LiviaSeguro com carinho o braço machucado da madre, enquanto Lia passa uma pomada, entrelaçamos as mãos quando a comissária anuncia que o voo irá decolar.Em seguida começamos a fazer uma oração junto com ela, o jatinho por dentro parece algo saído das revistas de pessoas ricas, todo em tons de bege e marrom, com poltronas largas, no fundo uma mesa na qual Bruno se sentou com Gianni, pediram uma bebida e junto com Marcos iniciaram uma conversa sem fim.Algumas horas depois, Lia e eu, suspiramos em alivio com a mamãe ressonando contra o encosto do banco antes de nos fazer iniciar uma nova oração.Acenamos em concordância e retirando o cinto, vamos para as poltronas que ficam na frente dela e permitem que conversemos baixo o suficiente por ficar lado a lado.“Eu deveria ter seguido o seu conselho, desmarcado o casamento.” Murmuro.Com os ombros caídos, acabo deixando as lágrimas brotarem outra vez, apertando as mãos contra o tecido do vestido sujo.“Não, você tomou a atitude certa.” L
Bruno LafaieteA fúria que percorre as minhas veias é capaz de destruir homens, em cada quilometro dentro do carro sinto que irei enlouquecer senão meter uma bala na cabeça de alguém. Poderia estar com Livia em casa, explicando a loucura da realidade que é essa vida na máfia ou até mesmo continuar a mantê-la no escuro deixando que desfrutasse da nossa lua de mel antes de precisar confessar algo.“Guarde essa raiva para os inimigos.”Desvio o olhar das árvores que envolvem as rodovias da Sicilia para encarar, meu tio Gianni.“Temos um objetivo, filho, foque na segurança dela.” Reafirma pela milésima vez o motivo pelo qual estou longe da minha esposa.“Quero caçar o bastardo que mandou as informações para o Alejandro.” Confesso.O olhar de Marcos encontra com o meu pelo retrovisor.“Colocaria Giuliano na lista.” Afirma. “No dia em que firmou o contrato com ela, lembro do quanto o homem não conseguiu esconder o interesse no rosário.”Travo o maxilar relembrando do dia em que o filho da p
Gianni LafaieteConversando,algumas amenidades com Bruno, espero paciente pela chegada de Henrico Martinni. O possível traidor demora quase uma hora completa para aparecer e ao nos encontrar completamente conscientes dentro do cômodo, a confiança em cometer uma traição parece se esvair do corpo."Don Lafaiete" Pronuncia abaixando a cabeça. A esposa aparece logo atrás, seus olhos vão diretamente para a bandeja e em seguida acompanha até chegar em nossas mãos.Bato os dedos contra a madeira da mesa, em cima dos números tão perfeitos."Seus homens se esqueceram a quem essas terras pertencem Henrico." Mantenho a voz calma. "Alguém o desrespeitou?"antes que continue ergo a mão o fazendo parar de falar."Não se preocupe, já lidei com isso." É claro que o bastardo sabe disso e se faz de desentendido, mas como expliquei de maneira paciente a Bruno. A paciência é uma virtude. Marcos entra no escritório fechando as portas de madeira atrás de si mesmo, dando a deixa perfeita."Sempre que re
LíviaSentada na beirada da cama usando uma camisola azul de seda, as lágrimas caem mais uma vez, durante o último mês conheci todos os pontos turísticos da Sicília, aprendi várias palavras em italiano, além de entender algumas regras da famiglia com a minha cunhada que apesar de aparentar ser alguém fechada demonstrou ser uma amiga maravilhosa. Lia e mamãe passearam comigo por todos os lados, mesmo que as perguntas estivessem queimando nas próprias línguas. Fizemos várias noites do pijama para que conseguisse ignorar o vazio nessa cama gigante. A enorme mansão com uma pequena vinícola aos fundos é tão bela, todo o requinte por dentro mesclado aos tons de marfim. Um gramado enorme, piscina, jardim de inverno encontrei até uma academia aqui dentro e uma enorme garagem subterrânea repleta de carros caros que parecem ser uma obsessão do meu marido e do tio. Os dois vivem aqui, na casa da família Lafaiete. Enquanto os meus sogros que nem mesmo conheci em outra casa, mas não vem a Itál
