Chegando na cozinha, passou pela mesa do jantar e viu que estava limpa assim como toda a cozinha, mas não viu nem rastro da Alice: “Julieta deve ter voltado”. Serviu um copo de água e quando estava tomando escutou gritos e correu para ver de onde vinham. Era um quarto de empregada.
- Não, por favor pare. - Gritava Alice- Eu não quero.
Arthur achou que alguém estava no quarto com ela e abriu a porta para socorrê-la, mas ela estava tendo um pesadelo e estava muito perturbada, então ele resolveu acordá-la.
- Alice acorda, você está sonhando. – Ele disse enquanto sentava na beirada da cama. Olhando bem para ela percebia-se que chorou até adormecer e deve ter pensado em coisas que a atormentavam. - Alice - ele deu um pequeno chocalho nela.
- O quê. - Ela levantou se supetão. - O que está fazendo aqui?
- Ouvi você gritando e achei que estivesse em perigo.
Ela sorriu meio desanimada e agradeceu.
- Obrigado, eu tenho alguns pesadelos às vezes, com coisas bem reais do meu passado.
- Você lembrou disso quando pediu para jantar conosco?
- Foi.
- Alice, você pode ficar tranquila, não vou fazer nada com você, nem vou te forçar a fazer algo que não queira. Você foi tão gentil conosco hoje que só quis retribuir, certo. Desculpa se te assustei. Você precisa de alguma coisa?
- Um abraço, se não for pedir muito.
- Não é. -Ele disse com um sorriso no rosto e ao encostar nela viu que estava tremendo.
- Isso era o que minha mãe fazia até dias atrás quando eu tinha um pesadelo. Obrigada. - Arthur sorriu para ela ao se afastar.
- Precisa de mais alguma coisa? - Disse ao se levantar
- Não, obrigada. Você deveria dormir. Amanhã é segunda-feira. Boa noite!
- Está bem. Boa noite!
Arthur saiu do quarto ofegante, estava começando a sentir algo que não deveria. “Essa mulher mexe comigo, não sei o porquê.” No quarto Alice também estava ofegante: “O que é isso que estou sentindo, esse calor por dentro que nunca senti antes”.
Na manhã seguinte Alice levantou cedo e foi até a cozinha ajudar Julieta a terminar o café da manhã. Quando terminaram de colocar tudo na mesa Arthur chegou, sentou-se e começou a comer.- Alice, preciso que, as doze e quarenta, meu filho esteja na entrada do condomínio para pegar a carona para a escola. Se você sabe dirigir pode usar um dos carros da garagem.- Sei, sim senhor. Posso te pedir um favor?- Claro, diga.- Preciso consertar meu celular, deixei cair quando encontrei seu filho e quebrou a tela. Se você conseguir o consertar pode descontar do meu salário no final do mês.- Deixe-o comigo e farei isso para você. A propósito, seus uniformes chegaram hoje à tarde.- O que o senhor quer que eu faça enquanto seu filho está na es
No sábado Alice estava dando almoço para João Pedro quando Arthur chegou e entregou-lhe um presente.- Obrigado, mas não posso aceitar.- Aceite. Você me salvou de um colapso nas minhas lojas.- Como assim?- Descobri que os funcionários que eu mais confiava estavam me roubando e se não fosse o que você me disse naquele dia de noite eu nem suspeitaria. Outra coisa, foi muito gentil deixar a janta pra mim no microondas.- Que bom que meu conselho estava certo e você descobriu as coisas a tempo, mas você não precisa me agradecer.- É só um pequeno presente, um vestido da nossa nova coleção de inverno. Eu tenho algumas lojas de roupa de grife e este é exclusivo, gostaria que aceitasse.Alice abriu o present
Já que Alice estava de folga no domingo ela resolveu dar uma volta pela cidade. Chamou um taxi e foi para a praça central dar uma olhada, caminhou um pouco, olhou de longe o palácio do governador e almoçou em um shopping perto. Depois de andar um pouco pelos corredores se dirigiu para a saída quando viu um evento sendo organizado em uma das salas e Arthur tentando resolver problemas por telefone.- Posso te ajudar? Perguntou ela ao se aproximar.- Oi, Alice!- Olhou para ela com admiração quando lembrou da entrada de sua casa que ela redecorou.- Talvez você possa. Preciso de ajuda para decorar o local. A decoradora ficou doente. E está tudo uma bagunça.- Vou dar uma olhada e ver o que posso fazer.Ela entrou no espaço e organizou os arranjos de flores e pediu para que os garotos que estavam colocando as ca
