Enquanto eu e Suriel andávamos para algum lugar eu observava tudo atentamente, era tão belo, tão cheio de cores...
— Veja Anael, aqui será onde você passará à noite — diz Suriel apontando para frente, eu sigo a direção que seu dedo aponta com o olhar.
— O que é isso? — pergunto, mesmo não sabendo o que era, estava admirado com a beleza do lugar.
— Aqui é o dormitório dos novatos, você terá uma catre para repousar durante à noite e durante o dia você irá se preparar para cumprir sua missão — fala enquanto caminhamos em direção ao tal "dormitório".
— Ouça, isso se chama porta — diz me mostrando a "porta" — Ela serve para guardar a entrada e saída do dormitório.
Balanço minha cabeça de forma positiva para confirmar que entendi, e passamos pela porta.
— No dormitório só existe esse corredor com quatro quartos. Um para mim que sou o comandante e treinador de vocês, um para meu ajudante e dois que estão divido com dez catres em cada quarto — me explica antes de pararmos em frente a mais um "porta" — Esse é o quarto dois, onde você ficará com mais nove aprendizes, eles serão seus veteranos… E já explicando, eles são quatro dias mais velhos do que você, por isso são chamados de veteranos.
Suriel abre a porta, agora já consigo me firmar sozinho com minhas pernas, entro dentro do quarto e observo atentamente o cômodo, as paredes são de cores salmão, ao lado de cada catre tem uma pequeno criado mudo, são coisas que eu nunca vi antes, mas que de alguma forma eu sei o que são.
— O nosso senhor aos poucos vai liberando os conhecimentos básicos em sua mente, meu jovem — como se estivesse ouvindo meus pensamentos ele me dá essa resposta — É a sua catre Anael — me aponta uma catre junto a uma parede no lado esquerdo do quarto.
Minhas pernas ainda tremem um pouco, mas já me sinto mais confiante para andar sozinho, com os braços abertos para na tentativa de manter meu corpo equilibrado vou dando passos curtos até chegar em na catre destinada a mim. Me sento nela e agora ponho-me a observar Suriel:
Ele é grande, está usando uma roupa ( eu acho) prateada, cobre seus braços e peito, sua cintura e suas pernas.
— Isso é uma armadura Anael, os anjos guerreiros que as utilizam — diz ao perceber que estava o observando.
Não lhe digo nada, continuo o observando e vejo que em suas costas tem alguma coisa grande, parecem ser macias, e de cor branca.
— Isso se chama asas Anael — me responde mesmo sem eu ter perguntado, acho que não sou o único a observar aqui.
Olho para minhas costas e não vejo essas "asas".
“Por quê eu não tenho asas?” — me pergunto mentalmente com a testa franzida.
— Você ainda irá recebê-las — volto a olhar para Suriel — Um anjo não nasce com as asas, eles as ganham após quatro semanas de seu nascimento.
— Por que? — pergunto confuso.
—O senhor designou esse tempo para que a gente se habituasse aos nossos corpos, tendo total controle sobre ele antes de aprendermos a usar nossas asas.
Balanço minha cabeça de forma positiva quando sinto minha barriga se contorcer e um som estranho ecoa de dentro dela.
—Me espere aqui, irei trazer umas coisas para você — diz Suriel saindo pela porta do quarto.
Abraço minha barriga quando sinto a dor aumentar. O que é isso?
Ainda abraçando minha barriga, deitei na catre e dobro meus joelhos, fecho meus olhos com a esperança dessa dor passar e sinto essa dor diminuindo ao ponto que vejo tudo cada vez mais escuro.
— Anael! Anael! Acorda! — "bóim" sinto minha cabeça doer. Abro rapidamente os olhos e vejo que estou no chão e que bati minha cabeça no mesmo — Levanta Anael, toma trouxe para você.
Levanto do chão esfregando com a palma de minha mão o local que teve contato direto com o piso. Olho para Suriel e ele me estende uma coisa, branca...
— Isso é uma bolsa, eu trouxe vestes para você cobrir sua nudez.
