Livia
Preciso de um autocontrole horrível para manter os olhos tranquilos quando a Madre aprova a fala desse homem.Sei que ela não deve estar acreditando muito nessa história mas diante de todos esses problemas precisamos disso. O olhar de Lia chega a ser engraçado, abaixo a cabeça e solto um suspiro abrindo um sorriso amarelo.“Então, senhor Lafaiete aqui não precisamos que mantenha nenhum tipo de imagem, então o primeiro pare de aparecer em manchetes com mulheres. - Ela faz uma pausa esperando o aceno dele. - Segundo o aniversário de dezessete anos da Livia é amanhã, desse dia até o próximo ano vocês estarão noivos assim, terão tempo suficiente para se conhecer melhor.”Abro a boca prestes a protestar , o orfanato não tem esse tempo todo para se manter.“É um prazo justo Madre.” Escuto a voz firme.Viro o rosto encontrando com o perfil angulado, um meio sorriso exibindo a ponta do dente. Ao olhar para Madre, vejo as suas bochechas avermelhadas, Bruno Lafaiete definitivamente tem o charme que envolve às mulheres.“Terceiro ponto nada de sexo antes do casamento e encontros somente comigo presente- Ela declara firme, vejo o banqueiro engasgar com uma risada mas Bruno não perde a postura. - Quarto venha participar das missas aos domingos pela manhã, está de acordo com tudo isso senhor Lafaiete?”Inspiro profundamente sentindo o medo balançando minhas pernas, desse jeito não irei salvar o orfanato esse homem precisa de um casamento para convencer a família dele. Não acredito que possa aceitar alguma dessas exigências.Um ano de noivado?“Aceito todas as suas exigências Madre, porém gostaria de pedir algo.”Demoro um longo minuto para processar as palavras é um tiro no escuro e a sensação de estar fazendo um pacto com o diabo. Vejo o olhar da minha melhor amiga completamente incrédula tanto quanto estou.“E o que seria rapaz?”“Gostaria de levar Livia todos os dias ao colégio.”A mão firme aperta minha cintura enquanto o sorriso se amplia.“Não acho certo vocês dois juntos e sozinhos.” Ela cruza os braços e sei que está pronta para negar.“Lia pode ir conosco. - Declaro rápido demais atraindo a atenção de todos, pigarreio para clarear a voz.- A faculdade da Lia é quase do lado e sempre vamos juntas, então, você poderia levar nos duas.” Completo virando o rosto para ele.Seu olhar brilha como o de um caçador e o mais estranho é que não sinto um pingo de vontade em correr para longe, quero jogar tudo em cima dele e deixá-lo com raiva.“Eu acho ótimo isso, princesa.” Ele responde e travo os dentes com esse apelido odioso.Mas abro um amplo sorriso e finjo suspirar, enquanto a Madre claramente está sem reações para essa troca.“Se é assim, então tudo bem.” Ela finalmente concorda.“Madre, posso acompanhar o Bruno até a entrada?” Questiono.“Sim, querida. - Ela passa as mãos no tecido que recobre o cabelo como se lembrasse de algo. - O senhor ia me esquecendo do Senhor Ricardo ."Fico tensa observando o gerente do banco entrando na conversa, abrindo um sorriso pelo meio da barba cheia fazendo algumas rugas aparecerem no canto dos olhos.“Ah não se preocupe comigo Madre, na verdade vim aqui hoje, para lhe informar que alguns doadores da cidade destinaram fundos para uma das contas sociais e com isso consegui conversar com eles, por isso as contas do orfanato estão pagas.”Ele mantém o sorriso, mas posso apostar que é mentira o que disse. Os olhos da Madre se enchem de lágrimas e Lia suspira em alívio.“Oh Gloria A Deus, irei orar uma novena pelo senhor, muito obrigada.”“Acho que estou longe de salvação, mas aceitarei suas orações.” Ricardo declara.“Ninguém está longe de ser salvo meu filho “ a Madre o abençoa e aperta sua mão.