- Não quero dinheiro. Eu só vim ajudar.
- Ajudar? – gargalhei, achando que ela poderia ser uma atriz, tamanha forma como atuava, fingindo se preocupar e ser uma boa mãe.
- Nunca fui uma boa mãe e sinceramente é tarde para isso. Sei que falhei e que nunca serei perdoada. Mas se isto o faz sentir-se melhor, não há um dia na vida que eu não me arrependa de ter virado as costas para vocês.
- Foi sua escolha de vida.
- Não, não foi. Seu pai me obrigou a ir embora.
Eu ri, meneando a cabeça:
- Claro, ele já está morto! É fácil pôr a culpa nele, não é mesmo? Até pela sua falta de atenção e afeto com relação a mim e Élida. E quer saber? Pouco me importo pela forma como me tratou a vida inteira. Mas dói pela minha irmã... Ela só tinha quatro anos quando v
- Élida... – Fiquei praticamente sem reação ao vê-la – Esta mulher já vai embora daqui. – Olhei para Ágatha, disposto a tirá-la dali o mais rápido possível.- Não... Não irei embora sem antes contar a verdade à minha filha. – Ágatha disse de forma clara.- Não! Você não tem este direito! – Levantei-me, furioso.- Ágatha... Não foi isso que combinamos. – Maria Eduarda a olhou, preocupada.- Que verdade? – Élida quis saber.- Querida, acho melhor irmos embora. – Dodô tentou puxar Élida para fora, mas minha irmã recusou-se a sair – Sinto muito, senhor Dulevsky... – Me olhou, certa de que Élida não a obedeceria.- O que está acontecendo aqui? – olhou para Maria Eduarda – Reunião de família se
POV MARIA EDUARDAQuando percebi aquela mulher me seguindo, não usei o elevador, temendo que estivéssemos que descer juntas, respirando o mesmo ar, trancafiadas, sendo obrigadas a conversar. E não, eu não queria ouvir usa voz, tampouco que ela se justificasse.Abri a porta da saída de emergência e pouco me importei em descer pelos degraus infinitos que me fariam chegar ao térreo. Amparando-me no corrimão de ferro deslizante, fui declinando por vezes de dois em dois degraus, só pensando em sair imediatamente daquele prédio e nunca mais pôr meus pés naquele lugar.Mas aos poucos fui ficando cansada... Não só da vida, não só de tudo de ruim que me acontecia... Mas também de tentar chegar ao fim daquelas escadarias que não acabavam nunca, me deixando completamente tonta. Minha garganta começou a doer e o ar me faltar, tamanho esfor&ccedi
- Ele lhe deu dinheiro?- Sim... Deixou um cheque em cima da minha cama, um dia antes de eu partir.- Quanto eu valia?- Eu nunca vi o valor... Rasguei o cheque e deixei sobre a mesa dele. E pensei que você seria só minha... A criaria e jamais precisaria de Alexis para nada.- Mas... Mudou de ideia e percebeu que poderia ganhar dinheiro do velho rico!- A esposa dele tornou a minha vida um inferno. Fez com que eu não conseguisse trabalho em lugar algum. Acabou com minha reputação.- Ah, mas ela não tinha este direito! Você foi tão honesta com ela e toda família do seu patrão!Ela dava de ombros para todo meu deboche e sarcasmo, fingindo que eu não usava daquele tom para falar.- Depois de um tempo desisti de arranjar emprego em qualquer lugar que sequer já tinha ouvido falar da família Hauser. Então voltei para a casa de minha m&atil
Quando caí no chão, senti o impacto em todo o meu corpo. O braço arrastou no asfalto e tive muita dor no cotovelo. Fiquei tonta, tentando entender como o carro havia conseguido frear.David correu na minha direção e logo juntou um grupo de pessoas na nossa volta. Ouvi ele pegando o celular e ligando pedindo uma ambulância.- Não precisa, David... Estou bem. – Garanti, tentando me levantar.Até que ouvi o choro desesperado de Élida. E vivi Dodô no chão, desacordada... Senti as lágrimas escorrerem pelas minhas bochechas, sem conseguir entender como ela havia sido atropelada... Junto comigo.David ajudou-me a levantar.- Como? – Tentei entender – Como ela caiu? – meneei a cabeça, atordoada.- Ela salvou você... Dodô se jogou na frente do carro e conseguiu empurrá-la... – me abraçou – Meu Deus, Ma
