Sarah— Ai — gemo ao tentar mexer minha perna.Talvez eu a deva ter quebrado. Minha cabeça também doía.Não deveria ter saído correndo daquele jeito. Fui imprudente. — Meu bebê — começo a chorar quando a realidade do que tinha acontecido me vem à mente. Coloquei em risco não só minha vida, mas também a do bebê ainda em meu ventre.— Que bom que já acordou, irmã. — A voz aflita de Alexandre me fez abrir os olhos e olhá-lo. Ele estava sentado em uma cadeira próxima à cama de hospital na qual eu me encontro.— Não se preocupe, ele está bem. — Me tranquiliza ao constatar o pavor em meus olhos e minha mão acariciar minha barriga.— Mesmo? — Ele faz que sim com a cabeça e me dá um lindo sorriso, enquanto aperta minha mão.— Eu me machuquei muito? Por quanto tempo eu dormi?— Você deslocou o joelho direito, fraturou um dedo, teve arranhões nos braços e na perna esquerda, também teve um pequeno corte na cabeça — relata tudo o que sofri ao ser atropelada. — Você dormiu por um dia inteiro. Ra
Henrique.— Que merda! — gemo ao colocar o algodão com antisséptico no rosto.Acabara de chegar em casa, mesmo com toda a dificuldade que saí daquele hospital após ser surrado por aqueles selvagens, eu consegui entrar em um táxi e ser deixado na porta do meu apartamento. Amanhã, eu voltaria lá para pegar meu carro.— Aqueles brutamontes dos irmãos da Sarah estragaram meu belo rosto — bufo e tiro minha roupa para tomar banho.Tenho um pouco de dificuldade, pois estou todo dolorido e o mais simples dos movimentos faz com que tudo doa.— Como vou aparecer assim na casa do meu irmão amanhã? Minha mãe vai me matar. — Resmungo, jogando a calça no chão e indo abrir o chuveiro.— Ai… — gemo mais ainda ao tocar na minha barriga. Dois socos no estômago e eu mal consigo respirar.Porra!Eu nada fiz para merecer essa surra, a Sarah, que se alterou sozinha. Porra, eu só queria saber se o filho que ela espera é meu e não há nada de mal em querer saber isso. Transamos e usamos camisinha, mas nenhum m
Sarah— Como está a grávida mais linda da minha vida? — perguntou Gustavo, entrando na casa do meu irmão com ele em sua cola.Já tinha se passado mais de duas semanas desde meu acidente e eu estava sendo muito paparicada por todos. Amely e Duda surtaram quando souberam do acidente e passaram toda uma tarde comigo, tanto no hospital como aqui na casa do meu irmão.Bárbara, minha cunhada, é quem está me auxiliando nas horas vagas do trabalho, pois estou em repouso absoluto por 30 dias. Meu irmão Rafael levou o atestado para meu trabalho e me falou que Henrique me deu carta-branca para só voltar para a empresa quando eu estivesse cem por cento recuperada.Minha vida nessas últimas semanas tem sido cama e sofá. Meu joelho ainda dói, mas os machucados já estão bem cicatrizados. Hoje é minha consulta com minha obstetra para saber se continua tudo bem com meu bebê e Alexandre vai me levar no consultório dela.— Oi, Gustavo, estamos muito bem — falei, lhe dando um sorriso. Gustavo tem se most
SarahDois meses depois…Hoje era um dia especial: o casamento de Amely e Marcos. A celebração prometia ser grandiosa, repleta de amor e felicidade, e eu teria a honra de ser madrinha ao lado do Henrique. Duda também teria um papel importante, ao lado de Alan. Desde cedo, a movimentação na casa estava intensa, com preparativos, provas de vestidos e penteados sendo finalizados. A energia no ar era contagiante, e eu me sentia especialmente radiante, não apenas pelo evento, mas também por tudo o que estava acontecendo na minha vida.Minha gravidez avançava muito bem, e minha filha já dava sinais de que era cheia de vida. Nos últimos dias, seus chutes estavam mais frequentes e fortes, algo que me fazia sorrir sempre que sentia. Sim, eu teria uma menina! Descobri o sexo na semana passada, e foi um dos momentos mais emocionantes que vivi. Meus irmãos, claro, ficaram extasiados com a notícia, cada um já disputando quem seria o tio preferido. Eu podia ver no brilho dos olhos deles que essa men
