Michel— Me perdoe. — Toquei seu rosto.— Não tenho o que te perdoar, ela o provocou.Agatha envolveu-me em seus braços e eu inspirei seu cheiro ao colocar o rosto na curva de seu pescoço.Palmas soaram e nos soltamos.— Que lindo. — A raiva tomara as feições de Havana. — Que belo exemplo de família. Quem lhe deu autorização de entrar no meu quarto?— Eu segui Michel. Sabia que você o provocaria e temi que conseguisse tirá-lo do sério a ponto de ele fazer algo de que se arrependeria amargamente. E eu estava certa, não era? Você quase morreu sufocada ao provocá-lo.Havana levou a mão ao pescoço.— Não seria nada que ele já não tenha feito antes, ele matou nossa filha, mas você já deve saber disso.— Ele não causou o acidente. Acidente esse que quase o deixou paraplégico. Ele também sofreu com a morte da filha ainda em seu ventre, se arrependeu e lhe ajudou a superar essa perda, mas você resolveu usar isso como vingança e o traiu no dia em que iriam se casar. Você foi baixa, mesquinha e
AgathaSaímos do carro e Michel logo segurou minha mão. Várias emoções nos tomavam por completo e tudo que eu queria era estar em seus braços. Ver ele desestabilizado e sofrendo pelas palavras ditas por Havana mexeu comigo de tal forma que eu não podia pensar direito.As coisas que ela falava, as mãos dele no pescoço dela. A dor em seu olhar. Tudo foi demais para mim. Eu só queria abraçá-lo e mantê-lo nos meus braços para sempre. Eu o amava demais e só queria que ele sentisse pelo menos um terço do que eu sentia por ele.Andamos a passos largos para dentro de casa e subimos direto para nosso quarto. Assim que entramos, Michel trancou a porta. Virou-se, ficando de frente para mim, e tocou meu rosto com carinho.— Obrigado por ir até lá. Eu não sei o que faria se não fosse sua voz a me chamar.Havia tormento em seus lindos olhos azuis. Foi errado segui-lo, sei disso, mas não podia deixar que enfrentasse o passado sozinho. Sabia o quanto seria doloroso para ele.O quanto ele sofreria e t
AgathaSemanas depois…Semanas haviam se passado e as coisas estavam começando a ficar tensas.No final de semana passado, eu ficara com meu filho e ido almoçar na casa de Carla, ex-esposa de Guilherme, para apresentar Danilo ao meio-irmão dele. Até que eles se deram bem e aceitaram sem birras o fato de serem irmãos, pois já se conheciam. Eles estudavam na mesma escola e eram amigos graças a Helena, filha do Marcos e da Amely.Ontem, Danilo voltou à casa do pai e eu já estava sentindo falta do meu filho. Eu havia pedido a Guilherme que o deixasse aqui por mais alguns dias, pois era o casamento de Sarah e Henrique. Ele permitiu apenas com a garantia de que o Danilo ficasse dois finais de semana, seguidos, com ele.Não quis discutir, pois estou fazendo com que ele creia que não brigarei mais pela guarda do meu filho. Mas, na verdade, eu estou só esperando a polícia bater na porta dele, o levar preso e meu filho ser entregue a mim para sempre. O advogado do Michel, junto à minha advogada
Guilherme.Desligo o celular praguejando vários palavrões. Aírton, meu amigo e advogado, acaba de me ligar para dizer que a polícia descobriu nosso esquema com os grandes empresários e alguns políticos para encobrir crimes como: sonegação de impostos, lavagem de dinheiro e uso de recursos públicos para compra de imóveis.Esquema esse que já tenho há anos, mas que agora foi descoberto por culpa daquela puta da Agatha e dos infelizes de seus amigos. Mas se eles pensam que me venceram, estão muito enganados, eles não conseguirão me pegar.Usarei aquele fedelho que a Agatha pariu como a porta para a minha liberdade.Subo para meu quarto, pego uma mala pequena e começo a colocar algumas mudas de roupas dentro dela. Depois que eu me fixar em um lugar novo, compro peças novas.Jogo tudo o que precisarei e a fecho. Caminho até o cofre e o abro, pego minha arma e os documentos que me comprometem e coloco tudo dentro da minha bolsa de trabalho.Pego o celular e ligo para a Sofia, aquela vadia di
