Lívia Bruno estaciona o carro na lateral do colégio próximo a uma das entradas, tenho uma noção completa dos vidros escuros fechados e dos dois carros que fazem a nossa segurança. Um estacionado à frente e outro atrás. Mordo a parte interna da bochecha nervosa, que tipo de jogo esse homem está fazendo? Puxo uma respiração profunda quase gritando em frustração ao ser tomada pelo perfume amadeirado que gruda em cada pedacinho da minha mente, mas orgulhosa consigo forças o suficiente para falar."Não estamos na frente de ninguém Bruno,não precisa fingir." Falo apertando os dedos em volta da mochila."O que te faz acreditar que fico fingindo qualquer coisa com você?" A voz grave preenche o espaço pequeno. Viro o corpo para observar suas feições com o sorriso cafajeste no canto dos lábios, os olhos verdes brilhando em um desafio silencioso."Como você consegue ser tão cínico?" Cruzo os braços irritada. "Já não basta ter me obrigado a assinar aquele contrato..""Você não foi obrigada a n
Bruno LafaietePreciso de um autocontrole enorme para não agarrar a garota dentro do meu carro, a maneira como ela se desfaz de mim é irritante do mesmo modo como desafia o meu ego. Observo de longe enquanto alguns garotos tiram sarro dela, puxo o celular do bolso.*Dê um jeito nesses garotos Envio uma mensagem para Miguel, o chefe dos meus seguranças. Bato os dedos contra o volante buscando recobrar um pouco de consciência, uma garota, Lívia é apenas uma garota.Dou partida no carro em direção a empresa, entre uma reunião e outra recebo uma atualização do segurança que deixei para acompanhar os movimentos da garota. Preciso controlar os pensamentos sobre a boca rosada. Bato os dedos contra mesa de vidro imerso num mundo diferente, em um do qual Livia é a razão da minha dor de cabeça."Senhor ?" Ergo a cabeça encontrando o olhar de Silvia, a secretária parece estar a um bom tempo parada esperando alguma resposta minha."O que uma mulher gosta de receber de presente?" Questiono.Pe
Lívia Demoro a entender a consequência das minhas atitudes, mas em um momento acabo fechando os olhos e dando espaço para a língua obstinada traçando cada pedacinho da minha boca, busco retribuir do mesmo jeito acompanhando aos poucos a brutalidade. Em pouco tempo o fôlego se esvai mas a necessidade em continuar é tão grande quanto o desejo que se infiltra junto com as borboletas na minha barriga, o toque na minha nuca misturado a tudo isso arranca um leve gemido da minha garganta. Nem mesmo consigo reconhecer de início. Mas e o suficiente para acordar o homem a minha frente, tão rápido quanto se aproximou Bruno se afasta apoiando a mão esquerda no volante, sua respiração tão afetada quanto a minha. Engulo a vontade de levar a mão aos lábios o gosto de menta do hálito dele misturado ao doce do chocolate. Preciso soltar o ar com calma para diminuir o ritmo das batidas do meu coração. As palavras fortes ficando gravadas na minha mente."Desculpa Lívia" A voz rouca atrai minha atenção
Bruno LafaieteSeguro o copo com o líquido escurecido inspirando o forte cheiro do álcool, perdido em pensamentos estranho, sim, estranhos. De uma maneira distorcida aquela garota atrai um homem que imaginei ter matado anos atrás. Dizem que com a idade recebemos um bom grau de sabedoria, então, por que na minha frente tem esse contrato de casamento?No primeiro momento queria apenas ensinar uma lição a ela, em noites como essa estaria em alguma boate fodendo com alguma desconhecida, agora, estou olhando para o celular que continua com a tela apagada sem nenhuma notificação em resposta ao texto ridículo. Com raiva puxo o aparelho abrindo o aplicativo de mensagens pronto para apagar a besteira que escrevi, mas são as setas verdes confirmando a leitura da mensagem que causam um tremor ridículo no meu peito. Jogo as costas contra a poltrona de couro, batendo os dedos na mesa e tomando a bebida de uma única vez, os cabelos cacheados caindo pelas costas emoldurando o busto as meias deixand
