Capítulo 30 Don Alexei Kim Saí do quarto com Sofia nos braços, sentindo o calor dela acalmar minha própria irritação. Ela tinha finalmente relaxado, aninhada em meu peito, mas acordou, e seus pequenos olhos curiosos me observavam enquanto eu descia o corredor em direção ao quarto de Zaia. Mesmo com toda minha impaciência, Sofia tinha algo que me trazia paz, uma espécie de simplicidade que quase fazia o resto da vida parecer um pouco menos intensa. Bati na porta e Zaia apareceu rapidamente, com um sorriso gentil. Ela pegou Sofia e começou a embalá-la de imediato, como se soubesse exatamente o que fazer. Observei-as por um instante, notando como Sofia se ajeitava de forma natural no colo dela. — Se precisar de alguma coisa, me avise — disse para Zaia, com o tom frio que me era habitual. Ela assentiu, sorrindo de leve, enquanto eu me afastava em direção ao escritório. Fechei a porta atrás de mim e me recostei na cadeira, finalmente respirando fundo. Aparentemente,
Capítulo 31 Maria Luíza Duarte Acordei com Alexei de cara fechada, me olhando. Parecia querer me fuzilar, mas foda-se, eu não vou virar boneca dele. — Vai trabalhar? Acho que vou dar uma volta na casa, ainda não conheci tudo — comentei, empurrando a coberta. — Vou trabalhar. Mas quero que fique no quarto hoje — olhei pra ele respirando forte, esse homem está procurando briga, ou é impressão minha? — Por quê? O sangramento já parou ontem, posso caminhar, ver a Sofia, quero conhecer a... — de repente me cortou. — Você não ouviu? Eu disse que vai ficar aqui. — ele estava irritado, e agora também fiquei. Me virei completamente para aquele demônio que hoje não iria me fazer se encantar. — Qual é? Eu não estou entendendo... — Quero que leia os termos do que assinou na cerimônia. Tem coisas que precisa saber, e de hoje não passa — estava frio como uma pedra. — Eu não vou ler. Já fiquei o dia todo no quarto ontem, hoje quero sair — levantei da cama, ele veio atrás de
Capítulo 32 Don Alexei Kim Permaneci ali, parado ao lado da cama, observando Maria Luíza encolhida sob o edredom que eu havia puxado até seus ombros. A expressão vazia em seus olhos ainda me incomodava, como se ela estivesse longe, perdida em algum lugar que eu não poderia alcançar. Estendi a mão, hesitante, e passei os dedos por seus cabelos úmidos, tentando quebrar aquele silêncio denso. Ela estremeceu, o que me fez perceber o quanto estava fria, mesmo sob as cobertas. Sem pensar muito, tirei as minhas roupas molhadas e sentei-me ao lado dela, a puxei para meu peito, envolvendo-a em um abraço firme. Senti seu corpo tenso sob o meu toque, mas lentamente ela começou a relaxar, respirando mais profundamente contra meu peito. Era um progresso, ainda que pequeno. — Malu — chamei baixo, sentindo a frieza em meu tom de voz se dissolver aos poucos. — Você estava no chuveiro por quanto tempo? Ela desviou o olhar, fixando-o em um ponto na parede. Tentei não me irritar
Capítulo 33 Maria Luíza Duarte Era estranho, mas depois de finalmente contar para Alexei sobre aquele episódio da minha infância, uma parte do peso pareceu sair dos meus ombros. Aquele vazio que havia me cercado, aos poucos cedia, e, embora meu coração ainda estivesse apertado, era reconfortante saber que ele escutou cada palavra sem me interromper. Ele não era um homem carinhoso ou compreensivo, mas, naquele momento, me ouviu, e queria ser ouvida. Depois de um tempo, nos vestimos e descemos para jantar com a família dele. A mesa estava posta, o ambiente era bem diferente do que eu esperava; era sofisticado demais. Me lançaram olhares curiosos, e logo começaram as conversas, com pratos servidos e uma atmosfera estranha sem a Ana que deve ter voltado pra faculdade, e sem a Sofia. Eu estava mais tranquila, até que Anton resolveu se aproximar, com um sorriso presunçoso e o tom claramente provocativo. — Então, Maria Luíza, dizem que você é a mais frágil entre as
Capítulo 34 Don Alexei Kim É claro que mandei apagar o retardado que olhou para Maria Luíza. Além de ser estúpido, vi uma tatuagem de catedral, é bandido da pior laia, e não pertence a nenhuma corporação sócia da família Kim. Levei Malu para o carro sem dizer uma palavra, a raiva queimando dentro de mim. Aquele idiota ousou encará-la como se tivesse algum direito, e só a ideia já me revirava o estômago. Ela era minha. E ele havia cruzado uma linha que não podia ser perdoada. Durante o caminho até minha casa, olhei para ela de relance várias vezes, mas Malu desviava o olhar, parecia pensativa, e isso me irritava mais. Ela deveria estar entendendo o quanto isso tudo estava mexendo comigo, o quanto eu me importava, mas não, ela apenas olhava para o chão, o rosto impassível. Assim que chegamos, puxei-a para dentro com pressa, trancando a porta do quarto atrás de nós. — Hoje vou saber exatamente qual é o seu gosto. Se sua boceta é tão doce quanto sua boca..
