Lívia preciso de um momento para conseguir controlar a bile antes de acabar vomitando no chão, todos os olhares se voltam para mim. Sinto os ombros sendo segurados pelas mãos quentes de Lia, com os olhos pesados observo o homem completamente diferente daquele que estava beijando o meu corpo na cama, erguendo Amélia pelo pescoço contra a parede, gritando contra sua face enquanto é contido por um tio e um segurança. Não consigo falar nada sem forças, parece que o mundo está desabando ao meu redor.Como pude ser tão cega em não ter percebido nada, em aceitar um contrato assim, acreditar que poderia ser amada quando nem mesmo fui amada pelos meus pais. Durante todo esse mês, nem Maria e nem Alejandro apareceram, foi o único assunto do qual não toquei ao conversar com Bruno. Sua maneira forte em afirmar que os dois me levariam para o México agora parece ser uma ótima opção para o meu coração magoado. Choro desesperada, quando os braços da minha mãe envolvem o meu corpo. As mãos acaric
LíviaEle parece estar tão magoado comigo quanto aquelas fotos destruindo o meu coração, apoio a mão no ventre sentindo o peso da aliança no dedo.Fizemos votos, promessas e trocamos nossos corações.Suspiro deixando o ar fugir dos meus pulmões, controlando o choro."Como irá provar que não teve nada com ela?" Questiono. "Aquele homem falou algo sobre o conselho e ela disse que iria me expulsar daqui já que será a sua esposa e mãe do seu herdeiro."Bruno se ajoelha na minha frente entrelaçando as nossas mãos."De alguma maneira irei conseguir provar que nunca tive nada com ela, a verdade sempre vem à tona." Ele apoia a testa contra a minha barriga. "Só tenho uma esposa e um herdeiro, você e o nosso filho são a minha família, prometi que iria proteger os dois, preciso que confie em mim, que não desista de nós."Acaricio os seus fios macios encostando a bochecha contra ele enquanto desço os dedos pela nuca dele."Eu só... um mês longe Bruno, pouco tempo juntos e ... eu nunca tive ningué
Bruno LafaieteIgnoro o silêncio da mansão, cruzando os corredores escuros, descendo os degraus apressado até entrar no escritório do meu tio, ligo os abajures indo direto para o cofre e retirando alguns livros de contabilidade da organização dos anos em que o suposto sequestro aconteceu.Sento na cadeira de couro dele, junto com os livros na mesa, abrindo o notebook e pegando um lápis junto com uma folha em branco. Abrindo os registros e conferindo cada valor arrecadado pelas famílias da época e no computador refaço alguns cálculos.As portas de madeira se abrem, revelando o homem alto com a camisa social enrolada até os cotovelos, uma expressão fria da qual ninguém além de mim, consegue perceber sua insatisfação e o misto de dúvidas.Gianni caminha até a pequena mesa com uma garrafa de uísque servindo um copo cheio até a borda, tomando tudo num único gole e se servindo novamente, antes de caminhar até o sofá e sentar esticando as pernas, apoiando as costas na lateral, ficando com o
Bruno.Empendurado pelos braços amarrados no gancho de frigorifico, sentindo o frio do lugar escuro. Tenho a consciência de estar a horas aqui dentro, sem água e sem comida, descalço. Quando homens mascarados entram, provavelmente contratados por Castilho puto comigo ou o traidor de merda. Os golpes fortes começam sempre evitando o rosto.A regra da família é que quando um dos nossos estiver sendo punido espere pela votação do conselho sem comida e sem água.Apenas traidores reconhecidos recebem torturas físicas e psicológicas.Depois que eles terminam sinto duas costelas trincadas e a carne dolorida. O mesmo se repete no dia seguinte, a falta de água me deixa ainda mais desorientado. O treinamento que Gianni fez passar é primordial agora, na minha mente acalmo os pensamentos controlando a raiva, as dores nos pés e enganchando mais os dedos para não ficar com o ombro deslocado.Fecho os olhos aproveitando para conseguir descansar um pouco, lembrando da maneira como Lívia gosta de ac