LíviaNão sei qual a loucura estava passando pela minha cabeça quando resolvi dar uma chance para essa loucura com Bruno. Pelo menos é nisso que passo o dia inteiro revirando na mente, Miguel parece estar preso na própria cabeça e não pergunta o motivo do meu silêncio. Agradeço por isso, não quero mentir para mais uma das poucas pessoas que fazem parte da minha vida, enquanto a turma do bolinha liderada por Henrique Maltanazzo parece ter desaparecido. É talvez seja um bom dia. As horas vão se passando mesmo que lentamente, tenho em vista ficar concentrada nas aulas para não pensar tanto nos olhos verdes brilhantes. Suspiro pela milésima vez no dia quando o som da sirene ecoa por todo colégio indicando o final das aulas. Guardo o material e quando viro para chamar Miguel, não o encontro. Será que as coisas na casa do meu amigo pioraram? A vida dele é bem mais complicada do que a minha, com uma família pobre ele é um dos poucos bolsistas, a mãe trabalha o dia todo para sustentar a ca
Bruno Observo a garota subindo as escadas fazendo a saia balançar contra as pernas cobertas pela meia. "Sentiu dó do garoto Marcos?" Questiono passando as costas dos dedos pelos lábios.Minha garota ingênua, carinhosa e apaixonada por fazer o bem aqueles que adota para si, Lívia parece carregar a bondade e a espalha ao seu redor."Não,senhor." Olho para ele pelo retrovisor arqueando a sobrancelha num questionamento silencioso que logo é respondido."Suas ordens foram para priorizar o bem estar da Senhora Lafaiete, com a investigação notei que ela não iria ficar feliz com a morte do único amigo no colégio." "Como assim único amigo?" Fico curioso.Vejo a maneira como ele aparenta procurar as palavras certas."Tanto a senhora Lafaiete quanto o rapaz Miguel são os únicos bolsistas do colégio, eles usam material doado ou de segunda mão, enquanto isso os outros alunos são todos ricos..”Ergo a mão fazendo com que pare de falar, já entendi tudo, para os outros Lívia e Miguel são um caso
Bruno Lafaiete.Homens nascidos em um berço de ouro costumam carregar consigo certa elegância, homens nascidos na máfia carregam consigo os ensinamentos sobre as leis e a maneira certa de se camuflar pela sociedade.Em nenhum momento durante a minha vida deixei a máscara moldada vacilar do meu rosto, as mentiras sempre planejadas junto aos objetivos buscando mais renda para a organização. Em cada um dos momentos que precisei provar a minha competência e no outro dia estar impecável para lidar com os negócios na frente das câmeras. Agora, em um dos meus apartamentos no centro da cidade, observo mãe e filho sentados no sofá preocupados sem entender os motivos pelos quais estou ajudando. Honestamente, nem ao menos sei, entretanto, o pensamento de ter um aliado para fortalecer minhas relações com Lívia parece atraente o suficiente. Manter a postura longe de modelos nos últimos dias vem cobrando um preço razoável com diversas ligações para a empresa em busca de algum comentário sobre a mi
Bruno LafaieteA tensão está no limite principalmente com o garoto que parece estar prestes a sacar a arma. Por mais que consiga entender o que move o homem à minha frente, não sou do tipo que joga para perder. "Estevão" Subo o tom de voz.Mas antes que possa continuar a garota tosse,colocando a mão pequena na mesa atraindo toda a atenção do irmão. Miguel não percebe, a mão direita dela encontrando o joelho de Estevão fazendo o homem tensionar e direcionar os olhos para ela."Papai fez algo terrível conosco, Miguel, mas a dívida precisa ser paga." Ela faz uma pausa direcionando o olhar tristonho para o homem. "Será que posso começar a pagar a dívida quando completar dezoito anos?" Suspirando continua. "Ainda preciso completar o último ciclo de tratamentos contra a leucemia, se permanecer aqui assim, talvez nem seja útil doente.." Ela morde os lábios enquanto o silêncio reina no lugar."Eu posso pagar a dívida no seu lugar." Miguel declara."Não, o acordo é que eu pague a dívida Migu