Olhei as barracas montadas em círculos, observando as mais próximas não voando somente por conta do peso das pessoas dentro. Eliardo tinha razão... Dentro delas era o lugar mais seguro. No entanto eu sabia que alguém não estaria seguro... Porque tinha pânico de ficar trancado.
Vi o vulto dele próximo de onde estava a fogueira, de onde já nem saía sequer fumaça. O raio pareceu cair próximo e o estrondo foi gigantesco. Senti meu corpo inteiro estremecer... Ainda assim andei firmemente na direção dele, sentindo meus cabelos encharcarem com os pingos frios e tão fortes que chegavam a machucar.
- Você... Não tem medo de chuva... – Falei, sentindo a água molhar totalmente meu corpo.
- Não... Mas você tem de tempestade. – A voz de David estava rouca.
- Eu tenho... Tenho muitos medos, assim como você. Porém não quero mais senti-los.
- Andress entrou na sua barraca... – Disse em tom fraco.
- Andress pode entrar em qualquer lugar, David... Mas num eu
Despertei com as palmas de Eliardo, como de costume, acordando todos. Não havia um só relâmpago ou trovão sendo ouvido do lado de fora e parecia ter sol, tamanha claridade que passava pelo tecido impermeável da barraca.Eu estava completamente nua, deitada no braço de David Dulevsky, conseguindo sentir as batidas de seu coração junto de mim.Por um momento cheguei a pensar que havia sido um sonho. Mas não era! Tudo aquilo realmente aconteceu.Com meus dedos, toquei levemente os lábios do homem que dormia de forma tranquila, não conseguindo impedir o sorriso que saiu dos meus lábios.- Infelizmente precisamos levantar, senhor Dulevsky. – Sussurrei no seu ouvido.- Não estou ouvindo absolutamente nada, senhora Dulevsky. – Disse sem abrir os olhos.Deslizei os dedos até seu peito:- Não acredito que estava acordado!
Eliardo começou a andar e o grupo a segui-lo. David me deu a mão e perguntou:- Acha que conseguiremos fazer a trilha de mãos dadas?- Acho romântico. – Verbena riu, enquanto ia na direção do guia, que começava a trilhar nosso novo caminho.- Se conseguiremos não sei – falei – Mas não desistirei antes de tentar.David me abraçou e antes que eu conseguisse retribuir, TumbaLinda parou ao nosso lado:- Precisamos conversar... E muito seriamente.Afastei-me de David, sabendo que realmente precisávamos ter aquela conversa. E quanto antes fizéssemos aquilo, melhor.- Quer que eu fique? – Verbena perguntou.- Não... Está tudo bem. – Tranquilizei-a.Percebi Élida nos olhando, parecendo preocupada. Verbena, entendendo o que me angustiou, convidou a menina:- Que acha de me ajudar com uma coi
- Vamos, precisamos encontrar Verbena e os outros... – Tentei retirar a mochila de suas costas, sendo impedida.- Vou levar a mochila. Estou bem... Só um friozinho. Não deve ser nada. – Ajeitou a mochila e começou a andar de volta pela trilha.- David, você deve ter se resfriado por causa da chuva de ontem... Ou até mesmo por conta das noites que ficou debaixo do sereno.- Maria Eduarda, pela primeira vez eu realmente estou bem... E nunca me senti tão feliz na vida.- Não me diga coisas bonitas que senão vou levá-lo para dentro do matagal e abusar de você, David. E você não está em condições de ser abusado. – Brinquei.- Olhe para o meu pau e veja se estou em condições ou não, Maria Eduarda.Olhei na direção de suas partes íntimas e me deparei com seu pau duro. Continuei a andar e t