“Então, Livia me acompanha até lá fora?”Saio do transe com a voz dele, olho ao redor e concordo. Saímos os três, Bruno, Ricardo e eu em direção ao pátio externo do orfanato. O som das risadas das crianças no parquinho aquecem o meu coração com a decisão que tomei.Próximo ao portão o outro amigo dele reaparece com um olhar interrogativo.“Amanhã virei para o seu aniversário e trarei o contrato.”“Mas e as exigências da Madre?”Questiono.“Só preciso de um papel assinado para garantir o contrato e o casamento civil, quanto a Madre e suas exigências são ótimas para te introduzir a minha família, mas não se preocupe eles irão querer o nosso divórcio e antes que o prazo da Madre termine estaremos divorciados.” Responde junto com o sorriso convencido.“Você já tinha tudo isso planejado?” Questiono.O frio do medo pelo desconhecido retorna principalmente porque esse homem parece ser tão misterioso.“No ramo em que trabalho quanto mais rápido elaborar uma saída maior o saldo.”“E que saldo dessa vez.” O amigo dele complementa.Viro o rosto encontrando com o homem que analisa as minhas roupas outra vez, sinto como se estivesse me despindo.“Cuidado Giulio, independente do que acontece Livia agora é minha noiva.” O tom autoritário na voz dele estremece meu peito.“Uma bela noiva.” Ricardo estende a mão.Aceito o seu gesto e recebo um beijo sobre a pele, sinto as bochechas corando.“Obrigada.”“Não esqueça de passar no meu escritório Bruno, agora, com a sua licença.” O hoje educado sai em direção a um carro alto prateado.Observo a movimentação da rua que costuma ser quieta mas homens estranhos agora estão vestidos em roupas normais, porém sei que não são daqui.“Se acostume, meus seguranças estarão de olho em você princesa.”Ergo a cabeça encontrando com ele próximo demais, os olhos brilhantes como uma joia rara atraindo-me.“Sei me cuidar.” Declaro“Claro que sabe- As pontas dos seus dedos tocam meu queixo, virando meu rosto e depositando um beijo na bochecha.- Cuidado Livia, não divido nem mesmo em contratos.” Sua voz grave é arrepiante ao falar próximo da minha orelha.“Se preocupe em não ser pego por paparazzi- Respondo ficando na ponta dos pés, nossos olhares se encontrando pelo canto enquanto depósito um beijo na bochecha dele. - A única palavra em dúvida aqui é a sua.” Falo próxima à sua orelha.Afasto-me colocando as mãos na frente do corpo enquanto ele se mantém com um sorriso.“Até amanhã princesa” Ele fala mais alto.Mantenho o sorriso enquanto ele sai, junto do homem que se chama Giulio. Nem mesmo se passa um minuto e a Madre sai de trás da parede que divide os pátios.Finjo estar suspirando enquanto eles entram no carro e saem, outros dois carros passam pela rua logo depois e imagino ser os seguranças.“No que você estava pensando ao não me contar sobre nada disso, Livia?” Viro o rosto vendo ela com os braços cruzados e furiosa. “Vamos para a capela, você vai orar três rosários pedindo perdão por essa mentira”“Tudo bem Madre, me desculpe.” Falo recebendo o olhar mais tranquilo dela.A abraço suspirando, entrei em um compromisso com um homem poderoso que tem todas as condições de destruir tudo o que mais prezo e amo.Apenas para proteger o meu lar, não posso ficar triste preciso me manter de cabeça erguida.Livia “Feliz aniversário!!” Acordo com as vozes gritando e pequenas crianças pulando em cima de mim.Não consigo esconder o sorriso diante da felicidade deles, Lia está com as mãos cruzadas enquanto a Madre nos observa com um sorriso estampado nos lábios.Distribuo beijos nas cabeças deles, sentindo um peso a menos pela compreensão de que terão mais tempo pra encontrar uma família disposta a adotar e cuidar bem com muito amor.“Vamos, vamos crianças precisamos nos arrumar para a missa.” Madre Magnólia bate com as mãos fazendo os pequenos resmungarem. Rapidamente eles vão atender o pedido e saem de dentro do meu quarto junto com Lia para tomarem seus banhos.Ela se aproxima e posso ver a maneira condescendente na qual parece buscar as palavras para falar comigo, quando se senta na ponta da cama puxa minhas mãos beijando com calma. Sinto os olhos queimando diante das lágrimas, busco manter a calma para guardar o segredo, mas de algum modo tenho a sensação de que ela sabe ou imagina o
