Ele estava a poucos passos dela. Mia odiava ter que levantar a cabeça para encará-lo, portanto, pensava que ele fazia isso de propósito só para provocá-la.
— Deseja mais alguma coisa, senhor? — Ela não baixou a cabeça, o que só a colocaria em uma má situação.Ela tinha que permanecer naquele cargo. Era a sua chance ali em Nova York. Mia não sabia que se Taylor a demitisse, poderia voltar para o seu cargo como secretária de Vivian, pois já tinha alguém naquele lugar.Por isso ela odiava ainda mais o Taylor. Ele estava estragando tudo.— Volte ao trabalho, faça-o calada e nunca mais me responda dessa forma.Ela passou alguns segundos presa ao seu olhar e teve que piscar algumas vezes para sair da sua hipnose.— Devo lhe comunicar que não será a última vez. — Naquele momento, Taylor achou que ela estava desafiando-o, pelo que pude ver em seus olhos. E para o bem da sua permanência ali, Mia deveria explicar o seu lado. — Não é insubordinação, é que às vezes faço isso sem perceber.— Então está me dando motivos para a demitir — Taylor estava curioso. Mia era uma mistura de menina inocente e mulher apimentada que ele estava gostando de conhecer.O homem não queria assustar a garota, gostava de ver até onde ela ia para ficar naquele cargo. Em cinco meses, essa era a mais divertida e desafiadora, por isso desejava ficar com ela.— Não pode me demitir. Ainda nem viu do que sou capaz. — Riu de nervoso.— Você já deixou claro do que é capaz, Mia. É capaz de me provocar e me enlouquecer. Não permito que nenhum funcionário meu me responda desse jeito, seja no meu escritório ou na presença de qualquer outra pessoa.Ele estava certo. Eu era uma secretária.Mia sabia que esse era o início de uma batalha de farpas. Ela era desse jeito e nem sempre poderia segurar a sua língua.— O senhor está certo — concordou, sentindo-se mal. — Prometo não fazer isso na frente de ninguém. Segurarei a minha língua. Mas não garanto que terei sucesso quando estivermos a sós. — Surpreendendo Jackson, Mia riu da expressão confusa e irritada dele. O homem observou sua boca e o rosto iluminado. Quase esqueceu quem era a mulher. — Desculpa. É que… faço isso quando estou nervosa.— Saia da minha sala e cuide do seu trabalho antes que eu esqueça das leis e a tire do meu escritório.— Sim, senhor.Ela ainda tentava parar de rir. Estava quase se batendo por esse descontrole.— E nunca mais apareça aqui vestindo esses trapos — ele falou com muita raiva, mas não gritou. Mia se surpreendeu com o seu autocontrole.Ela parou no meio do caminho, pensando no que ele disse.— Não uso trapos, essas roupas são…— Um lixo — completou.Novamente, ela sentiu sua língua coçar. Pensou muito se o responderia ou não, e teve que a morder.— Pode parecer uma senhora de cinquenta anos fora da minha empresa, mas enquanto estiver aqui, deve ser elegante e demonstrar finesse. Você me representa, é como uma extensão minha. E quando estivermos em reuniões, jantares de negócios e viagens, deve estar à minha altura, então arranje roupas mais dignas de uma secretária executiva.— Mas o senhor esquece que sou sua secretária. Meu salário não paga as roupas que exige. — Cruzou os braços.Ela estava no cargo há três dias e, apesar do salário ser bom, bem mais alto do que o anterior, ainda não tinha muito dinheiro para sair gastando com roupas de grife.— O que quer que eu faça? Que jogue tudo fora e assalte uma loja? Me desculpe por ser tão... feia. Deveria contratar alguém como a Sadie. Ela é fina e se veste adequadamente.— Acredite, eu quero muito demitir você agora.— Por que não consegue ser um pouco mais educado?Ok, Mia estava cutucando a onça com vara curta. Até ela sabia que tinha passado dos limites.Ele pegou o telefone sobre a mesa e discou algum número. Seu sangue gelou, pois achou que fosse uma ligação para o RH para demiti-la.— Sadie, venha à minha sala neste exato momento, antes que eu jogue a novata pela janela — ele disse, furioso, e depois bateu o aparelho, desligando-o.— Espera. Vai me demitir mesmo? — Voltou à sua frente, sentindo uma raiva imensa de si mesma. — Não vou mais responder, vou ficar calada e prometo trabalhar em dobro. Será péssimo se...— Cale-se. — Ela engoliu em seco e o Senhor Jackson a encarou profundamente. A ruiva sentiu que cometeu um erro ao chegar tão perto dele. — Não brinquei quando ordenei que queimasse tudo o que está vestindo agora. Eu poderia arrancar essas peças do seu corpo só por odiar vê-las em você.— Não vai me demitir? — Franziu o cenho.