- Não acho que seja o momento de falarmos sobre isto.- Eu sei – retirei as mãos dele das minhas – E por isto mesmo peço que não me toque. Não quero caridade... Tampouco gesto de carinho por pena.- Eu... Não estou fazendo isto por pena.- Sim... Você está. Porque não foi capaz de me perdoar, mas seu coração está aflito por saber que eu poderia ter morrido... E sabe o quanto estou sofrendo com a revelação de minha mãe. E não sabe nem metade de tudo que eu descobri nestas últimas 24 horas. Não podemos ser amigos, David... Porque o que sentimos um pelo outro não é amizade.- Eu amo tanto você, Maria Eduarda... Mas traiu minha confiança.- Entendo você, David... Juro que entendo. E não se sinta na obrigação de ficar comigo por conta do que houve... Eu poderia ter
- Não... Isso não tem como... – Ela estreitou seus grandes olhos azuis, confusa.- Eu também achei que fosse loucura, Mabel. Mas quem me contou... Foi minha própria mãe.- Maria Dolores? Ela voltou? Procurou você?- Na verdade ela não me procurou. Mas acabei descobrindo quem era ela...- Foi feito teste de DNA quando você nasceu... E confirmado que Rob era seu pai.- Provavelmente falso. Certamente terei que fazer novamente... Afinal, eu não acredito totalmente na minha mãe, embora não ache que ela teria motivos para mentir.- Mas por que ela mentiu isto por tantos anos? Por que carregou isto sem contar a verdade? Você teria todos os seus direitos...- Eu os tive... Em nome de Robin.- Isso... É loucura! – Ela balançou a cabeça, atordoada.- Também achei... Mas Maria Dolores garantiu que é verda
- Maria Dolores? – Ele olhou nos meus olhos e senti um frio na barriga.- Sou... Filha dela. – Expliquei, com a voz quase inaudível.- Ela é sua filha, Maria Eduarda – Mabel disse, de forma carinhosa – Sua filha junto com Maria Dolores.Alexis olhou para nossas mãos enlaçadas e sorriu:- Oi, Maria Eduarda... Filha de Dolores.Parece que mesmo doente, ele não conseguia admitir a paternidade, o que me deu uma certa dor no coração.- Sua filha também! – Mabel envolveu as próprias mãos nas nossas, obrigando-nos a ficarmos unidos.- Filha? – Os olhos dele se estreitaram, realmente parecendo não lembrar da minha existência.- Se ele me vê mais jovem, certamente não consegue assimilar algumas coisas. Não sabemos em que tempo ele vive, não é mesmo? – Tentou justificar, ainda sem
POV DAVIDEu estava nervoso, mas imaginava que Élida devia estar mil vezes mais. Não conseguia parar de balançar meu pé e vez ou outra fazia movimentos circulares, a fim de que ninguém percebesse o quanto aquela demora estava me incomodando.Levantei e fui até a janela, tomar um ar. O espaço não era tão amplo e fiquei com medo de ter uma crise por conta do ambiente fechado e o pouco espaço que me separava de Tumalina e Maya.Até que a recepcionista nos chamou e finalmente entramos na sala, a fim de saber o resultado. Senti a mão de Élida entrelaçar na minha e apertei seus dedos, para que ela se certificasse de que eu estava e estaria junto dela para sempre, em qualquer momento.Nos sentamos na frente do médico, que nos mostrou o papel dobrado que estava à sua frente:- Posso abrir e dar a notícia... Ou se preferirem, algum de voc&e