Bruno Observo a garota subindo as escadas fazendo a saia balançar contra as pernas cobertas pela meia. "Sentiu dó do garoto Marcos?" Questiono passando as costas dos dedos pelos lábios.Minha garota ingênua, carinhosa e apaixonada por fazer o bem aqueles que adota para si, Lívia parece carregar a bondade e a espalha ao seu redor."Não,senhor." Olho para ele pelo retrovisor arqueando a sobrancelha num questionamento silencioso que logo é respondido."Suas ordens foram para priorizar o bem estar da Senhora Lafaiete, com a investigação notei que ela não iria ficar feliz com a morte do único amigo no colégio." "Como assim único amigo?" Fico curioso.Vejo a maneira como ele aparenta procurar as palavras certas."Tanto a senhora Lafaiete quanto o rapaz Miguel são os únicos bolsistas do colégio, eles usam material doado ou de segunda mão, enquanto isso os outros alunos são todos ricos..”Ergo a mão fazendo com que pare de falar, já entendi tudo, para os outros Lívia e Miguel são um caso
Bruno Lafaiete.Homens nascidos em um berço de ouro costumam carregar consigo certa elegância, homens nascidos na máfia carregam consigo os ensinamentos sobre as leis e a maneira certa de se camuflar pela sociedade.Em nenhum momento durante a minha vida deixei a máscara moldada vacilar do meu rosto, as mentiras sempre planejadas junto aos objetivos buscando mais renda para a organização. Em cada um dos momentos que precisei provar a minha competência e no outro dia estar impecável para lidar com os negócios na frente das câmeras. Agora, em um dos meus apartamentos no centro da cidade, observo mãe e filho sentados no sofá preocupados sem entender os motivos pelos quais estou ajudando. Honestamente, nem ao menos sei, entretanto, o pensamento de ter um aliado para fortalecer minhas relações com Lívia parece atraente o suficiente. Manter a postura longe de modelos nos últimos dias vem cobrando um preço razoável com diversas ligações para a empresa em busca de algum comentário sobre a mi
Bruno LafaieteA tensão está no limite principalmente com o garoto que parece estar prestes a sacar a arma. Por mais que consiga entender o que move o homem à minha frente, não sou do tipo que joga para perder. "Estevão" Subo o tom de voz.Mas antes que possa continuar a garota tosse,colocando a mão pequena na mesa atraindo toda a atenção do irmão. Miguel não percebe, a mão direita dela encontrando o joelho de Estevão fazendo o homem tensionar e direcionar os olhos para ela."Papai fez algo terrível conosco, Miguel, mas a dívida precisa ser paga." Ela faz uma pausa direcionando o olhar tristonho para o homem. "Será que posso começar a pagar a dívida quando completar dezoito anos?" Suspirando continua. "Ainda preciso completar o último ciclo de tratamentos contra a leucemia, se permanecer aqui assim, talvez nem seja útil doente.." Ela morde os lábios enquanto o silêncio reina no lugar."Eu posso pagar a dívida no seu lugar." Miguel declara."Não, o acordo é que eu pague a dívida Migu
LíviaOlho para a tela apagada do celular ainda sentindo as bochechas queimando, o tom de voz firme como se conseguisse ler todas as minhas inseguranças apenas pela ligação.Talvez Bruno realmente consiga fazer isso, coloco o aparelho em cima da mesinha e deito suspirando ao afofar o travesseiro. Ele é bem mais velho que eu, enquanto acabei de completar dezessete anos, ele vai completar trinta no próximo mês.E como sei disso? Costumava acompanhar todas as notícias com seu nome, comprando várias revistas e admirando o seu perfil. Um homem que apesar de toda a riqueza dos pais, construiu o próprio império. Seu legado como um dos maiores empresários do ramo de Hotelaria é incrível. Admito ser fã dele, mas aquela conversa que escutei sobre vender o orfanato para fazer algo lucrativo destruiu cada um dos sonhos que tive com ele e principalmente o pedestal em que o colocava. Agora, dou passos inseguros na direção dele, assinamos um contrato no qual sou sua esposa, logo eu!Uma garota po