Os dois saíram do shopping e Arthur dirigiu pelo centro da cidade até o porto. Lá havia um restaurante na costa do rio que atravessa a cidade, muito luxuoso, Alice nunca tinha visto um lugar tão bonito. Com lustres caríssimos pendendo do teto e as mesas decoradas com pequenas velas e orquídeas.- Lindo esse lugar. – Exclamou Alice.- Foi aqui que pedi a mão de Andreia em casamento. - Disse ele quase arrependendo-se de ter levado Alice para aquele lugar. Seu olhar ficou um pouco triste e Alice percebeu.- Podemos mudar de ideia se quiser.- Não, eu trouxe você aqui porque sei que você vai gostar do que vai ver.A recepcionista chega e conversa com Arthur, depois pede que sigam até o local reservado para eles. Saíram pela porta lateral e a mesa estava do lado de fora com a
Arthur olhou para Alice de uma forma doce e se aproximou e sentou-se ao lado dela para esclarecer tudo o que fez:- Desculpa te fazer chorar, não era minha intenção. Fiz tudo isso porque gosto de você, gosto muito mais que deveria. Me sinto leve, tudo é mais leve com você. Alice eu não posso ter uma empregada como você.- Por quê? Se eu sou assim como você diz, deveria ser uma boa empregada.- Você é ótima no que faz, mas tem um problema. Me sinto extremamente atraído por você e não quero que seja minha empregada porque quero que seja minha namorada.- Você não pode namorar uma empregada.- Quando saímos juntos no domingo e conversamos eu tive que me segurar imensamente para não te beijar e quando estávamos na cozinha en
Arthur voltou com uma cara de decepção e olhou para os dois à sua frente.- Eu vou precisar resolver alguns problemas, se eu conseguir terminar logo volto para buscar vocês. Se não der tempo, peguem um táxi e encontrarei vocês em casa. – Dizendo isso ele saiu apressado mostrando que o problema era sério.O filme durou quase duas horas, mas foi bem divertido. Alice adorava filmes infantis tanto quanto João Pedro. Saíram de lá e foram para a área de recreação do shopping onde João Pedro brincou até cansar.- João Pedro! Temos que ir embora. Está se armando nuvens de temporal. É melhor irmos para casa.Quando estavam saindo João Pedro olhou para Alice e disse:- Estou com sede, preciso de água!
Na noite de quarta-feira Arthur estava quase desesperado por notícias, já que Alice deixou o telefone desligado e não viu nenhuma das suas mensagens, que também não foram poucas. No jantar ele teve que perguntar para Julieta:- Você tem alguma notícia de Alice? Tentei ligar inúmeras vezes, mas não consigo falar com ela.- Não tenho, mas vou ligar para minha irmã para perguntar.- Obrigado, Julieta.Ela saiu e arrumou as coisas do jantar, quando voltou estava branca como um papel.- Aconteceu alguma coisa? Você está bem?- Eu estou. Liguei para minha irmã... – Ela disse nervosa- E Alice está bem? – Arthur interrompeu, sentindo um mal pressentimento.- Na verdade... n&
Alice, com o pouco fôlego que tinha, começou a gritar no meio da noite.- Senhor Leonardo, você não deveria fazer isso com sua esposa, ela é uma moribunda. - Ela para por um momento. – Não se aproxime de mim, pare! Ai, meu cabelo. Me solta, por favor não faça isso! – Ela gritava desesperada e se contorcia na cama.Arthur que estava acordado ouviu cada detalhe e lembrou-se das suas conversas e começou a juntar os pontos. “Meu Deus! Ela foi estuprada pelo patrão. Por isso que ela reagiu se afastando de mim nos primeiros dias. Ela estava com medo que acontecesse de novo.” Logo chegou uma enfermeira para aplicar o medicamento para febre, mas mesmo assim demorou para que Alice voltasse a dormir tranquilamente.-Alice, acorde por favor. Precisamos conversar, sinto tanta falta de olhar a lua e as estrelas contigo.