Capítulo 181 Yuri Segurei o rosto de Anastasia com cuidado, sentindo a suavidade de sua pele sob minhas mãos. Ela me olhava com seus olhos azuis brilhantes, mas havia algo ali, escondido entre as camadas de amor e preocupação. Um pequeno traço de ciúmes que, mesmo em meio a toda a confusão, conseguia me arrancar um suspiro. — Ana... — murmurei, olhando fundo em seus olhos, tentando transmitir a sinceridade que ela merecia. — Eu segurei a Areta no colo porque estava tentando salvar a vida dela. Ela estava mal, precisava de ajuda, e não ia deixar ninguém morrer enquanto eu pudesse fazer algo. Ela desviou o olhar por um segundo, mas eu não deixei que se afastasse. Mantive minhas mãos firmes em seu rosto, trazendo seu olhar de volta para mim. — Eu não acho que eles sejam culpados, mas isso não significa que confio cegamente neles. Eu tô analisando tudo, Ana. Cuidando de tudo. Mas uma coisa que você precisa entender... — Inclinei meu rosto mais perto, falando com tod
Capítulo 182 Yuri Fred apareceu no final do corredor, sua expressão tensa, quase sombria. Ele caminhava rápido, com as mãos nos bolsos da jaqueta, mas os olhos atentos a tudo ao redor. Assim que me viu, fez um gesto para que eu me aproximasse. Alexei o notou também e seguiu comigo, deixando para trás o quarto de Areta e Nikolay. — Precisamos conversar. — Fred disse direto. Alexei cruzou os braços, impaciente. — Fale. Não temos tempo a perder. Fred lançou um olhar para ambos e então começou. — Havia veneno no suco. Não na comida, só no suco. O impacto daquelas palavras caiu como uma bomba. Senti meu estômago revirar enquanto processava a informação. Alguém estava jogando sujo, bem debaixo do nosso nariz. — Isso significa que temos um traidor dentro da casa. — Alexei rosnou, sua voz carregada de fúria controlada. Ele passou uma das mãos pelo rosto, os dedos trêmulos de raiva. Eu respirei fundo, tentando manter a calma. O rosto de Anastasia surgiu na minh
Capítulo 183 Yuri O caminho até o porão parecia mais longo do que o habitual. Cada passo que dava atrás de Alexei eu me certificava de tudo que acontecia ao redor. Nikolay caminhava à frente, cabeça baixa, o corpo curvado, desanimado. Talvez sem esperanças. Areta já estava fora de perigo, mas Alexei tinha outras intenções ao trazer Nikolay para o porão novamente. Eu sabia disso. Ele queria observar, provocar. Era uma jogada para expor qualquer um que estivesse envolvido no envenenamento. Eu estava entendendo tudo perfeitamente, agora. Assim que chegamos, Alexei abriu a pesada porta do porão e fez sinal para que Nikolay entrasse. O primo hesitou por um momento, mas, ao sentir o olhar frio de Alexei, seguiu sem reclamar. — Fique aqui. Não vou demorar. — Alexei ordenou com um tom cortante. Dois soldados estavam posicionados no corredor, em frente ao quarto de Areta. Alexei fez questão de reforçar a vigilância, mesmo que tudo parecesse controlado. — Vamos ver quanto tempo lev
Capítulo 184 Don Alexei Kim O relógio marcava 00:30 quando o som estridente do alarme invadiu o silêncio do quarto. Me levantei num pulo, os músculos tensos e o coração já acelerado pela adrenalina. Peguei duas pistolas da mesa de cabeceira e gritei sem pensar duas vezes: — Maria Luíza, proteja Sofia! Não deixe ninguém entrar naquele quarto! Ouvi o som apressado de passos e portas se trancando. Corri pelo corredor apenas de bermuda, ignorando tudo a minha volta. Ao virar a primeira esquina, avistei Nazar e Fred, ambos em alerta, suas armas prontas e os olhos atentos como cães de caça. Alguns soldados também se espalhavam pelos corredores, examinando cada canto. — Porão! — gritei, e eles assentiram, correndo em direções diferentes para cobrir mais terreno. Ao me aproximar da escada, pulei por uma mureta para economizar segundos, aterrissando com o corpo em movimento contínuo. O som abafado dos tiros ecoou pelo porão, mas não eram disparos fatais, eu conheço o baru