Olho pro meu corpo e percebo que não tem nada o cobrindo, não tinha reparado nisso, mesmo que vendo suriel vestido, eu não sentir falta de nada em mim. Pego a bolsa da mão de Suriel e olho o seu interior, retiro de dentro da bolsa: algo preto de pernas gordas e compridas.
Olho curiosamente para a veste que está em minhas mãos.
— Isso em suas mãos se chama calça — diz Suriel me observando enquanto se aproxima de mim — Está vendo esses dois buracos dentro desse maior em suas mãos? — confirmo com a cabeça — Você irá passar uma de suas penas em cada uma dos buracos e o buraco grande você irá colocar em seu quadril.
Faço como Suriel me orientou, passo minha perna direita por um dos buracos da calça e a perna esquerda pelo outro e ergo a calça até meu quadril.
— Ótimo! Muito bem, você aprende rápido Anael — Suriel dá dois tapinhas em minhas costas — Nessa outra bolsa tem comida — me estende em sua mão outra balsa.
A pego e a abro, vou pegando as coisas e Suriel vai me dizendo os nomes. Dentro da bolsa tinha: maçã, pera, morango, tangerina, uva, cajá.
Não tive tempo para saborear o gosto das frutas, pois assim que senti seu cheiro minha barriga novamente fez os sons estranhos e acho que foi por instinto, coloquei uma fruta atrás da outra na boca.
“ Mastigue com calma para não se engasgar meu filho” — escuto a voz do senhor, olho ao redor mas não o vejo, será que estou ouvindo coisas?
Quando acabei vi o ar risonho que Suriel tinha em sua face, mas não disse nada.
— Agora descanse Anael, amanhã você terá um dia longo — fala pegando as sacolas.
—Mas eu acabei de nascer! — protesto mesmo sentindo meus olhos pesados, não quero dormir, sei que ainda tem muitas coisas que meus olhos ainda não viram.
— Descanse!— fala mais firme e sai de dentro do quarto fechando a porta.
Sem opções deitei novamente na catre; logo sinto meus olhos cada vez mais pesados... Vou os fechando até que não enxergo mais nada.
TIRINTINTIME assim se inicia mais um dia, às trombetas tocando e os aprendizes acordando. No meu primeiro dia foi um pouco difícil, afinal, nunca havia feito aquilo antes, e ser o novato não é fácil.Meu primeiro dia foi bem... Hum... Engraçado, digamos assim; todos os aprendizes eram quatro dias mais velhos do que eu, e todos, sem exceção de nenhum, zombaram de mim, e o pior, era que eu nem sabia o que eles estavam fazendo, até o treinador Suriel os repreender e falar que não se pode zombar de um irmão e nem de ninguém, que isso não é atitude de um filho do senhor.No meu primeiro dia de treino (segundo de vida) caí tantas vezes que os anjos cu
Enormes portas revestidas a ouro fino, cravadas por diversas pedras preciosas como: os rubis, as safiras, os diamantes, as esmeraldas... São tantas que eu não sei nem listar o nome de todas — É porque eu ainda não sei o nome de todas mesmo, mas sei que não demorarei muito para eu ter conhecimento de tudo isso.Nesse momento todos os aspirantes a anjos aprendiz, estamos no corredor aguardando a hora de entrarmos dentro do grande salão de cerimônia, Suriel está de frente para as grandes portas e de costa para a gente; sinto minhas mãos e pernas darem , passo as costas de minha mão no intuito de removê-las, meu coração pulsa tão forte que sou capaz de escutá-lo como se estivesse dentro de meus ouvidos. Saio de
— Hoje o paraíso se encontra em festa — diz olhando para todos dentro do salão — Hoje estamos recebendo dez novos membros em nossa família celestial — dá uma pequena pausa, olha para todos os aprendizes e então continua — Fiquem ombro com ombro.Eu não saio do lugar, não é preciso, os aprendizes que estavam atrás de mim se locomovem e ficam todos um do lado do outro, e eu que era o primeiro agora sou o oitavo da fila.—
