Mia
Seu terceiro dia no trabalho não estava indo como o esperado. Ela acordou atrasada e teve que escolher entre tomar um café para despertar e ficar de bom humor ou se arrumar. Então, fez a escolha óbvia, porque poderia tomar um café no caminho, mas não poderia chegar ao trabalho atrasada e desajeitada.Faltavam dez minutos para as nove horas e a mulher ainda estava passando pelo hall de entrada. As pessoas circulavam normalmente pelo lugar enquanto ela corria.Mia sempre se orgulhou de trabalhar duro e não reclamar dos seus pés doloridos, mas com aquele homem era diferente. Ela apostava que ele fazia aquilo de propósito só para vê-la se desdobrar. Ou era um teste para ver até onde Mia aguentaria. Se fosse o caso, ele quebraria a cara, pois a mulher nunca foi de desistir. Nem mesmo esse novo chefe, parecendo mais um ditador do que um empresário focado.Deus, nem posso acreditar que eu preferiria trabalhar com a Vivian do que com esse Taylor.Apesar de tudo, nada a tirava da cabeça aquele dia em que pegou os dois juntos. Taylor era um homem provocante. Sempre que podia, olhava em sua direção, na sala adjacente, que tinha parede de vidro, o que lhe dava a permissão de vê-la.Mia deu graças a Deus por faltar dois minutos para sua chegada depois que pôs os pés em seu escritório. Ela só teve tempo de colocar as coisas em cima da mesa, com alguns papéis que havia buscado e separado no dia anterior antes de sair da empresa, quando já ouviu seus passos atrás dela.Ela esperava que suas roupas não estivessem tão amassadas, ou isso seria mais um ponto para ele criticar.Mia tinha que admitir que seu chefe tinha uma espécie de magnetismo fora do comum. A mulher já havia se sentido atraída por homens aleatórios que eram super gatos, mas Jackson não era só um homem bonito, exalava masculinidade, tinha um olhar misterioso e a olhava de um jeito que a fazia pensar que ele tinha um interesse fora do comum por ela.Era como uma tortura psicológica, já que Mia sabia do que ele era capaz dentro daquela empresa. Nem toda a força do mundo ou sua virgindade podiam impedir que ela se sentisse atraída e excitada. Todas as vezes que ele passava por ela, chamava-a em sua sala e a olhava como um lobo faminto, ou quando parava no tempo e pensava que ele a colocaria em cima daquela mesa, abriria suas pernas e a penetraria com força, assim como fez com Vivian.Porém, era só ela se lembrar onde estava e quem ele era para que essa magia acabasse. Sem falar que o cara era arrogante e nunca tirava férias.Mia sempre pisava em ovos com ele e só estava naquele cargo há três dias.Taylor andou até sua mesa sem dizer uma palavra. A teoria dela era de que ele não queria notar a sua existência naquele momento, ou de mais ninguém quando acabava de chegar à empresa. Talvez fosse louco ou muito esnobe.Mia se afastou para sair e foi imediatamente interrompida.— O que tem de errado com o seu guarda-roupa? — Foi o que ele perguntou, fazendo-a olhar para seu corpo e o que vestia, pensando que encontraria algum defeito. Mas não tinha nenhum.— Hã? Não entendo. O que tem o meu guarda-roupa?Seu questionamento pareceu absurdo para ele, que se deu ao trabalho de encará-la com firmeza. Ela se sentiu como se estivesse prestes a levar uma bronca. Jackson a olhou dos pés à cabeça, causando-lhe aquela sensação odiosa de estar nervosa e ser desejada.Poderia ser apenas coisa da sua mente, porque ele era um homem rico, bem mais velho que ela e tinha milhares de mulheres ao seu redor. Inclusive a sua ex-chefe. Contudo, isso não significava que ela não se sentisse atraída por ele, ainda mais sendo tão inexperiente.Mia não sabia se o pior seria fazer o ato ou imaginar várias ocasiões e formas de fazê-lo. Bem, sua cabeça era muito fantasiosa.— Pensei que suas vestimentas fossem à altura do cargo, mas hoje é o seu terceiro dia e está... claro para mim que não são — a frieza e insensibilidade com que ele disse isso a deixou irritada. — Não sei como Vivian, sendo uma pessoa tão elegante, permitia que usasse essas coisas.Mia parou e pensou se aquilo realmente estava acontecendo com ela.Ela tinha um defeito — ou qualidade — que vinha para o bem e, às vezes, para o mal: sua língua não era presa como deveria ser. Aprendeu a não esconder o que sentia ou o que pensava, e em muitas ocasiões nem percebia o que estava falando. Seus familiares diziam existir um quinto membro da família dentro da minha boca.— Desculpe, senhor, mas minhas roupas não devem ser da sua conta — ela cruzou os braços. — Não estou desarrumada nem vulgar, então...Taylor odiava e amava a chama nos olhos dela, todas as vezes que ele reclamava ou dizia algo que ela reprovava. Na verdade, Jackson fazia de propósito.