LíviaSentada na beirada da cama usando uma camisola azul de seda, as lágrimas caem mais uma vez, durante o último mês conheci todos os pontos turísticos da Sicília, aprendi várias palavras em italiano, além de entender algumas regras da famiglia com a minha cunhada que apesar de aparentar ser alguém fechada demonstrou ser uma amiga maravilhosa. Lia e mamãe passearam comigo por todos os lados, mesmo que as perguntas estivessem queimando nas próprias línguas. Fizemos várias noites do pijama para que conseguisse ignorar o vazio nessa cama gigante. A enorme mansão com uma pequena vinícola aos fundos é tão bela, todo o requinte por dentro mesclado aos tons de marfim. Um gramado enorme, piscina, jardim de inverno encontrei até uma academia aqui dentro e uma enorme garagem subterrânea repleta de carros caros que parecem ser uma obsessão do meu marido e do tio. Os dois vivem aqui, na casa da família Lafaiete. Enquanto os meus sogros que nem mesmo conheci em outra casa, mas não vem a Itál
LíviaAcordo sentindo o toque quente contra a minha barriga, remexo um pouco o corpo encontrando o olhar dele, as iris azuis brilhantes. A barba por fazer fazendo cócegas contra a minha pele, Bruno está deitado com a cabeça apoiada na minha barriga. "Estava conversando com ele." Responde como se explicasse tudo.Ergo as sobrancelhas, admirando como o sol frio da Sicília ilumina ele, usando uma calça moletom."Quem disse que é ele?" Questiono. "Pode ser uma menina." "Não." Responde fechando a cara e fazendo um bico. "Como assim, não e pronto?!" Pergunto."Deus sabe que ter Alejandro como sogro já é castigo suficiente para os meus pecados, não vai me fazer sair correndo atrás de um bando de adolescentes querendo tocar em uma cópia sua." Resmunga virando o rosto outra vez."Um mês de gravidez e você está pensando na adolescência da nossa filha?!" Exclamo rindo."Filho, nós vamos ter um filho." Não aguento e acabo rindo ainda mais, o safado se aproveita do momento deslizando as mãos a
Observo de longe a maneira como está sentada ao lado da Madre, as duas com terços rezando, o sol iluminando seus rostos fazendo com que o céu da Itália pareça um pouco mais celestial. A belladonna é um anjo que brilha de alegria. Solto o cigarro pisando em cima para cobrir a minha transgressão quando vejo pelo canto do olho a mini pirralha de cabelos vermelhos molhados, um vestidinho mais infantil do que as roupas nas quais a encontrei. "Quem são?" Questiona olhando as duas mulheres em um dos bancos perto da fonte. O quintal gigante da mansão Lafaiete, enquanto nossas casas pequenas ficam próximas da saída da propriedade, sempre a vista e disposição do Don. "Protegidas de Don Gianni." Retruco cruzando os braços."Fumar faz mal aos pulmões." Ergo a sobrancelha olhando para a garota."Quer que volte a fumar dentro da casa?" "Não, não" Balança as mãos afoita. "Me lembra Henrico, fumando." Seu olhar entristece, a boca fica curvada para baixo e a porra do meu coração da um solavanc
LiviaPassar o dia na cama com Bruno fazendo os meus desejos, acariciando a minha pele e beijando todo o meu corpo era verdadeiramente um sonho até o momento em que precisei levantar da cama com ele para ser vista pelos funcionários da casa.De tudo o que entendi nesse último mês é que ninguém é confiável, nem mesmo as pessoas que trabalham aqui, com um vestido florido e sandálias sem salto, a mão possessiva apoiada na minha lombar, descemos as escadas juntos.No saguão, Marcos acaba de entrar após Lia que sai andando apressada."Não vai jantar?" Questiono rápido.Ela parece voltar a si, piscando várias vezes como faz quando está nervosa."Claro, vamos." Força um sorriso.Franzo um pouco as sobrancelhas sem entender o que está acontecendo, mas como Bruno aconselhou, perguntas delicadas e assuntos secretos devem ser tratados no particular sempre conferindo se as paredes não estão ouvindo.Entramos na sala de jantar, com uma mesa quadrada enorme na qual mamãe já está sentada com um sorr
