No fim percebi que o brinquedo nas mãos de David era eu e não ela. E mais uma vez Tumalina havia vencido... Como sempre. Eu continuava sendo a bastarda, a pobre coitada abandonada pela mãe, vendida por dinheiro ao próprio avô, traída pelo marido diversas vezes, esquecida para morrer num quarto de hospital, enquanto lutava pela vida, completamente sozinha.
Eu não esperava que David pudesse contornar a situação das fotos, comprando de Adriana as provas de que era infiel e que protegeriam TumbaLinda.
E cheguei a me conformar, pensando que precisava aceitar que perdi. E que talvez nunca poderia fazer nada contra minha tia e minha prima, encerrando a vingança contra elas antes mesmo de começar.
Num ímpeto fui até o aparador e peguei o celular da mulher que havia tirado as fotos. Não pensei que pudesse não haver senha, mas o aparelho não muito moderno era des
Cheguei na Montez Deocca em cima da hora combinada com Ashley, esbaforida, sem maquiagem e vestindo a primeira roupa que encontrei pela frente. Não teve óculos caros, roupas de grife, sequer um sapato de salto alto... Porque eu estava completamente destruída por dentro.Mas já tinha chegado longe... Tão longe a ponto de perder o homem que eu amava. Então não voltaria atrás. Seguiria em frente até destruir o último da minha lista.Sentei-me na mesa principal, a do antigo CEO da Montez Deocca, Andress, atualmente minha. Alisei o vidro grosso à minha frente, que acolhia meus pertences pessoais. Achei que o gostinho que tive com a saída de meu ex-marido de campo seria ainda melhor na vez de Ashley. Mas meu coração estava tão despedaçado que parecia que nada mais fazia sentido.Meu telefone tocou e a secretária anunciou:- Senhorita Hauser, Ashley Roc
- Não perde tudo. Pode ficar com sua essência e vender para outra empresa, caso queira... Ou melhor, caso alguém queira, já que farei de tudo que estiver ao meu alcance para que ninguém a ajude – sorri com ironia – O que eu não quero é ter que pagar os altos valores do contrato ridículo que você fez Andress assinar. E entenda que ele é um tolo, mas eu não.- Isso... É meio absurdo. Eu só perco!- Pode desistir de tudo agora. A Montez Deocca pagará sua pomposa rescisão de contrato e ficará com uma alta quantia para gastar como quiser. Seus perfumes já produzidos serão extintos e o investimento no marketing cancelado.- E ninguém produzirá meu perfume, já que fará com que David Dulevsky impeça todas as empresas do ramo de me contratarem.- Exatamente! Garota esperta!- Ou... Eu arri
POV MARIA EDUARDAPor mais que eu tivesse um espaço para trabalhar, que era a Montez Deocca, onde poderia produzir o meu próprio perfume, não era minha intenção sair da D.D., só para poder continuar próxima de David. Mas se ele não me queria mais por perto, tampouco em sua vida, por mais que doesse, era hora de aceitar. Por um tempo cheguei a querer impor minha presença e implorar amor, mesmo não sendo correspondida. Mas eu não era mais aquela pessoa e naquilo David tinha razão.- Entendo a sua mudança... Juro que entendo. Mas não tinha o direito de jogar com os sentimentos da minha irmã em troca de algo para sua própria satisfação.- Não foi só pela vingança contra minha tia e minha prima, David. Eu realmente acreditei que Élida precisava saber da verdade... E você também. Mas... – suspirei
