Capítulo 84 Maria Luíza Duarte Depois de toda a confusão, levei minha sogra de volta para o quarto. Alexei estava ocupado lidando com o médico, com o pai, e Anastasia, que provavelmente exausta com tudo, decidiu se recolher. Aproveitei a solidão para tentar entender o que havia acontecido. Algo me dizia que Olga tinha as respostas, mesmo que sua forma de comunicar fosse limitada. Coloquei-a cuidadosamente na cama e ajeitei os travesseiros atrás dela. Seu olhar ainda estava perdido, mas havia algo mais ali agora: medo. Sentei ao seu lado, segurando sua mão, tentando transmitir calma. — Dona Olga, eu sei que está difícil... mas eu preciso que confie em mim — comecei, tentando manter a voz firme e tranquilizadora. — O que aconteceu hoje? Quem era aquela mulher? Por que a senhora e o Maxim reagiram daquela forma? Ela me olhou profundamente, como se estivesse avaliando minha sinceridade. Por um momento, pensei que ela fosse recuar, mas então apontou para o criado-mudo. Peg
Capítulo 85 Maria Luíza Duarte Nazar dirigia em silêncio, o clima tenso no carro refletindo a tormenta de pensamentos na minha cabeça. Ainda segurava os bilhetes escritos por Dona Olga, dobrados com cuidado no bolso do casaco. A revelação que ela havia feito pesava em minhas mãos como um segredo complicado demais para ser ignorado. Ao chegarmos ao hospital, Nazar parou o carro na entrada e abriu a porta para mim. — Vou levar a senhora até o Don. Ele está com o senhor Maxim. — Sua voz era firme, mas havia um traço de preocupação em seu tom. Assenti e o segui pelos corredores iluminados do hospital com uns oito soldados ao meu redor. Ao nos aproximarmos da sala onde Alexei estava, Nazar fez um sinal para que eu esperasse. — Vou ficar aqui com o senhor Maxim. Pode seguir. Ele está te esperando na próxima sala, eu já o avisei. Parei por um instante para recuperar o fôlego antes de abrir a porta. Alexei estava de pé, com a expressão fechada, olhando pela janela. E
Capítulo 86 Don Alexei Kim A noite estava fria, e a tensão em meu peito só aumentava. Dei instruções rápidas aos homens para cuidarem de meu pai. Nazar me ajudava a escoltar Malu de volta para casa. No trajeto, não trocamos muitas palavras. Era difícil processar tudo que havia acabado de descobrir. Assim que chegamos, fiz sinal para Nazar me acompanhar até o escritório. Malu hesitou por um momento na sala, mas eu sabia que ela estava exausta e precisando de descanso. — Malu, vá descansar. Tenho assuntos para resolver com Nazar. — Minha voz era firme, mas não rude. Ela me olhou com preocupação, mas assentiu. — Qualquer coisa, me avise. — Antes de subir, lançou um último olhar na minha direção. No escritório, fechei a porta e me joguei na cadeira atrás da mesa. A tensão no ar era iminente. Nazar permaneceu em pé, esperando minhas ordens em silêncio, com a mesma postura disciplinada de sempre, e Fred ao lado. — Precisamos agir rápido. — Peguei o telefone, pronto para instruir Fred
Capítulo 87 Don Alexei Kim O caminho até o endereço que Maicon enviou foi feito em silêncio. Nazar dirigia com as mãos firmes no volante, enquanto três de meus homens nos seguiam em outro carro. Chegamos ao local. Uma mansão de luxo, com muros altos e uma entrada discreta, mas imponente. O bairro era familiar. Desci do carro, observando a casa por alguns instantes, e uma sensação desconfortável tomou conta de mim. Eu conhecia aquele lugar. — Não pode ser aqui... — murmurei, mais para mim mesmo. Nazar franziu o cenho, aproximando-se com cautela. — Algum problema, Don? — perguntou. — Já estive nesta casa antes. Foi em um evento, como convidado de Vladislav. — Cruzei os braços, minha mente trabalhando rápido. — Não faz sentido Ayla morar aqui. Essa casa é dele. — Vladislav? O Vladislav que você conhece? — Nazar parecia tão confuso quanto eu. — O mesmo. — Peguei o celular e disquei para Maicon, ignorando o frio na espinha que me dizia que havia algo muito errado nisso tu
