**Trezentos e sessenta e cinco mil dias depois, ou um ano no tempo dos dos anjos**
408... 409... 410...- ANAEL? — paro de contar minhas abdominais ao ouvir a voz de Suriel me chamando.
— Aqui treinador! — chamo sua atenção para indicar minha localização e então volto para minha atividade.
— Por que ainda está aqui Anael? — pelo tom rude que ele usou comigo, já sei que Suriel está irritado comigo. De novo. Suspiro alto, cansaço se faz presente em meu semblante.
Não era pra eu estar aqui no CAAG (Centro Acadêmico dos Anjos da Guarda), era para eu estar no portal do paraíso, junto com os outros anjos da guarda, indo cumprir uma tarefa primordial para a minha classe.
— Não acho que observar os humanos seja mais importante que treinar para defendê-los — falo
— Ahhhhhhh! — olho com a testa franzida para a humana que está em cima de uma maca hospitalar, tudo indica que ela está a dar a luz — Ahhhhh! — a cada grito de dor que ela dá lágrimas escorrem de seus olhos se misturando com o suor que escorre de sua testa, seus cabelos loiros estão grudando em seu rosto por conta do suor.Ao seu lado um humano, com cabelos cacheados de cor marrom escura, e pele pálida está segurando a mão da humana, presumo ser o seu companheiro, e pai do bebê que está a vir fazer parte desse horrível mundo, sinto pena dessa criança, as pernas do humano tremem, seus olhos estão fechados bem forte, não entendo o por que de tanto medo.Simplesmente aparecemos aqui, nesse lugar pequeno preenchido pelos gritos de dor dessa humana. Passar pelo portal, não é tão simples, anjos sem autoriz
— Vamos, Anael!Ouço pela terceira vez a voz de Zaniel me chamando. Estou deitado em minha catre desde que voltei do mundo dos humanos com a informação de que serei um anjo da guarda protetor, estou ignorando a todos desde então, só queria fazer partes dos anjos da guarda lutadores, assim não teria que ficar vendo o terrível mundo dos homens, mas o senhor me fez virar guarda um ser humano, que é inocente agora, mas quando crescer vai ser tão detestável como qualquer outro.— Levanta! Deixa de agir! — escuto sua voz levemente alterada."Puff"Caio de lado no chão, Z
E lá vamos nós, mais uma vez para o tão amado mundo humano, sinto algo estranho em meu peito, meu coração bombeia forte, sinto a ponta de meus dedos darem leves tremidas… Como será que vai sair? Dessa vez eu não estou indo para observar, mas sim para lutar em proteção da humana.Olho para Zaniel ao meu lado, se ele está ansioso, apenas observando o seu semblante não dá para saber, ele está calmamente sério, em suas mãos se encontra um caderno de anotações para anotar tudo o que a humana faz de certo e errado, grudado nele tem uma pena especial de cor azul celeste, ela é especial porque não se faz necessário o uso de tinta para que ela escreva.— Está ansioso para a primeira missão? — tenho puxa conversa, esse silêncio está me enlouquecendo.— Poderia até estar se eu fosse desempenhar o que eu realmente fui criado para fazer — fala frio.Eu entendo, quer dizer… Eu acho que entendo, não deve ser fácil se prepara
— Quando o dia aqui chega ao fim, no pôr do sol, recitamos palavras corretas e as anotações vão diretamente para o escritório do senhor — Zaniel explica.Apenas gestos positivos com a cabeça, eu deveria ter participado das aulas, é horrível ser o atrasado e precisar das explicações dos colegas.Mesmo não sendo mais o meu dever, eu ando na mesma direção em que a mãe de Elisa foi. E ao chegar meus olhos se arregalaram, isso é uma mãe amorosa?Uma raiva tenta se instalar em meu ser, mas me controlo o máximo possível, não quero ser um anjo portador de vergonha de maneira nenhuma! Olho com nojo essa cena:Elisa sentada embaixo da mesa, com uma vasilha escrita seu nome, dentro da mesma contém restos de comida, que parecem ser de uns dois dias atrás, ela está comendo bem rápido, e sua mãe sentada na mesa comendo um belo pedaço de bife, com arroz colorido e salada, essa mulher está com as pernas cruzadas, e com a pern
