compreendia como um pai podia falar daquele jeito. 

— O que você quer dizer com isso? — Shannon questionou. 

— Tem um apartamento. Roselyn vai ficar lá com a babá, eu as manterei com tudo o que for necessário. 

— Menos a sua presença. — Shannon parecia chorar. 

— Eu não posso, ok? Ainda não consigo digerir isso.

— Se não saísse por aí com mulheres aleatórias, em vez de se casar de uma vez, isso não teria acontecido!”

— Não vou discutir! — Archer falou e o som dele se afastando foi ouvido por Eve.

Eve retornou para dentro do quarto e fez a criança dormir. 

Quando já estava para sair, Shannon estava na sala, esperando por ela. 

— Você nem jantou! — Ela disse. 

— Não tem problema. Vou comer em casa. — Eve respondeu e sorriu fraco. — Até amanhã, sra. Ballilis.

— Eve… Eu tenho que te dizer uma coisa, — Shannon remexeu os dedos. — Hmm, meu irmão acha que é melhor você e Rose ficarem em outro apartamento. Ele é solteiro, homem… Talvez não seja muito bom todos juntos. Não sei se compreende.

Eve fingiu que não tinha ouvido a conversa anterior. E, enquanto fazia a pequena Rose dormir, ela havia decidido que ficaria ali no emprego não só pelo dinheiro, mas pela criança. O pai não cuidaria dela, a tia tinha a própria família. A bebê passaria de babá em babá e aquilo era terrível.

— Claro, sra. Ballilis. Não se preocupe. Boa noite!

— Boa noite!

Quando chegou em casa, Eve estava morta de fome, mas também de cansaço. Os meios de transporte estavam escassos e ela morava longe do casarão. No fim, ela tomou um banho e foi dormir. Precisaria acordar cedo na manhã seguinte. 

Por sorte, a síndica do prédio não estava, havia viajado. Portanto, Eve teria tempo de falar com Shannon e perguntar se seria possível um adiantamento. 

No caminho para Greenwood, Eve se perguntou quem ficaria com a criança pela noite, já que o pai não morava no tal apartamento. 

Assim que chegou à casa de Shannon, Eve a viu descendo as escadas, pronta para sair. 

— Ah, que bom que chegou! Eu volto a trabalhar hoje, — Shannon anunciou e sorriu. 

— Sra. Ballilis, desculpe perguntar, mas… Quem mais vai ficar com a pequena? Quero dizer, eu ficarei com ela pela manhã e tarde, não?

Shannon mordeu o lábio. 

— Sobre isso… Até encontrarmos outra babá, você se incomoda de ficar com Rose, integralmente? — Shannon tinha súplica nos olhos. —Pagaremos o dobro! 

Quando tinha aceitado o emprego, Eve pensou que o pai da criança ficaria com ela, após o trabalho e Eve poderia ir para casa. No entanto, morar com a criança, apenas as duas, significaria que ela não teria nem mesmo um dia de folga. 

"Mas se eu não aceitar, como a pobrezinha vai ficar?" Eve se questionou. 

— Eu entendo, sra. Ballilis,

— Me chame de Shannon, por favor. — Shannon abriu um sorriso caloroso. — Se está tudo de acordo, eu preciso ir. A senhora Barlow está no quarto com Rose. E quando Archer chegar, ele vai te levar até o apartamento onde vocês duas ficarão.

Eve concordou com a cabeça e foi para o quarto onde a pequena se encontrava. 

— Bom dia, senhora Barlow! Eu vou levar a Rose pra tomar um Sol, nos jardins. Eu posso usar a cozinha para preparar um suco para ela?

A idosa levantou o olhar, com um sorriso simpático no rosto. 

— Pode deixar que eu preparo, querida. Leve Rose para o jardim. Ela adora as plantas! 

Eve sorriu e saiu dali com a pequena, que ficou afoita de alegria ao ver Eve. 

A criança estava claramente se divertindo muito com as borboletas voando próximas às flores e Eve ficou encantada. 