Capítulo 88 Ayla O silêncio no interior da van era cortado apenas pelo som abafado das correntes que prendiam Maxim. Ele estava amarrado, desamparado, e finalmente sob meu controle. O olhar de desdém e superioridade que ele sempre usava havia desaparecido, substituído por uma expressão de pânico. Ele sabia que sua vida estava em minhas mãos, mas ainda assim tentava manter a pose. — Finalmente, Maxim. Quantos anos você passou achando que sairia impune de tudo o que fez? Quantas noites dormiu tranquilo, acreditando que nunca mais cruzaríamos o mesmo caminho? Ele não respondeu, apenas me encarou com os olhos semicerrados, como se calculasse a melhor maneira de sair daquela situação. Patético. Levantei-me do banco, aproximando-me devagar. O cheiro metálico do sangue no ar misturava-se ao suor frio que escorria por sua testa. Peguei um dos instrumentos na bancada improvisada da van — um pequeno bastão metálico, sólido o suficiente para fazer estragos, mas não o bastante para matá-
Capítulo 89 Don Alexei Kim Eu pensei que ficaria louco enquanto subíamos a estrada que levava até minha casa. A sensação de que algo estava terrivelmente errado não me abandonava. Nazar dirigia como se pudesse ler minha urgência, os olhos fixos na estrada enquanto eu tamborilava os dedos contra o braço do banco, a mente uma tempestade de pensamentos. Quando finalmente chegamos, desci do carro antes mesmo que ele parasse por completo, ignorando os olhares dos homens à minha volta. — Anastasia! — Gritei, entrando na casa com passos apressados. Os olhos de Malu encontraram os meus assim que atravessei a sala. — Alexei, o que houve? — Ela parecia preocupada, mas eu não tinha tempo para explicações. — Onde está Anastasia? — perguntei, a voz mais dura do que pretendia. Malu franziu o cenho, um brilho de hesitação passando por seus olhos. — Ela está no quarto, não está? Subiu há algum tempo. Não esperei para ouvir mais. Subi as escadas a passos largos, meu cor
Capítulo 90 Don Alexei Kim Chegamos em casa sob uma atmosfera pesada. O carro parou em frente à mansão, e, assim que desci, ouvi os gritos de Anastasia ecoando pela entrada. Ela estava completamente fora de si. Nazar permaneceu ao meu lado, segurando Yuri pelo braço, enquanto meus homens mantinham a segurança ao redor. — Traga o rapaz para o porão. — Minhas palavras saíram cortantes, mas controladas. — Quero ele bem guardado até que eu decida o que fazer. Nazar assentiu, puxando Yuri sem cerimônia, enquanto os gritos de Anastasia se intensificavam. — Alexei! Você não pode fazer isso! Ele não fez nada de errado! — Ela desceu as escadas correndo, os olhos vermelhos de chorar, tentando passar pelos homens que bloqueavam sua passagem — Fui eu quem o quis, eu que me entreguei a ele! — Anastasia! Já chega! — Minha voz ecoou como um trovão, fazendo-a recuar por um instante — Que porra, você só fez merda! O que acha que vai acontecer agora? Tem noção do problema que nos
Capítulo 91 Don Alexei Kim As paredes de pedra do porão que estávamos, abafavam os sons, tornando o ambiente perfeito para conversas que ninguém mais deveria ouvir. Nazar abriu a pesada porta de ferro, revelando Yuri amarrado a uma cadeira no centro da sala. A luz de um único abajur iluminava seu rosto, onde o medo e a confusão eram evidentes. Caminhei lentamente em direção a ele, a cada passo minha raiva aumentava. Yuri levantou a cabeça, o olhar fixo em mim, mas não havia desafio em seus olhos, apenas uma mistura de pavor e desespero. — Yuri Pushkin. — Minha voz saiu baixa, mas carregada de autoridade. — Parece que você tem muito a explicar. Ele engoliu em seco, mas manteve-se em silêncio. Nazar permaneceu ao meu lado, observando, pronto para agir caso eu precisasse. — Quem é você, de verdade? — perguntei, me aproximando até estar a centímetros dele. — O que estava fazendo com a minha irmã? — Eu... Eu não sei do que você está falando. — Sua voz era hesitante. Inclin