Capítulo 185 Ivete "Mas que inferno! Casa de malucos!" Alarme acordando todo mundo a esse horário? Olhei no relógio e balancei a cabeça ao arrumar a toquinha branca que uso pra dormir. Calcei as pantufas e o maledetto do Fred já tinha sumido. "Poxa... Nem pra me esperar?" Estava com meu pijama enorme, de mangas e reto até os pés. Saí assim mesmo, queria ver o motivo da confusão. Contaria tudinho depois, para minha senhora. Quando cheguei na escada, quase caí com o alvoroço, precisei me segurar no corrimão com o idiota do soldado que só faltou passar por cima de mim. Nem me notou. — Elaiá, hein? Mexi no tornozelo massageando, e quase caí de novo ao ver a Dora, minha auxiliar de cozinha, com uma arma na mão, escondida atrás de uma porta que ninguém mexe, falando no celular. Estreitei os olhos, parei até de respirar. Uma moça novinha dessas, segurando uma arma? Ouvi uma frase dela e fiquei parada: — Sim, pegaram o laranja burro que arrumei. O velh
Capítulo 186 Don Alexei Kim O alvoroço já havia me despertado antes de sequer entender o que estava acontecendo. Yuri ainda estava com a arma em punho, apontando para a auxiliar de cozinha caída, gemendo no chão e com sangue escorrendo das pernas. Ivete, por sua vez, parecia saída de um filme de humor: descabelada, sem a toca habitual, mas o cabelo bagunçado, com uma camisola branca toda suja de barro, e completamente fora de si. — O que é isso, Ivete? O que aconteceu com você? — perguntei, incrédulo e tentando conter uma risada que ameaçava escapar. Ivete, ao ouvir minha voz, deu um salto e tentou ajeitar a camisola, mas não conseguiu disfarçar o estado lastimável em que se encontrava. — Senhor, eu descobri! Essa vadia traiu todo mundo! — começou a explicar com gestos exagerados, apontando para a mulher caída. — Ela estava armada, escondida, falando no telefone. Ouvi muito bem quando confessou que o mordomo era um laranja burro, que tentou matar os seus primos, e
Capítulo 187 Don Alexei Kim Eu estava prestes a me concentrar na traidora caída no chão quando a voz aguda da Anastasia cortou o ar: — É bom mesmo! Já estou farta dessas cenas. E muito mais de terem me deixado trancada! — ela reclamou, cruzando os braços com um ar petulante, enquanto seus olhos faiscavam de irritação. Respirei fundo, sentindo o sangue ferver. Virei-me lentamente, fixando nela um olhar frio e calculista. — Anastasia, cale a boca. — Minha voz saiu baixa, mas o tom fez o ambiente inteiro congelar. — Mas eu só... — ela começou, mas ergui a mão, silenciando-a imediatamente. — Não. Você vai me ouvir agora! Chega dessas suas birras e reclamações. Precisa crescer, ou eu mesmo vou trancá-la para não incomodar mais ninguém. Você quer ser tratada como uma mulher? Então comece a agir como uma, caralho!— Minhas palavras cortavam como lâminas, e sua postura arrogante desmoronou em segundos. — Alexei... — resmungou. — Você precisa ter noção. Não está vendo que estamos ocupa
Capítulo 188 Don Alexei Kim Caminhei de um lado para o outro, as mãos apertadas nas costas, tentando digerir o que acabei de ouvir. Nazar estava de pé, com os braços cruzados, a mandíbula cerrada. Yuri permanecia ao lado da mulher no chão, o canivete ainda em sua mão ensanguentada, enquanto Dora chorava, o corpo tremendo. — Nazar, você sabia disso? Sabia que Zaia tinha uma filha? — Minha voz saiu baixa, mas por dentro eu queria matar pelo menos cinco pra me acalmar. Nazar ergueu as mãos em um gesto defensivo, a expressão carregada. — Não, Don. Nunca foi mencionado. Essa moça já trabalhava na casa, foi interrogada, investigada como de costume... Nada foi encontrado. Não havia nenhuma ligação dela com Zaia que pudesse levantar suspeitas. Eu me virei bruscamente, apontando o dedo para Dora. — É verdade? Você é filha de Zaia? Ou está blefando pra ganhar tempo? Ela permaneceu em silêncio, os olhos fixos no chão. Yuri bateu a lâmina do canivete contra a bota, imp