— Tome cuidado. Não costumo ser bonzinho ou perdoar. — Ele se curvou e olhou nos olhos dela, bem de perto. — Na próxima vez, eu mesmo a colocarei para fora desta empresa.MiaA ruiva estava tão irritada, que poderia matar aquele homem. Se questionava: como ele pôde falar aquelas coisas sobre mim? Como não sentia o peso das próprias palavras?Ela não se considerava a mais bonita, a mais alta, nem a mais sensual. Diria que estava na média. Não foi contratada para agradar visivelmente o seu chefe, mas parece que isso importava para ele. Portanto, Taylor a forçou a ir até àquela loja.Mia pensou que nunca foi tão humilhada. Não só por suas palavras, mas pelas atitudes. Ele simplesmente as fez sair no horário de trabalho só para comprar roupas. Esse era um tipo de humilhação pelo qual ela nunca passou antes.Comentários maldosos da sua irmã já a deixavam para baixo há muito tempo. Ela, diferentemente de Mia, tinha tudo que queria: usava roupas da moda e era perfeita com seu corpo magro e em forma. Porém, Mia nunca foi de se importar com essa parte. Desde muito cedo focava nos seus objetivos e não tinha tempo de adquirir um gosto pessoal por algo tão banal.
— Qual o porquê de tanta demora? — ele questionou ao as olhar, com o cenho franzido, por alguns instantes. — Tenho afazeres e preciso de você.— Eu não estaria passando por isso se não tivesse me obrigado a vir até aqui. — Cruzou os braços.Ele levantou uma das sobrancelhas e a encarou como se fosse a sufocar com suas mãos. Então, Mia percebeu que fez aquilo de novo. Até que era engraçado, mas ela não poderia perder o emprego.— É para eu estar chateada, não você. — O que falei sobre me responder desse jeito?— Não estamos na situação na qual devo calar a minha boca — justificou. — E não sei por que o senhor está aqui. Quer presenciar ainda mais a minha humilhação?— Deveria me agradecer por fazer esse favor a você. — Ele poderia estar bravejando agora, e ela sentia que queria, só que não faria isso na frente daquelas mulheres. — Posso poupá-la do trabalho se achar melhor ser demitida. — Certo. Mas depois disso, não poderá reclamar de mais nada em mim — propus.— Isso é só o começo,
Mia O dia de Mia foi exaustivo, mesmo não tendo um trabalho braçal. Suportar o mau-humor de Taylor Jackson não era para qualquer um. Ela só estava nisso há três dias, mas pareciam semanas. E nem dava para reclamar, ou ele a botaria para fora da empresa.Maldita hora que fui me meter em uma situação como aquela.Mia não era de desistir e nunca fazia corpo mole. Na verdade, sempre teve que se virar. Sua mãe se dobrava para trabalhar e estar presente na escola e nas competições, enquanto ela tinha que cuidar de si mesma. A ruiva tinha orgulho de nunca ter dado muito trabalho. A mãe já tinha uma vida corrida, por isso ela fazia de tudo para não ser mais uma na sua lista de afazeres.— Vamos. Temos que conversar — disse Sadie, que saiu rebolando na sua frente.Mia ficou parada, onde estava, tentando entendê-la, então a loira olhou para trás e franziu o cenho.— Vamos. Tem um “pub” aqui perto. Podemos beber e conversar lá — explicou.Finalmente Mia andou para fora do prédio, passando pela
Querendo ou não, a ruiva ficou curiosa para saber mais. — Bem, eu não sei se são namorados, contudo, é a pessoa com quem ele mais sai. Mas ainda é um mistério esse lado paciente dele com você. Não passaria do primeiro dia se ele visse que não valeria a pena e não estaria no fim do dia tomando um chope comigo depois do que fez mais cedo. Esse homem não é bonzinho, então fica a pergunta: por que não a demitiu ainda?— Se acha o que falei mais cedo um absurdo, é porque você não viu antes de chegarmos ali. — Ela riu e bebeu um gole da cerveja. — Ele me tratou super mal e eu não fiquei de boca fechada. Esse é o meu mal: não calo a boca quando alguém me provoca.— Isso só piora as coisas — ela disse, chamando a sua minha atenção. — Cinco meses. Cinco secretárias demitidas em cinco meses. Elas não passaram do primeiro mês com ele. Achei que eu ficaria naquele cargo e seria a próxima a ser demitida. E nenhuma delas o respondeu daquele jeito. — O que elas fizeram para ser demitidas?— Chegar
TaylorJackson não sabia o que estava fazendo. Isso o surpreendia. Se considerava durão e concentrado, tinha fodas casuais, ia a festas nas quais muitos consideravam erradas ou pecaminosas, contudo, desde que conheceu Mia, não parava de pensar ou desejar a ruiva.Todas às vezes que ela abria a boca e o respondia com petulância, ficava excitado. Já teve funcionárias que discordaram dele, foi fácil demiti-las, contudo, Mia Wannell não era como elas.A mulher lhe causava uma atração sem explicação. Pensava nela, no trabalho, em casa, na cama e com outras mulheres. Já estava parecendo obsessão.Mia estava com um vestido tubinho, desenhando suas curvas, combinando com a sua pele pálida e cabelos ruivos. Seus lábios estavam pintados de rosa-claro. Ela não precisava de muito para ser linda e elegante, contudo, parecia que a mulher não sabia disso.Taylor não queria arriscar seu pescoço. Aquela mulher era um incêndio e poderia o prejudicar, porém, Jackson não conseguia evitar não há desejar.