Dylan.Nicolas bateu com a arma na cabeça de Guilherme e ele apagou. Olhei para os lados, certificando-me de que não havia testemunhas do que estávamos fazendo, e dei um sinal para um dos meus seguranças trazer algo que nos ajudasse a retirar o verme do carro.— Para onde irá levá-lo? — Nicolas questionou.— Tenho um galpão aqui perto, ele é bem escondido e servirá para o que tenho em mente.Nós nos afastamos e deixamos que meus seguranças retirassem Guilherme das ferragens. Ele estava com uma das pernas presas, mas nada que não conseguíssemos retirar.— Certo. Creio que irá ligar para Michel e dizer a ele que conseguiu pegar o infeliz.— Não, só direi que peguei Guilherme depois que fizer o que quero com ele. Não quero preocupá-lo.— Entendi.Ficamos olhando meus seguranças fazerem o serviço e depois o colocarem na mala do carro que eu dirigia. A mala do carro era revestida para que nada de sangue a manchasse e vestígios de algum crime ficassem nele. A placa também era fria e o veícul
MichelDois meses depois…O nervosismo tomava conta de mim. Meu coração parecia uma bateria de escola de samba, acelerado, sem dar sinais de que iria desacelerar até que Agatha entrasse pelas portas do salão. Meus dedos tamborilavam contra a lateral da calça, e eu sentia o suor se acumulando na palma das mãos.Dei mais um passo inquieto, mas meu pai segurou meu braço.— Acalme-se, ela já está vindo.— Está demorando muito. — Olhei para o relógio, inquieto.— Noivas atrasam, não precisa ficar uma pilha de nervos.Engoli seco e encarei a porta fechada.— Tenho medo de ela desistir. — confessei, sentindo um nó na garganta.— Ela o ama, não fará isso. — Meu pai apertou meu ombro, transmitindo confiança.A marcha nupcial começou a tocar, e meu peito se agitou ainda mais. O salão inteiro ficou em silêncio e todos se voltaram para a entrada. As portas se abriram lentamente, e Helena, uma de nossas daminhas de honra, surgiu segurando a mãozinha de Cristal. Atrás delas, Milena caminhava com um
AgathaUm ano depois...A gargalhada de Danilo preencheu o ambiente, espalhando alegria pelo jardim ensolarado. Michel o segurava no colo, fazendo cócegas sem piedade, e o pequeno se contorcia, tentando escapar, mas sem realmente querer fugir.— Papai, para! — Danilo implorava entre risadas, enquanto Michel continuava com sua missão implacável de arrancar mais gargalhadas do filho.Sentada em uma confortável espreguiçadeira no terraço, eu observava aquela cena com o coração transbordando de amor. Gabriel, nos meus braços, resmungou baixinho antes de largar meu seio. Passei os dedos pelo rostinho delicado e sorri ao encontrar aqueles olhos verdes profundos, idênticos aos de Michel. Meu pequeno era a cópia fiel do pai e tão lindo quanto ele.Danilo aproveitou uma distração de Michel e correu entre as roseiras do jardim, desviando com agilidade das plantas enquanto tentava se esconder. Michel riu, levantou-se devagar e o perseguiu com passos brincalhões.— Você pode correr, mas não pode s
Epílogo.HenryO copo de uísque gira entre meus dedos enquanto meu olhar se prende à fotografia sobre a mesa. Mais uma vez, deixo que meus olhos percorram cada detalhe daquela imagem. Meu casamento.Emanuelle está ali, radiante, seu sorriso iluminando tudo ao redor, como sempre fazia. Até hoje, mesmo depois de tantos anos sem ela, aquele sorriso tem o poder de aquecer meu peito e me fazer sorrir também.Um suspiro escapa dos meus lábios.Há pouco mais de um ano, eu estava nesta mesma posição, encarando outro tipo de dilema. O medo me consumia. Medo de que minha decisão pudesse destruir minha relação com Michel. Medo de que meu próprio filho me odiasse para sempre.Forçá-lo a se casar foi a maior loucura da minha vida… e, ao mesmo tempo, a mais acertada.Eu sabia dos riscos. Ele poderia ter se revoltado contra mim, cortado laços, me processado, me acusado de estar louco. Mas Michel fez o que eu jamais imaginei: aceitou o casamento. Não por amor. Não por desejo. Mas por obrigação.E tudo