Lívia preciso de um momento para conseguir controlar a bile antes de acabar vomitando no chão, todos os olhares se voltam para mim. Sinto os ombros sendo segurados pelas mãos quentes de Lia, com os olhos pesados observo o homem completamente diferente daquele que estava beijando o meu corpo na cama, erguendo Amélia pelo pescoço contra a parede, gritando contra sua face enquanto é contido por um tio e um segurança. Não consigo falar nada sem forças, parece que o mundo está desabando ao meu redor.Como pude ser tão cega em não ter percebido nada, em aceitar um contrato assim, acreditar que poderia ser amada quando nem mesmo fui amada pelos meus pais. Durante todo esse mês, nem Maria e nem Alejandro apareceram, foi o único assunto do qual não toquei ao conversar com Bruno. Sua maneira forte em afirmar que os dois me levariam para o México agora parece ser uma ótima opção para o meu coração magoado. Choro desesperada, quando os braços da minha mãe envolvem o meu corpo. As mãos acaric
LíviaEle parece estar tão magoado comigo quanto aquelas fotos destruindo o meu coração, apoio a mão no ventre sentindo o peso da aliança no dedo.Fizemos votos, promessas e trocamos nossos corações.Suspiro deixando o ar fugir dos meus pulmões, controlando o choro."Como irá provar que não teve nada com ela?" Questiono. "Aquele homem falou algo sobre o conselho e ela disse que iria me expulsar daqui já que será a sua esposa e mãe do seu herdeiro."Bruno se ajoelha na minha frente entrelaçando as nossas mãos."De alguma maneira irei conseguir provar que nunca tive nada com ela, a verdade sempre vem à tona." Ele apoia a testa contra a minha barriga. "Só tenho uma esposa e um herdeiro, você e o nosso filho são a minha família, prometi que iria proteger os dois, preciso que confie em mim, que não desista de nós."Acaricio os seus fios macios encostando a bochecha contra ele enquanto desço os dedos pela nuca dele."Eu só... um mês longe Bruno, pouco tempo juntos e ... eu nunca tive ningué
Bruno LafaieteIgnoro o silêncio da mansão, cruzando os corredores escuros, descendo os degraus apressado até entrar no escritório do meu tio, ligo os abajures indo direto para o cofre e retirando alguns livros de contabilidade da organização dos anos em que o suposto sequestro aconteceu.Sento na cadeira de couro dele, junto com os livros na mesa, abrindo o notebook e pegando um lápis junto com uma folha em branco. Abrindo os registros e conferindo cada valor arrecadado pelas famílias da época e no computador refaço alguns cálculos.As portas de madeira se abrem, revelando o homem alto com a camisa social enrolada até os cotovelos, uma expressão fria da qual ninguém além de mim, consegue perceber sua insatisfação e o misto de dúvidas.Gianni caminha até a pequena mesa com uma garrafa de uísque servindo um copo cheio até a borda, tomando tudo num único gole e se servindo novamente, antes de caminhar até o sofá e sentar esticando as pernas, apoiando as costas na lateral, ficando com o
Bruno.Empendurado pelos braços amarrados no gancho de frigorifico, sentindo o frio do lugar escuro. Tenho a consciência de estar a horas aqui dentro, sem água e sem comida, descalço. Quando homens mascarados entram, provavelmente contratados por Castilho puto comigo ou o traidor de merda. Os golpes fortes começam sempre evitando o rosto.A regra da família é que quando um dos nossos estiver sendo punido espere pela votação do conselho sem comida e sem água.Apenas traidores reconhecidos recebem torturas físicas e psicológicas.Depois que eles terminam sinto duas costelas trincadas e a carne dolorida. O mesmo se repete no dia seguinte, a falta de água me deixa ainda mais desorientado. O treinamento que Gianni fez passar é primordial agora, na minha mente acalmo os pensamentos controlando a raiva, as dores nos pés e enganchando mais os dedos para não ficar com o ombro deslocado.Fecho os olhos aproveitando para conseguir descansar um pouco, lembrando da maneira como Lívia gosta de ac