MiaTrabalhar ao lado de Taylor estava sendo difícil. Ele era arrogante e sedutor ao mesmo tempo. Tinha vezes que chegava com a cara fechada, se comportava como um ditador, mas antes de ir embora, a olhava com chama nos olhos, fazendo com que Mia se tremesse toda.Desde aquele dia, na sala de reuniões, ele não se atreveu a chegar tão perto dela, novamente. No entanto, não era necessário ele estar tão perto para perturbar ela.Como já havia prometido a si mesma, ficou de boca calada e não o provocou. As semanas se passaram e ela fazia de tudo para permanecer naquele emprego.— Me diz: como ele está hoje? — Sadie veio em sua direção cautelosa e discretamente, após olhar por cima dos ombros de Mia e ver o chefe digitando no seu computador portátil. — Ele já esbravejou ou só ficou calado?— Por que a pergunta? — A ruiva franziu o cenho, desejando olhar na mesma direção que ela, só que isso chamaria a atenção dele. Ele sempre previa quando ela o encarava.Mais do que odiar o seu chefe, ela
— É com isso que está preocupada? — Virou-se abruptamente, com o rosto demonstrando raiva, a fazendo engolir em seco. — Acredite, você é a mais qualificada até então. Mas não consegue se manter firme e comportada. Na primeira oportunidade, me irrita. E sim, esse é o momento em que eu a demito. POR JUSTA CAUSA.Ouvi-lo fez com que Mia também perdesse a noção dos fatos.— Ótimo. Estou contente — mentiu, levantando o nariz. — O senhor é um homem arrogante e muito exigente. Trata a todos com desprezo e vive de mau-humor. Desculpe-me se estraguei a sua roupa ou se o café pode estar quente o suficiente para o machucar. — Pôs as mãos na cintura e o encarou, aproximando-se dele vagarosamente. — Apesar de tudo, posso suportar o senhor, só que duvido muito que encontre outra que possa suportá-lo por mais de um mês. — Parece mesmo que você não se importa com o seu trabalho aqui — disse entre dentes.— Muito pelo contrário, senhor — debochou. — Se eu não me importasse, não teria ficado calada po
Mia A ruiva não estava de bom humor, hoje. Depois de tudo e de se mudar para o apartamento de Sadie, ela precisava de um novo trabalho.Uma das piores coisas, para ela, era sair e ir aquelas agências de empregos, pois no ramo corporativo, a competição, às vezes, não era justa.Mesmo sendo bem apresentável e com um excelente currículo, as exigências e padrões estéticos derrubava algumas concorrentes. Eu não queria ser como ele. O homem era detestável, mesmo que inteligente.Ela levantou o rosto para tirar a expressão de morta dele, depois tomou um banho para acordar o corpo, e buscar roupa decente.Ah, as roupas…Mia odiava abrir o guarda-roupa e as ver nos cabides. Acredite, ela tentou devolvê-las e mandar um cheque, mas é claro que não tinha um valor que cobrisse os gastos. E, pior, ele disse que não queria nada que o fizesse se lembrar da “menina inconveniente”.Ela evitava usá-las. Também não gostava de se lembrar dele. O que era controverso, pois muitas vezes se pegou parada no