capítulo 4

Mia

Seu terceiro dia no trabalho não estava indo como o esperado. Ela acordou atrasada e teve que escolher entre tomar um café para despertar e ficar de bom humor ou se arrumar. Então, fez a escolha óbvia, porque poderia tomar um café no caminho, mas não poderia chegar ao trabalho atrasada e desajeitada.

Faltavam dez minutos para as nove horas e a mulher ainda estava passando pelo hall de entrada. As pessoas circulavam normalmente pelo lugar enquanto ela corria.

Mia sempre se orgulhou de trabalhar duro e não reclamar dos seus pés doloridos, mas com aquele homem era diferente. Ela apostava que ele fazia aquilo de propósito só para vê-la se desdobrar. Ou era um teste para ver até onde Mia aguentaria. Se fosse o caso, ele quebraria a cara, pois a mulher nunca foi de desistir. Nem mesmo esse novo chefe, parecendo mais um ditador do que um empresário focado.

Deus, nem posso acreditar que eu preferiria trabalhar com a Vivian do que com esse Taylor.

Apesar de tudo, nada a tirava da cabeça aquele dia em que pegou os dois juntos. Taylor era um homem provocante. Sempre que podia, olhava em sua direção, na sala adjacente, que tinha parede de vidro, o que lhe dava a permissão de vê-la.

Mia deu graças a Deus por faltar dois minutos para sua chegada depois que pôs os pés em seu escritório. Ela só teve tempo de colocar as coisas em cima da mesa, com alguns papéis que havia buscado e separado no dia anterior antes de sair da empresa, quando já ouviu seus passos atrás dela.

Ela esperava que suas roupas não estivessem tão amassadas, ou isso seria mais um ponto para ele criticar.

Mia tinha que admitir que seu chefe tinha uma espécie de magnetismo fora do comum. A mulher já havia se sentido atraída por homens aleatórios que eram super gatos, mas Jackson não era só um homem bonito, exalava masculinidade, tinha um olhar misterioso e a olhava de um jeito que a fazia pensar que ele tinha um interesse fora do comum por ela.

Era como uma tortura psicológica, já que Mia sabia do que ele era capaz dentro daquela empresa. Nem toda a força do mundo ou sua virgindade podiam impedir que ela se sentisse atraída e excitada. Todas as vezes que ele passava por ela, chamava-a em sua sala e a olhava como um lobo faminto, ou quando parava no tempo e pensava que ele a colocaria em cima daquela mesa, abriria suas pernas e a penetraria com força, assim como fez com Vivian.

Porém, era só ela se lembrar onde estava e quem ele era para que essa magia acabasse. Sem falar que o cara era arrogante e nunca tirava férias.

Mia sempre pisava em ovos com ele e só estava naquele cargo há três dias.

Taylor andou até sua mesa sem dizer uma palavra. A teoria dela era de que ele não queria notar a sua existência naquele momento, ou de mais ninguém quando acabava de chegar à empresa. Talvez fosse louco ou muito esnobe.

Mia se afastou para sair e foi imediatamente interrompida.

— O que tem de errado com o seu guarda-roupa? — Foi o que ele perguntou, fazendo-a olhar para seu corpo e o que vestia, pensando que encontraria algum defeito. Mas não tinha nenhum.

— Hã? Não entendo. O que tem o meu guarda-roupa?

Seu questionamento pareceu absurdo para ele, que se deu ao trabalho de encará-la com firmeza. Ela se sentiu como se estivesse prestes a levar uma bronca. Jackson a olhou dos pés à cabeça, causando-lhe aquela sensação odiosa de estar nervosa e ser desejada.

Poderia ser apenas coisa da sua mente, porque ele era um homem rico, bem mais velho que ela e tinha milhares de mulheres ao seu redor. Inclusive a sua ex-chefe. Contudo, isso não significava que ela não se sentisse atraída por ele, ainda mais sendo tão inexperiente.

Mia não sabia se o pior seria fazer o ato ou imaginar várias ocasiões e formas de fazê-lo. Bem, sua cabeça era muito fantasiosa.

— Pensei que suas vestimentas fossem à altura do cargo, mas hoje é o seu terceiro dia e está... claro para mim que não são — a frieza e insensibilidade com que ele disse isso a deixou irritada. — Não sei como Vivian, sendo uma pessoa tão elegante, permitia que usasse essas coisas.

Mia parou e pensou se aquilo realmente estava acontecendo com ela.

Ela tinha um defeito — ou qualidade — que vinha para o bem e, às vezes, para o mal: sua língua não era presa como deveria ser. Aprendeu a não esconder o que sentia ou o que pensava, e em muitas ocasiões nem percebia o que estava falando. Seus familiares diziam existir um quinto membro da família dentro da minha boca.

— Desculpe, senhor, mas minhas roupas não devem ser da sua conta — ela cruzou os braços. — Não estou desarrumada nem vulgar, então...

Taylor odiava e amava a chama nos olhos dela, todas as vezes que ele reclamava ou dizia algo que ela reprovava. Na verdade, Jackson fazia de propósito.

— Permita-me lembrar-lhe de que está falando com o seu chefe. E sim, quando estiver nesta empresa, no horário de trabalho, sua vestimenta e modos são da minha conta — ele deu passos em sua direção, fazendo-a desejar voltar dois minutos no tempo. Mia engoliu em seco e esperou o que mais ele diria. — Deve tomar cuidado em como fala comigo, ou posso mandá-la embora em dois minutos.

— Certo. O senhor é o chefe, mas não significa que pode me rebaixar ou me criticar — ela queria se bater por não conseguir se controlar. Geralmente, era uma boa pessoa, obediente e sabia o seu lugar, porém não poderia deixar que esse homem usasse de sua posição para menosprezá-la. — Perdoe-me se estou...

— Você está. E quando falo, não pode me responder — ele retrucou, quase furioso, encarando a sua boca. Mia quase achou que estivesse a provocando ao olhá-la daquela forma. — Tem a língua solta — acusou-a. Na verdade, Taylor estava gostando. — Nos últimos dois dias não demonstrou essa rebeldia.

— Não sou rebelde, sou justa. Vai me demitir por isso?

— Já fiz isso por muito menos.

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