BrunoManter o brilho no olhar de Lívia é tão singelo quanto regar uma rosa, talvez seja por isso que todos estranham o meu bom humor durante o dia na empresa. Nem mesmo consigo ficar irritado quando Yago aparece com cara de poucos amigos e uma lista interminável de reclamações sobre os contratos que mantemos nas ruas do lado leste da cidade.Giovanna apareceu duas horas depois com uma lista de eventos em nome do meu pai, é claro, futuro prefeito da cidade de Denver. A mais importante do Estado.O nome dele sendo cotado como um dos principais para a organização na Sicília e nas subdivisões aqui nos Estados Unidos. As três principais famílias são compostas por Bianchi, Rizzo e Lafaiete.Meu pai é o filho mais novo, por isso não ocupa a cadeira de chefe, mas como Gianni, meu tio jamais quis se casar, a herança caiu em cima de mim. Desde o nascimento, fui quase enviado de fraldas para ser o pupilo de Don Gianni Lafaiete.Por isso, não faço a menor questão em manter a interação com a minh
LíviaNão encontrei Miguel ao entrar na sala, estranho a ausência do meu amigo. Ao mesmo tempo, ainda estou extasiada pela maneira como Bruno foi tão prestativo. O seu cuidado comigo tem sido tão bom de sentir, é como se não estivesse mais sozinha no mundo. Claro, os cuidados da Madre e das outras freiras, além da amizade com Lívia e o amor das crianças, sempre foram bastante. Só que como toda criança órfã, o sonho de ser adotada sempre existiu, ter uma família, um lar. Acabei criando raízes no orfanato passando da idade como tantas outras crianças que não são adotadas após os três anos de idade. Ver os amigos sendo escolhidos, é de uma alegria enorme e de um vazio infeliz. A dúvida de quem são os meus pais, porque me abandonaram ou o motivo de ninguém querer ficar comigo em um lar. Suspiro, sem conseguir prestar atenção na aula de matemática, noto os olhares do professor Diego ao perceber que não estou interagindo ou fazendo perguntas. Abaixo a cabeça voltando a anotar algumas co
LíviaEscuto as batidas na porta, quero poder ignorar mas não sei a quanto tempo estou aqui dentro chorando como uma criança."Lívia" A voz de Alice soa calma."Já estou voltando para a aula, desculpe." Declaro ajeitando o amassado da saia.Puxo o papel higiênico passando nas bochechas querendo esconder qualquer rastro de choro. Mas ao olhar para a mochila e notar o pequeno rasgo feito pelo salto mordo a parte interna das bochechas. "Querida, o que aconteceu?" Dessa vez a voz dela parece mais preocupada."Nada Alice só precisei vir ao banheiro antes de ir para a aula." Declaro."Lívia as aulas acabaram já faz vinte minutos." Mordo os lábios nervosa retorcendo os dedos, sem saber como agir. Na verdade não quero sair daqui de dentro, quantas vezes sofri com atitudes piores do que a de hoje? Acredito ter ficado tão impactada por uma pequena parte dentro de mim acreditar, que sim, é verdade. Vendi a minha vida durante um ano para poder manter o único lugar que chamo de lar, os gestos ca
LíviaOs fios sedosos entre os meus dedos se misturam com as palavras amorosas e o calor no baixo ventre deixando todo corpo em chamas. Nossas línguas se entrelaçam enquanto suas mãos firmes descem para a minha cintura, entre beijos fortes roubando o fôlego e beijos leves deixando o desejo ainda maior. Suspiro ao tentar continuar, mas não encontro a sua boca, abro os olhos e vejo o sorriso charmoso estampado nos lábios avermelhados. As sobrancelhas grossas franzidas em meio ao brilho azulado, Bruno parece estar buscando controle enquanto seu peito sobe e desce com a respiração acelerada. Ele balança a cabeça em uma negativa."Precisamos parar, não tenho um autocontrole de ferro." Fala determinado com a voz um pouco rouca.Desvio o olhar sentindo o calor do sangue nas bochechas, sinto o desejo enlouquecendo os meus pensamentos. A ideia de ter ele é tão insana quanto a felicidade de saber que estamos nutrindo sentimentos um pelo outro. "Eu quero continuar." Murmuro.Escuto a sua risad