LíviaAcordo sentindo o toque quente contra a minha barriga, remexo um pouco o corpo encontrando o olhar dele, as iris azuis brilhantes. A barba por fazer fazendo cócegas contra a minha pele, Bruno está deitado com a cabeça apoiada na minha barriga. "Estava conversando com ele." Responde como se explicasse tudo.Ergo as sobrancelhas, admirando como o sol frio da Sicília ilumina ele, usando uma calça moletom."Quem disse que é ele?" Questiono. "Pode ser uma menina." "Não." Responde fechando a cara e fazendo um bico. "Como assim, não e pronto?!" Pergunto."Deus sabe que ter Alejandro como sogro já é castigo suficiente para os meus pecados, não vai me fazer sair correndo atrás de um bando de adolescentes querendo tocar em uma cópia sua." Resmunga virando o rosto outra vez."Um mês de gravidez e você está pensando na adolescência da nossa filha?!" Exclamo rindo."Filho, nós vamos ter um filho." Não aguento e acabo rindo ainda mais, o safado se aproveita do momento deslizando as mãos a
Observo de longe a maneira como está sentada ao lado da Madre, as duas com terços rezando, o sol iluminando seus rostos fazendo com que o céu da Itália pareça um pouco mais celestial. A belladonna é um anjo que brilha de alegria. Solto o cigarro pisando em cima para cobrir a minha transgressão quando vejo pelo canto do olho a mini pirralha de cabelos vermelhos molhados, um vestidinho mais infantil do que as roupas nas quais a encontrei. "Quem são?" Questiona olhando as duas mulheres em um dos bancos perto da fonte. O quintal gigante da mansão Lafaiete, enquanto nossas casas pequenas ficam próximas da saída da propriedade, sempre a vista e disposição do Don. "Protegidas de Don Gianni." Retruco cruzando os braços."Fumar faz mal aos pulmões." Ergo a sobrancelha olhando para a garota."Quer que volte a fumar dentro da casa?" "Não, não" Balança as mãos afoita. "Me lembra Henrico, fumando." Seu olhar entristece, a boca fica curvada para baixo e a porra do meu coração da um solavanc
LiviaPassar o dia na cama com Bruno fazendo os meus desejos, acariciando a minha pele e beijando todo o meu corpo era verdadeiramente um sonho até o momento em que precisei levantar da cama com ele para ser vista pelos funcionários da casa.De tudo o que entendi nesse último mês é que ninguém é confiável, nem mesmo as pessoas que trabalham aqui, com um vestido florido e sandálias sem salto, a mão possessiva apoiada na minha lombar, descemos as escadas juntos.No saguão, Marcos acaba de entrar após Lia que sai andando apressada."Não vai jantar?" Questiono rápido.Ela parece voltar a si, piscando várias vezes como faz quando está nervosa."Claro, vamos." Força um sorriso.Franzo um pouco as sobrancelhas sem entender o que está acontecendo, mas como Bruno aconselhou, perguntas delicadas e assuntos secretos devem ser tratados no particular sempre conferindo se as paredes não estão ouvindo.Entramos na sala de jantar, com uma mesa quadrada enorme na qual mamãe já está sentada com um sorr
Lívia preciso de um momento para conseguir controlar a bile antes de acabar vomitando no chão, todos os olhares se voltam para mim. Sinto os ombros sendo segurados pelas mãos quentes de Lia, com os olhos pesados observo o homem completamente diferente daquele que estava beijando o meu corpo na cama, erguendo Amélia pelo pescoço contra a parede, gritando contra sua face enquanto é contido por um tio e um segurança. Não consigo falar nada sem forças, parece que o mundo está desabando ao meu redor.Como pude ser tão cega em não ter percebido nada, em aceitar um contrato assim, acreditar que poderia ser amada quando nem mesmo fui amada pelos meus pais. Durante todo esse mês, nem Maria e nem Alejandro apareceram, foi o único assunto do qual não toquei ao conversar com Bruno. Sua maneira forte em afirmar que os dois me levariam para o México agora parece ser uma ótima opção para o meu coração magoado. Choro desesperada, quando os braços da minha mãe envolvem o meu corpo. As mãos acaric