— Permita-me lembrar-lhe de que está falando com o seu chefe. E sim, quando estiver nesta empresa, no horário de trabalho, sua vestimenta e modos são da minha conta — ele deu passos em sua direção, fazendo-a desejar voltar dois minutos no tempo. Mia engoliu em seco e esperou o que mais ele diria. — Deve tomar cuidado em como fala comigo, ou posso mandá-la embora em dois minutos.— Certo. O senhor é o chefe, mas não significa que pode me rebaixar ou me criticar — ela queria se bater por não conseguir se controlar. Geralmente, era uma boa pessoa, obediente e sabia o seu lugar, porém não poderia deixar que esse homem usasse de sua posição para menosprezá-la. — Perdoe-me se estou...— Você está. E quando falo, não pode me responder — ele retrucou, quase furioso, encarando a sua boca. Mia quase achou que estivesse a provocando ao olhá-la daquela forma. — Tem a língua solta — acusou-a. Na verdade, Taylor estava gostando. — Nos últimos dois dias não demonstrou essa rebeldia.— Não sou rebelde, sou justa. Vai me demitir por isso?— Já fiz isso por muito menos.Ele estava a poucos passos dela. Mia odiava ter que levantar a cabeça para encará-lo, portanto, pensava que ele fazia isso de propósito só para provocá-la.— Deseja mais alguma coisa, senhor? — Ela não baixou a cabeça, o que só a colocaria em uma má situação.Ela tinha que permanecer naquele cargo. Era a sua chance ali em Nova York. Mia não sabia que se Taylor a demitisse, poderia voltar para o seu cargo como secretária de Vivian, pois já tinha alguém naquele lugar.Por isso ela odiava ainda mais o Taylor. Ele estava estragando tudo.— Volte ao trabalho, faça-o calada e nunca mais me responda dessa forma.Ela passou alguns segundos presa ao seu olhar e teve que piscar algumas vezes para sair da sua hipnose.— Devo lhe comunicar que não será a última vez. — Naquele momento, Taylor achou que ela estava desafiando-o, pelo que pude ver em seus olhos. E para o bem da sua permanência ali, Mia deveria explicar o seu lado. — Não é insubordinação, é que às vezes faço isso sem perceber.— Então
MiaA ruiva estava tão irritada, que poderia matar aquele homem. Se questionava: como ele pôde falar aquelas coisas sobre mim? Como não sentia o peso das próprias palavras?Ela não se considerava a mais bonita, a mais alta, nem a mais sensual. Diria que estava na média. Não foi contratada para agradar visivelmente o seu chefe, mas parece que isso importava para ele. Portanto, Taylor a forçou a ir até àquela loja.Mia pensou que nunca foi tão humilhada. Não só por suas palavras, mas pelas atitudes. Ele simplesmente as fez sair no horário de trabalho só para comprar roupas. Esse era um tipo de humilhação pelo qual ela nunca passou antes.Comentários maldosos da sua irmã já a deixavam para baixo há muito tempo. Ela, diferentemente de Mia, tinha tudo que queria: usava roupas da moda e era perfeita com seu corpo magro e em forma. Porém, Mia nunca foi de se importar com essa parte. Desde muito cedo focava nos seus objetivos e não tinha tempo de adquirir um gosto pessoal por algo tão banal.
— Qual o porquê de tanta demora? — ele questionou ao as olhar, com o cenho franzido, por alguns instantes. — Tenho afazeres e preciso de você.— Eu não estaria passando por isso se não tivesse me obrigado a vir até aqui. — Cruzou os braços.Ele levantou uma das sobrancelhas e a encarou como se fosse a sufocar com suas mãos. Então, Mia percebeu que fez aquilo de novo. Até que era engraçado, mas ela não poderia perder o emprego.— É para eu estar chateada, não você. — O que falei sobre me responder desse jeito?— Não estamos na situação na qual devo calar a minha boca — justificou. — E não sei por que o senhor está aqui. Quer presenciar ainda mais a minha humilhação?— Deveria me agradecer por fazer esse favor a você. — Ele poderia estar bravejando agora, e ela sentia que queria, só que não faria isso na frente daquelas mulheres. — Posso poupá-la do trabalho se achar melhor ser demitida. — Certo. Mas depois disso, não poderá reclamar de mais nada em mim — propus.— Isso é só o começo,