Capítulo 20HenriqueSarah, apesar de ser linda, não era meu tipo de mulher, não estava no meu nível de classe social. Então, por que eu não conseguia esquecer o dia em que a tive nos meus braços?Por que eu ansiava por seus sorrisos?Por que a queria perto de mim?Por que queria tê-la em minha cama de novo?Meu desejo por ela ainda estava latente em meu ser e isso eu não podia negar.Respirando fundo, caminho em sua direção: ela será meu par enquanto eu for padrinho de casamento do meu irmão, de Amely. Ao chegar próximo a eles, cumprimento-os.— Boa tarde, Gustavo. Sarah.— Boa tarde! — ela me respondeu sorrindo e meu peito se agitou.— Boa tarde, Henrique — cumprimentou Gustavo, agarrando Sarah pela cintura.Tive vontade de puxá-la para mim e dizer que ela era minha e que era a mim que ela amava.Amar… De onde tirei essa idiotice? Perguntei-me mentalmente e quis me bater por pensar tal coisa.— Temos que entrar e nos acomodar em nossos lugares — avisei-a, erguendo meu braço para que
Capítulo 21Sarah.Horas depois…Apertei as mãos sobre as coxas. Estava nervosa e Gustavo ainda não havia chegado da delegacia. Ele havia levado Safira presa e estava fazendo todos os trâmites necessários para que isso fosse uma realidade. Contudo, a angústia ainda me prosseguia depois de tudo o que havia acontecido durante o casamento de Amely e Marcos. O medo de algo nos acontecer, o susto ao ouvir o tiro e o pânico que me tomou ao ver minha amiga baleada foi demais para mim.Duda havia ficado comigo, fora embora há pouco tempo, mas eu só me sentiria segura quando meu noivo chegasse em casa. Ouvi o som da chave na porta e sabia que ele estava chegando. Levantei-me do sofá e fui até ela esperar Gustavo entrar em casa.— Ainda acordada? — Ele questionou ao me ver parada próxima à porta.Não lhe respondi e apenas corri até ele e me escondi entre seus braços fortes. Estava aliviada por vê-lo bem.— Estava esperando você chegar. — Me deu um beijo na testa. — Tive tanto medo. — Gustavo me
Henrique.Um ano depois…A vida pode ser uma cadela quando quer mostrar que estamos errados e nos fazer sofrer. Hoje é um dia para ser feliz, mas tudo o que sinto é só tristeza. Olho em volta e vejo todos rindo e felizes, mas há um vazio em meu peito por deixar de ter isso que avisto à minha frente: uma família só minha.Eu insisti em permanecer em uma vida de luxúria, carnalidade e desejo que não me fez feliz. Vi meus amigos se apaixonarem, Mateus está casado e terá um filho daqui a alguns meses, Luciano e Gonçalo estão namorando e felizes ao lado de suas companheiras, Marcos está esbanjando felicidade com sua família e eu…Estou de fora vendo tudo isso e me arrependendo de não ter ouvido os conselhos do meu irmão e não ter dado uma chance para ter um relacionamento quando percebi sentir algo forte por ela, que eu tinha me apaixonado mesmo lutando contra esse sentimento. Fui egoísta, cafajeste, um puto, como diz meu irmão. Eu me quebrei, sofri a perda de algo que estava ao meu alcance
Henrique.Volto à realidade com Marcos me chamando.— Henrique? — Sim? — respondi em tom de pergunta. — Estava com o pensamento longe? — questionou, com o cenho franzido.— Lembrando que há um ano eu estava pegando minha filha em meus braços pela primeira vez. — expliquei.— Você foi corajoso — falou, dando tapinhas em meu ombro.— Sim, diferente de você que desmaiou só em saber que a bolsa da Amely tinha estourado. — Gargalhei.— Eu apenas tive um leve mal-estar. — Deu de ombros.— Um, hum, sei. — falei entre risadas. Nossos filhos tinham um pouco mais de um mês de diferença.— Sarah mudou muito nesse último ano — comentou ao notar que eu a encarava.— Está mais linda que nunca.Ela havia mudado completamente, estava mais solta, mais risonha, tinha se aceitado e agora se vestia melhor, cortou o cabelo e usava maquiagem. Ela estava se amando e isso era notado por todos.— Quando descobriu amar Amely? — perguntei, pegando-o de surpresa.Eu já sabia que amava a Sarah, mas como nunca t