CAPÍTULO 35 Don Alexei Kim Entrei no carro com a mente ainda em chamas, as mãos firmes no volante enquanto revisava mentalmente o que tinha que fazer. Ajustei o coldre no peito, conferi a pistola e deixei outra arma ao meu lado no banco. Olhei pelos retrovisores, vendo mais dois carros dos meus soldados me escoltando. A missão era importante, mas algo sobre deixar Malu daquele jeito, com aquele olhar pra mim, me incomodava mais do que eu queria admitir. Peguei meu celular, fiz uma ligação: — Nazar, verifique se a minha esposa está bem daqui a uma hora. Se ela não abrir a porta, me avise, porque da outra vez ninguém se preocupou em me avisar que ela ficou no banho o dia todo. — Eu vou levar uma hora e meia pra chegar, pode ser? Estou um pouco longe, como sabe. — Ok, eu vejo pela câmera quando parar o carro. O que aconteceria, não é? — Seu pai foi acompanhar sua mãe no hospital, e Anton... — Ela teve alguma melhora? A minha mãe teve alguma reação, Naz
CAPÍTULO 36 Don Alexei Kim Assim que Malu se acalmou um pouco, fui até o armário, peguei uma roupa seca para mim e uma camiseta larga e um short para ela. Me troquei o mais rápido possível e, em seguida, aproximei-me para ajudá-la a se vestir. Ela ainda tentava me agarrar, seus dedos puxando a barra da minha camisa, e seus olhos brilhando com um desejo insaciável. Esse comportamento, claramente fora do normal, só aumentava minha preocupação. É claro que seu gosto na minha boca estava me deixando louco, mas eu não faria nada com ela assim. Mantive minha paciência, apesar das tentativas dela de me puxar e desfazer as roupas que eu acabei de colocar nela. Em outro momento, esse jogo teria outra dinâmica, mas agora só havia um pensamento martelando na minha cabeça: algo estava seriamente errado. — Pronto, Malu — murmurei, colocando-a deitada na cama e ajustando o cobertor sobre ela. Ela se enroscou, parecendo exausta, mas ainda com aquele brilho nos olhos que m
Capítulo 37 Don Alexei Kim Ouvindo Maria Luíza falar, parecia difícil pensar que ela estivesse mentindo agora. Só que as histórias não batem, preciso averiguar o que aconteceu de verdade, já chega de supor. — Era você no lago? — perguntei confuso. — Provavelmente. Porque não me lembro de eu e Duda já termos trocado de chapéu. Sabe como são gêmeas, desde pequenas usávamos roupas iguais, depois parecidas, mas sempre de cores diferentes — olhei bem pra ela, estava irritada. — As vezes me esqueço que são gêmeas, tão parecidas pra quem olha de longe como olhei... — Comece a prestar mais atenção a alguns detalhes. Principalmente por ser um Don. Eu a olhei de perto, examinando cada traço que eu havia deixado de notar antes. A suavidade das linhas do rosto, o brilho sereno dos olhos. Era como se, pela primeira vez, eu visse a verdadeira mulher ao meu lado e me desse conta da intensidade dela. — Então, talvez fosse você, Malu — murmurei, com um peso no peito a