Alice respira fundo e toca a campainha. Ao longe se ouve passos se aproximando rapidamente. Um homem alto, loiro de olhos cor de avelã abre a porta. Ela sente um arrepio quando olha para ele e ao mesmo tempo fica fascinada pelos seus traços perfeitamente esculpidos. Porém, quando ele vê Alice ali parada o encarando quase de boca aberta, fica furioso:
-Quem é você? Como te deixaram entrar no condomínio? Pago por segurança e primeiro meu filho some e depois alguém que não conheço b**e em minha porta.
Alice dá um passo pra trás com medo do que ele possa fazer e se arrependeu de ter um coração bom e querer ajudar o garoto. Ela suspira e depois toma coragem de falar.
- Desculpe incomodá-lo, senhor. Eu encontrei um garoto que disse morar aqui e o trouxe. – Falando isso ela tira João Pedro de trás dela.
O homem olha para o garoto e o abraça com tanta força que o garoto parece sufocar. Enche ele de beijos e o pega no colo.
- Eu estava louco atrás de você! Ainda bem que você está aqui. Você está bem?
- Sim, pai, estou bem. A moça aí me encontrou e cuidou de mim.
Depois de mais alguns abraços e beijos o homem finalmente resolveu largar o garoto de seu abraço e simplesmente o segurou pela mão. A primeira impressão que causou um pouco de medo em Alice se transformou em dever cumprido.
-Acho que te devo um pedido de desculpas, não é? – Ele falou com cara de arrependido, olhando pela primeira vez para Alice. - Desculpa, te tratei tão mal. Eu deveria te agradecer por trazer meu filho de volta.
-Você não precisa agradecer. Ele é uma criança adorável, eu quis ajudá-lo.
- Se não fosse você eu ainda estaria desesperado para encontrá-lo. Obrigado. Quer entrar e tomar um café? É o mínimo que eu poderia fazer por você. Ah, esqueci sou Arthur Starck!
- Alice Miller, prazer em conhecê-lo, senhor Starck. Infelizmente não posso ficar, tenho que encontrar um lugar para passar a noite. - Ela disse enquanto erguia a mala para mostrar- Por falar nisso, você conhece algum lugar? De preferência que eu não vá gastar todas as minhas economias por uma noite.
-Entre, eu posso ajudá-la com isso. É o mínimo que posso fazer.
Ao entrar na casa Alice arregala os olhos e olha tudo com atenção e admiração. As escadas que levam ao segundo andar parecem ter sido feitas de ouro, o sofá muito mais confortável do que a cama que dormia na sua antiga casa, sem falar que a casa parece ser muito maior do que vista por fora.
- Desculpa estar olhando para tudo assim, acontece que só vi casas assim em filmes e novelas. – Disse Alice envergonhada e ao mesmo tempo curiosa com tanto luxo.
- Fique à vontade. Vou pedir para a empregada dar um banho em João Pedro enquanto combinamos a sua estadia. -Disse Arthur sorrindo e subindo as escadas.
Alice ficou sozinha por alguns minutos e aproveitou para olhar mais algumas coisas da casa luxuosa. No canto da sala, um piano de calda chama sua atenção e no móvel atrás dele algumas fotos em molduras douradas. Ela olha cada uma delas e reconhece Arthur e João Pedro. Logo depara com a foto de uma mulher loira de olhos azuis muito bonita e pensa:
-Deve ser a mãe de João Pedro. Mas, ninguém tocou no nome dela ainda.
Um celular começa a tocar e Alice percebe que é o seu, mas como a tela está um pouco quebrada não dá para identificar quem está querendo falar com ela. Ela espera um pouco e decide atender.
Arthur que está no topo da escada observando- a antes de descer quando ouve o telefone. Ele pára e espera para que ela possa falar ao telefone antes de o ver.-Alô! Oi, mãe!- O que você fez Alice? - Uma voz preocupada do outro lado da linha.- Eu sei mãe, eu não deveria ter fugido. Só que não podia casar com aquele homem. Eu não queria passar o que passei nos últimos anos pelo resto da minha vida. - Ela fala isso e lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.- Então é verdade. Nós achamos que você falou só para não se casar com ele.- Eu contei pra vocês a verdade, mas vocês preferiram acreditar nele e não em mim. Eu não pude fazer mais nada além de fugir.-Desculpa, filha!