Lívia Depois de ficar plantada como uma árvore no meio do pátio enquanto ele ia embora, precisei refazer cada pedacinho do aniversário mais estranho que já tive na vida. A presença de Bruno Lafaiete sendo o ápice, um bilionário sentado à mesa com várias crianças órfãs e mantendo uma conversa amena com a madre. Na hora de dormir preciso manter a postura diante de Lia que a todo momento parece farejar as minhas mentiras e mesmo com a necessidade de desabafar sobre esse acordo achei melhor ficar calada. Agora, virando de um lado para o outro sem conseguir encontrar o sono, relembro a maneira feroz na qual seus olhos brilharam diante da voz irônica do amigo. O autoritarismo na voz grave e os músculos tensos, totalmente diferente como se dois homens distintos habitassem o mesmo corpo, um deles na frente das pessoas e outro escondido da luz. Suspiro com as pálpebras finalmente pesando o suficiente para cair no sono cheio de sonhos com os olhos verdes analisando meu corpo fazendo minha pe
Lívia Bruno estaciona o carro na lateral do colégio próximo a uma das entradas, tenho uma noção completa dos vidros escuros fechados e dos dois carros que fazem a nossa segurança. Um estacionado à frente e outro atrás. Mordo a parte interna da bochecha nervosa, que tipo de jogo esse homem está fazendo? Puxo uma respiração profunda quase gritando em frustração ao ser tomada pelo perfume amadeirado que gruda em cada pedacinho da minha mente, mas orgulhosa consigo forças o suficiente para falar."Não estamos na frente de ninguém Bruno,não precisa fingir." Falo apertando os dedos em volta da mochila."O que te faz acreditar que fico fingindo qualquer coisa com você?" A voz grave preenche o espaço pequeno. Viro o corpo para observar suas feições com o sorriso cafajeste no canto dos lábios, os olhos verdes brilhando em um desafio silencioso."Como você consegue ser tão cínico?" Cruzo os braços irritada. "Já não basta ter me obrigado a assinar aquele contrato..""Você não foi obrigada a n
Bruno LafaietePreciso de um autocontrole enorme para não agarrar a garota dentro do meu carro, a maneira como ela se desfaz de mim é irritante do mesmo modo como desafia o meu ego. Observo de longe enquanto alguns garotos tiram sarro dela, puxo o celular do bolso.*Dê um jeito nesses garotos Envio uma mensagem para Miguel, o chefe dos meus seguranças. Bato os dedos contra o volante buscando recobrar um pouco de consciência, uma garota, Lívia é apenas uma garota.Dou partida no carro em direção a empresa, entre uma reunião e outra recebo uma atualização do segurança que deixei para acompanhar os movimentos da garota. Preciso controlar os pensamentos sobre a boca rosada. Bato os dedos contra mesa de vidro imerso num mundo diferente, em um do qual Livia é a razão da minha dor de cabeça."Senhor ?" Ergo a cabeça encontrando o olhar de Silvia, a secretária parece estar a um bom tempo parada esperando alguma resposta minha."O que uma mulher gosta de receber de presente?" Questiono.Pe