Aquilo me deixou ainda mais nervosa, já que imaginei que Maya conhecia Dodô, o que extinguia a possibilidade de ela ser minha mãe, visto que se reconheceriam.- É isto? – Tumalina estreitou os olhos, não evitando um sorriso cínico – Veio até aqui para saber da babá de Élida?- Está tentando descobrir quem é a mãe da menina Dulevsky? – Maya levantou-se e me encarou, próxima o suficiente para que eu sentisse seu perfume – Talvez a babá seja a mãe sim... Quem vai saber, não é mesmo? E sinceramente, não seria nenhuma novidade para mim, já que existe no mundo muitas pessoas iguais a sua mãe... Que usam de filhos para ganharem dinheiro. Seduzem os patrões... Bem, você deve saber, já que estava fazendo o mesmo com David, tentando se apropriar de algo que não é seu, para beneficiar-se financeiramente. Mas está mal informada, bastardinha... Élida tem uma mãe e ela se chama Ágatha. Mas deve saber que Declan não é o pai. E isso destruirá o pobre coraçãozinho da nossa menina caso
POV DAVIDNa manhã seguinte eu pensei em não ir para a D.D. Acordei com uma enxaqueca horrível e dormi mal à noite por conta do que havia acontecido entre Maria Eduarda e eu. Tê-la mandando sair do andar que eu havia feito para ela na empresa havia me destruído por dentro. Vê-la sofrer era o meu sofrimento, mas não podia deixar que ela tomasse decisões por mim ou por minha irmã. Maria Eduarda não tinha aquele direito.Mas entre pensar em não ir para a D.D e realmente fazer aquilo era bem difícil. Embora eu não admitisse para mim mesmo, era um viciado em trabalho. E não conseguia confiar em ninguém para fazer minhas tarefas tão bem quanto eu mesmo.Enquanto resolvia algumas pendências de contratos, entre uma ligação e outra, a secretária entrou em contato comigo:- Senhor Dulevsky, a senhorita Hauser deseja vê
- Não quero dinheiro. Eu só vim ajudar.- Ajudar? – gargalhei, achando que ela poderia ser uma atriz, tamanha forma como atuava, fingindo se preocupar e ser uma boa mãe.- Nunca fui uma boa mãe e sinceramente é tarde para isso. Sei que falhei e que nunca serei perdoada. Mas se isto o faz sentir-se melhor, não há um dia na vida que eu não me arrependa de ter virado as costas para vocês.- Foi sua escolha de vida.- Não, não foi. Seu pai me obrigou a ir embora.Eu ri, meneando a cabeça:- Claro, ele já está morto! É fácil pôr a culpa nele, não é mesmo? Até pela sua falta de atenção e afeto com relação a mim e Élida. E quer saber? Pouco me importo pela forma como me tratou a vida inteira. Mas dói pela minha irmã... Ela só tinha quatro anos quando v
- Élida... – Fiquei praticamente sem reação ao vê-la – Esta mulher já vai embora daqui. – Olhei para Ágatha, disposto a tirá-la dali o mais rápido possível.- Não... Não irei embora sem antes contar a verdade à minha filha. – Ágatha disse de forma clara.- Não! Você não tem este direito! – Levantei-me, furioso.- Ágatha... Não foi isso que combinamos. – Maria Eduarda a olhou, preocupada.- Que verdade? – Élida quis saber.- Querida, acho melhor irmos embora. – Dodô tentou puxar Élida para fora, mas minha irmã recusou-se a sair – Sinto muito, senhor Dulevsky... – Me olhou, certa de que Élida não a obedeceria.- O que está acontecendo aqui? – olhou para Maria Eduarda – Reunião de família se
POV MARIA EDUARDAQuando percebi aquela mulher me seguindo, não usei o elevador, temendo que estivéssemos que descer juntas, respirando o mesmo ar, trancafiadas, sendo obrigadas a conversar. E não, eu não queria ouvir usa voz, tampouco que ela se justificasse.Abri a porta da saída de emergência e pouco me importei em descer pelos degraus infinitos que me fariam chegar ao térreo. Amparando-me no corrimão de ferro deslizante, fui declinando por vezes de dois em dois degraus, só pensando em sair imediatamente daquele prédio e nunca mais pôr meus pés naquele lugar.Mas aos poucos fui ficando cansada... Não só da vida, não só de tudo de ruim que me acontecia... Mas também de tentar chegar ao fim daquelas escadarias que não acabavam nunca, me deixando completamente tonta. Minha garganta começou a doer e o ar me faltar, tamanho esfor&ccedi