LíviaNão consigo rezar nem mais um rosário sentada ao lado de Lia e da minha mãe, parece mais que o mundo vai explodir a qualquer momento.Três malditos dias sem ver ele, sem notícias ou qualquer informação para saber o que está acontecendo.Hoje, quando Gianni saiu usando um terno fechado sem nem mesmo parar foi o estopim dos meus enjôos. O café da manhã foi colocado para fora como se fosse um prenúncio do pior, as horas se passando e os copos de água , suco, chás e todas as tentativas em ser acalmada ficando piores. Fui sendo tomada pela dor e o mau presságio. Mordo os lábios mais uma vez sentindo o sangue enchendo a minha boca de tanto que machuquei a pele sensível. "Filha, precisa se acalmar, não faz bem para o bebê." Mamãe murmura passando as mãos nas minhas costas."Preciso de notícias." Digo chorando. Abaixo o rosto colocando as mãos para cobrir os olhos inchados e as lágrimas que não param de descer em nenhum momento. O som de pneus estacionando de qualquer jeito, grito
Com uma das mãos no copo de bebida, faço questão de exibir o anel com a pedra vermelha. Os homens ao redor da mesa de madeira comentam sobre as atitudes que causaram a punição do meu sobrinho, alguns provavelmente já estão incitando ideias sobre a sucessão desse trono ou se ainda sou capaz de governar. O gosto do álcool aplaca um pouco da fera pronta para destruir eles. Mas a famiglia é muito mais importante do que esses meros vermes, Lívia estava certa ao imaginar qualquer um com a capacidade de desviar a nossa atenção. Isso só reforça que eles não desejam apenas uma guerra, mas a cadeira. Faço parte da terceira geração que mantém o poder dentro da Camorra. Não fui criado para ser um garoto inocente e acreditar em amizades ou amor como Bruno. Busquei fazer o possível para mantê-lo um pouco são, comparado as loucuras que Michel Lafaiete fez comigo e Afonso. Sempre tentei compreender o motivo pelo qual o meu único irmão sempre ficou ressentido comigo quando passamos pelas mesmas mer
Lívia .Observo a maneira como suas costas sobem e descem com certo esforço, o modo como praticamente me expulsou do quarto gritando em fúria. Marcos veio correndo, com esforço ajudou Bruno a se levantar da cama, seu corpo fraco demais para sustentar o próprio peso, a pele sem cor com a perda de sangue e seus grunhidos doloridos em cada passada até o banheiro fazendo algum corte reabrir. Vou descartando os panos sujos de sangue pelo segundo dia consecutivo, enquanto tento manter as feridas abertas limpas. A pele branca rasgada e a tatuagem que passava pela omoplata esquerda deformada. Os fios bagunçados caindo pela testa e a barba por fazer marcando o queixo, com a respiração fraca. Meus olhos se enchem de lágrimas outra vez, sinto uma impotência tão grande. "Vá passear com Magnólia e Lia." A voz grave com um tom autoritário chama a minha atenção. Suspiro, torcendo o pano na bacia que já está completamente vermelha do sangue, fico calada passando com cuidado nos machucados. "Lívia
BrunoAdmiro a minha mulher entre os meus braços, cada um dos traços expressos no rosto ameno demonstra o medo que sente das minhas palavras. Porém, a respiração pesada entrega a excitação escondida embaixo do desejo em ser a boa garota de sempre.Pecadores nascem corrompidos pela maldade, aceitar os pedaços perdidos na escuridão dos pensamentos mais cruéis é um caminho sem volta.Deveria continuar fiel a Camorra, deveria ter como única amante a máfia e nesses momentos o meu desejo mais sombrio é envolver a mão em torno do pescoço delicado dela, foder sua buceta e deixar que morra entre os meus dedos solucionando uma boa parte dos problemas.Mas Lívia é a minha droga alucinógena, viciante e o misto de dúvidas que faz a minha mente perturbada querer envolver entre os braços a consolando.Ela fica ainda mais nervosa, percebo ter deixado o monstro brincar próximo demais a superfície.Pisco abrindo um sorriso de lado, aproximando as nossas testas, passando nossos lábios um no outro. Finjo