Um limpar de garganta fez com que Eve virasse a cabeça, encontrando um Archer sério, olhando-a como se pudesse lhe arrancar algo. 

“A alma!”, ela pensou, estremecendo. 

— Está pronta? — Ele perguntou, sem muita emoção na voz. 

— Ah, sim, estou! — Eve respondeu e sorriu, levantando-se do banquinho. Ela mordeu o lábio e olhou nos olhos de Archer. — O senhor viu como Rose adora borboletas?

Archer respirou fundo, sem olhar para a criança. 

— Se está com tudo pronto, vamos logo. Eu não posso me demorar, tenho uma reunião marcada.

Eve enrugou os lábios e começou a empurrar o carrinho da pequena para dentro da casa. 

Por mais que ela quisesse insistir e fazer Archer se conectar com a filha, ela achou melhor não o fazer. E se ele se irritasse e a demitisse? 

“Não vou abandonar Rose!” Eve decidiu. 

Archer pegou a mala de Rose, que a senhora Barlow deixou preparada e então, olhou em volta. 

— Cade as suas coisas? — Ele perguntou, o cenho franzido. 

— Eu só fui informada que ficaria de vez em uma casa com Rose esta manhã. — Eve explicou. — Não preparei nada.

Archer puxou o ar entre os dentes e estalou a língua. 

— Passaremos na sua casa. Você pega as suas coisas e pronto.

— Mas, senhor Galloway, não tem como eu arrumar tudo bem rápido e ainda colocar meus pertences todos no seu carro! E depois… Como é que eu vou voltar lá, se terei que ficar com Rose? 

Ele levantou a sobrancelha, já andando para a porta do quarto. 

— Leve-a com você. — A forma como ele falou pareceu a Eve que ele queria que ela levasse a criança para ela, e não voltasse mais. Ela respirou fundo. 

— Minha vizinhança não é das melhores. Inclusive, acho melhor o senhor esperar por mim enquanto eu vou buscar minhas coisas sozinha. O seu carro… Bom, vai chamar atenção. — Ela terminou de falar, já perto da porta de entrada, onde o carro de Archer estava estacionado e podia ser visto pela janela. 

— Nem pensar. — Ele respondeu diretamente. — Vamos logo! Eu não disse que tenho uma reunião?

— O senhor é muito estúpido! 

Archer, que estava abrindo a porta de entrada, parou de se mover e se virou lentamente para Eve. Ele não disse nada, mas o olhar dele indicava que sua paciência estava perto de se esgotar. 

Ele abriu o porta-malas e colocou ali a bolsa da criança. Depois, abriu a porta de trás para que Eve pudesse entrar com Rose. 

— Não tem o bebê-conforto. — Eve disse, olhando para o interior do carro. 

— É só você levar Rose no colo.  

— Mas a cadeirinha para bebês é exigida por lei…

Archer revirou os olhos. 

— Pelo amor de Deus, dá pra você entrar nesse carro?

Eve fez uma careta e entrou. 

— Podemos comprar a cadeirinha para a Rose no caminho?

— Deus… — ele murmurou. — Certo!

Sorridente, Eve atracou o cinto de segurança e segurou Rose muito bem nos braços. 

Eles pararam na loja de bebês mais próxima e, enquanto Eve acompanhou a vendedora, Archer ficou para trás. Ele estava cercado de roupas de bebê. 

— A filha de vocês é tão linda! — Uma mulher mais velha falou, com os olhos sonhadores. — Dá pra ver como ela é apegada à mãe!

— Obrigado, mas ela não…— Archer olhou na direção das duas e viu Eve interagindo com a pequena, e, realmente, elas pareciam mãe e filha. Um sorriso apareceu involuntariamente no rosto dele. 

— Fique tranquilo. Logo essa bebê linda vai estar correndo atrás do senhor. Qual o nome dessa lindeza?

— Rose. — Ele respondeu. 

— Senhor Galloway? — Uma voz masculina soou atrás de Archer, que gelou. 

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