**Trezentos e sessenta e cinco mil dias depois, ou um ano no tempo dos dos anjos**408... 409... 410...- ANAEL? — paro de contar minhas abdominais ao ouvir a voz de Suriel me chamando.— Aqui treinador! — chamo sua atenção para indicar minha localização e então volto para minha atividade.— Por que ainda está aqui Anael? — pelo tom rude que ele usou comigo, já sei que Suriel está irritado comigo. De novo. Suspiro alto, cansaço se faz presente em meu semblante.Não era pra eu estar aqui no CAAG (Centro Acadêmico dos Anjos da Guarda), era para eu estar no portal do paraíso, junto com os outros anjos da guarda, indo cumprir uma tarefa primordial para a minha classe.— Não acho que observar os humanos seja mais importante que treinar para defendê-los — falo
— Ahhhhhhh! — olho com a testa franzida para a humana que está em cima de uma maca hospitalar, tudo indica que ela está a dar a luz — Ahhhhh! — a cada grito de dor que ela dá lágrimas escorrem de seus olhos se misturando com o suor que escorre de sua testa, seus cabelos loiros estão grudando em seu rosto por conta do suor.Ao seu lado um humano, com cabelos cacheados de cor marrom escura, e pele pálida está segurando a mão da humana, presumo ser o seu companheiro, e pai do bebê que está a vir fazer parte desse horrível mundo, sinto pena dessa criança, as pernas do humano tremem, seus olhos estão fechados bem forte, não entendo o por que de tanto medo.Simplesmente aparecemos aqui, nesse lugar pequeno preenchido pelos gritos de dor dessa humana. Passar pelo portal, não é tão simples, anjos sem autoriz
— Vamos, Anael!Ouço pela terceira vez a voz de Zaniel me chamando. Estou deitado em minha catre desde que voltei do mundo dos humanos com a informação de que serei um anjo da guarda protetor, estou ignorando a todos desde então, só queria fazer partes dos anjos da guarda lutadores, assim não teria que ficar vendo o terrível mundo dos homens, mas o senhor me fez virar guarda um ser humano, que é inocente agora, mas quando crescer vai ser tão detestável como qualquer outro.— Levanta! Deixa de agir! — escuto sua voz levemente alterada."Puff"Caio de lado no chão, Z
E lá vamos nós, mais uma vez para o tão amado mundo humano, sinto algo estranho em meu peito, meu coração bombeia forte, sinto a ponta de meus dedos darem leves tremidas… Como será que vai sair? Dessa vez eu não estou indo para observar, mas sim para lutar em proteção da humana.Olho para Zaniel ao meu lado, se ele está ansioso, apenas observando o seu semblante não dá para saber, ele está calmamente sério, em suas mãos se encontra um caderno de anotações para anotar tudo o que a humana faz de certo e errado, grudado nele tem uma pena especial de cor azul celeste, ela é especial porque não se faz necessário o uso de tinta para que ela escreva.— Está ansioso para a primeira missão? — tenho puxa conversa, esse silêncio está me enlouquecendo.— Poderia até estar se eu fosse desempenhar o que eu realmente fui criado para fazer — fala frio.Eu entendo, quer dizer… Eu acho que entendo, não deve ser fácil se prepara
— Quando o dia aqui chega ao fim, no pôr do sol, recitamos palavras corretas e as anotações vão diretamente para o escritório do senhor — Zaniel explica.Apenas gestos positivos com a cabeça, eu deveria ter participado das aulas, é horrível ser o atrasado e precisar das explicações dos colegas.Mesmo não sendo mais o meu dever, eu ando na mesma direção em que a mãe de Elisa foi. E ao chegar meus olhos se arregalaram, isso é uma mãe amorosa?Uma raiva tenta se instalar em meu ser, mas me controlo o máximo possível, não quero ser um anjo portador de vergonha de maneira nenhuma! Olho com nojo essa cena:Elisa sentada embaixo da mesa, com uma vasilha escrita seu nome, dentro da mesma contém restos de comida, que parecem ser de uns dois dias atrás, ela está comendo bem rápido, e sua mãe sentada na mesa comendo um belo pedaço de bife, com arroz colorido e salada, essa mulher está com as pernas cruzadas, e com a pern