Alice sai de perto do patrão e repara em como ela é bonita, mas se veste de uma forma desastrosa. Quando ela volta ele fala:-Vou pedir para uma loja mandar alguns uniformes para você amanhã. Você poderia me dizer o seu tamanho.- Eu uso tamanho médio, mas eu gostaria que não fosse saia ou vestido, por favor.- Certo. Vou pedir calças para você. Pode ser?- Sim. Obrigada. Vou para cozinha, qualquer coisa é só chamar. – Alice saiu e foi para a cozinha lavar as louças que deixou depois de preparar o café.- Alice, você ficou? - Disse João Pedro, correndo para abraçá-la.- Sim, fiquei para cuidar de você. - Ela falou isso abaixando- se para retribuir o abraço. - Agora vá tomar seu café
Chegando na cozinha, passou pela mesa do jantar e viu que estava limpa assim como toda a cozinha, mas não viu nem rastro da Alice: “Julieta deve ter voltado”. Serviu um copo de água e quando estava tomando escutou gritos e correu para ver de onde vinham. Era um quarto de empregada.- Não, por favor pare. - Gritava Alice- Eu não quero.Arthur achou que alguém estava no quarto com ela e abriu a porta para socorrê-la, mas ela estava tendo um pesadelo e estava muito perturbada, então ele resolveu acordá-la.- Alice acorda, você está sonhando. – Ele disse enquanto sentava na beirada da cama. Olhando bem para ela percebia-se que chorou até adormecer e deve ter pensado em coisas que a atormentavam. - Alice - ele deu um pequeno chocalho nela.- O quê. - Ela levantou se supetão. - O qu
Na manhã seguinte Alice levantou cedo e foi até a cozinha ajudar Julieta a terminar o café da manhã. Quando terminaram de colocar tudo na mesa Arthur chegou, sentou-se e começou a comer.- Alice, preciso que, as doze e quarenta, meu filho esteja na entrada do condomínio para pegar a carona para a escola. Se você sabe dirigir pode usar um dos carros da garagem.- Sei, sim senhor. Posso te pedir um favor?- Claro, diga.- Preciso consertar meu celular, deixei cair quando encontrei seu filho e quebrou a tela. Se você conseguir o consertar pode descontar do meu salário no final do mês.- Deixe-o comigo e farei isso para você. A propósito, seus uniformes chegaram hoje à tarde.- O que o senhor quer que eu faça enquanto seu filho está na es
No sábado Alice estava dando almoço para João Pedro quando Arthur chegou e entregou-lhe um presente.- Obrigado, mas não posso aceitar.- Aceite. Você me salvou de um colapso nas minhas lojas.- Como assim?- Descobri que os funcionários que eu mais confiava estavam me roubando e se não fosse o que você me disse naquele dia de noite eu nem suspeitaria. Outra coisa, foi muito gentil deixar a janta pra mim no microondas.- Que bom que meu conselho estava certo e você descobriu as coisas a tempo, mas você não precisa me agradecer.- É só um pequeno presente, um vestido da nossa nova coleção de inverno. Eu tenho algumas lojas de roupa de grife e este é exclusivo, gostaria que aceitasse.Alice abriu o present
Já que Alice estava de folga no domingo ela resolveu dar uma volta pela cidade. Chamou um taxi e foi para a praça central dar uma olhada, caminhou um pouco, olhou de longe o palácio do governador e almoçou em um shopping perto. Depois de andar um pouco pelos corredores se dirigiu para a saída quando viu um evento sendo organizado em uma das salas e Arthur tentando resolver problemas por telefone.- Posso te ajudar? Perguntou ela ao se aproximar.- Oi, Alice!- Olhou para ela com admiração quando lembrou da entrada de sua casa que ela redecorou.- Talvez você possa. Preciso de ajuda para decorar o local. A decoradora ficou doente. E está tudo uma bagunça.- Vou dar uma olhada e ver o que posso fazer.Ela entrou no espaço e organizou os arranjos de flores e pediu para que os garotos que estavam colocando as ca
Os dois saíram do shopping e Arthur dirigiu pelo centro da cidade até o porto. Lá havia um restaurante na costa do rio que atravessa a cidade, muito luxuoso, Alice nunca tinha visto um lugar tão bonito. Com lustres caríssimos pendendo do teto e as mesas decoradas com pequenas velas e orquídeas.- Lindo esse lugar. – Exclamou Alice.- Foi aqui que pedi a mão de Andreia em casamento. - Disse ele quase arrependendo-se de ter levado Alice para aquele lugar. Seu olhar ficou um pouco triste e Alice percebeu.- Podemos mudar de ideia se quiser.- Não, eu trouxe você aqui porque sei que você vai gostar do que vai ver.A recepcionista chega e conversa com Arthur, depois pede que sigam até o local reservado para eles. Saíram pela porta lateral e a mesa estava do lado de fora com a
Arthur olhou para Alice de uma forma doce e se aproximou e sentou-se ao lado dela para esclarecer tudo o que fez:- Desculpa te fazer chorar, não era minha intenção. Fiz tudo isso porque gosto de você, gosto muito mais que deveria. Me sinto leve, tudo é mais leve com você. Alice eu não posso ter uma empregada como você.- Por quê? Se eu sou assim como você diz, deveria ser uma boa empregada.- Você é ótima no que faz, mas tem um problema. Me sinto extremamente atraído por você e não quero que seja minha empregada porque quero que seja minha namorada.- Você não pode namorar uma empregada.- Quando saímos juntos no domingo e conversamos eu tive que me segurar imensamente para não te beijar e quando estávamos na cozinha en