Ando de um lado para o outro, e seus olhos me seguem pelo quarto, não consigo acreditar... Co...como... Paro de andar ao sentir a mão de Zaniel em meu ombro.— Ela é um bebê bem sensível, deve está se sentindo sozinha, de alguma forma ele dever ter percebido que você é o verdadeiro guardião dela - ele diz e eu franzo meu cenho - Perceba que ela não consegue me ver, mesmo no momento o papel de anjo protetor seja meu, ela não me reconheceu como tal.Sinto meu cérebro fervilhar, não era para ela fazer isso, e agora? Não quero ser o anjo protetor dela... Mas seus olhos me olham de uma forma tão meiga... Que belos olhos essa criança tem, me sinto calmo os olhando... Decido sair do quarto dela, não posso continuar se não... Eu acabe perdendo meu cargo de guerreiro protetor.Fico no lado de fora do corredor e as vozes dos pais de Elisa ressoando pela porta a frente, eu a atravesso e observo a cena: A mãe de Elisa em pé andando de um lado para o outro e seu marido sentado
— Olha, não foi nada grave, já enfaixamos a cabeça dela, mas fizemos alguns exames e ela está em falta de muitas vitaminas, por isso que desmaiou depois de ter a cabeça enfaixada — junto com o humano escuto atentamente cada palavra dita pelo medico.— Obrigada doutor, eu estava desesperado, ver ela naquela poça de sangue fez meu coração gelar — "não foi apenas o seu humano" — comento em pensamentos.Elisa está deitada na maca, estamos em m hospital publico, mas foi um ótimo atendimento, e graças ao senhor ela não corre nenhum risco de vida e isso me deixa aliviado. Deixo meus ombros caírem cansados, ficar preocupado é muito cansativo.— Aconselho que compre algumas vitaminas e mais frutas na alimentação da pequena — o medico fala enquanto anota no papel o nome das vitaminas.— Providen
[ visão do senhor Jairfin]Criar os humanos, um sonho de competição realizado, os criei a minha imagem e semelhança, de início os fiz apenas para não ficar atrás dos outros deuses, me sentia mal eu ver todos tendo suas criaturas e sendo adorados e eu tendo apenas os meus anjos. Meus humanos são minha obrar de arte, com eles fiquei a frente de todos os outros deuses. Eu os fiz frágeis, mas encantadores e gentis, isso fez eles ganharem a atenção de todo o universo.Estava tudo indo bem, todos os dias eu conversava com eles, ensinava a eles, andava com eles. Mesmo eu, sendo o criador deles, os achava instigantes, eles me adoravam, mas me questionavam; diferentes dos anjos, que seguem as minhas instruções sem dizer o "a" de questionamento. Eu amava conversar com eles, eles eram uma companhia tão agradável.No entanto, as coisas desandaram, o que era perfeito, amável, sensível, caiu em completa desgraça. Minha criação se afastou de mim, estab
[ visão de Elisa ]< Sete anos depois do acidente ( sete dias no paraíso) >O sol hoje brilha forte, fico a observar as crianças correndo e se divertindo no parque, elas riem e pulam o tempo tod....— O que está fazendo aqui fora garota!? — minha mãe me puxa pelo braço e me arrasta para dentro de casa.Sinto as lágrimas quererem sair pesadas de meus olhos, eu estava apenas vendo as outras crianças bricarem no parquinho que fica aqui em frente a nossa casa... Nunca fui lá, nem nunca tentei pedir a minha mãe, ela sempre grita comigo mesmo quando eu não faço nada."Biff" Não consigo mais controlar as lágrimas ao sentir o lado direito de meu rosto arder, um tapa bem estalado foi dado na minha cara.— Quem te deu permissão de sair de dentro do quarto!? — fala muito enfurecida — Além de me obrigar a te ver todo dia, agora também quer atrapalhar e assustar as