- Tudo nos leva a crer... Que este seja o lado dos desejos. – Zaud parecia encantado pelas águas.Embora as árvores que estavam mais próximas do lago parecessem “mortas”, as demais tinham uma vegetação completamente diferente subindo e descendo de seus galhos verdejantes e tão vivos quanto o canto dos pássaros que faziam ninhos e sobrevoavam as copas, nos dando um espetáculo à parte.Até que vi ela... E se ali não era o lago dos desejos, era sim o lugar onde o meu desejo estava se realizando...Costeei as águas turvas e que pareciam manter segredos horripilantes até o lugar onde a floresta ainda parecia estar viva, me deparando com as espécies de cactos enroscadas em vários dos troncos, fazendo-os de hospedeiros.Toquei os caules finos e com leves espécies de pelagens que pinicavam e carregavam os botões das flores branc
- Já? – Verbena arqueou a sobrancelha – E o que você pediu?- Eu não cheguei a pedir... Mas creio que Deus sabia que eu precisava encontrar alguém que me amasse com a mesma intensidade do meu amor... – suspirei, alisando as mãos macias de David, que me envolviam – Então me deu David.- Isso é muito fofo! – Adriana disse com voz angelical.- David, sendo o desejo de alguém? – Élida pôs o dedo indicador na boca, fazendo aquelas simulações esquisitas dela.David me afastou levemente para o lado e nossos olhos se encontraram. O sol já havia ido embora e a noite oficialmente se fazia presente, com seu céu extremamente estrelado, o mais bonito desde que entramos na floresta. E eu já havia me certificado do quanto estava louca por aquele homem. Mas naquele momento, na forma como seus lábios levemente estremeceram, os c
- Ou sabia que seu avô não permitiria que se aproximasse dela por uns bons anos. – David sugeriu.David tossiu e eu e Élida nos afastamos, a fim de deixá-lo mais à vontade. A tosse persistiu e ele parecia com dificuldade para respirar.Quando finalmente conseguiu se recompor, perguntei, preocupada:- Como está se sentindo? – Pus a mão em sua testa e não pareceu estar com febre.- Bem... Estou bem. Só esta tosse chata que aparece vez ou outra. Reclamou.Olhei para Verbena, que pareceu perceber minha preocupação:- Se está sem febre é um bom sinal. Talvez seja só um resfriado, já que ele dormiu ao relento por várias noites.- Fique tranquila, Maria Eduarda... Não vou deixá-la viúva antes que se torne oficialmente a senhora Dulevsky – garantiu – E isso acontecerá... Nem que sej
No momento que vi David pular, não pensei em mais nada a não ser na possibilidade de perdê-lo. Sem pensar duas vezes, corri na direção do lago e sem me preocupar com nada, tampouco com a morte que já havia tentado me levar uma vez, saltei na tentativa de encontrá-lo... Ou ao menos ser levada junto dele.Sim, se aquele homem havia se jogado nas águas escuras e profundas do lago dos desejos para recuperar algo que tinha extrema importância para mim, merecia qualquer coisa que eu fizesse por ele.Foi tudo muito rápido. Não tive muito tempo de pensar a não ser na hipótese de não o ver nunca mais.Porém quando meu corpo impactou na água, o senti afundar. E abri os olhos, não conseguindo ver absolutamente nada a não ser a escuridão. Até que em segundos cheguei ao chão, enquanto meus braços estavam para cima, implorando
- Amanheceu... Isto é fato! Queria que a lua ficasse brilhando durante o dia para que entendêssemos que era mesmo o lugar que tanto procuramos?- Quer... Tomar banho no lago? – Ele convidou.- Banho no lago? – David ficou apreensivo.Olhamos para o lago e vimos Verbena e Adriana entrando na água. E Eliardo parecia que seria o próximo.- A água... Não é gelada. E... Já que vocês estão bem... Não deve ser muito perigoso. – O garoto tentou convencer.- Claro que Élida não irá. – David disse de imediato.- Deixe-a ao menos... Molhar-se um pouco. – Tentei – Realmente é perigoso adentrarem e tentarem explorar porque ainda não está muito claro... E não conhecemos a real profundidade. Mas... Podem ficar próximos dos demais.David pareceu receoso. Pensou um pouco antes de concord