Capítulo 206 Anastasia Kim A sala de estar estava cheia de vozes animadas, mas meu coração parecia bater fora de sintonia. Eu estava ali, sentada no círculo das mulheres, tentando me concentrar nas conversas, mas minha mente vagava para Yuri. Ele estava no porão com Alexei e os outros, lidando com sabe-se lá o quê. Não era difícil imaginar que envolvia violência, mas eu tentava não pensar muito nisso. Ainda assim, uma sensação de inquietação tomava conta de mim. Talvez fosse pelo que prometi a ele. Malu estava radiante, conversando com a irmã sobre os gêmeos, sua empolgação iluminando a sala. Ivete, sempre atrapalhada, estava tentando servir chá para minha mãe e a pequena Sofia ao mesmo tempo, quase derrubando a bandeja ao se virar. — Ivete, cuidado! — Malu disse, rindo, enquanto segurava a Sofia no colo. Eu sorri de leve, mas continuei mexendo na barra do meu vestido, sem conseguir me sentir à vontade. Malu percebeu meu silêncio e virou-se para mim, franzindo o ce
Capítulo 207 Maria Luíza Alexei entrou no quarto com Sofia nos braços, a pequena gargalhando enquanto puxava levemente a gravata dele. — Vamos ver como está a mamãe? — ele perguntou, olhando para mim com aquele sorriso que parecia iluminar todo o ambiente. Arrumei a camisola de seda, mal cobria a minha barriga de sete meses. Sofia, com apenas um ano, apontou animadamente para mim, seus olhinhos brilhando de alegria. — Mamãe da Sofia! — ela exclamou, sua voz cheia de doçura, enquanto Alexei a colocava no chão. — Oi, meu amor — eu disse, tentando me abaixar para ficar na altura dela. Mas, com minha barriga grande por causa dos gêmeos, a tarefa se mostrou impossível. Soltei uma risadinha e acabei me sentando no tapete macio. — Venha cá, meu anjo. Sofia veio correndo até mim, tropeçando levemente nos próprios passos, mas sem perder o ritmo. Ela caiu de joelhos bem na minha frente, rindo enquanto se jogava nos meus braços. Eu a envolvi com cuidado, sentindo seu chei
Capítulo 208 Anastasia Kim (Momentos antes) Yuri me pediu para que fossemos pra casa. Estava visivelmente cansado, e eu só queria que ele ficasse bem, logo. Eu estava em pé no corredor, ajustando a bolsa no ombro enquanto dava um último olhar para minha mãe e Malu. Sofia, com suas mãozinhas rechonchudas, acenava animada do colo da Neide, enquanto minha mãe insistia em ajustar minha jaqueta pela terceira vez. — Vai ficar tudo bem, mãezinha. Prometo — sorri para tranquilizá-la, segurando suas mãos antes que ela começasse a arrumar novamente. Parecia preocupada. Malu se aproximou, abraçando-me com aquele sorriso travesso que sempre tinha. — Lembre-se do que te falei sobre ser firme, Anastasia. Você é forte. Mostre isso, até para o Yuri. Eu assenti, sentindo o peso da responsabilidade em suas palavras. Malu era uma mulher que irradiava confiança, e por mais que eu me sentisse pequena diante dela, eu sabia que precisava crescer nesse mundo em que Yuri e Alexei
Capítulo 1 Maria Luíza Duarte Desci as escadas de casa correndo, com um sorriso no rosto e um envelope na mão. Eu queria surpreender o Marco, contar sobre o laudo médico e como os resultados foram bons. A porta de Marco estava apenas encostada. Coloquei a mão na maçaneta e a abri devagar. Meu coração acelerou imediatamente. — Marco? — Uma dor aguda atravessou meu peito. Marco estava ali... completamente nu, sobre outra mulher, que gemia enquanto se agarrava ao pescoço dele. No mesmo sofá onde eu estive ontem, onde ele tentou me tocar, mesmo sabendo que era um dos soldados do meu pai, e eu poderia ser exilada por isso. A cena ficou gravada em minha mente. Ele parecia tão satisfeito com ela. Ouvi seus gemidos de prazer quando ele se afundou entre suas pernas, e aquilo queimou dentro de mim. Amassei o envelope na mão e joguei com força em Marco, e ele se levantou num salto, surpreso. — MALU? CO... COMO VEIO PARAR AQUI? — gritou, ainda nu, enquanto avançava na minha dire