Mia O dia de Mia foi exaustivo, mesmo não tendo um trabalho braçal. Suportar o mau-humor de Taylor Jackson não era para qualquer um. Ela só estava nisso há três dias, mas pareciam semanas. E nem dava para reclamar, ou ele a botaria para fora da empresa.Maldita hora que fui me meter em uma situação como aquela.Mia não era de desistir e nunca fazia corpo mole. Na verdade, sempre teve que se virar. Sua mãe se dobrava para trabalhar e estar presente na escola e nas competições, enquanto ela tinha que cuidar de si mesma. A ruiva tinha orgulho de nunca ter dado muito trabalho. A mãe já tinha uma vida corrida, por isso ela fazia de tudo para não ser mais uma na sua lista de afazeres.— Vamos. Temos que conversar — disse Sadie, que saiu rebolando na sua frente.Mia ficou parada, onde estava, tentando entendê-la, então a loira olhou para trás e franziu o cenho.— Vamos. Tem um “pub” aqui perto. Podemos beber e conversar lá — explicou.Finalmente Mia andou para fora do prédio, passando pela
Querendo ou não, a ruiva ficou curiosa para saber mais. — Bem, eu não sei se são namorados, contudo, é a pessoa com quem ele mais sai. Mas ainda é um mistério esse lado paciente dele com você. Não passaria do primeiro dia se ele visse que não valeria a pena e não estaria no fim do dia tomando um chope comigo depois do que fez mais cedo. Esse homem não é bonzinho, então fica a pergunta: por que não a demitiu ainda?— Se acha o que falei mais cedo um absurdo, é porque você não viu antes de chegarmos ali. — Ela riu e bebeu um gole da cerveja. — Ele me tratou super mal e eu não fiquei de boca fechada. Esse é o meu mal: não calo a boca quando alguém me provoca.— Isso só piora as coisas — ela disse, chamando a sua minha atenção. — Cinco meses. Cinco secretárias demitidas em cinco meses. Elas não passaram do primeiro mês com ele. Achei que eu ficaria naquele cargo e seria a próxima a ser demitida. E nenhuma delas o respondeu daquele jeito. — O que elas fizeram para ser demitidas?— Chegar
TaylorJackson não sabia o que estava fazendo. Isso o surpreendia. Se considerava durão e concentrado, tinha fodas casuais, ia a festas nas quais muitos consideravam erradas ou pecaminosas, contudo, desde que conheceu Mia, não parava de pensar ou desejar a ruiva.Todas às vezes que ela abria a boca e o respondia com petulância, ficava excitado. Já teve funcionárias que discordaram dele, foi fácil demiti-las, contudo, Mia Wannell não era como elas.A mulher lhe causava uma atração sem explicação. Pensava nela, no trabalho, em casa, na cama e com outras mulheres. Já estava parecendo obsessão.Mia estava com um vestido tubinho, desenhando suas curvas, combinando com a sua pele pálida e cabelos ruivos. Seus lábios estavam pintados de rosa-claro. Ela não precisava de muito para ser linda e elegante, contudo, parecia que a mulher não sabia disso.Taylor não queria arriscar seu pescoço. Aquela mulher era um incêndio e poderia o prejudicar, porém, Jackson não conseguia evitar não há desejar.
MiaTrabalhar ao lado de Taylor estava sendo difícil. Ele era arrogante e sedutor ao mesmo tempo. Tinha vezes que chegava com a cara fechada, se comportava como um ditador, mas antes de ir embora, a olhava com chama nos olhos, fazendo com que Mia se tremesse toda.Desde aquele dia, na sala de reuniões, ele não se atreveu a chegar tão perto dela, novamente. No entanto, não era necessário ele estar tão perto para perturbar ela.Como já havia prometido a si mesma, ficou de boca calada e não o provocou. As semanas se passaram e ela fazia de tudo para permanecer naquele emprego.— Me diz: como ele está hoje? — Sadie veio em sua direção cautelosa e discretamente, após olhar por cima dos ombros de Mia e ver o chefe digitando no seu computador portátil. — Ele já esbravejou ou só ficou calado?— Por que a pergunta? — A ruiva franziu o cenho, desejando olhar na mesma direção que ela, só que isso chamaria a atenção dele. Ele sempre previa quando ela o encarava.Mais do que odiar o seu chefe, ela
— É com isso que está preocupada? — Virou-se abruptamente, com o rosto demonstrando raiva, a fazendo engolir em seco. — Acredite, você é a mais qualificada até então. Mas não consegue se manter firme e comportada. Na primeira oportunidade, me irrita. E sim, esse é o momento em que eu a demito. POR JUSTA CAUSA.Ouvi-lo fez com que Mia também perdesse a noção dos fatos.— Ótimo. Estou contente — mentiu, levantando o nariz. — O senhor é um homem arrogante e muito exigente. Trata a todos com desprezo e vive de mau-humor. Desculpe-me se estraguei a sua roupa ou se o café pode estar quente o suficiente para o machucar. — Pôs as mãos na cintura e o encarou, aproximando-se dele vagarosamente. — Apesar de tudo, posso suportar o senhor, só que duvido muito que encontre outra que possa suportá-lo por mais de um mês. — Parece mesmo que você não se importa com o seu trabalho aqui — disse entre dentes.— Muito pelo contrário, senhor — debochou. — Se eu não me importasse, não teria ficado calada po