Lívia Demoro a entender a consequência das minhas atitudes, mas em um momento acabo fechando os olhos e dando espaço para a língua obstinada traçando cada pedacinho da minha boca, busco retribuir do mesmo jeito acompanhando aos poucos a brutalidade. Em pouco tempo o fôlego se esvai mas a necessidade em continuar é tão grande quanto o desejo que se infiltra junto com as borboletas na minha barriga, o toque na minha nuca misturado a tudo isso arranca um leve gemido da minha garganta. Nem mesmo consigo reconhecer de início. Mas e o suficiente para acordar o homem a minha frente, tão rápido quanto se aproximou Bruno se afasta apoiando a mão esquerda no volante, sua respiração tão afetada quanto a minha. Engulo a vontade de levar a mão aos lábios o gosto de menta do hálito dele misturado ao doce do chocolate. Preciso soltar o ar com calma para diminuir o ritmo das batidas do meu coração. As palavras fortes ficando gravadas na minha mente."Desculpa Lívia" A voz rouca atrai minha atenção
Bruno LafaieteSeguro o copo com o líquido escurecido inspirando o forte cheiro do álcool, perdido em pensamentos estranho, sim, estranhos. De uma maneira distorcida aquela garota atrai um homem que imaginei ter matado anos atrás. Dizem que com a idade recebemos um bom grau de sabedoria, então, por que na minha frente tem esse contrato de casamento?No primeiro momento queria apenas ensinar uma lição a ela, em noites como essa estaria em alguma boate fodendo com alguma desconhecida, agora, estou olhando para o celular que continua com a tela apagada sem nenhuma notificação em resposta ao texto ridículo. Com raiva puxo o aparelho abrindo o aplicativo de mensagens pronto para apagar a besteira que escrevi, mas são as setas verdes confirmando a leitura da mensagem que causam um tremor ridículo no meu peito. Jogo as costas contra a poltrona de couro, batendo os dedos na mesa e tomando a bebida de uma única vez, os cabelos cacheados caindo pelas costas emoldurando o busto as meias deixand
LíviaNão sei qual a loucura estava passando pela minha cabeça quando resolvi dar uma chance para essa loucura com Bruno. Pelo menos é nisso que passo o dia inteiro revirando na mente, Miguel parece estar preso na própria cabeça e não pergunta o motivo do meu silêncio. Agradeço por isso, não quero mentir para mais uma das poucas pessoas que fazem parte da minha vida, enquanto a turma do bolinha liderada por Henrique Maltanazzo parece ter desaparecido. É talvez seja um bom dia. As horas vão se passando mesmo que lentamente, tenho em vista ficar concentrada nas aulas para não pensar tanto nos olhos verdes brilhantes. Suspiro pela milésima vez no dia quando o som da sirene ecoa por todo colégio indicando o final das aulas. Guardo o material e quando viro para chamar Miguel, não o encontro. Será que as coisas na casa do meu amigo pioraram? A vida dele é bem mais complicada do que a minha, com uma família pobre ele é um dos poucos bolsistas, a mãe trabalha o dia todo para sustentar a ca
Bruno Observo a garota subindo as escadas fazendo a saia balançar contra as pernas cobertas pela meia. "Sentiu dó do garoto Marcos?" Questiono passando as costas dos dedos pelos lábios.Minha garota ingênua, carinhosa e apaixonada por fazer o bem aqueles que adota para si, Lívia parece carregar a bondade e a espalha ao seu redor."Não,senhor." Olho para ele pelo retrovisor arqueando a sobrancelha num questionamento silencioso que logo é respondido."Suas ordens foram para priorizar o bem estar da Senhora Lafaiete, com a investigação notei que ela não iria ficar feliz com a morte do único amigo no colégio." "Como assim único amigo?" Fico curioso.Vejo a maneira como ele aparenta procurar as palavras certas."Tanto a senhora Lafaiete quanto o rapaz Miguel são os únicos bolsistas do colégio, eles usam material doado ou de segunda mão, enquanto isso os outros alunos são todos ricos..”Ergo a mão fazendo com que pare de falar, já entendi tudo, para os outros Lívia e Miguel são um caso