Capítulo 2 Maria Luíza Duarte — Vou enviar a passagem de avião amanhã pra você mais tarde, porque preciso voltar hoje pra Rússia. A frase de Alexei apareceu na minha mente. — Amanhã? — sussurrei, tremendo inteira, e caminhei em direção ao meu destino. Fui para os fundos da propriedade do meu pai e tirei apenas os sapatos, antes de pular no lago, que de acordo com meu tratamento, era uma das coisas que poderia aplacar um pouco da minha agonia, agora. Me sinto confortável, me sinto calma. De repente, mãos fortes me puxaram com tudo da água assim que atravessei o lago, e senti meu corpo arranhar na terra. — Que porra, mulher! Eu nem havia ido embora e você se jogou na água como uma qualquer? Saia daqui imediatamente! Se um dos meus homens te ver com essa roupa grudada no corpo, arcará com as consequências! — era Alexei, estava furioso. “Ele não foi embora?“ Minha respiração começou a falhar, rápida e curta. O coração descompassado batia tão forte que parecia querer ra
CAPÍTULO 3 Maria Luíza Duarte Ao chegar no quarto, fui amparada pela minha mãe e levada até o chuveiro do banheiro. Esse é o lugar que normalmente passo horas. A água escorria pelo meu corpo. O calor do abraço da minha mãe misturado com a textura da água, era o único conforto naquele momento, amenizando a minha angústia e o meu desespero. Muitas coisas aconteceram de uma vez só, estava difícil de assimilar. Ela sabia que palavras não trariam solução, e isso que nem imagina que também fui enganada por Marco, mas sua presença sempre conseguiu amenizar as tempestades dentro de mim. Ficamos ali, abraçadas e vestidas, até que as lágrimas secaram e meu coração encontrou um ritmo mais calmo. — Você é forte, filha — minha mãe disse suavemente, passando a mão pelos meus cabelos. — Só quero que saiba disso. Eu sabia que precisava ser forte. A vida inteira fui preparada para os acordos que moldavam nossa família, e embora soubesse que não teria como escapar do des
CAPÍTULO 4 Maria Luíza Duarte Meu coração batia descompassado, como se fosse saltar do peito. O avião balançava cada vez mais, os gritos ecoavam por todos os lados, e a minha visão começou a embaçar. As luzes piscavam descontroladas, e a única coisa que conseguia sentir era o medo crescendo dentro de mim. “Eu não posso morrer aqui... Não agora.” — DROGA, ALEXEI! EU MENTI, NÃO QUERO MORRER, EU ME CASO COM VOCÊ! — Gritei com o choque, segurando firme na poltrona. Tentei respirar fundo, mas meus pulmões pareciam não obedecer. O pânico subiu à minha garganta, as mãos tremiam, e eu me vi sem controle sobre o que acontecia ao meu redor. As paredes da cabine pareciam se fechar, e minha visão começou a escurecer. A crise de ansiedade estava voltando a dar sinais... senti a dor no peito, a falta de ar, o pânico, aquela sensação de que estou infartando, uma angústia muito forte... caramba! Um homem alto, de jaleco branco, se aproximou rapidamente de mim. Ele se ajoelhou ao
CAPÍTULO 5 Don Alexei Kim — Don Alexei... desculpe interromper, mas perdemos o sinal do avião que traria sua noiva — paro de contar as armas no mesmo instante, olhando para meu soldado parado na porta. — Porra! Por que diabos perdemos o sinal do avião? Você não disse que estava tudo certo? Acabei de falar com Maria Luíza, merda! — joguei a última pistola na caixa, fechando com raiva. Em seguida, peguei meu celular para ligar pra ela. — Nenhum dos nossos homens estão atendendo, Don. Eu estou tentando ligar, mas não estou conseguindo, nem mesmo o médico atende — olhei com raiva para o soldado com vontade de explodir sua cabeça, e comecei a xingar no telefone: — Atende, porra! Pra perturbar me ligou agora mesmo, caralho! — a ligação nem chamava, estava desligado. “Você não vai escapar de mim, Maria Luíza, não vai!“ — Devemos mandar uma equipe pra Roma, Don? — respiro fundo. — Já localizaram o avião? — Deu algum problema no localizador, não fazemos ideia de onde